Resumo das ideias
básicas, observáveis, desse sistema:
Por Antonio Fernando
Gonzaga (da tese apresentada à O.I.T.O.)
A consciência
A consciência em
si é vazia como um espelho, porém luminosa. Aqueles que não meditam não veem
sua luminosidade própria, ao buscar observar a consciência não a veem de fato,
mas aos objetos que estão nela, como se veem imagens refletidas num espelho. O
pesquisador treinado, ao observar constantemente, mudando o foco da visão para
a consciência (assim como se pode mudar o foco da visão num espelho para o
vidro do espelho em vez da imagem) a ponto de já enxergar ou mesmo produzir
momentos de pura consciência, vazia, vê, ainda que de forma imprecisa e
incompleta, apenas esse vazio e, só às vezes, essa luminosidade que para uns no
início chega até a parecer simplesmente a ausência de tudo e para outros o
oposto, a completude. Esta consciência que testemunha, é a consciência por trás
de todos os fenômenos, que contém todas as coisas e fenômenos, que comtempla
todas as ideias e relações da mente. Embora ela pareça pessoal, própria,
isolada, isto é apenas um engano provocado pela nossa identificação com os
objetos da consciência. Quando o meditador larga esse apego ou essa
identificação errônea ou pelo menos quando se identifica com a consciência em
si, ele percebe por si mesmo esse engano. Deixando de lado essa forma de pensar
ou de ver (ou esse engano) ele percebe que ela em si, ou seja, fora os objetos
em seu fluxo, é vazia e luminosa, aberta ao que puder surgir e não uma coisa ou
um fenômeno só mas uma sucessão de consciências conscientizadas (auto
conscientizadas), um fluxo de ínfimos instantes de consciência sustentadas
conscientes pela vontade motivada por uma afeição. Como um espelho refletirá o
que for possível de estar em frente a ele e seja suscetível à luz. Portanto,
ela em si, é a mesma em todo e cada ser vivo, o que muda de um ser para outro é
o que aparece nela, as experiências, os “conteúdos” (melhor dito: o fluxo dos
conscientizados pela consciência e não o fluxo mesmo da consciência).
Entretanto nos seres essa vontade e essa afeição podem ser dispersas em objetos
e fenômenos e distorcidas pelas “manchas no espelho” e pelo prisma dos objetos
escolhidos e fenômenos de afeição.
Isso nos leva a algumas consequências importantes. A mais importante
delas é a de que a diferença entre os seres é justamente aquilo que é “mortal”,
transitório, transformável. E justamente essas coisas, por tomar um ponto de
vista equivocado, são as quais se apega (uma distorção cega ou doentia da
afeição original) e por isso sofre. No topo dessas coisas está a própria
abrangência da consciência quanto aos (1) conscientizados, (2) a
intencionalidade e (3) o afeto. Cada ser tem sua história, suas experiências, e
as únicas coisas que são unicamente suas, são suas ações desencadeadas por essas
três elementos combinados: a consciência em seu fluxo e relações, ou seja, o
que e como ‘percebe’; o afeto em sua seleção daquilo que lhe toca, de como lhe
toca, de como se sente em relação a; e a intencionalidade da consciência que
fica geralmente oculta, por sua rapidez, do crivo da consciência mesma
distraída pelos objetos e fenômenos, sendo apenas vislumbrada a posteriori como
reação ao conscientizado e sentido ou, às vezes, como impulso, instinto ou
necessidade.
