Formas de participação - parte 1

Amigos, nossa ordem abre para os que não estão nos estudos regulares, como todos os anos, a partir de 3 de abril, duas semanas após o início do ano letivo para os que já participam. As fraternidades são a porta de entrada para a ordem. Em alguns casos existem também escolas preparatórias para a fraternidade. Porém, estamos sempre abertos para começar a receber estudantes novos e para a iniciação científica quando completado o primeiro grau.

Todos que queiram participar serão estudantes, e aqueles que decidirem ser membros e seguir a graduação deverão estudar tudo o que lhes for dado e passar pela iniciação científica, tudo isso pode ser feito por correspondência (ou ao mesmo tempo também presencialmente, quem assim queira), e a iniciação será completada e confirmada depois presencialmente, ou, estando impossibilitada essa maneira, no fim do segundo ano é dada essa confirmação. 

Continua o que não pode ser alterado: todos podem participar (1) como estudantes; (2) como práticos ou (3) como membro.

O prático

Na possibilidade de seguir como prático, sendo que agora essa opção deve, quase que necessariamente, exigir a participação em algum dos grupos de estudo, a pessoa deve acompanhar tudo que é dado e escolher algo prático para se dedicar e ou um dos caminhos de prática. A pessoa pode simplesmente coletar o material que deseja no grupo e praticar conforme seu querer não sendo necessário manifestar-se no grupo e tendo a possibilidade de atendimento, pelo coordenador do grupo e ou professor.

O estudante

E aqueles que querem apenas o conhecimento ou que não decidiram seguir a graduação recebem todo o mesmo material de estudo e a mesma iniciação científica para experimentarem em suas casas, porém, sem o compromisso de a realizarem nem de estudar tudo o que for dado. Mas se estes últimos depois de conhecer decidam seguir em frente é só estudar todo material dado e realizar a prática que então será chamado para a iniciação depois de avaliado em entrevista seu conhecimento e direcionamento moral. Também pode, e deve, entrar em contato com o professor ou coordenador do grupo particular para receber mais instruções.

Há sempre a possibilidade de seguir como estudante externo, recebendo nossos estudos, e estudante interno ou iniciado, recebendo além dessas as instruções particulares e iniciações de cada grau.

O membro ou iniciando

Ainda  dentro dessa graduação e somente aos graduandos se abrem três possibilidades de continuação, como prático internamente, recebendo apenas o conhecimento necessário para a prática de cada grau; como graduando, recebendo todo o conhecimento e prática de cada grau; e como professor, recebendo e se comprometendo com todos os conhecimentos e práticas de cada grau com o intuito de experienciar todo o necessário para receber a formação como professor e assumindo o compromisso de ensinar a outros e constituir uma outra fraternidade.

1.1. Frater coordenador

Frater I.L.I.V. é coordenador e professor da ordem. Frater L.A. é professor, mas entrou em retiro silencioso. Frater V.Q. é coordenador litúrgico e mensageiro. Aqui coordenei essa porta da ordem, a fraternidade F.I.T.O. ligada ao que chamamos de O.I.T.O. Porém, de forma mais abrangente criamos a E.T.C.A. e a F.I.C., que passam a ser a porta de entrada para a fraternidade interna, agora chamada O.C.T.A., passagem para a O.I.T.O..

No aspecto de estudos essa sequência é equivalente a uma graduação, a primeira, E.C.T.A., o primeiro nível; a O.C.T.A. a uma pós-graduação, a segunda; e a O.I.T.O. a um doutorado, a terceira. Para isto é necessário que a pessoa estude todos os livros, artigos e demais publicações internas e externas e compreenda, sendo sempre avaliado. Isso o torna um estudante formado, plenamente graduado apenas no estudo.

E, além disso, se realize seus aspectos práticos (isto sendo o mais importante abaixo da formação de professor, que exige também o estudo e a prática de todas as outras vias, além da sua própria), um completamente iniciado nas ciências antigas. Não é simplesmente realizar a prática para chegar à graduação, mas sim, necessariamente, a sua consecução; sem resultados comprovados não se chega ao doutoramento. Se fizer isto completamente é um plenamente graduado em todos os aspectos. Os graduados, estudando e cumprindo os pré-requisitos da formação podem se tornar professores, mas só os pós-graduados e doutorandos podem coordenar. Embora outros cargos menores de coordenação sejam dados ao longo da jornada, seja para aprendizado ou por avaliação.

