sábado, 30 de novembro de 2019

Os Segredos da Ordem - partes 3.2 e 3.3

3.2

Iluminação em nossa tradição é uma palavra que vem do grego "fotismon" que é a palavra iluminação referindo-se ao conhecimento (gnoseus) da glória de Deus. É claro que este conhecimento foi dado a todos os povos, por um meio ou por outro, pela criação, pela revelação, por mensageiros, etc., e a idéia do Ser Supremo está enraizada na consciência do ser humano. Por todos os meios possíveis, que apenas vêm a confirmar esta intuição da consciência, cabe ao ser humano, não explicar, nem entender como é Deus, mas reconhecer, aceitar, ou negar. Não é por entender ou explicar que a alma humana retorna à comunhão original com a alma divina, é pelo conhecimento que leva ao amor. Até aqui tivemos o conhecimento, ainda que não completo, mas suficiente, para amar o criador, mas este conhecimento só foi possível pela fé, por confiar na direção e revelação de Deus. Assim se explica como a fé é a porta, inclusive para este conhecimento. E para nós essa revelação tem um modo especial visível demonstrada, no Filho, que é a plenitude do Pai, a expressão perfeita do Pai, como nos foi revelado. Portanto fotismon é "iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo".

Iluminacionismo ou iluminismo é a tradução da palavra grega diafotismós que quer dizer literalmente algo como juntar luz ou unir luz. No primeiro sentido se refere ao esclarecimento, juntar cada vez mais luz, iluminar, neste sentido. No outro significa unir nossa pequena luz, nossa consciência limitada, nosso espírito humano, caído, à luz das luzes, ao Pai das luzes, à consciência divina, Onisciente, ao Espírito de Deus, que revivifica o nosso. Iluminados são todos que foram feitos de fato filhos do Pai, portanto fotismeni (grego, iluminado, e não illuminati, latino, brilhante). Este não é iluminado, está sendo, contínua e gradativamente; vive em Deus, uma vida do Espírito, no oceano da consciência absoluta. É muito simples compreender isso, essa definição, não é misteriosa, esta definição clara e verdadeira é nossa principal diferença quanto a isto. As outras definições simplesmente não existem, são mentirosas, seus defensores mesmo assumem que é impossível definir, como pode então ser definição? Se é impossível definir o seu principal alvo, então estão buscando algo que nem sabem o que é, por isso aceitam qualquer coisa que lhes pareça boa, e assim são enganados por todas essas falsas ordens, seitas e religiões falsas. E ainda se orgulham disso, de seguir o que não entendem e buscar o que não sabem o que é, seguem sua própria concupiscência (para mais detalhes sobre tudo isso aguarde nosso artigo "O que é Iluminação?").

Temos sete graus nessa via que começa entre o terceiro e o quarto grau ou no momento que a pessoa esteja em condições para iniciá-la (e a condição é  ser convertido, que virou para o outro lado da corrente do mundo, que virou para o lado de Deus, que tem Jesus Cristo, Yeshua HaMashiach, com único Salvador e Senhor, por isso a via é conhecida como via cristã ou via crística). É um caminho completo, em todo ele, não apenas em seu final. Estes sete graus podem ser vistos do ponto de vista tradicional ou do ponto de vista da ciência. No primeiro temos as realizações espirituais, conscienciais, específicas, do desenvolvimento nos graus; e no segundo temos as etapas psicológicas, necessárias à esse desenvolvimento e amadurecimento. E existem várias maneiras de classificar tal graduação. Vejamos aqui algumas delas.

Nós classificamos os graus em processos de aprendizagem, assim temos uma sequência de aprendizados que devem ser praticados em toda sua capacidade e possibilidade, cumulativamente, por cada grau:
1. Esclarecimento
2. Purificação
3. Meditação
4. Oração/Devoção/Rendição
5. Testemunho e Ensino
6. Fazer o Bem
7. Ensinar a fazer o Bem
Note que aqui estão algumas coisas que as pessoas costumam pensar que já sabem, que já fazem, mas realmente não sabem completamente e nem sabem como fazer isso com excelência. Na verdade na maioria dos casos apenas pensam que sabem ou seguem conceitos errôneos, esclarecimento, purificação e meditação são um exemplo claro disso, todos acreditam que sabem o que é, mas geralmente não sabem ou seguem visões erradas do que são e de como se realiza isto.