A transformação da mente no processo
do despertar
Para o meditador experiente acostumado a perceber que a intencionalidade
é simultânea à consciência, há (1) uma possível liberdade da consciência da
prisão do condicionado, do mundo fenomênico (antes tido como existente por si
mesmo), de suas impressões e afeições condicionadas (sentimentos, sensações,
feelings) e, portanto, uma visão mais clara e lúcida, desobstruída de tais distorções;
e quiçá o acesso às condições originais, porém completamente consciente. Pode
haver também assim (2) uma libertação em relação ao experimentado antes como
fato fixo inalterável e existente por si mesmo (fosse fenômeno, coisa ou seu
fluxo). Ele pode alterar as impressões, a consciência ou mesmo o que antes
tinha como objeto e ou fenômeno. No primeiro desses processos se baseia o
processo do despertar, do conhecer e do ver por si mesmo. No segundo se baseia
a transformação de si mesmo, da vida e das condições e condicionamentos prejudiciais
do praticante. Ambos estes processos (1 e 2) são acelerados pela atenção
constante e quando dirigidos para uma purificação mental (compreensão e
transformação dos processos obstrutivos, desobstrução das condições originais,
retirada das “manchas” que obstruem e distorcem as imagens no espelho). A
purificação mental e a lucidez consciente, por outro lado, são acelerados num
crescente retroalimentativo desses dois processos.
Portanto a primeira consequência prática e verificável é que observando
constantemente e limpando a consciências dos processos e condições que
distorcem ou impedem a visão esta verá melhor e mais amplamente. Em outras
palavras, é num processo de autotransformação e de purificação (“limpeza do
espelho”) que ele alcançará o conhecimento mais certo e mais profundo da
realidade, de si mesmo e da consciência. Esse processo deve ser realizado
corretamente, crescente e ininterruptamente, pois a negligência pode
simplesmente “mudar a mancha de lugar” ou “permitir que a sujeira novamente se
acumule”, isto é, que os processos e condicionamentos impeditivos sejam
desviados para outras direções, ou mesmo se acumulem obstruindo outra área, ou que
sejam adquiridos e condicionados novos processos obstrutivos. Então o primeiro
potencial é a descoberta e transformação de si mesmo que resultando numa visão
mais clara e cada vez mais completa leva ao autodomínio crescente e, pelo menos
em tese, a um domínio melhor da vida e das situações; disso surgem consequentemente
melhores relações consigo, com todos e com tudo, mais facilidade, mais prazer,
mais felicidade. Só por esse aspecto já se trata de um grande benefício.
A transformação da realidade
A segunda consequência é que através da certa perspectiva de visão mais
ampla, clara e concreta, pela remoção e transformação dos processos obstrutivos
e pelo controle dos fenômenos transitórios e mutáveis entre esses conteúdos da
consciência e seu funcionalismo (que envolve condições, condicionamentos,
condicionalidade), pode-se ampliar essa visão e liberdade. Neste caso, do
controle correto dos fenômenos certos, que tem como objetivo a liberdade e o
ver por si mesmo, o potencial adquirido vai desde atingir certo controle sobre
as condições e situações da vida até o ápice de passar de uma experiência
limitada no tempo, no espaço, na memória, na forma, na percepção, para uma
experiência ilimitada e mesmo além do tempo (como conhecemos), da forma, e,
mais adiantadamente no processo, além da percepção e da não percepção.
Sendo que os fenômenos são sempre um agregado conformado por conhecedor,
meios de conhecimento e conhecido. O conhecimento nunca pode ser determinado
por si mesmo, mas da interação desses três. Alterando qualquer uma das três,
mesmo que “isoladamente”, supondo que isso fosse possível, se alterariam as
outras duas. Podemos, sucintamente, considerar a consciência como conhecedor,
os sentidos (e quando digo sentidos não me refiro aos órgãos do sentido que
também são objetos, mas aos sentidos mesmo, como nos aparece no sentido que
reúne todos os outros, a mente) e a mente como os meios de conhecer e os
objetos e fenômenos como o conhecido ou por conhecer. Nesse modelo, alterando a
consciência (pela manobra dos elementos que a distorcem) mudamos, por exemplo,
a visão dos objetos, ou seja, mudando a mente (onde estão justamente os
sentidos e objetos que obstruem a consciência) podemos ter uma consciência
diferente das coisas e fenômenos. Portanto os teremos modificado
fundamentalmente, sob nossa perspectiva. Alterando objetos e fenômenos também
em nossa consciência esses aparecerão diferentes, obviamente, mas o resultado
dessas alterações na consciência são quase sempre mínimos, insignificantes ou
imperceptíveis. O nosso problema é justamente estarmos com fixação nessa
perspectiva a fim de conseguir liberdade, prazer, saúde felicidade, etc., nos
focando cega e obcecadamente na mudança dos objetos e ou fenômenos,
especialmente, os materiais. Mas se alterássemos inteligentemente os objetos e
fenômenos a fim de conseguirmos mais facilmente a primeira condição apresentada
(a de transformar a nossa perspectiva e mente) poderíamos conseguir muito mais
rápido e fácil, liberdade, prazer, saúde, paz felicidade, etc. sem
necessariamente depender de objetos e fenômenos aparentemente exteriores a
nossa mente. Portanto essa condição além de gerar paz, liberdade, prazer, saúde
e felicidade, trás a possibilidade de modificarmos os próprios fenômenos e coisas,
sem ser dependentes deles, sem uma visão obcecada e sofrível por não obtê-los
ou por eles serem transitórios, e ainda aproveitá-los com uma maior clareza de consciência,
com uma visão mais ampla e realista sobre eles. Só isto por si mesmo seria um
grande benefício.
