sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A Investigação Científica do Oculto


            O chamado de oculto é tudo aquilo que escapa da nossa experiência comum e de nossos sentidos ordinários, é também aquilo que escapa de nossa inteligência subdesenvolvida e de nossos hábitos mecânicos cotidianos, portanto tudo que está ou poderá estar presente e escapa por um motivo ou por outro de nossa consciência normal.

Nesta via da ordem estudamos disciplinas, mas não como era no passado, uma por grau. Estudamos como uma universidade multidisciplinar sistêmica. Toda disciplina tem relação com tudo e com todas as outras, mas o foco disciplinar em cada uma não só a distingue como determina as habilidades a serem dominadas pelo estudante.

É preciso esclarecer que no processo de graduação existem muitas especialidades, mas elas não podem escapar daquelas que mais condizem com os objetivos elevados da ordem. Por isso mesmo a investigação, o estudo e a pesquisa da estudante não deixará de passar primeiro de tudo pelo estudo da consciência e de nossas aspirações mais elevadas, sim, de forma científica: a estudante precisa compreender que se trata de fenômenos palpáveis, experimentados e mesmo calculados, não de meras abstrações e teorias (ou hipóteses como chamamos) como o assunto é tratado nas religiões e em algumas escolas esotéricas. Não se trata de estudar o misticismo nem o mito, mas exatamente de desmistificar e desmitificar o assunto, tratá-lo racional, estatística e experimentalmente. A via científica se encarrega justamente de experimentar, testar e explicar cientificamente os fenômenos. A validade das hipóteses não é tomada pela simples razão, mas através de evidências, de experimentos e provas.

Quais são as especialidades todas, é um assunto a ser constantemente tratado e revisto, atualizado e depende muito da especialidade do professor e dos interesses do estudante. Mas o currículo básico do qual nenhum pode fugir é precisamente o que pretendo apresentar. As disciplinas estudadas não querendo rotulá-las, mas dar uma noção mais precisa possível nomeando-as de acordo com suas especificidades com termos mais conhecidos externamente. São tais como: conscienciologia, meditação, yoga, projeciologia, espiritualismo, fenomenismo, desenvolvimentologia psíquica, psicanalise básica, ciências cronológicas, cosmologia, metodologia da ciência, epistemologia, eterno retorno, ciências ocultas, eudaemonologia, mentalismo, transpessoalismo, cinestesia, tecnologias de comunicação e medições interdimensionais, transcomunicação interestados e interdimensionais, níveis de energia e matéria, platôs de consciência, transformação, transmutação e transfiguração, materialização, fenômenos especiais, telepatia, telecinesia, ufologia, teurgia, alta magia, angeologia e estudo dos devas e seus mundos, iluminacionismo, níveis de matéria e energia, vibrações e ondas, ciências naturais, magia natural, tantrismo, alquimia, alquimia psíquica e sexual, princípios herméticos em nível micro e macro, escatologia pessoal, ontologia das substâncias, natureza e potenciais da mente humana, eletromagnetismo, prana, fótons e corpos de luz, ciências da respiração, medição de energias corporais e mentais entre mais algumas outras. Estes são apenas exemplos gerais que podem ser estudados em conjuntos específicos ou subdivididos em mais matérias.

Ao contrário de estudá-las como disciplinas isolados, primeiro vemos todos tudo junto, num grande todo inter-relacionado, para em seguida estudá-las aparte e aprofundar segundo a vontade e ou aptidão de cada um, para enfim reunirmos tudo novamente com equipes de agora especialistas em constante troca de informações, descobertas e invenções para os objetivos da ordem, para o bem de todos e para o progresso da humanidade.

Como exemplo dessa relação podemos dizer, por exemplo, que estudamos física, filosofia, projeciologia e tarot. Aí estão quatro disciplinas que aparentemente não tem a ver uma com a outra. Mas não é verdade: o estudante de projeciologia precisa dominar alguns conceitos de física se quer entender o processo que envolve a matéria, a energia e a mente ao aparentemente sair do próprio corpo e entrar em contato com outra realidade. Ele precisara raciocinar de modo científico e filosófico para isso e ele pode ter alguma ajuda na escolha dos procedimentos baseado em raciocínios ou ideias novas surgida na leitura e associações de símbolos arquetípicos de um dado jogo do tarot. O estudante de física pode fazer o mesmo com todo o resto, e se domina a projeção, pode utilizá-la para penetrar um material denso, visitar um local distante, e ter pelo menos uma ideia de como é aquele material ou num nivem micro como se arrumam seus átomos ou investigar experiências psicofísicas, etc. através da numerologia do taro ou mesmo de seus símbolos ele pode calcular propriedades de alguma substância ou prever as possibilidades de desenvolvimento de um experimento.

Este método tríplice, de nossa academia, para educação e especialização, transversal e totalmente inter-relacionada entre seus participantes, é o melhor para os novos tempos e gerações atuais. Ele evita a informação fragmentada e a segregação dos estudantes por especialidades, além de otimizar enormemente o processo de aprendizado, de experiências pessoais e conhecimentos adquiridos de todas as áreas sem perder o foco nem o aprofundamento no seu campo de preferência.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A ATUALIDADE DA CIÊNCIA ALQUÍMICA


Nosso método de pesquisa


                Os símbolos usados na alquimia na forma de metáforas utilizando nomes de certos metais e outras substâncias podem ser encontrados de forma similar em várias culturas, de vários povos, de várias épocas. Essa descoberta empírica sempre ocorreu ao longo da história, mas também foi passada de uma geração a outra e de um povo a outro. Desse modo a investigação da origem das descobertas e de seus diferentes procedimentos nas diversas culturas será sempre difícil e muitas vezes inconclusiva.

                Mas o que interessa aqui é demonstrar que há esta similaridade e aparente universalidade da simbologia. Também falar do significado de algumas das mais importantes simbologias já que os símbolos isolados em si mesmo dizem quase nada, é pela relação em seu próprio contexto decifrado que ele pode começar a se entendido. Para isso vamos nos servir não apenas das informações vinda de tradições onde estão mais presentes, a exemplo das rosacruz, maçônica, árabe e oriental, como são dadas através de seus graus, mas também através das explicações encontradas nos próprios textos que deram origem a determinadas tradições. Isto desde aquelas ligadas a mais indecifrável para o não iniciado, que é a tradição hermética, até aquelas que falaram abertamente os significados deixando em símiles apenas os procedimentos, que são as tradições orientais, tais como as budistas e hindus. Então com esses documentos em mente podemos partir para outros, dos quais poderemos inferir, com quase cem por cento de certeza, terem a mesma origem “doutrinária” de onde aqueles viajantes ao oriente sorveram informações, lendas, mitos, símbolos, etc. e ocultaram ainda mais pelo receio da das perseguições da época.

