segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

CONSCIÊNCIA, AMOR, ENTÃO PODER


OUTRA MUDANÇA...

Mais uma mudança será necessária no trato externo das fraternidades: seguindo o modelo superior da ordem maior, as pessoas das fraternidades não conhecerão os companheiros, mas apenas o fráter seu orientador. Por um motivo de segurança do anonimato: dos participantes e das instruções individuais; e dos dados pessoais que não devem ser compartilhados, estão, portanto, abolidos os sinais a não ser o que se refere aos graus rosacrucianos, comum a várias ordens rosacruzes diferentes.
Segue a norma de que cada um pode se identificar se assim desejar a outros, mas é completamente inadequado identificar outro quanto à ordem ou fraternidade ou aos seus graus nas mesmas. Da mesma forma é considerado uma falta revelar o seu próprio grau dentro da ordem a alguém que conheceu há pouco tempo, isto é desnecessário. Os nossos graus não são sempre uma escada, nem se trata de “poderes mágicos”, mas de conhecimentos especiais, portanto, a cada um o que lhe cabe. Alguns podem chegar a um grau superior com menos graus que outros e outros podem ter muitos graus e estar num nível abaixo de outro com menos graus, só um exemplo, para esclarecer.
O anonimato dos membros é de fundamental importância para o bom resultado e para o modo de funcionamento e organização do trabalho da fraternidade. Em quase toda ordem thelemita é proibido dizer o nome das mulheres e aqui não pode ser diferente, ao se referir a uma mulher ou se dirigir a ela, quando se sabe seu nome no mundo, é terminantemente inadequado que se fale seu nome, só se falar o nome sóror. Mesmo não sendo uma iniciada a mulher deve escolher um mote, mesmo que provisório, pois todos sabemos a fama que os mal intencionados colocam nas thelemitas, o mundo não gosta de mulheres livres, especialmente não admitem o que fazem com relação ao sexo, premia o homem promíscuo e pune a mulher livre, tachando-a de promíscua, se ouvirem falar que pratica uma tal de “magia sexual” (alquimia sexual) então, já sabem o rótulo que leva.
A FITO, para ilustrar sobre isso, é um lugar reservado para as pessoas que não estão visando a sujeira do mundo, são pessoas que já perceberam não só a nojeira da humanidade, mas a nojeira dentro de si também e estão vestidas em seus macacões, dedicadas a um paciente trabalho de limpeza profunda, de assepsia das contaminações, de identificação daquilo que não é seu e que o está adoecendo. Sabendo disso um novato que anda por corredores, entra em salas e banheiros e se acha livre e superior, só atrapalha, a si mesmo e ao outro. Seriamos como lixeiros tendo que usar o macacão o tempo todo, em todas as atividades, seria embaraçoso e muito difícil a vida assim... Ao ‘tirarmos o robe’ esquecemos até nossos nomes de fráter e continuamos a olhar para dentro.
A humanidade, o mundo, não entende de modo algum nosso trabalho, nem se quisesse, e nem se quisesse e se esforçasse; eles experienciam suas próprias ocupações e nosso trabalho só pode ser experimentado por aqueles que efetivamente o realizam. Mesmo o nosso conhecimento é muito denso e muito árduo, pro isso há tantos movimentos “nova era” de sucesso e o nosso tem pouquíssimos adeptos; eles vendem um esoterismo de feira, brando, fácil, cheio de mitos e superstições bobas, sem profundidade, mas rico em fantasias e experiências que mais parecem viagens de LSD. Mas a sede do ser humano pelo prazer ilude como o açúcar ilude as formigas (formigas não digerem açúcar e se comerem muito morrem) e os falsos buscadores da verdade sempre se contentam com água com açúcar, com as meias-verdades convenientes. O verdadeiro buscador não quer uma religião que ele goste ou que seja fácil de se adaptar e conformar, ele quer a verdade doa a quem doer. Assim nosso trabalho se caracteriza por ser constante, interno, e silencioso. Um de nossos símbolos “fala” disso, o poder do olhar profundo e silencioso, não tem a ver com aparências (embora essas possam mudar como consequência), nem com estereótipos de espécie alguma, cada um é cada um, cada um é uma estrela em sua própria órbita. O trabalho é individual, assim também as correspondências, o estudo e a evolução de cada um na senda.