O maior intuito aqui é alcançar estados que podem ser vistos como uma classificação dos graus por realização. Estas realizações são como as apresentadas pelo apóstolo Pedro, isto é, do que deve ser acrescentado e desenvolvido naquele que já tem a fé:
1. Virtude
2. Ciência
3. Temperança
4. Paciência
5. Piedade
6. Fraternidade
7. Amor
E mais uma vez nos deparamos com elementos que geralmente algumas pessoas crêem que já possuem, umas poucas crêem até que possuem essas características em "quantidade" e qualidade suficiente. Mas é na verdade algo que precisa ser desenvolvido, é a nossa parte a fazer...

Psicologicamente nós classificamos os graus dentro das etapas alquímicas da psicologia analítica como colocadas por Jung:
1. Calcinação
2. Sublimação
3. Solução (solve)
4. Putrefação (fermentação)
5. Separação (destilação)
6. Solidificação (coagula)
7. Tintura (união)
Ao fim desse processo, se realizado pelas outras vias, a pessoa está pronta para os quatro processos psíquicos definitivos em alquimia (dissolução, purificação, transmutação e união) ou sua realização completa estará já inclusa nele se a pessoa o realiza nesta via (para mais definições haverá um texto específico sobre).

Uma outra forma tradicional de se classificar os graus quanto às realizações é a seguinte:
1. Discernimento e Conhecimento
2. Comunicação
3. Entrega de Si Mesmo e Novo Nascimento
4. Nova vida e Consciência Espiritual
5. Transmutação
6. Viver para a Libertação de Muitos
7. Reintegração
Os termos que descrevem essas realizações tem variado de acordo com as escolas e grupos ao longo do tempo, mas o que importa é o que eles definem. É claro que estas realizações são muito mais complexas do que o que se pode dizer com uma palavra ou expressão (para mais detalhe sobre isso veja os artigos sobre graduações, e sobre esta última aqui veja o artigo sobre graus rosacruzes, e não se preocupe: este nome não tem nada a ver com o seu atual uso e os mitos com os quais se tem "explicado" a sua origem).

Na primeira etapa predominou o conhecimento e se descobre que somos "pecadores, dos quais eu sou o pior"; na segunda etapa predominou a vontade, o eu quero, "mas o bem que quero não faço e o mal que não quero, este faço", mas agora sob a operação da cruz, crucificado, olhando para Cristo, na terceira etapa predomina o amor, onde conheço o que amo e amo porque conheço, o Senhor e sua vontade e "não vivo mais eu , mas Cristo vive em mim" assim,  obedeço, não há mais como agir diferente. Como uma flexa lançada ao alvo por um arqueiro perfeito, vencendo a resistência do ar sem nenhum impedimento, não existe nenhuma possibilidade de erro agora.

Este nível ocorre desse modo apenas na quinta via que é a primeira e última, a da fé. A via da ciência a auxilia, para se segui-la, a ciência está nela;  a via da razão contribui para segui-la, e a razão está nela;  experiência é gerada e auxilia a segui-la, a nova experiência é gerada por ela; esforço também é utilizado, e auxilia em segui-la, o equilíbrio emocional, o domínio próprio não são apenas frutos, mas frutos e conquistas, por esforço... Assim todas as outras vias estão nela mas nenhuma é a cabeça, a cabeça é a convicção, pistis, a fé,  a confiança no Senhor.

3.3

Dito isto podemos entrar agora na definição mais adequada. Vem-se confundindo o conceito de iluminação com o conceito de despertar oriental, mas, como já visto, para nós, despertar é o primeiro degrau, é o requisito básico, pois com consciência e intelecto normais não há tempo nem capacidade suficiente para conhecer tudo que pretendemos conhecer (como o processo de despertar é longo e fundamental, base para os demais, tem que ser o primeiro). Mas é preciso esclarecer que este processo também não é terminal nem instantâneo como uns acreditam, senão gradual e permanente, durando toda a vida tanto em um processo contínuo quanto em alguns saltos repentinos devido a experiências que vão ocorrer. Pela definição correta da palavra: (a) iluminação é um processo e (b) despertar é outro processo (propõe-se que são retroalimentativos e outros dizem até que são independentes).