                Faz parte também dos nossos objetivos explorar as principais razões para a manutenção dos segredos. Esses segredos são até hoje tão cuidados cuidadosamente disfarçados que muitos duvidam ou mesmo desconhecem completamente a existência da referida ciência nos dias de hoje. É fácil perceber a arrogância de muitos acadêmicos que acreditam piamente que sabem do que trata a alquimia e que não passa de rudimentos de ciência e de erros superados. Não sabendo eles caíram no engano que foi projetado exatamente para os arrogantes. O enredo dos textos alquímicos é especialmente planejado, visando afastar o chamado profano, construído exatamente para afastar certos perfis psicológicos, o que parece revoltante para alguns. Um dos objetivos do nosso estudo, portanto, passa por esclarecer não só que é assim e como é, mas explicar as principais razões e perigos que estão por trás desse cuidado aparentemente excessivo nos dias de hoje.

 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

SINTONIA


 Por Antonio F. Gonzaga

Todas as ordens, fraternidades, escolas, igrejas, partidos e qualquer congregação de ideias, quer queira ou não, quer saiba ou não, possui uma corrente energética ou corrente mental ou corrente vibratória, como costuma ser denominada. Essa energia é certo tipo de onda vibratória específica, não se trata de nada místico ou abstrato, mas uma força física análoga às ondas de rádio, que de acordo com o comprimento ou de outras características, não se confundem umas com as outras. Elas não podem ser vistas ou sentidas, embora estejamos imersos nelas, bem assim as ondas vibratórias mentais.

Como essas ondas de rádio que precisam de um aparelho regulado para captar em cada sintonia determinada onda enviada pela antena de determinada estação, nossa mente e nosso sistema nervoso são os aparelhos capazes de captar determinadas ondas bastando para isso, entrar em sintonia com elas. Existem algumas maneiras de entrar em sintonia com determinadas ondas.

Por exemplo, se uma pessoa lê determinado livro de uma religião, raciocina e se comove com o que está escrito nele, ele tende a entrar em sintonia com pessoas (e ondas mentais dessas) daquela religião, a partir dessa sintonia ele pode começar a falar sobre o assunto do livro e encontrar outras pessoas que leem o mesmo livro; se ele vai a uma congregação dessa religião e gosta do que vivencia lá, ele entra cada vez mais em sintonia; se ele frequenta uma igreja e acredita no que se diz lá; mais sintonia. Então ele começa a ser inspirado por ideias comuns daquela religião e de acordo com sua sintonia, sua inteligência e outros fatores; ele pode chegar a ideias específicas a partir da ideia geral da religião a que muitos outros daquela religião chegaram e poderão ainda chegar ou que já chegaram no passado, sem que para isso ele tenha que ouvir ou ler de alguém.

Outro caso muito comum é o de alguém com um pensamento científico sobre algum tema, ele pode chegar a ideias e experimentos iguais a outro que sequer conheça. O maior exemplo da história da ciência foi a teoria da origem das espécies através da seleção natural pensado simultaneamente por Wallace e Darwin sem que estes soubessem das ideias um do outro e sequer se conhecessem. Um exemplo maior é que você mesmo já pode ter pensado essa hipótese da sintonia e captação mental. Eu mesmo já conversei com alguns amigos que chegaram a mesma ideia, assim como eu mesmo, de que captamos ideias “no ar” assim como uma televisão capta as ondas de rádio no ar de acordo com a sintonia que escolhemos.

Esses são exemplos gerais, mas muito comuns, experiências que talvez qualquer pessoa alguma vez tenha notado consigo mesma. Pode ser que, até facilmente, se interprete de outra forma, talvez com algum psicologismo. Porém o que nos interessa, independente da explicação do fato, é uma sintonia, uma exata vibração, que não só possibilite tal inspiração orientadora, mas também que dê reais respostas, comprovadamente eficientes e corretas, que se possam confirmar, e ofereçam formas de confirmar; que dê força para o que deve ser realizado; que dê proteção dos perigos físicos e psicológicos do nosso mundo; que transmita paz, bem aventurança e saúde dentro das possibilidades e do potencial máximo de cada um. Estes entre outros possíveis benefícios são os benefícios de estar sintonizando com nossa corrente.

Existem três maneiras de usufruir de nossa corrente nesse sentido: (1) lendo, ouvindo ou estudando (e raciocinando sobre, mentalizando, imaginando, etc.); (2) praticando, meditando, exercitando o aprendido; e (3) entrando em contato, praticando juntos, recebendo informações e energia através do professor ou amigo espiritual ou parceiro praticante. Dessas três, as duas últimas são as mais poderosas e mais importantes, mas que não se desenvolvem sem a primeira.

Existem outras duas maneiras muito utilizadas, mas que não nos interessam. Essas duas maneiras são através das emoções e da fé ou crença. Estas duas são as que mais têm sucesso como proselitismo; elas com certeza são as que mais atraem e mais cativam as pessoas, e principalmente em bando, isto é, às multidões. É claro que elas podem ser utilizadas individualmente para um benefício, mas não devem ser usadas para gerar ou expandir uma corrente. O início e a manutenção de uma corrente através das emoções sejam elas superiores ou inferiores só se dá pela exacerbação das emoções, e esta só pode gerar o esgotamento, o desequilíbrio e a cegueira. Por outro lado a crença, em si mesma, já é uma cegueira, pois é inconsciente do real objeto. E a fé (especialmente no sentido que se dá no ocidente, como sinônimo de crença) é fruto do crédito exacerbado, emocional, passional, teimoso, cego. Portanto nenhuma das duas formas condiz com nossos objetivos que incluem o despertar, o ver por si mesmo, o comprovar, a experiência, o equilíbrio, a equanimidade; a poupança, o acúmulo e a utilização consciente e equilibrada de energia.

 A fé virá no futuro, sim, mas fé no sentido de confiança e segurança interior, fruto da experiência, do estudo atento, racional, da comprovação direta. A fé também como uma forma de esperança é uma alavanca poderosa, mas precisa ser bem usada para alcançar objetivos e não para dar crédito a ideias sem lógica e sem comprovação. A fé jamais deveria ser dirigida para se contentar com respostas prontas, dogmas, palavras sagradas, nem para visar crenças infundadas, sem base na experiência. Seria construir a própria armadilha e se aprisionar nela, construir uma muralha de ilusões, falsas certezas.

Ambas as formas, a fórmula da emoção e a da fé, não conduzem à experiência, não levam ao desenvolvimento das faculdades e potenciais ocultos de espiritualidade. Elas produzem apenas para alguns, que estão num nível baixo de espiritualidade, certo desenvolvimento que chega a um ponto estanque de onde ele não mais consegue se desenvolver, só permanecer a custa de constante renovação e investimento de energia ou decair por negligência. Por isso que as religiões baseadas na fé ou na emoção não chegam a um grau de visão, e jamais a uma visão pura, e terminam desviando o desenvolvimento para o campo materialista.