A infinitude do fluxo da consciência
e da mente
A terceira consequência é que a incontestável experiência da consciência
e da mente, vista nessa perspectiva como no início foi apresentada, é a prova da
imortalidade, em um sentido pelo menos. Sendo a consciência como em nossa
analogia, como um espelho luminoso, refletora dos conscientizados e com uma
intencionalidade e afetividade capazes de iluminar ou distorcer os visados e
conscientizados, tomando-a a parte, todas as consciências em si são iguais,
alterando apenas sua experiência, seus visados e conscientizados. Enquanto
houverem seres (isso tomando provisoriamente o ponto de vista da ciência comum)
a consciência permanece. Não havendo individualidade ou pessoalidade da
consciência, a ilusão da memória e de sua individualidade é logo descartada, pois
temos apenas certas memórias mesmo de nossa experiência e de nós mesmos até o
nascimento, não tudo, e são exatamente as memórias das quais nos apossamos como
nossa, do ponto de vista da consciência, que faz que tenhamos a ideia de sermos
nós mesmos, como deve ocorrer com qualquer consciência ao visar qualquer
conscientizado em matéria de memória (não é a consciência que verifica o
reconhecimento, mas a memória, portando qualquer memória confirmará a si mesma
invariavelmente não podendo servir de critério). Visto que nossas escolhas
provêm de nossa vontade, mas não sem relação ao conscientizado e como nos
sentimos em relação a ele (que é o afeto em relação, mas também simultaneamente
um aspecto interferindo no outro, não um após o outro como aparenta), as
consequências dessas atividades também permanecem no fluxo da consciência
embora a memória seja perdida quando nascemos.
Devido à consciência ser neutra, impessoal, una, igual em todos os casos,
e por outro lado devido ao condicionamento de vontade e de afeto, a
consequência da mente e dos conscientizados anteriores bem como de sua inter-relação
(que não pode ser simplesmente suprimido, pois tudo que existe num momento
depende e foi condicionado por um momento anterior) ao se deparar com as
condições iguais ou mesmo semelhantes das impressões nos subprodutos e
condicionamentos de vontade e afeto se identifica com elas, qualquer
consciência se identificaria de forma idêntica. Porque embora a consciência não
encontre as memórias anteriores, ela encontra as características de vontade com
suas derivações e condicionamentos, e também as de afeto em seus condicionamentos,
gostos, preferências, atrações, paixões, amores, etc.. Estas, mesmo se não pensássemos
na lei natural das causas condicionantes que são a origem de sua repetição,
inevitavelmente, pela similaridade própria da natureza humana, se repetem em
sua combinação, cabendo à uma consciência que nasça apenas se dar conta disso,
pois qualquer consciência em si mesma é vazia de objetos, igual a qualquer
outra. Desse modo temos que o ser, aquela mentalidade com aquele conjunto de
condicionamentos e característica do instante da morte, se repete, ou seja,
renasce.