Por tudo isso deve ficar claro o erro da interpretação neo-espiritualista (e que nada tem a ver com a tradicional, mas que tomou o lugar dessa mesmo dentro das tradições "Iluminacionistas"). Esta interpretação errada vem já de outra interpretação mais antiga, da tradição vedanta, oriental, basicamente ela afirma que a pessoa torna-se um com o Supremo, neste processo ela não existiria mais como individualidade (senão no máximo a memória de seu período de individualidade, mas uns chegam a afirmar que isto é apagado), voltou a fonte original, praticamente tornou-se Deus e deixou de existir. Vamos abordar o erro dessa interpretação rapidamente.

Costuma-se justificar essa interpretação com o símile da gota no oceano: a gota teria voltado ao oceano deixando de existir como gota e se tornando todo o oceano. Vejamos, uma gota por menor que seja é composta por várias moléculas, claro que ninguém tinha isso em mente naquela época,  só que de fato nós somos seres compostos também, mas o Ser Supremo é composto como o oceano é composto de várias gotas ou de várias moléculas? Claro que não. O autor dessa idéia pensou o oceano como unidade, não como conjunto de gotas, e do mesmo modo pensou em gota como unidade não como conjunto de moléculas que se separariam na união com o oceano, perdendo assim a unidade. Se modernizássemos o símile pensando na molécula de água que voltou ao oceano veríamos que ela não deixou de ser o que é, não perdeu sua unidade, mas ainda assim erraríamos porque Deus seria, não uma unidade, mas um composto de muitas moléculas. O autor do símiles colocou oceano como unidade e gota também  como unidade, embora tenham se tornado uma única unidade a gota não deixou de existir. o problema para nós hoje seria: a gota passou a ser o oceano? Esse enigma deixo a mente do leitor interessado porque o que interessa para nós é a verdade (nem tanto o que se diz dela, ou se alguma afirmação tida como sagrada é verdadeira, mas nos interessa agora a verdade comprovável).

O que nos interessa é sabermos, sendo essa descrição imprecisa, qual seria mais fidedigna? No oriente existem também várias interpretações sobre como seria essa união  suprema, não apenas essa, que se tem tornado majoritária, pois simplista.

Quando dizemos somos todos um, ou nos tornarmos um com Deus, certamente esta frase não tem o mesmo sentido que para uma grande parte dos orientais, e de forma alguma se parece com o que pensam adeptos da nova-era. A forma como pensam e a forma como foi descrita acima não se parece muito com a tentação da serpente ("serás igual a Deus")? Tornar-se um com Deus não pode ser tão completo como imaginam os Orientalistas modernos, para nós humanos, Deus sempre será o outro. Deus tem atributos incomunicáveis, isto é, que jamais podemos ter, como ser eternos (nós tivemos começo), ser onisciente  (o Onisciente é consciente não apenas de todo agora presente, mas de todos instantes e possibilidades), onipresente,  onipotentes... Ter comunhão com o Supremo, se tornar um com ele é um alvo, sempre estamos aumentando essa união que tende à totalidade da unidade, mas nunca chega,  passaremos a eternidade nos aproximando e conhecendo mais de Deus, e nunca chegaremos ao todo porque é impossível, pelo dito acima, as características incomunicáveis. Nos sempre seremos no máximo filhos, tornados um com o Pai, mas nunca nos tornando O Pai. A outra idéia, de se tornar igual a Deus ou Onisciente, é arrogância, ou um desejo ensoberbecido, logo seus defensores não são dignos de qualquer confiança, eles só podem estar no máximo muito enganados, inclusive sobre si mesmo,  pois que a maioria ainda se acha humilde, sem cobiça. Eles não cobiçam nada, só ser Deus, seria cômico se não fosse trágico. A outra opção, que o buscador deixaria de existir ou aniquilacionismo, é tão absurda que nem é digna de comentários.

Então veja que iluminação é receber luz de Deus, nós éramos alunos (sem luz) e nos tornamos iluminados (que somos agora receptivos à luz, que recebem luz, "arrancados das trevas para a luz") este é o real sentido da palavra. E este processo é gradual. Ele depende da luz das luzes, não de nós, aqui se está entregue a Deus, a essa comunicação do Onisciente, à vontade dele que é o melhor para nós, é  exatamente o que precisamos, é o que no fundo queremos de fato, o que nos leva gradualmente a plenitude, que pode ser agora ou depois da morte...