Também essas formas de cultivo inconsciente e inconsequente constituem um grande dispêndio de energia, são desgastantes e deprimentes; levam a pessoa a resignar-se à cegueira e ao sofrimento; leva ao conformismo, à letargia moral, à negligência, à aceitação da injustiça e da desordem espiritual, mental e social. Levam a uma oposição ao mundo, ao universo, ao resto da humanidade, aos animais e enfim, à natureza; em vez de levar a uma união benéfica e harmoniosa que contemple a tudo e a todos.

De onde vem a nossa corrente, é uma questão que até certo ponto pode afligir a mente do estudante, até sentir ou perceber que de fato está envolvido e protegido por um campo de força maravilhoso, uma corrente benévola de amor, paz e consciência. Este campo não é nosso sentido de que nós o possuamos ou o tenhamos criado. Ele é formado pelas mentes iluminadas de todos os tempos e pelas energias benéficas dos que andam e buscam nessa direção.

Nós dizemos que seguimos o Sol no seu trajeto, isto é, seguimos a luz até nos tornarmos unos com ela. Buscamos a Luz, a consciência, o conhecimento direto, e por fim a iluminação. Nossa corrente vem da ligação que todo adepto e ou iniciado realiza ao decidir-se com firme vontade a dedicar-se ao desenvolvimento espiritual e à visão clara. Ela está acima da humanidade há milênios, disponível a todo aquele que se enobreça ou se esforce para entrar em sintonia com ela. Alguns dizem que há uma única corrente para todos os iniciados de todas as escolas, ordens, religiões, fraternidades, uma corrente universal. Outros que há um anjo ou uma divindade que nos liga a uma corrente correspondente a nossa missão aqui. Entre esses dois pontos de vista podem haver vários. Mas o fato é que a corrente está aqui a nossa disposição e nós não somos os primeiros, nem o curto tempo que temos de vida ou de existência nesse planeta poderia sondar a ancestralidade original de cada raio de luz. O que podemos falar é da fonte única, Una, absoluta, incondicionada.

O que faz o ser é o querer, é sua vontade, só a vontade distingue um ser de outro, os outros elementos são compartilhados e cambiados com o ambiente e com os outros seres. É preciso ter uma vontade pura, consciente, é a vontade que ligará o ser a uma corrente mental, pois é através daquilo que ele deseja ser, daquilo que ele aspira para si mesmo que é medido seu “comprimento de onda”, quer dizer: “o que ele quer, é isso que se tornará”. Ou seja, sua vontade é o principal determinante de suas sintonias mentais, de quais canais entrará em sintonia e receberá informação. Se formos sinceros conosco, se nos dedicarmos, se procurarmos encontramos. A iniciação é um abrir de porta. Nós nos ligamos à fonte através de nossa busca, pela fonte original, pelo tesouro oculto, pela libertação das ilusões e da ignorância... pela verdade que está aqui e agora dentro de nós.

Sintonia significa junto (sin) tom ou nota (tonia), e notas juntas formam harmonia, notas separadas não existem, toda nota ressoa e toda nota está imersa no meio de muitas outras que também ressoam. As notas que combinam se harmonizam entre si, podem formar músicas. É a lei da natureza, não tem mistério nem mágica nisso. Quer queira quer não sintonizamos com algumas correntes. O melhor é fazê-lo conscientemente e com uma corrente que nos enobreça, que nos eleve moralmente e espiritualmente e que abra nossos olhos, que nos liberte da ignorância e da sujeição ao sofrimento nos quais estamos inebriados e imersos agora.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Ecologia Eletrônica

Por Antonio F. Gonzaga



Como um computador ou uma televisão que projetam sucessões de quadros de luzes em sua tela, o que dá a impressão de conteúdo e movimento, das funções ou programas, dos arquivos e imagens, assim somos nós, o corpo e o mundo dos sentidos, os pensamentos e todo o universo mental, as imagens produzidas. Mas o aparelho completo é muito diferente mais e muito diferente do que se vê na tela.

                O universo é o aparelho completo, mas não o universo que vemos, que conhecemos ou que imaginamos; não dessa forma. Nós não vemos as coisas como são de fato. Nós vemos as coisas como entes separados, independentes, da maneira como vemos estas letras escritas na tela, como elas foram colocadas na tela uma a uma.

                Só que a realidade não é a da tela, nem sequer a do computador. Acho que agora você começou a intuir algo do que eu estou falando. Na verdade quando vemos as letras como entes separados não lemos as palavras, quando vemos as palavras como entes separados não vemos as frases; quando vemos as frases somente, sem conexão não vemos as ideias.

                A realidade por trás das letras, da tela, do aparelho de computador, das mãos escrevendo, dos olhos lendo... são as ideias. Que as ideias mentais estão por trás, das letras, das telas, das imagens, dos aparelhos, é fácil de entender. Mas entender que elas também estão por trás das mãos, do corpo, do mundo, do universo, da natureza e de toda realidade que vivemos pode ser mais difícil. A natureza mãe de tudo isso é bem maior do que tudo que podemos perceber e muito maior, muito além e muito diferente do que podemos imaginar.

Você usa o computador, mas sabe como ele funciona? Sabe como guarda as imagens, as letras os arquivos, os programas? Você não sabe como o cérebro guarda a mente. Você realmente pensa que o cérebro guarda ou produz a mente? Como poderia provar isso? Como poderia ser isso?

                A realidade é justamente o contrário. A mente guarda o cérebro, o corpo, o mundo e tudo: tudo que possa ser percebido só será percebido na mente, jamais fora dela. Mas não é apenas a mente como você conhece agora. A mente como você vê são apenas as imagens e as letras. Você não vê o aparelho o corpo, as mãos os olhos, o universo, as ideias, a natureza, a mente toda e tudo que há nela. Você vê de forma ilusória e separatista, no máximo conecta as palavras, mas sequer vê as ideias, isto é, sequer vê a mente por inteira como ela é na realidade. Então pensa que as letras ou palavras ou frases são seres separados, à parte, com uma identidade própria e separada.

                Entende o absurdo dessa visão? Bem assim é ver os seres, as mentes, o mundo, as ideias, o universo, o conhecimento, todo o conhecido e tudo que se pode conhecer, como seres separados, à parte e independentes.


 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Sobre a morte, o morrer e o renascimento.






Por Antonio Fernando Gonzaga (da tese apresentada à O.I.T.O.)

 Agora imaginemos para efeito de ilustração como se a consciência fossem ondas de rádio numa certa frequência, ao se deparar com um rádio ligado ela pode ou não transmitir transformando-se em som, basta que o rádio esteja sintonizado naquela frequência. Mas existem muitos rádios e apesar de haverem milhares de frequências, no universo dos rádios esse numero é muito limitado, de modo que vários rádios podem estar sintonizados na mesma frequência ao mesmo tempo, é assim que as estações transmitem seus programas para muitos aparelhos de rádio que estão sintonizados naquela estação naquela hora.