1.2. A fraternidade

A antiga F.I.T.O., herdada, agora chamada O.C.T.A. está ligada à ordem, que nós chamamos O.I.T.O., aqui no Brasil (mas mesmo no Brasil podem haver outros que chamem por outros nomes, nós também chamamos coloquialmente de "nossa ordem" e de "Ordem de Deus", pois é assim). Para dizer sobre ela se exigiria um trabalho muito complexo, pois abrange muitos aspectos, o melhor é ver o resumo dos capítulos no site, nas publicações sobre a ordem ou no livro a respeito (atualizado de 2020 a 2021), encomendando em algum grupo ou pelos endereços eletrônicos. 

frateriliv@gmail.com

Eikasia, Pistis, Dianoia, Noesis Conhecimento Verdadeiro

É muito importante conhecer o processo do conhecimento especialmente quando queremos distinguir o conhecimento verdadeiro daquele que é ilusório ou falso ou mentiroso. Para chegar ao Discernimento preciso chegar antes ao Conhecimento, o verdadeiro conhecimento. Mas para chegar ao Conhecimento, o que é preciso?

A academia e o mundo nos dirão: estudo, informação, educação, ensino, etc.. Não resta dúvida que podemos no caminho do verdadeiro conhecimento passar por tudo isso, mas dizer que essas coisas ou alguma delas ou a combinação bem feita e planejada delas nos levará ao conhecimento é totalmente falso. Se você aceita isso naturalmente é porque já se acostumou, ou foi aliciado, condicionado e precisa urgentemente constatar a verdade por si mesmo. Todas essas coisas sem a consciência não seria nem sequer um primeiro passo para o Conhecimento. Antes de tudo é preciso consciência, só a consciência (nous) pode ter ciência (episteme) de alguma coisa. E isto de fato só ocorre pelo processo de Noesis. 

Há um problema aqui: todos pensam já possuir essa tal consciência, mas isto não pode ser verificado quando investigamos um pouco mais a fundo. Pelo contrário, perceberemos que a maior parte do tempo e na maior parte de nossas atividades, estamos inconscientes, agindo mecanicamente e que o que chamamos de consciência é apenas um estágio ou nível mais rudimentar de apreensão ou percepção. Quando falamos de Noesis estamos falando de um nível mais elevado de consciência, do qual os níveis habituais são apenas preparação ou, às vezes, degraus, se bem usados, para a verdadeira consciência que, esta sim, pode obter o conhecimento verdadeiro.

Mas o que estamos chamando de consciência? O que é noesis? O texto a seguir nos dará um bom ponto de partida para (1) entender esses conceitos em sua origem, com Platão e (2) podermos dar início à prática do processo de chegar ao verdadeiro conhecimento.

Na epistemologia (epistéme - o saber verdadeiro) platônica:

Eikasía indica aquelas coisas que são apreendidas numa percepção de segunda mão, isto é, são as imagens de uma coisa sensível, como os reflexos no espelho ou na água, pinturas, esculturas, imagens na memória. Este primeiro nível costuma ser traduzido por imaginação, com o sentido de imagem que é cópia da coisa sensível. A eikasía é uma conjetura feita a partir das imagens ou do reflexo das coisas.

Pístis  é a crença ou a doxa, a opinião, isto é, a confiança que depositamos na sensação e na percepção. É um conhecimento necessário para o uso da vida, tendo por objeto as coisas naturais, os seres vivos, os artefatos, etc. É a opinião acreditada sem verificação, conhecimento passivamente aceito por nós pelo testemunho de nossos sentidos, nossos hábitos, costumes nos quais fomos educados. É subjetivo e convencional.