A nossa diferença de nossa ordem é que queremos este conhecimento pleno nesta vida e seguimos o caminho mostrado para que isso possa acontecer, e ensinamos a todos que almejam almejamos mesmo. Se Deus quer nos levar ao pleno conhecimento e ele não pode falhar em seus trabalhos e nós não temos encontrado esse pleno conhecimento a falha está onde, em quem? Alguém não está fazendo a sua parte, e não é Deus que está faltanto. Existe o trabalho que Deus faz e existe o que nós fazemos, nos temos um trabalho a fazer.

Existe um dito: nós fazemos o que podemos e Deus faz o que não podemos. No sentido correto esse ditado é muito certo. Algo depende de nós, temos que fazer algumas coisas, alcançar determiradas condições, realizar algumas obras (pois Cristo nos salvou para as boas obras); não somos aptos a desfrutar tudo que herdamos ainda, nem seremos, mas algumas coisas já somos, para umas podemos estar aptos, preparados, em condições adequadas, outras ainda precisamos nos preparar, nos tornar aptos.

Em resumo a grande diferença é que entendemos que o conhecimento completo da verdade é a vontade de Deus para nós, e ela é satisfatória, é a que nos satisfaz, mas para este conhecimento ser completo temos que trabalhar para alcançar, temos que fazer a vontade do Onisciente, mas não por interesse em obter algo, e sim pelo amor a Deus, à sua vontade é à sua obra (seus propósitos, sua edificação, sua vida e luz...). Deus faz por nós o que não podemos, a salvação, e muitas outras coisas na verdade, até grande parte desse pleno conhecimento da verdade, mas também alguma parte depende de nós, de nossa busca, nossa vontade, de estermos atos, atitudes, e dignos, enfim, de vários fatores que dependem de nós. É preciso dar um passo é receber uma revelação, outro passo, e outra...

Nesta fase, o mais difícil para o leigo entender é  a ênfase no amor como uma atitude de vida, a vida em comunhão, o viver para o outro. Sem isto não existe a realização da iluminação. Pessoas isoladas não são iluminadas porque isso é impossível (a não ser que fizeram isso por uma necessidade, por amor, que é uma excessão rara).

Até aqui descrevi os três níveis, é preciso entender que no primeiro predomina nous  (consciência ) que segue seu despertar e esclarecimento nos níveis seguintes onde primeiro se adiciona a ênfase em thelema (vontade) no segundo nível, esta vontade que é  o seu real propósito guiado pelo Onisciente em tudo e finalmente neste terceiro adiciona-se a realização  desse propósito em agape  (amor incondicional), por amor (ao propósito,  a Deus, aos seres...), mas amor incondicional, não sentimental, é uma atitude amorosa, atitude de amor que tem que ser aprendida, guiada.

A realização  desse nível começa com acesso a algumas verdades. Além das verdades cosmológicas e das sensações, das verdades sobre si mesmo, enfatizadas no primeiro nível, das verdades sobre as realidades consciência isso, sobre Deus e sobre as razões e propósitos da criação enfatizados no segundo, existem experiências acumuladas até aqui, como a do espaço infinito e consciência infinita, da natureza real da existência, do que está além da existência, dos significados, agora vê,  o sentido completo de tudo. O nível de significados é o mais alto nível do intelecto, da consciência, o mais alto nível de realização que o ser humano pode conceber, em matéria de visão do real, além disso está o Eterno, insondável, o Onisciente. A realização eterna...