Agora suponha que em vez de milhares de frequências houvessem quintilhões  de frequências específicas. Não existem no mundo quintilhões de rádios, muitas programações estariam sobrando no ar, sem nenhum rádio captando-as. Agora suponha que cada rádio já viesse pre-sintonizado para apenas uma frequência específica, aleatória e diferente de outros rádios. Para cada uma entre os quintilhões de frequências só poderia haver um rádio específico ou nenhum, pois existem mais frequências entre as ondas de rádio do que entre as sintonias dos aparelhos devido ao número dos aparelhos de rádio. Poderá demorar anos para surgir um rádio sintonizado numa frequência que não está sendo captada agora.

Pois bem, a mesma relação se dá entre a consciência-mentalidade e o corpo-genes. A consciência com sua bagagem mental é como uma frequência de ondas de rádio específica e o corpo com seu código genético é como um aparelho de rádio com apenas uma sintonia específica. Esse modelo serve perfeitamente dentro de suas reservas para explicar como uma consciência-mentalidade pode migrar para outro corpo depois da morte deste. Exatamente como as ondas que eram captadas num rádio que quebrou definitivamente poderão ser captadas novamente quando surgir outro rádio com aquela sintonia específica, como descrita no nosso exemplo, a consciência com sua mentalidade pode se ligar a um novo corpo com um código genético compatível.

 


domingo, 8 de junho de 2014

[Resumo pragmático dos fundamentos, observáveis, desse sistema]

Obs.: esse não é o texto publicado aqui anteriormente, é o texto completo com sua parte 1 atualizada.










Resumo das ideias básicas, observáveis, desse sistema:

Por Antonio Fernando Gonzaga (da tese apresentada à O.I.T.O.)

A consciência


A consciência em si é vazia como um espelho, porém luminosa. Aqueles que não meditam não veem sua luminosidade própria, ao buscar observar a consciência não a veem de fato, mas aos objetos que estão nela, como se veem imagens refletidas num espelho. O pesquisador treinado, ao observar constantemente, mudando o foco da visão para a consciência (assim como se pode mudar o foco da visão num espelho para o vidro do espelho em vez da imagem) a ponto de já enxergar ou mesmo produzir momentos de pura consciência, vazia, vê, ainda que de forma imprecisa e incompleta, apenas esse vazio e, só às vezes, essa luminosidade que para uns no início chega até a parecer simplesmente a ausência de tudo e para outros o oposto, a completude. Esta consciência que testemunha, é a consciência por trás de todos os fenômenos, que contém todas as coisas e fenômenos, que comtempla todas as ideias e relações da mente. Embora ela pareça pessoal, própria, isolada, isto é apenas um engano provocado pela nossa identificação com os objetos da consciência. Quando o meditador larga esse apego ou essa identificação errônea ou pelo menos quando se identifica com a consciência em si, ele percebe por si mesmo esse engano. Deixando de lado essa forma de pensar ou de ver (ou esse engano) ele percebe que ela em si, ou seja, fora os objetos em seu fluxo, é vazia e luminosa, aberta ao que puder surgir e não uma coisa ou um fenômeno só mas uma sucessão de consciências conscientizadas (auto conscientizadas), um fluxo de ínfimos instantes de consciência sustentadas conscientes pela vontade motivada por uma afeição. Como um espelho refletirá o que for possível de estar em frente a ele e seja suscetível à luz. Portanto, ela em si, é a mesma em todo e cada ser vivo, o que muda de um ser para outro é o que aparece nela, as experiências, os “conteúdos” (melhor dito: o fluxo dos conscientizados pela consciência e não o fluxo mesmo da consciência). Entretanto nos seres essa vontade e essa afeição podem ser dispersas em objetos e fenômenos e distorcidas pelas “manchas no espelho” e pelo prisma dos objetos escolhidos e fenômenos de afeição.

Isso nos leva a algumas consequências importantes. A mais importante delas é a de que a diferença entre os seres é justamente aquilo que é “mortal”, transitório, transformável. E justamente essas coisas, por tomar um ponto de vista equivocado, são as quais se apega (uma distorção cega ou doentia da afeição original) e por isso sofre. No topo dessas coisas está a própria abrangência da consciência quanto aos (1) conscientizados, (2) a intencionalidade e (3) o afeto. Cada ser tem sua história, suas experiências, e as únicas coisas que são unicamente suas, são suas ações desencadeadas por essas três elementos combinados: a consciência em seu fluxo e relações, ou seja, o que e como ‘percebe’; o afeto em sua seleção daquilo que lhe toca, de como lhe toca, de como se sente em relação a; e a intencionalidade da consciência que fica geralmente oculta, por sua rapidez, do crivo da consciência mesma distraída pelos objetos e fenômenos, sendo apenas vislumbrada a posteriori como reação ao conscientizado e sentido ou, às vezes, como impulso, instinto ou necessidade.

A transformação da mente no processo do despertar


Para o meditador experiente acostumado a perceber que a intencionalidade é simultânea à consciência, há (1) uma possível liberdade da consciência da prisão do condicionado, do mundo fenomênico (antes tido como existente por si mesmo), de suas impressões e afeições condicionadas (sentimentos, sensações, feelings) e, portanto, uma visão mais clara e lúcida, desobstruída de tais distorções; e quiçá o acesso às condições originais, porém completamente consciente. Pode haver também assim (2) uma libertação em relação ao experimentado antes como fato fixo inalterável e existente por si mesmo (fosse fenômeno, coisa ou seu fluxo). Ele pode alterar as impressões, a consciência ou mesmo o que antes tinha como objeto e ou fenômeno. No primeiro desses processos se baseia o processo do despertar, do conhecer e do ver por si mesmo. No segundo se baseia a transformação de si mesmo, da vida e das condições e condicionamentos prejudiciais do praticante. Ambos estes processos (1 e 2) são acelerados pela atenção constante e quando dirigidos para uma purificação mental (compreensão e transformação dos processos obstrutivos, desobstrução das condições originais, retirada das “manchas” que obstruem e distorcem as imagens no espelho). A purificação mental e a lucidez consciente, por outro lado, são acelerados num crescente retroalimentativo desses dois processos.

Portanto a primeira consequência prática e verificável é que observando constantemente e limpando a consciências dos processos e condições que distorcem ou impedem a visão esta verá melhor e mais amplamente. Em outras palavras, é num processo de autotransformação e de purificação (“limpeza do espelho”) que ele alcançará o conhecimento mais certo e mais profundo da realidade, de si mesmo e da consciência. Esse processo deve ser realizado corretamente, crescente e ininterruptamente, pois a negligência pode simplesmente “mudar a mancha de lugar” ou “permitir que a sujeira novamente se acumule”, isto é, que os processos e condicionamentos impeditivos sejam desviados para outras direções, ou mesmo se acumulem obstruindo outra área, ou que sejam adquiridos e condicionados novos processos obstrutivos. Então o primeiro potencial é a descoberta e transformação de si mesmo que resultando numa visão mais clara e cada vez mais completa leva ao autodomínio crescente e, pelo menos em tese, a um domínio melhor da vida e das situações; disso surgem consequentemente melhores relações consigo, com todos e com tudo, mais facilidade, mais prazer, mais felicidade. Só por esse aspecto já se trata de um grande benefício.