Isto dito dessa forma pode parecer difícil de entender sem definir todos
os conceitos que apoiam essa ideia, para uma noção mais aprofundada sugiro a
leitura dessa tese completa que explica a consciência e suas propriedades. Mas já
se considerarmos a consciência em seu aspecto triplo (consciência, vontade e
atração) ou em si mesma (em seu aspecto consciência-consciente), significa que
se pensarmos a consciência-espelho como um elemento separado do aspecto
luminoso (intencionalidade e afeição), ela, ao “se deparar” com um corpo que
contenha os mesmos aspectos muito semelhantes ou iguais a um agregado condicionado
anteriormente terá a mesma relação ou bem similar a que teve anteriormente com
aquela “outra” intencionalidade e afeição, pois ela é vazia e neutra, ela se
identificará a ele como sendo o seu “si mesmo”. Seria como se pudéssemos tirar
as manchas de um espelho e por noutro igual exatamente da mesma forma assim
como sua luminosidade. Assim qualquer pessoa, ou dito de modo mais exato,
qualquer mente em sua disposição apresenta condições e características que a
tornam única (não se está falando e informações, memórias etc., mas de
disposições, a saber, capacidades, tendências, aptidões, emotividade, afeições,
etc.), mas não irrepetível. E o fato (até mesmo biológico, mas não é do que se
trata aqui) é que essas combinações se repetem senão em uma em um bilhão de
pessoas, uma em um trilhão, que importa? O número de uma possibilidade de
repetição ocorrer no meio de milhões, trilhões ou mais, só vai alterar a distância
no tempo em que a nova ocorrência se concretizará, dado o tamanho da população
na terra. Imagine, a cada cem anos nascem e morrem quantas pessoas? Agora pense
no tempo decorrido desde o aparecimento do ser humano na terra, são quantas
centenas de anos, quantos bilhões de pessoas? Acreditar que essa combinação de
condições mentais não se repete todo esse tempo surgindo a cada ano tantas
pessoas não é apenas uma arrogância, é uma ingenuidade muito grande, é uma
opinião que só se sustenta por ser impensada ou por axiomas e crenças
dogmáticas. Mesmo pensando apenas nas condições biológicas ou cerebrais como
determinantes de um conjunto de caracteres e potencialidades mais ou menos
mutáveis e realizáveis. Tais conjuntos de combinações têm a possibilidade de se
repetir muitas vezes durante todo esse tempo.
Pensar a consciência como algo surgido na dependência das outras
condições, ou pensá-la como um ente
impessoal, universal e não individualizado ou pensá-la como a portadora das
impressões e experiências mentais (em seu resultado, não informações memorias, etc.)
ou dos aspectos aqui chamados de luminosidade (vontade e afeição) e seus
produtos, não altera o resultado dessa explicação. Assim não é preciso imaginar
a consciência como separada da vontade e da afeição para admitir isso visto que
qualquer consciência em seu aspecto “reflexivo” só é diferente de outra por
refletir o que seu aspecto luminoso e seus condicionamentos lhe permitem, ela
mesma por si não difere de outra, assim como dois espelhos que se suponham
perfeitamente planos e iguais vão refletir a mesma imagem quando colocados no
mesmo lugar e posição. Os aspectos mutáveis por sua vez nem por isso deixam de
se repetir na existência mesmo que demore muito anos e gerações para isso acontecer.
Ora, pela descrição de várias filosofias, doutrinas e religiões é justamente o
que acontece, não dizendo que por isso tenham razão, mas que por isso não há o
que se estranhar. O único problema para o senso comum é aceitar como falsa a ideia
de um eu ou alma imortal e imutável. Mas isso é tão tolo quanto acreditar que
nunca mudamos desde a infância, ou adolescência e ao longo de toda a vida.
Aprender, conhecer, amadurecer, só isso já é mudança. Experimentos científicos
mostram que mesmo as recordações são alteradas ao longo da vida, algumas até
fabricadas. Então nem mesmo essa memória que é a base de todo engano de
identidade imutável seria confiável como critério, nem sequer nessa mesma vida.