sábado, 1 de dezembro de 2012

SOBRE DIFERENTES NÍVEIS DE TRABALHO E DE ENTENDIMENTO


Em todas as fraternidades de iniciação verdadeiras existem três níveis de trabalho, um nível de ‘perda e ganho’, como já foi explicado, onde se adquirem conhecimentos e habilidades e se perde o grosso da “sujeira”. É a peneira, o nível mundano do trabalho. O próximo nível é o do abandono como explicado, desenvolvimento e esforço supra humanos, começa-se a se transformar num deva, um deus, um anjo, um “super-homem”, o além-humano, é o caminho supra mundano. O último é o nível da aceitação, já se procura agir como se iluminado fora (caso ainda não seja), até a iluminação: transforma-se a si e ao mundo, se está decidido a atingir a libertação.
Aceitação significa aceitar tudo incondicionalmente, aceita ao mundo, ao universo, às pessoas, às leis e a si mesmo, enfim, a tudo tal qual é ou aparenta ser; e transforma essa visão que temos de tudo, que é uma visão impura, em visão de pureza, transformado tudo no próprio Nirvana. Note que nessa aceitação, aceita-se também a si meso tal qual é, ou seja, com suas buscas, seus objetivos, suas lutas para mudar a si mesmo e ao mundo, seu trabalho, a grande obra, as verdades. Esse é o nível hermético (da transformação prescrita por Hermes) estado “pré-búdico” ou búdico (iluminação, estado de buda).
A essa altura já se deve conhecer a sua vontade e aceitá-la, bem como a sua imposição de cumpri-la. Esse nível é o da realização da mandala: transformar tudo o que é impuro em mandala, em ensinamento; transformar tudo o que é impuro em puro: ver o real poder, a real força (distorcida apenas em nossa visão) que está em todo e qualquer fenômeno. Ver o puro no impuro. Este é o mais difícil, até de explicar. Isto é muito difícil, pois é preciso ver realmente e o processo para isso pode ser muito complexo e exige muito estudo experiência e vontade, porém pode ser fácil de realizar para o praticante habilidoso e bem preparado nesse estágio.


ACEITAÇAUM parte1

Aceito o que vier
Mas aceito completamente
Aceito a chuva repentina
Aceito o bem que me fazem
E o bem que me querem fazer

Aceito o crime
Mas também aceito a minha própria indignação diante dele
E aceito o nosso esforço de melhorar a situação:
Aceito o assaltante que assassina alguém
Mesmo que seja apenas porque ele não levava dinheiro nesse dia
Mas também aceito a vontade de justiça e de mudar as coisas
Mas também aceito quando quero que ele morra ou apodreça na prisão

Mas também esqueço essas coisas
Pois não há motivo pra perder o controle
Aceito o mal que me fazem
E sinto-me grato por alguém livrar-me de algum karma negativo
Não que deva aceitar calado ou que não faça nada a respeito

Mas aceito esquecendo que existe culpado
Perdôo mas perdôo esquecendo
Se você não consegue esquecer é melhor ficar longe
Pois também não irá perdoar

Aceito a natureza humana
Não porque ela é “minha natureza”
Mas por que ela é meu karma
E de todos os humanos ao meu redor
Antes e depois de mim
(É o melhor que conseguimos)
E aceito o meu desejo de transcendê-la
E a frustração por muitas vezes não conseguir
Mas aceito a minha persistência de viver tentando e tentando...

Antonio Gonzaga em LIVRO 2 - REFLEXOS(ÕES) NUM ESPELHO AINDA ONDULADO (2007-2008)


UM FIM NIETZSCHIANO

Eu estou consciente agora
Mas eu vou acabar
Mas todos vão acabar
Mas tudo vai acabar
O universo vai acabar
Mas o universo vai reiniciar
Então eu estará um dia aqui de novo
Pensando sozinho e consciente
Tudo retornará de novo
Todos e eu
Eu não lembrarei disso
Eu estarei pensando isso
Como se fosse a primeira vez
Chorando...
Só resta uma solução
Eu aceito a humanidade
Eu aceito o mundo
Exatamente como eles são
Eu amo a humanidade e o mundo
Exatamente como eles são
E não apenas aceito e amo: eu quero
Eu quero assim...
[Eu aceito a mim mesmo
Exatamente como eu sou
Inclusive o meu desejo de mudar
Mudar a mim mesmo
Mudar o mundo
Eu aceito a minha natureza
Incluindo o fato de ir contra
O que ela não aceita
E de buscar poder mudar
E de aceitar o que encontrar
Eu aceito a natureza humana
E o meu ímpeto de transcendê-la
E a frustração quando não consigo
E a persistência de continuar tentando
Os espíritos fracos buscam apenas o que é prazeroso
Ou mesmo a dor
Ou apenas o que é útil
Ou só o descanso
Ou “a felicidade”
Sonham egoisticamente com o conforto
E a segurança que acham que não tem
E para terem objetos que acham que precisam
Para sempre se sentirem bem
Eu não busco mais a felicidade
Mas apenas minha obra
Tudo retornará de novo
E eu estarei aqui
Pensando isso como se fosse a primeira vez
Mas sabendo... Chorando...
De alegria

Antonio Gonzaga em LIVRO 2 - REFLEXOS(ÕES) NUM ESPELHO AINDA ONDULADO (2007-2008)