A transformação da realidade


A segunda consequência é que através da certa perspectiva de visão mais ampla, clara e concreta, pela remoção e transformação dos processos obstrutivos e pelo controle dos fenômenos transitórios e mutáveis entre esses conteúdos da consciência e seu funcionalismo (que envolve condições, condicionamentos, condicionalidade), pode-se ampliar essa visão e liberdade. Neste caso, do controle correto dos fenômenos certos, que tem como objetivo a liberdade e o ver por si mesmo, o potencial adquirido vai desde atingir certo controle sobre as condições e situações da vida até o ápice de passar de uma experiência limitada no tempo, no espaço, na memória, na forma, na percepção, para uma experiência ilimitada e mesmo além do tempo (como conhecemos), da forma, e, mais adiantadamente no processo, além da percepção e da não percepção.

Sendo que os fenômenos são sempre um agregado conformado por conhecedor, meios de conhecimento e conhecido. O conhecimento nunca pode ser determinado por si mesmo, mas da interação desses três. Alterando qualquer uma das três, mesmo que “isoladamente”, supondo que isso fosse possível, se alterariam as outras duas. Podemos, sucintamente, considerar a consciência como conhecedor, os sentidos (e quando digo sentidos não me refiro aos órgãos do sentido que também são objetos, mas aos sentidos mesmo, como nos aparece no sentido que reúne todos os outros, a mente) e a mente como os meios de conhecer e os objetos e fenômenos como o conhecido ou por conhecer. Nesse modelo, alterando a consciência (pela manobra dos elementos que a distorcem) mudamos, por exemplo, a visão dos objetos, ou seja, mudando a mente (onde estão justamente os sentidos e objetos que obstruem a consciência) podemos ter uma consciência diferente das coisas e fenômenos. Portanto os teremos modificado fundamentalmente, sob nossa perspectiva. Alterando objetos e fenômenos também em nossa consciência esses aparecerão diferentes, obviamente, mas o resultado dessas alterações na consciência são quase sempre mínimos, insignificantes ou imperceptíveis. O nosso problema é justamente estarmos com fixação nessa perspectiva a fim de conseguir liberdade, prazer, saúde felicidade, etc., nos focando cega e obcecadamente na mudança dos objetos e ou fenômenos, especialmente, os materiais. Mas se alterássemos inteligentemente os objetos e fenômenos a fim de conseguirmos mais facilmente a primeira condição apresentada (a de transformar a nossa perspectiva e mente) poderíamos conseguir muito mais rápido e fácil, liberdade, prazer, saúde, paz felicidade, etc. sem necessariamente depender de objetos e fenômenos aparentemente exteriores a nossa mente. Portanto essa condição além de gerar paz, liberdade, prazer, saúde e felicidade, trás a possibilidade de modificarmos os próprios fenômenos e coisas, sem ser dependentes deles, sem uma visão obcecada e sofrível por não obtê-los ou por eles serem transitórios, e ainda aproveitá-los com uma maior clareza de consciência, com uma visão mais ampla e realista sobre eles. Só isto por si mesmo seria um grande benefício.

A infinitude do fluxo da consciência e da mente


A terceira consequência é que a incontestável experiência da consciência e da mente, vista nessa perspectiva como no início foi apresentada, é a prova da imortalidade, em um sentido pelo menos. Sendo a consciência como em nossa analogia, como um espelho luminoso, refletora dos conscientizados e com uma intencionalidade e afetividade capazes de iluminar ou distorcer os visados e conscientizados, tomando-a a parte, todas as consciências em si são iguais, alterando apenas sua experiência, seus visados e conscientizados. Enquanto houverem seres (isso tomando provisoriamente o ponto de vista da ciência comum) a consciência permanece. Não havendo individualidade ou pessoalidade da consciência, a ilusão da memória e de sua individualidade é logo descartada, pois temos apenas certas memórias mesmo de nossa experiência e de nós mesmos até o nascimento, não tudo, e são exatamente as memórias das quais nos apossamos como nossa, do ponto de vista da consciência, que faz que tenhamos a ideia de sermos nós mesmos, como deve ocorrer com qualquer consciência ao visar qualquer conscientizado em matéria de memória (não é a consciência que verifica o reconhecimento, mas a memória, portando qualquer memória confirmará a si mesma invariavelmente não podendo servir de critério). Visto que nossas escolhas provêm de nossa vontade, mas não sem relação ao conscientizado e como nos sentimos em relação a ele (que é o afeto em relação, mas também simultaneamente um aspecto interferindo no outro, não um após o outro como aparenta), as consequências dessas atividades também permanecem no fluxo da consciência embora a memória seja perdida quando nascemos.

Devido à consciência ser neutra, impessoal, una, igual em todos os casos, e por outro lado devido ao condicionamento de vontade e de afeto, a consequência da mente e dos conscientizados anteriores bem como de sua inter-relação (que não pode ser simplesmente suprimido, pois tudo que existe num momento depende e foi condicionado por um momento anterior) ao se deparar com as condições iguais ou mesmo semelhantes das impressões nos subprodutos e condicionamentos de vontade e afeto se identifica com elas, qualquer consciência se identificaria de forma idêntica. Porque embora a consciência não encontre as memórias anteriores, ela encontra as características de vontade com suas derivações e condicionamentos, e também as de afeto em seus condicionamentos, gostos, preferências, atrações, paixões, amores, etc.. Estas, mesmo se não pensássemos na lei natural das causas condicionantes que são a origem de sua repetição, inevitavelmente, pela similaridade própria da natureza humana, se repetem em sua combinação, cabendo à uma consciência que nasça apenas se dar conta disso, pois qualquer consciência em si mesma é vazia de objetos, igual a qualquer outra. Desse modo temos que o ser, aquela mentalidade com aquele conjunto de condicionamentos e característica do instante da morte, se repete, ou seja, renasce.

