quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

A Chave em João - primeira parte


João no seu evangelho está dando a resposta a várias tradições que esperavam a manifestação do Logos.

Destacaremos aqui a tradição hebraica, a tradição hermética e a filosofia grega, todas três se ocupavam com revelações, raciocínios e especulações, sobre o Logos.

Na tradição hebraica a palavra Logos não estava presente, mas havia a "Palavra de Deus" representada pela palavra "água". Quando João usa a palavra "água" muitas vezes ele está se referindo ao que todo judeu sabe que significa: a palavra de Deus. E ele começa seu evangelho justamente apresentando essa palavra, logos, como algo que estava desde sempre e que era um com Deus, que era Deus. João apresenta a palavra de Deus, o verbo, o Logos, como sendo uma pessoa. O logos de Deus, a razão, a inteligência de Deus, é pessoal, consciente, é sabedoria, Luz e vida, etc.. E um dia essa palavra veio até nós, nasceu como um de nós e viveu entre nós, como um de nós.

Na hermética o Verbo se manifesta em forma espiritual, o nous de Deus (a consciência de Deus ou Espírito de Deus) que se manifesta a Hermes como Pimandro ( que significa Pastor de Homens), pessoal, consciente, ele é Luz e doador da vida, etc.

Na filosofia grega estava em discussão o logos, razão das coisas, se é pessoal ou impessoal, consciente ou inconsciente, se cria por vontade ou por propriedade ou forçado por lei mecânica. 

João está respondendo essas três tradições e às suas revelações incompletas, complementando-as, revelando o que estava oculto e dando significado ao que parecia mistério. Ele pode fazer isso porque recebeu a informação do próprio logos, que conviveu com ele e revelou para ele sobre esses assuntos.

A partir disso, dessa revelação de João, temos outras tradições que vão se desenvolver a partir de seus discípulos e de discípulos de outros apóstolos (existem outras, apenas histicamente importantes, mas já não ligadas aos apóstolos, tampouco a João, sem entendimento correto nem vinda da revelação original). Destaquemos aqui as tradições judaicas, a nezarena, a essênia e a kabalista, as tradições herméticas, a tradição cristã e a gnóstica (e após estas as neo-platônica e escolástica, também podem ser incluidas como sendo das primeiras, embora ambas estejam dentro da cristã).