Os humanos não se impressiona, mais com a capacidade intelectual humana, como o ser humano concebe codigos fonéticos,  as palavras, e os transforma em significado instantaneamente, e possuem um código complexo de escrita que instantaneamente são codificados por nós em fonemas e seus significados. O adormecimento humano é tão intenso que não só ele não se impressiona com isso, alguns chegam até a desprezar o intelecto. Há impostores tidos como mestres espirituais que dizem que o intelecto não é nada, que só atrapalha, que devemos abrir mão da capacidade intelectual e que somos "apenas animais intelectuais, "simples" máquinas intelectuais. Máquinas que processam um número tão grande de informações em tão pouco tempo que nenhum computador inventado até hoje chega a uma porcentagem próxima de processamento, mas que para estes idiotas é algo desprezível, e em suas desprezíveis inteligências talvez seja. Mas mais provavelmente é só mais uma forma de manipular as pessoas, é o mesmo que dizer "não raciocinem, não se informem, não procurem entender, nem esclarecimentos", etc., para que não descubram suas fraudes. A realização dos significados, e do sentido e propósito da obra de Deus e do seu próprio (da pessoa praticante) propósito inclusive, do propósito de sua existência, são importantes para a compreensão da ordem original, da natureza original e do Ser que originou tudo isso e esta compreensão, o conhecimento de Deus o conhecimento pleno da verdade por toda eternidade, é infinitamente maior que qualquer outra realização, isto é também o que se chama iluminação.

Mas existem  outras realizações coadjuvantes e auxiliares. No nível anterior a pessoa abandonou sua esperança de realizar o caminho por si mesmo, pois consciente de sua incapacidade não foi deixada desamparada, mas pode entregar o seu processo completamente a Cristo. Em entrega total de si e dos seus processos as situações a serem lidas e significados serão as iniciações interiores que transformarão devidamente a pessoa rumo às realizações, sem necessidade de dramas iniciáticos de outros tipos, e evitando do mesmo modo modo a dor, pois o estudante está agora lendo tudo (o processo psíquico de auto-análise não se restringe mais a imagens oníricas, desejos desejos e emoções, enfim, ao mundo chamado interior antes, todo a experiência é agora vista corretamente como mundo interior e sujeitadada a leitura e análise no aprendizado científico). Cristo dirige todos os processos na medida exata, não há mais dúvida sobre isso. Este é um grande segredo de um dos graus, a necessária e indispensável conversão autêntica, que permite seguir adiante no processo de transmutação da alma. Alquimia espiritual nao é  nada mais que essa transmutação  (por isso preferidos o termo transmutação psíquica visto que quem tem poder de transmusar o espírito é  unicamente Deus através do paracleto, o Espírito Santo). O apce desse processo é  quando o convertido  (isto é, mudado de um rumo para o seu contrário, para a vontade de Deus) já possuindo a lei em seu coração, isto é, o amor como aquele que Cristo teve por nós, já abandonou toda corrupção dessa natureza também em sua mente, ou seja a regeneração completa, mente e espírito tornam-se um no casamento alquímico, isto é,  da alma com o espírito  (pois antes ela estava ligada à carne, isto é, à animalidade, a natureza do velho ser corrompida desde Adão, sem nenhuma possibilidade de herdar o bem eterno). Por isso esse nível é  voltado para o ensino,  pessoas verdadeiramente amorosas, dedicadas à obra de Deus, conhecendo os meandros da natureza humana e da vontade do Pai.

Como deve ter sido notado cada nível tem um trabalho próprio, mas sua plena realização apenas num próximo nível mais elevado.  Com este não é  diferente, então só depois do último nível ainda há um grau de realização,  da iluminação plena, grau raro,  para poucos pois é  de poucos que realizam isto ainda na vida neste mundo. Então estará realizada a destruição  de todas as impurezas, o conhecimento presencial da rota da existência, sua origem e propósito com a rota dos seres, e o destino final e eterno de tudo e de todos. O pleno conhecimento disso é considerado um ideal, mas estamos conscientes de sua magnitude e raridade. Aqui a imitação de Cristo chega no seu fim aqui mesmo, e não depois da morte como é mais comum, tornou-se a imagem que Deus criou, do Filho, gestou, pariu e chegou ao pleno desenvolvimento, de varão perfeito,  ou seja, feito à imagem do Filho, que é a imagem do Pai.

Todas as vias são apenas linguagens diferentes de apresentação da única via. São meios de obtenção de conhecimento para chegar a verdades verdades e à verdade. Não seria mais eficiente utilizar todos os meios eficazes que dispomos?Todas as vias são na verdade linguagens que decodificadas levam à única via.