Diánoia é o conhecimento dos objetos matemáticos: aritmética, geometria, estereometria, música ou harmonia, astronomia, tudo o que se refere a estruturas proporcionais. A matemática surge, assim, como um método de conhecimento que nos permite passar da aparência, da imagem, e crença-opinião, a um primeiro contato da inteligência com a essência das coisas.  A diánoia é o pensamento que opera hipoteticamente, por raciocínios que concluem de modo correto e verdadeiro a partir de premissas não demonstradas, isto é, de hipóteses. É o conhecimento hipotético-dedutivo.

Nóesis é ação de conceber uma coisa pelo espírito ou pelo intelecto, ato intelectual de conhecimento. Para Platão é o nível mais alto, é o que conhece as essências, a ideia, a forma inteligível, a verdade incondicionada, o princípio.

A nóesis é a intuição ou visão intelectual de uma ideia ou de uma relação entre ideias. A epistéme é o conhecimento adquirido por meio de intuição intelectual ou das várias noésis. O pensamento, contemplando as formas ou ideias, oferece a razão dos próprios conhecimentos.

A passagem de um grau para outro do conhecimento é feita por meio da dialética. A tarefa dela é fazer com que, graças à descoberta das contradições encontradas num grau de conhecimento inferior, se possa passar para o seguinte. Por ser passagem, a dialética é educação da inteligência, uma pedagogia, a paidéia do espírito, que o prepara para contemplar o Ser ou a Verdade.

Assim, são objetos do conhecimento:

eikasía: imagens - sombras e reflexos

pístis/doxa: objetos reais - seres naturais e artefatos

diánoia: objetos matemáticos

noésis/epistéme: ideias

Bons estudos!

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As Ciências Tradicionais na Prática

Até aqui vimos o princípio da prática mais essencial de todas, a vigilância (atenção constante, atenção plena, recordação constante...) em seus aspectos científico, psicológico e por último o místico ou religioso, ou tecnicamente falando, o aspecto da experiência trascendental. 

Este último, porém, também precisa ser desenvolvido em todos os seus aspectos, para que a pessoa não apenas permaneça presente e não apenas "tenha" a presença de Deus, Cristo morando em seu interior, mas também que ela permaneça consciente da presença de Deus de instante a instante, para que comungue em consciência com a onisciência, isto é, viva em Espírito andando na comunhão com Deus. E também para que geste Cristo e desenvolva sua salvação até a estatura completa dele como diz a escritura.

O objetivo da encarnação do Verbo por amor ao ser humano não é simplesmente salvá-lo, é levá-lo ao pleno desenvolvimento e pleno conhecimento à semelhança de Cristo, que é o primogênito, pois todos que seguem deveriam chegar a estatura do varão perfeito, novamente, está escrito. Salvá-lo é apenas o primeiro passo, pois no poço da perdição (entregue à ignorância, esquecimento, pecado, visão limitada, compreensão-inteligência limitada, degeneração, morte...) não seria possível atingir o objetivo do Eterno: que Cristo seja tudo em todos, que toda a criação convirja em Cristo, que cheguemos ao pelno conhecimento de Cristo e o pleno desenvolvimento de Cristo em nós.

Então há algo a ser feito e por isso nos ajudamos e nos reunimos, para aprender o que é preciso fazer, como, e cada detalhe e surpresa da caminhada e como esse processo inteiro acontece. Assim estudamos, praticamos, exercitamos, vivenciamos e compartilhamos aprendizados e experiências. Aprendemos os meios reais e seguros do ensinamento milenar, seus reais sentidos (o triplo sentido, literal, simbólico e espiritual; histórico, profético e pessoal; físico, psicológico e consciencial, da escritura). Tudo isso não por medo do inferno (nem por pensar que isso nos levará à salvação, como pensam outros), nem pelo prêmio do céu (embora este seja almejado), mas por amarmos a Deus e querermos fazer sua vontade. Quem ama quer agradar o amado. E até porque essa é a nossa vontade mais íntima, mais central, e viver assim é bom e o bem a que se chega devido a essa maneira de viver é o mais excelente e eterno.