Isto dito dessa forma pode parecer difícil de entender sem definir todos os conceitos que apoiam essa ideia, para uma noção mais aprofundada sugiro a leitura dessa tese completa que explica a consciência e suas propriedades. Mas já se considerarmos a consciência em seu aspecto triplo (consciência, vontade e atração) ou em si mesma (em seu aspecto consciência-consciente), significa que se pensarmos a consciência-espelho como um elemento separado do aspecto luminoso (intencionalidade e afeição), ela, ao “se deparar” com um corpo que contenha os mesmos aspectos muito semelhantes ou iguais a um agregado condicionado anteriormente terá a mesma relação ou bem similar a que teve anteriormente com aquela “outra” intencionalidade e afeição, pois ela é vazia e neutra, ela se identificará a ele como sendo o seu “si mesmo”. Seria como se pudéssemos tirar as manchas de um espelho e por noutro igual exatamente da mesma forma assim como sua luminosidade. Assim qualquer pessoa, ou dito de modo mais exato, qualquer mente em sua disposição apresenta condições e características que a tornam única (não se está falando e informações, memórias etc., mas de disposições, a saber, capacidades, tendências, aptidões, emotividade, afeições, etc.), mas não irrepetível. E o fato (até mesmo biológico, mas não é do que se trata aqui) é que essas combinações se repetem senão em uma em um bilhão de pessoas, uma em um trilhão, que importa? O número de uma possibilidade de repetição ocorrer no meio de milhões, trilhões ou mais, só vai alterar a distância no tempo em que a nova ocorrência se concretizará, dado o tamanho da população na terra. Imagine, a cada cem anos nascem e morrem quantas pessoas? Agora pense no tempo decorrido desde o aparecimento do ser humano na terra, são quantas centenas de anos, quantos bilhões de pessoas? Acreditar que essa combinação de condições mentais não se repete todo esse tempo surgindo a cada ano tantas pessoas não é apenas uma arrogância, é uma ingenuidade muito grande, é uma opinião que só se sustenta por ser impensada ou por axiomas e crenças dogmáticas. Mesmo pensando apenas nas condições biológicas ou cerebrais como determinantes de um conjunto de caracteres e potencialidades mais ou menos mutáveis e realizáveis. Tais conjuntos de combinações têm a possibilidade de se repetir muitas vezes durante todo esse tempo.

Pensar a consciência como algo surgido na dependência das outras condições, ou  pensá-la como um ente impessoal, universal e não individualizado ou pensá-la como a portadora das impressões e experiências mentais (em seu resultado, não informações memorias, etc.) ou dos aspectos aqui chamados de luminosidade (vontade e afeição) e seus produtos, não altera o resultado dessa explicação. Assim não é preciso imaginar a consciência como separada da vontade e da afeição para admitir isso visto que qualquer consciência em seu aspecto “reflexivo” só é diferente de outra por refletir o que seu aspecto luminoso e seus condicionamentos lhe permitem, ela mesma por si não difere de outra, assim como dois espelhos que se suponham perfeitamente planos e iguais vão refletir a mesma imagem quando colocados no mesmo lugar e posição. Os aspectos mutáveis por sua vez nem por isso deixam de se repetir na existência mesmo que demore muito anos e gerações para isso acontecer. Ora, pela descrição de várias filosofias, doutrinas e religiões é justamente o que acontece, não dizendo que por isso tenham razão, mas que por isso não há o que se estranhar. O único problema para o senso comum é aceitar como falsa a ideia de um eu ou alma imortal e imutável. Mas isso é tão tolo quanto acreditar que nunca mudamos desde a infância, ou adolescência e ao longo de toda a vida. Aprender, conhecer, amadurecer, só isso já é mudança. Experimentos científicos mostram que mesmo as recordações são alteradas ao longo da vida, algumas até fabricadas. Então nem mesmo essa memória que é a base de todo engano de identidade imutável seria confiável como critério, nem sequer nessa mesma vida.

Essa teoria não é uma especulação filosófica, ela é um modelo que se ajusta para explicar os que os experimentos científicos sobre a sobrevivência de algo depois da morte física têm demonstrado. Os principais estudos se baseiam em experimentos com médiuns através de comunicações com pessoas falecidas; comunicações ou presenças captadas utilizando aparelhos; recordação natural de vidas passadas e regressão; e experiência de quase morte, em todos os casos verificando se as informações apresentadas correspondem a fatos. Não é objetivo aqui explicar esses experimentos e seus resultados, mas apesar destes confirmarem a sobrevivência de algo ou pelo menos da consciência, uma explicação científica de como isso ocorre não é encontrada. Entretanto sabemos que se pensarmos um universo como material com a consciência e a mente sendo resultados da vida na matéria, chegamos a conclusões bem diferentes de quando pensamos um universo como fenômeno da consciência (pois tudo que sabemos e conhecemos é em nossa consciência que o fazemos). Porém, dentro desse modelo, como ficou demonstrado, isso pouco ou nada importa, ainda mais que a realidade da consciência em ambos os casos é inegável. Além disso, sabemos da influência da consciência, de seu nível, de seu conhecimento e de seus estados na verificação, detalhamento e alcance de qualquer observação. No caso apresentado mais ainda, pois o meditador não só aguça o poder de observação da consciência ao longo da vida prática, como também adquire o conhecimento de seu funcionamento e mais que isso, testemunha experiências próprias dos estados mais elevados de consciência que só ocorrem na meditação profunda e com aqueles que praticaram o bastante.

O que pode ainda ser estranho para a maioria das pessoas é essa impessoalidade e não individualidade da consciência. Porém, isto é um aspecto, mais uma vez, que só se pode entender completamente pela experiência meditativa e a partir de uma nova perspectiva da consciência. A pessoalidade ou individualidade não está por isso abolida visto que elas são precisamente as tais características, disposições e condicionamentos da mente, no aspecto do afeto e da intencionalidade da consciência, que aqui chamamos de luminosidade própria. O que está abolido e totalmente refutado sobre essa pessoalidade e individualidade é que ela seja eterna e imutável. Ora, ela muda muito mesmo numa única vida. Logo, está mais passível de mudança ainda em inúmeras vidas mudando sempre inúmeros condicionados. Mudar é a “essência” do “permanecer”, sem mudança coisa alguma permanece e o que permanece é a eterna mudança. A mudança, porém não descarta a repetição em outro lugar ou outras condições, etc.. E no caso chamado de iluminação, se for o que algumas afirmam ser um estado de onisciência, como pode permanecer a individualidade se ele comunga com todas as consciências iluminadas e não iluminadas? Porém, a individualidade também não pode desaparecer, pois permanece no conhecimento e na lembrança da consciência como no paradigma da “sim-contradição” que será explicado nessa tese (no entanto a maioria discorda de uma onisciência absoluta, mas concorda com uma onisciência relativa, que abrange o presente apenas, e o passado dependendo da vontade e da investigação proposital, portanto ainda seria uma individualidade, embora não mais a mesma de antes, assim como a individualidade do adulto não é a mesma de quando era bebê).

Essa “sobrevivência da consciência” é garantida por tudo isso, tanto pela sua independência da corporeidade quanto pela aparente atual dependência de corpos que nasçam.  No entanto apegar-se a esse aspecto do renascer ainda é sofrer, pois se está sujeito ao esquecimento sempre e a adquirir novos condicionamentos prejudiciais, entre outras desvantagens. O objetivo, por isso é utilizar sabiamente as outras duas consequências anteriores apresentadas por esse sistema para uma autotransformação e uma consecução que englobe pelo menos: (1) não perder o aprendido em informação e memória (que já não se perde no sentido de aptidão); (2) a possibilidade de superar a repetição em “dependência da matéria” nesse mundo ou modo tal como conhecemos agora, mas que no máximo permaneça apenas em dependência do psíquico dentro dos novos modos de ser conhecidos através de práticas como a atenção contínua, a meditação e a projeção da consciência, entre outras; e (3) até mesmo a possibilidade de superar todos os condicionamentos e consequentemente todos os condicionantes e condições limitantes e permanecer sempre e initerruptamente consciente independente e livre.