Qual a dificuldade de entender o processo de salvação apresentado pelo cristianismo? Todas as vias verdadeiras mostram que nossa consciência só pode ter origem na consciência absoluta (pelo sopro do Espírito (Ruah,  hebraico), na linguagem cristã, adquirimos espírito e vida) e também mostram que "religião" verdadeiramente só pode ser a comunhão de nossa consciência individual com a consciência original absoluta ou mais acertadamente parte dela (pois nossa consciência, apesar apesar de infinita, não pode conter toda a consciência absoluta, ou seja, não pode ter a mesma consciência completa, onisciente, pois é de outro tipo...). Ora, Cristo, o Filho, é o logos de Deus, ou seja, é Deus de um modo acessível a nós. Se ele encarnou e sem merecer castigo, sofreu toda a pena que qualquer um de nós mereceria (até o pior dos criminosos), sofreu em nosso lugar e nos deixou isso como herança cabendo a nós aceitar ou não. Então como pode não ser eficiente essa salvação se é a paga de nosso castigo? Os racionalistas perguntam como pode ser. Pois bem:

(1) Nossa mente provém de sua mente, nosso espírito provém do seu espírito, do espírito original, de sua vida, de sua luz, de seu espírito e aqui estamos separados por ocasião da vinda a este mundo decaído nos tornando também, e sendo um, com essa mesma natureza, mas (2) relegando nosso espírito e mente ao espírito e mente original, que formou todos os seres, reunido por vontade própria, e pelo poder dele, nosso espírito e mente ao espírito e mente original, (3) automaticamente este sofrimento de Cristo está em nossa mente, essa experiência está gravada em nosso espírito, ela é nossa agora, porque agora nós e Cristo somos um, isto é, comungamos tudo, temos a mesma mente, e com ela toda experiência (e na realização plena na ressurreição certamente teremos consciência disso, teremos isso em nossa consciência, teremos essa lembrança em nossas mentes como se nós mesmos tivéssemos passado por isso), (4) consequentemente nossa pena já foi paga como bem diz o evangelho de Cristo. Estes quatro "passos" também  são o que significa todos os quatros passos do processo alquímico espiritual de salvação (não o de transmutação, pois este outro dura toda a vida), que se traduz em (1) reconhecer que está perdido, que está num mundo temporal, decadente, sendo um pecador nato, não tendo como mudar por si mesmo tal situação, você não tem esse poder, mas (2) Cristo pode e, confiando a ele essa tarefa, (3) ele o fará, porque assim prometeu, que todo que confiar nele e o confessar será salvo, portanto assim (4) livre estamos do pecado é da morte, pois Cristo já sofreu por nós a pena a qual estávamos destinados.

Aqueles  outros e quem segue doutrinas como a da mente única (ou consciência apenas), do "somos todos um" (do Eu Supremo, etc.), do Eu original, do buddhadhatu (ou tathagatagarbha, ou do Adibuddha), das emanações..., ou dos Kayas, ou das hipostases, ou do karma ou do fluxo ou qualquer outra semelhante, e nega isso, está muito longe de entender o que está seguind. Ou está simplesmente sendo desonesto. A realidade buscada da reunião à mente original, ou ao espírito original, ou consciência original ou uno ou o Um (comum a quase toda chamada religião), não é muito diferente da proposta por Cristo (mudam as descrições ou interpretações de como o Ser Supremo é), mas a de Jesus tem um bônus que nenhuma outra tem: nós não precisamos tentar pagar o impagável, ele já pagou por nós, ele colheu sem merecer a consequência, que seria sofrida por cada um de nós e ainda não adiantaria porque estaríamos apenas recebendo o que merecemos, não estaríamos nos libertando, mas ele recebeu sem merecer e nos transferiu não apenas o pagamento mas também seu mérito, do que fez por amor, por nós. Todas essas outras hipóteses e explicações implicam na idéia de dívida ou karma, que de alguma forma teríamos que pagar, como se fosse possível compensar os resultados de nossas ações negativas e mentes negativas e ainda não gerá-las mais. Mas o fato é que devido a nossa natureza mesmo não conseguimos sair desse círculo.