Os místicos praticantes da presença de Deus têm muitas instruções precisas e observações a respeito dessa prática, especialmente os autores da Filocalia. Mas ela precisa ser orientada, por alguém experiente e companheiro na fé e no discipulado, que veja suas necessidades, suas falhas, e que tenha sua confiança ao ponto de ser seu confessor. Existem outras instruções muito boas, como no livro A Pequena Filocalia e no clássico A Prática da Presença de Deus, assim como em algumas instruções da vida monástica e regras (tanto monásticas, quanto regras templárias ou simplesmente contemplativas, a vida de santos praticantes), os manuais, meditações e temas sobre o conhecimento de Deus que vêm desde a origem apóstolica até os dias atuais, a maioria tão difíceis de encontrar quanto de realizar sozinho, no tipo de vida que levamos hoje especialmente nas cidades. 

Existem também instruções derivadas destas desse tipo mais preciso, mas incompletas; e também algumas indiretas e outras distorcidas ou mais "laicas" como dizem, que aproveitam apenas a parte psicológica ou filosófica desta, levando a realizações muito limitadas ou mesmo prejudiciais. Existem também imitações, isto é, falsificações e falsidades as mais diversas, bem mais fáceis de encontrar e em bem maior número. E existem mentiras, que nem semelhança têm com a verdade, mas que são tomadas facilmente por alguns como verdades, principalmente por aqueles que se opõem a Cristo, pois ficam entregues às suas próprias concupiscências, e sua visão distorcida os engana fazendo-os desconfiar sempre da verdade, mas aceitarem com facilidade todo engano, pois estes agradam mais aos seus gostos e paixões de seus corações pervertidos. 

Por isso esclarecemos e combatemos mostrando a verdade, e trazendo à luz tudo que está oculto, pois se vemos alguém sem visão andando para o abismo temos que socorrer, não deixar cair, como pregam outros, em prol de segredos ou de manter uma falsa paz (na verdade estes querem egoisticamente evitar serem incomodados). E por isso também revelamos o que antes se escondia por medo ou simplesmente por propaganda. Mas ainda hoje há muita perseguição a alguns desses "segredos", que são segredos apenas no sentido de "maneiras sábias", de modos de fazer algo. Não perseguem pelo que essas práticas realizam, mas pelo tipo de pessoa que geram e pelo que se passa a ver, especialmente no processo de hipnose e manipulação das massas que antes não se via. Por isso muito só pode ser dito a pessoas que estão sob orientação contínua: sem orientação contínua facilmente se chega a conclusões preciptadas e erradas, a maioria prejudiciais; e a pessoa fica só, desprotegida e exposta às forças contrárias que trabalham muito mais cautelosa e dedicadamente do que nós, as da luz verdadeira.

Todo esse ensino, instruções, discipulado é para andar por um caminho de uma vida santa e sóbria de vigilância, de oração e de purificação que levam a essa comunhão cada vez maior e essas vivências e conhecimentos diretos da Divindade, da realidade e das coisas eternas que realmente importam nessa vida. Esse processo cumulativo sétuplo, que chamamos de esclarecimento, conversão, salvação, regeneração, santificação, cura, iluminação que tem como resultado a reintegração, ou seja, o retorno à ordem original. E quando todos retornarem a essa ordem temos toda a criação convergindo ao criador, o Verbo, e Cristo sendo tudo em todos.

Mas esse assunto e seus detalhes é para outro livro, mais dedicado a esse tema específico, que por enquanto existe apenas em forma de lições, artigos e teses, muitos escritos e muitos ainda em transmissão direta apenas, oral ou por outros meios. E as obras antigas de tradições que nos são transmitidas, das quais nos fazemos zeladores e guardiões (assim como mensageiros e professores) estão à disposição em nossas livrarias e bibliotecas (materiais ou virtuais) e são ensinadas, explicadas e detalhadas a todos os estudantes que acompanham a orientação contínua e o compartilhar da palavra, do estudo e das experiências.

Se você também quer participar desse estudo e ou caminhada em amizade e mútuo auxílio entre em contato através do e-mail frateriliv@gmail.com e ou do WhatsApp 79 996724809.