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O PRINCÍPIO DA MULTIPLICIDADE [DA UNIDADE]



Na nossa casa você não precisa de mais nada
Você não precisa de ninguém
Você só precisa de você
Você só precisa descobrir você

Então verá que você não existe
Que não existe ninguém
Que não existe nada
Então verá que tudo é você mesmo

Para o não iluminado há “o mundo e eu”
Para ele há Buda e Nirvana, e o Samsara
Mas para o iluminado “eu”, “o mundo”, “Buda”, “Nibbana” e “Samsara”
São uma coisa só

Eu, Buda, Nibbana e Samsara: tudo um

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Resumo das ideias básicas do sistema


Por Fra. I.L.I.V.

1.    A consciência em si é vazia como um espelho, porém luminosa. Aqueles que não meditam não veem sua luminosidade própria, ao buscar observar a consciência não a veem de fato, mas aos objetos que estão nela, como se veem imagens refletidas num espelho. O pesquisador treinado, ao observar constantemente a ponto de já enxergar ou mesmo produzir momentos de pura consciência vazia, vê, ainda que de forma imprecisa e incompleta, apenas esse vazio e, só às vezes, essa luminosidade que para uns no início chega até a parecer simplesmente a ausência de tudo e para outros o oposto, a completude. Esta é a consciência por trás de todos os fenômenos, que contem todas as coisas e fenômenos, que comtempla todas as ideias e relações da mente. Embora ela pareça pessoal, própria, isolada, isto é apenas um engano provocado pela nossa identificação com os objetos da consciência. Quando o meditador larga esse apego ou essa identificação errônea ou pelo menos quando se identifica com a consciência em si ele percebe por si mesmo esse engano. Deixando de lado essa forma de pensar ou de ver ou esse engano ele percebe que ela em si, ou seja, fora os objetos em seu fluxo, é vazia e luminosa, aberta ao que puder surgir e não uma coisa ou um fenômeno só mas uma sucessão de consciências conscientizadas, ou seja um fluxo de ínfimos instantes de consciência sustentadas conscientes pela vontade motivada pela afeição. Como um espelho refletirá o que for possível de estar em frente a ele e seja suscetível à luz. Portanto ela é a mesma em todo e cada ser vivo, o que muda de um ser para outro é o que aparece nela, as experiências, os “conteúdos” (melhor dito, o fluxo dos conscientizados pela consciência e não o fluxo mesmo da consciência). Entretanto nos seres essa vontade e essa afeição podem ser dispersadas em objetos e fenômenos e distorcidas pelo prisma dos objetos escolhidos e fenômenos de afeição.

Isso nos leva a algumas consequências importantes. A mais importante delas é a de que a diferença entre os seres é justamente aquilo que é mortal, transitório, transformável. E justamente essas coisas, por tomar um ponto de vista equivocado, são as quais se apega (uma distorção cega ou doentia da afeição original) e por isso sofre. No topo dessas coisas está a própria abrangência da consciência quanto aos conscientizados, a intencionalidade e o afeto. Cada ser tem sua história, suas experiências, e as únicas coisas que são unicamente suas são suas ações desencadeadas por essas três elementos combinados, a consciência em seu fluxo e relações, ou seja, o que e como ‘percebe’; o afeto em sua seleção daquilo que lhe toca, de como lhe toca, de como se sente em relação a; e a intencionalidade da consciência que fica geralmente oculta, por sua rapidez, do crivo da consciência mesma distraída pelos objetos e fenômenos, sendo apenas vislumbrada a posteriori como reação ao conscientizado e sentido, ou às vezes como impulso, instinto ou necessidade.

Mas para o meditador experiente acostumado a perceber que a intencionalidade é simultânea à consciência, há (1) uma liberdade da consciência da prisão do condicionado, do mundo fenomênico (antes tido com existente por si mesmo), de suas impressões e afeições condicionadas (sentimentos, sensações, feelings) e, portanto, uma visão mais clara e lucida, desobstruída de tais distorções; e quiçá o acesso as condições originais. Pode haver também assim (2) uma libertação em relação ao experimentado antes como fato fixo inalterável e existente por si mesmo (fosse fenômeno, coisa e seu fluxo). Ele pode alterar as impressões, a consciência ou mesmo o que antes tinha como objeto e ou fenômeno. No primeiro desses processos se baseia o processo do despertar, do conhecer e do ver por si mesmo. No segundo se baseia a transformação de si mesmo, da vida e do karma do praticante. Ambos os processos (1 e 2) são acelerados pela atenção constante e quando dirigidos para uma purificação mental (desobstrução das condições originais). A purificação mental e a lucidez consciente, por outro lado, são acelerados num crescente retroalimentando com os dois processos.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

QUANDO FALAMOS DE AMOR




 

Deus é Amor

Esta foi a lei dos antigos

Repetida e idolatrada até nosso tempo

Mas quem foi que a entendeu?

Criaram um deus inexistente

Com seus próprios valores

E seus próprios caracteres

Elevadas à potência infinita

E disseram que ele era amor

No sentido de que ele tinha amor

 

Apenas todos os que sabem entenderam

Que Deus é Amor

Declarando algo que evidentemente existe: o Amor

E dizendo que isto mesmo é Deus

Isto é a Lei única, una, última

A Lei das leis

A Lei que engloba todas as leis

A Lei da qual emanam todas as leis

O restante fracassou em entender

E em proclamar a verdade

Então quando declaram isto

Estão mentindo ainda que não queiram

 

O Amor é a Lei

Essa é a Lei do nosso tempo

Essa é a lei para quem é capaz

De entendê-la e aceitá-la

Mas quando um romântico fala de amor

Ou todo aquele ligado a velha mentira fala

Deturpa, exagera, mente, fala do velho

Fala de um sentimento

Fala de sentimentalismo

E de histórias e dramas

Não fala como nós

 

Quando nós falamos de amor

Falamos de uma lei natural incontestável

Que atinge o micro e o macro

O concreto e o abstrato

Desde as partículas de todo átomo

Até todos os universos possíveis

Essa lei é entendida como atração

Magnetismo no sentido fenomênico

Simpatia no sentido lato da palavra

União, unificação, combinação

Yoga, religião, tantra

Comunhão

 

Quando falamos de amor

Falamos de forças, lei inexorável

Inevitável, necessária

Que mantém as subpartículas

No núcleo dos átomos

Que mantém as órbitas dos astros

Desde forças magnéticas

Partículas, ondas

Até a gravitação universal

A atração das partículas aos corpos

Que formam o universo

Atração das polaridades complementares

Atração sexual entre os seres biológicos

Definidas pelos caminhos da evolução

Atração das ideais, sentimentos

E objetivos semelhantes

Atração dos pequenos pelo grande

Pelo além, pelo infinito, indefinível

Atração do finito, efêmero, limitado, condicionado

Pelo campo gravitacional do eterno, infinito, incondicionado

 

Quando falamos de amor

Falamos de um querer

Um querer bem

Querer o bem

Uma intensão

Direção, foco, decisão

Complementação, completude,

Boa vontade, bem supremo

Falamos de uma Vontade...