Como você chegou até  aqui (nessa etapa ou nessa parte do texto)? Como nunca soube disso (caso a tanto venha acompanhando essa manifestação da fraternidade)? Ou como isto esteve escondido aos seus olhos? É simples, isto aqui é descrito porque no segundo nível em determinado grau lhe foi apresentado o verdadeiro evangelho da salvação e a obra de Cristo, e este crucificado, e você aceitou essa herança deixada por ele (ou porque já era um convertido antes) ou então isto tudo lhe foi revelado ao longo do caminho central, da quinta via, que contempla todas as outras (do mesmo modo como chegou a essa parte da leitura por estar lendo, não sobre as outras quatro vias, mas, especificamente sobre essa). Sobre esta etapa sempre foi dito que não há muito a dizer: porque sem as experiências base dessa compreensão não adianta muito descrever como é este nível, a única coisa que é clara ao entendimento de quem está fora é o caminho da conversão.

Mas caso a pessoa ou caso você tenha chegado até aqui por outra via ou nunca foi um convertido e seguiu pelas outras vias ou por uma delas ou por duas ou mais, você descobrirá ao final por conta própria que todas as vias convergem a essa pois é  a única porta e o único caminho, não há outro, todos convergem a esse no final, convergem ao centro e única porta. E os que não convergem não são caminhos, estão fora, levam a perda da alma, à perdição, ao sofrimento e decadência, inevitavelmente (isto é descrito em outro texto, o que significam essas palavras, na nossa visão). Se você já contemplou o símbolo das vias deve ter notado que partem todas de uma ponto, de onde estamos, da natureza caída, se distanciando cada uma para sua rota, sua via, podendo ter conexões no segundo nível, ou conectados todos e finalmente se conectando todos acima, no terceiro nível, o mais alto no topo é onde convergem as quatro vias na via única central, no ponto da porta. Este ponto é a porta para a esfera superior do oito (se não conhece o modelo leia o artigo "A Ordem"), a Ordem original eterna. Observe que embora as quatro vias tenham comunicação entre si a central não tem, porque o caminho da fé verdadeira não pode ser acessado pelos outros, exceto no seu início e no seu final, isto significa que ele não pode ser tomado através dos outros, significa também que só existe uma conversão correta. Por isso está é a chamada via secreta, o segredo da ordem, não é segredo por ser escondida, mas por ser A ferramenta, O caminho, a alavanca especial (esta está entre outras duas, a consciência desperta e o serviço amoroso desinteressado, que chaga a ser o mais difícil para a maioria, isto é, que para chegar a sua meta você deva ajudar outros a chegar sem fazer isso com interesse em ter recompensa de atingir sua meta); nem é chamada via secreta por ter segredo, mas por ser particular, exclusiva, dessa via só podem participar os de fato convertidos,  se a pessoa não é convertida não pode participar dessa via. Por isso ela é chamada em outros meios e em outras ordens (que tem alguma ligação com ele e ou grau) de fraternidade dos cristãos, ou via ou ordem ou rito (rota) ou graduação ou grau cristão (quem não seguir por esta via continua na que vinha ou outras, em nossa ordem é bom lembrar que a abordagem de todas as vias é predominantemente científica,  alquímica,  psicológica, não é religiosa como uns querem dizer só porque entre os estudos e filosofias estão a base das principais regiões).

Esta verdade geométrica (do modelo do octaedro) simbolisa uma verdade espiritual,  só há uma verdadeiro caminho e uma verdadeira porta, a porta de entrada é  a mesma por onde saímos,  não saímos pela porta da ciência,  nem da experiência,  nem da lógica,  nem das emoções. Foi pela porta da confiança, deixamos de confiar no Onisciente e no que nos garantiu Deus, que o conhecimento do bem e do mal nos levaria à morte, e agora temos que confiar na promessa de Deus, que a árvore da vida nos dará a vida etern. Cristo é a árvore da vida e é o espírito  da promessa. A porta de entrada é a fé, foi por termos desviado a confiança de Deus presente,  da voz de Deus, do verbo de Deus,  ou seja de Cristo, que nós caímos (Eva confiou na serpente e Adão confiou nos sentidos ao ver que Eva ainda estava viva após comer o fruto, também não usou a razão para pensar que a morte poderia não ser instantânea,  nem a experiência para averiguar que seria um processo, e como Eva, dirigiu sua ação na direção do desejo livremente, pois suas mentes não eram corrompidas como as nossas; Eva confiou na palavra de outro, e Adão confiou nos seus sentidos, ambos não confiaram em Deus, desviaram sua confiança). Portanto só pela confiança novamente na palavra de Deus, Cristo, podemos entrar novamente na esfera da Ordem. Por isso este é  único estudo que temos que não apresenta provas, pois não é por provas que se voltará a confiar, aí não seria confinca, seria ser convencido, persuadido por provas. Não é por provas que se entra nessa porta, é  por fé, pistis, confiança que se alcança a salvação e só os salvos podem chegar a completa iluminação, isto é, ao pleno conhecimento da verdade. Se você conhece bem o evangelho sabe do que estou falando e caso não seja convertido deve se arrepender agora, pois tamanha foi sua arrogância,  crendo que poderia salvar a si mesmo e regenerar você mesmo seu espírito e alma. Se fosse assim porque não já o fez antes? Deve ser arrepender pedir perdão a Deus e aceitar a Cristo para dirigir completamente sua vida, pois ele tem o poder para fazer o que é  necessário para que esse processo se cumpra.