Essa teoria não é uma especulação filosófica, ela é um modelo que se
ajusta para explicar os que os experimentos científicos sobre a sobrevivência de
algo depois da morte física têm demonstrado. Os principais estudos se baseiam
em experimentos com médiuns através de comunicações com pessoas falecidas;
comunicações ou presenças captadas utilizando aparelhos; recordação natural de
vidas passadas e regressão; e experiência de quase morte, em todos os casos verificando
se as informações apresentadas correspondem a fatos. Não é objetivo aqui
explicar esses experimentos e seus resultados, mas apesar destes confirmarem a
sobrevivência de algo ou pelo menos da consciência, uma explicação científica
de como isso ocorre não é encontrada. Entretanto sabemos que se pensarmos um
universo como material com a consciência e a mente sendo resultados da vida na
matéria, chegamos a conclusões bem diferentes de quando pensamos um universo
como fenômeno da consciência (pois tudo que sabemos e conhecemos é em nossa consciência
que o fazemos). Porém, dentro desse modelo, como ficou demonstrado, isso pouco
ou nada importa, ainda mais que a realidade da consciência em ambos os casos é
inegável. Além disso, sabemos da influência da consciência, de seu nível, de
seu conhecimento e de seus estados na verificação, detalhamento e alcance de
qualquer observação. No caso apresentado mais ainda, pois o meditador não só
aguça o poder de observação da consciência ao longo da vida prática, como
também adquire o conhecimento de seu funcionamento e mais que isso, testemunha experiências
próprias dos estados mais elevados de consciência que só ocorrem na meditação
profunda e com aqueles que praticaram o bastante.
O que pode ainda ser estranho para a maioria das pessoas é essa
impessoalidade e não individualidade da consciência. Porém, isto é um aspecto,
mais uma vez, que só se pode entender completamente pela experiência meditativa
e a partir de uma nova perspectiva da consciência. A pessoalidade ou
individualidade não está por isso abolida visto que elas são precisamente as tais
características, disposições e condicionamentos da mente, no aspecto do afeto e
da intencionalidade da consciência, que aqui chamamos de luminosidade própria.
O que está abolido e totalmente refutado sobre essa pessoalidade e
individualidade é que ela seja eterna e imutável. Ora, ela muda muito mesmo
numa única vida. Logo, está mais passível de mudança ainda em inúmeras vidas
mudando sempre inúmeros condicionados. Mudar é a “essência” do “permanecer”,
sem mudança coisa alguma permanece e o que permanece é a eterna mudança. A
mudança, porém não descarta a repetição em outro lugar ou outras condições,
etc.. E no caso chamado de iluminação, se for o que algumas afirmam ser um
estado de onisciência, como pode permanecer a individualidade se ele comunga
com todas as consciências iluminadas e não iluminadas? Porém, a individualidade
também não pode desaparecer, pois permanece no conhecimento e na lembrança da consciência
como no paradigma da “sim-contradição” que será explicado nessa tese (no
entanto a maioria discorda de uma onisciência absoluta, mas concorda com uma onisciência
relativa, que abrange o presente apenas, e o passado dependendo da vontade e da
investigação proposital, portanto ainda seria uma individualidade, embora não mais
a mesma de antes, assim como a individualidade do adulto não é a mesma de
quando era bebê).
Essa “sobrevivência da consciência” é garantida por tudo isso, tanto
pela sua independência da corporeidade quanto pela aparente atual dependência de
corpos que nasçam. No entanto apegar-se
a esse aspecto do renascer ainda é sofrer, pois se está sujeito ao esquecimento
sempre e a adquirir novos condicionamentos prejudiciais, entre outras
desvantagens. O objetivo, por isso é utilizar sabiamente as outras duas
consequências anteriores apresentadas por esse sistema para uma
autotransformação e uma consecução que englobe pelo menos: (1) não perder o
aprendido em informação e memória (que já não se perde no sentido de aptidão); (2)
a possibilidade de superar a repetição em “dependência da matéria” nesse mundo
ou modo tal como conhecemos agora, mas que no máximo permaneça apenas em
dependência do psíquico dentro dos novos modos de ser conhecidos através de
práticas como a atenção contínua, a meditação e a projeção da consciência,
entre outras; e (3) até mesmo a possibilidade de superar todos os
condicionamentos e consequentemente todos os condicionantes e condições
limitantes e permanecer sempre e initerruptamente consciente independente e
livre.