... o Amor é a Lei...

 

 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A VIA CIENTÍFICA NA ORDEM E O SEU TIPO DE INICIAÇÃO


Por Frater I.L.I.V.

Para quem está fora das ordens pode parecer estranha a relação entre ciência e ordens, mas para quem está dentro isso é familiar, até porque a ideia de ciência como hoje conhecemos surgiu, em grande parte, nas ordens. E não apenas isso, alguns dos famosos ícones da ciência fizeram parte de ordens. Podemos citar Nilton, Descarte, Bacon, Robert Fludd, Michael Faraday, Freud, entre outros.  Os três primeiros não só foram cientistas, foram pensadores da sistematização do que define a ciência. O modelo de ciência, de educação científica e de universidade como conhecemos hoje foi pensado dentro das ordens como um projeto para a humanidade despertar de uma era de medo e superstição.

O erro ocorre por normalmente o senso comum acreditar que todas as ordens são místicas e ou religiosas. Quando na verdade nem isto é certo como até o oposto é mais certo: muitas pessoas cansadas do misticismo ou dogmatismo, de suas religiões, mas sem querer de desfazer de seus princípios buscam uma razão lógica ou alguma compreensão mais profunda de sua construção e então encontram nas ordens o que buscam, numa forma mais realista, prática, e às vezes até acham abundantes provas que na religião só se houve falar, não passam de contos. Isto se dá por dois motivos creio: (1) método, numa ordem séria existe metodologia para se chegar aos resultados e (2) experiência direta, não por ouvir dizer nem por estar escrito em algum lugar.

O que muitos não entendem é que somos cientistas que estudam elementos e objetivos próprios da religião e do misticismo e não uma religião ou misticismo que evoluiu para o cientificismo. E como qualquer ciência temos também nossos métodos, descobertas e teorias. Algumas ordens foram mais longe em seu aspecto científico. Poucos sabem disso, pois persistem as visões errôneas de que essa ciência ainda tem as características dos tempos iniciais. Toda ciência evolui, a nossa também evoluiu. Não quero com isso negar que hajam os conservadores. Mas quero acima de tudo denunciar os mentirosos e enganadores que espalham essa visão errônea, seja para afastar as pessoas das ordens ou para fingirem ser de uma ordem séria. Nós somos exatamente o caso das que foram mais longe, e bem mais longe, pois retiramos muita carga de misticismo e ritualística inútil mesmo dos outros ramos. E no ramo científico propriamente dito retiramos totalmente.

Mas não é que retiramos simplesmente, foram descartadas aquelas experiências as quais não são possíveis a comprovação na forma científica. A diferença do método científico das ciências exatas e o nosso é que a maioria das comprovações não pode ser assistida simultaneamente por vários expectadores por se tratarem de experiências individuais ou, como dizem por aí, internas. Mas as pessoas que por elas passam individualmente podem sempre compartilhar com os outros experimentadores e verificar ou refutar suas expectativas. É claro que pelo método de um teste cego os instrutores podem comprovar se os estudantes alcançaram o resultado esperado. E pelo mesmo teste invertido o estudante pode verificar os seus próprios resultados, pela confirmação de resultados que ele não deve ser informado antes de os atingir (isso já foi explicado noutro artigo específico). Nisso, um tal rigor, somos únicos no mundo do oculto.

Uma única escola que se assemelha nessa metodologia (e da qual em parte tem origem nosso método) conserva ainda, para nós, em demasia ritualísticas que encobrem ou ofuscam os elementos efetivos do procedimento. Mas faz isso para proteger o segredo de forma que esse não caia nas mãos erradas, no que temos muito que elogiar daquela ordem. No nosso caso, protegemos os “segredos”, assegurando através dos graus e dos testes que os procedimentos mais poderosos ou perigosos só serão entregues àqueles amadurecidos para tanto e plenamente desenvolvidos, preparados física, intelectual, emocional e moralmente. Sem isso não é possível usufruir dos resultados mais elevados.

Agora, a ineficácia de vários ritos e procedimentos ditos mágicos ou psíquicos ou religiosos não é só por serem apenas superstições. Às vezes o insucesso se deve ao realizador do procedimento ou de quem o ensina. Como isso? Vou citar o caso muito conhecido da yoga no ocidente. Muitos professores de yoga plenamente imersos em nossa cultura desprezam a postura mental de cada exercício e terminam passando a yoga como simples exercícios físicos que podem trazer consequências mentais. Embora mesmo assim podem ser reportados muitos benefícios mentais ou psicológicos derivados da prática da yoga como exercício físico, os efeitos pelos quais os exercícios foram elaborados não são alcançados. Os que se alcançam são apenas os efeitos colaterais que se teria da mesma forma se fossem praticados corretamente, com a postura adequada da consciência; e aqueles efeitos mais elevados são tidos como exagero superstição, não por serem todos (uns são simbólicos outros são reais), mas por nunca serem alcançados por esses que praticam de forma incompleta. O mesmo ocorre com quase toda prática dita espiritual, com os procedimentos de desenvolvimento do ser humano, com as práticas de despertar da consciência.

Por isso a principal prática e a mais pública de nossa ordem consiste em procedimentos, dos mais simples aos mais avançados, de despertar e de meditar que levarão, com o tempo e com o exercício, à experiência mais profunda de todas. Sem essa maneira de ver (1) não é possível alcançar os resultados mais elevados, é como tomar placebo, ainda que seja mais efetivo do que assistir missas ou certos rituais. A outra razão é que (2) ela é indispensável à vida como um todo e sem essa visão, o que se constatará logo, vivemos a maior parte do tempo como máquinas pré-programadas, entorpecidos como se estivéssemos num sonho ou, em alguns casos mais extremos, totalmente inconscientes (o que é apagado não é também lembrado, por isso achamos que estamos conscientes de tudo sem perceber os apagões e os atos mecânicos).

Quando subirmos um pouco esse nível de visão, mesmo a custo de esforço, jamais vamos querer retornar ao nível anterior, seria como estar são e querer voltar ao estado de doença. Então a outra razão para aprendermos logo a correta postura mental e o correto modo de ver é que (3) os resultados mais profundos e mais importantes da prática são gradativos e demorados, portanto, quanto mais cedo se começar melhor.