Por isso este caminho no segundo nível é apresentado por completo, no sentido de ensinado. Simbolicamente dizemos que colocamos uma cruz no meio do octaedro e fazemos uma ponte para que todas as vias venham até a via central. Este desenho tem muito a nós dizer, Deus tem muito a revelar ainda. As pessoas das outras vias que não vinham pela via central têm novamente a oportunidade de salvação que foi apresentada na primeira porta, ainda no mundo, mas agora, no segundo nível, já tendo estudado profundamente (neste nível se estuda com profundidade os fundamentos das quatros vias). As vias antigas tendem a ceder, serem vistas em sua incompletude, provisoriedade e precariedade e agora obsoletas em relação à nova via, a central, a boa notícia, a boa nova, o evangelho da salvação vinda de Deus mesmo, não é o humano tentando alcançar Deus, é Deus vindo em seu amor e se tornando um de nós para que todos quantos quiserem sejam feitos seus filhos.

Se você chegou até esse ponto por outras vias (do mesmo modo que chegou a esse ponto da leitura para saber que via especial é esta dentro da ordem que dizia não ser religiosa, e não é, isto não é religião é uma realidade a ser vivenciada, realismo, é um fato simples, quando experienciado) e se você não quer tomar a via central, o ordem não tem qualquer oposição a isso, tanto que guiará você tão bem do mesmo modo pelas outras vias lhe poupando das experiências dolorosas pelas quais também passaria através delas pelo mundo, trazendo estudos com especialistas que seguniram estas outras vias ao lonão de suas vidas, pessoas de mesma tradição, doutores, professores, livros, práticas, etc.. Não é obrigatório seguir nenhuma das vias, tudo que é obrigatório na fraternidade é  mesmo que é obrigatório em qualquer lugar: colher os frutos de suas escolhas em qualquer ação ou caminho.

Mas tudo que você tem conhecido dessas vias neste mundo é o que está nesse mundo, na dimensão da mente e matéria, estamos só avisando que quando atingir a dimensão espiritual, intelectual, consciencial, o terceiro nível  (observe que nosso esquema do octaedro é universal, para qualquer ordem, ciência, religião, escola ou filosofia verdadeira) você verá tudo convergir para a centralidade de Cristo, ou, do Filho, ou tecnicamente falando, da vontade de Deus, do Verbo (logos). Vai ver que toda filosofia é na verdade uma "logosofia", disfarces, pelas obstruções mentais; que toda ciência é uma teologia, uma "logoslogia" cristoscêntrica disfarçada do mesmo modo, é uma sede pela verdade, a verdade em pessoa, o logos, Cristo, o verbo é a Verdade; que toda religião é uma yoga Crística,  uma reunião à vida e luz original, e a vida e a luz é o mesmo Cristo, o logos, a razão; que toda experiência empírica, toda a vida, tudo é  apenas uma linguagem significativa, e e expressão do verbo, mas"logosês" antes não entendido; que toda emoção, todo desejo, toda conta, toda equação e figura, toda vontade, todo prazer tem como fim, resolução e está nas bodas alquímicas,  nas bodas de Canaã,  onde água  (a palavra de Desus) se transforma em vinho (espírito e vida eterna) as bodas alquímicas onde a alma se casa novamente com o espírito restaurado.

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