O tempo e o espaço são muito difíceis de entender. Cada
estudante deve fazer um esforço e uma reflexão. Tomando por base os sentidos e
a ideia errônea de que o espaço, a matéria, existe por si mesma; fingindo por
um instante que ela não depende de nossa consciência e que o universo em sua
maior parte seria matéria e energia, sem consciência.
Nessa situação o estudante pode imaginar o início desse
universo explodindo (que é um termo antropocêntrico demais também já que se
baseia na nossa ideia de tempo; se chama explosão apenas porque, para nós,
nossa ideia de tempo, as partículas se separariam muito rápido, mas vamos
imaginar que é lentíssimo). Então essas partículas desse sol primeiro ao se
afastarem e misteriosamente se juntarem formando corpos e pouco importa como,
então sois e planetas (não vou entrar nas teorias da física, o que não é
necessário, mas é bom se aprofundar nelas também). E em alguns deles surgindo a
vida (por um processo evolutivo mecânico que fique claro; não é preciso, mas
quem quiser se aprofunde com Darwin e sucessores). Então nos seres vivos por um
processo evolutivo também surgindo a consciência, nuns mais que em outros.
Até agora nada fora do comum e do que a ciência nos ensina.
Mas então veja-se o estudante sobre uma dessas esferas planetárias, como de
fato parece ser o caso. Consciente desse universo e de si mesmo. É claro que a
maioria estará diante de algo que eu não disse para imaginar, mas já
imaginaram, se este for o caso elimine completamente essa ideia agora: a ideia
de que há você olhando o universo e que são duas coisas à parte.
Aqui é de suma importância notar que tudo até agora surgiu no
universo inevitável e fatalmente; sendo ele mesmo. Explico, até agora não falei
de nada que não fosse o universo mesmo. Seres e consciência são elementos do
universo. Pensar diferente disso seria grande tolice. Nesse ponto o estudante
deve perceber que ‘sua’ consciência é um fenômeno natural do universo que desse
modo olha para si mesmo exatamente como os olhos físicos e a mente olham para o
corpo. Isto é um fato empírico, não uma teoria romântica.
Mas o estudante deve imaginar que várias consciências já
fizeram isso. Nesse planeta e muito provavelmente em outros. Até é provável que
hajam consciências mais abrangentes e com mais conhecimentos sobre o universo
que essa que pensou ser sua. Momentos de consciência são uma consequência indubitável
da existência do universo (que supomos existir e no qual supomos estar). Seu
momento ‘próprio’ (do estudante) é fugaz, efêmero, ínfimo, com relação à
duração do universo, mas do seu ponto de vista é a totalidade do seu tempo, de
sua própria existência. Para alguns isso pode parecer paradoxal e talvez seja,
mas pouco importa, mesmo assim é bom remoer essa ideia um pouco, como diz
Nietzsche, ruminar um pouco. O fato é que há no universo alguma consciência do
universo, onde o universo é objeto da consciência. Isso é um fato corriqueiro
que apenas não costuma ser notado ou que o pensamento enganado e assoberbado do
antropocentrista não concebe normalmente, vê de outra forma que julga mais perspicaz.
Agora vamos ao campo fora dos padrões científicos e
filosóficos: o que é a consciência do universo? Pense sobre isso... que a
consciência é um fenômeno que aparentemente ocorre no universo depois de um
tempo, ou foi o que se supôs até agora baseado nessa ideia (que não é de fato
tão empírica, nem fácil de se sustentar como pensa o cientificista ou alguns
filósofos). Mas esse organismo, essa consciência, aparentemente residente num
corpo, essa, digamos célula do universo, cumpre um papel que muitas outras
também cumprem. A consciência comunga (ou nem tanto) conteúdo com várias outras
que supostamente testemunham ou ao menos podem testemunhar os mesmos fenômenos.
Vamos dizer que aqui além do momento dessa consciência efêmera, mas que junto
com várias outras e devido mesmo às observações de várias outras anteriormente,
constituiu uma consciência do universo (pouco importa se ou o quanto
corresponda a uma suposta realidade).
Chegamos então ao ponto onde também esse ‘organismo’ maior, chamado
universo adquiriu dentro de si consciência de si mesmo. Parecido com como as
células queimam dentro da mitocôndria (certa organela que possui) o oxigênio
gerando energia para o resto da célula e para todo o organismo. Nesse caso o
universo dentro de nós cria a consciência para todo ele. Mas nós morremos um
dia. Nosso planeta também e todos os planetas em seu tempo se acabam.
Então imaginemos de novo como na ciência, supondo que certa
hipótese seja verdadeira, que o universo depois de expandir ao máximo também
contrai voltando a formar corpos celestes e que agora já estamos no fim do
processo de contração desse universo, voltando a juntar tudo, todas as
partículas subatômicas sem deixar nenhum espaço vazio em seu interior.
O tempo é uma relação, com o espaço, tamanho, velocidade das
partículas e claro tem relação com nosso tamanho e movimento, nossa duração
nosso planeta e seu movimento. Nada disso existe mais. Há só novamente uma
pequena partícula. Suponha que ela é atemporal ao fim do processo, quando o último
aperto foi dado e não há mais como comprimir, não há mais movimento. Eis o
instante 0, causando o processo inverso, uma nova explosão e um novo universo.
O que vai acontecer? Imagine.
O tempo por um instante chegou ao 0 deixou de existir e
começou de novo. Outro universo começou de novo do ponto 0. Assim todo universo
sucessivo, também é simultâneo. As possibilidades da consciência de novo
acontecerão no novo universo e novamente é provável que uma consciência do
universo surja, ‘sua’ consciência provavelmente surgirá também, senão nesse num
outro ou noutro ainda, e assim por diante. Na infinidade de universos
sucessivos-simultâneos todas as possibilidades da consciência (e de sua suposta
consciência) já devem ter se realizado. Imagine tudo...
Esse é um exercício ou jogo que poderá revelar o processo do
tempo e do espaço e sua relação direta com a consciência e quem sabe a sua
inseparabilidade. Não está descrito em detalhe, nem as ideias bem expostas
todas, mas para o pesquisador sério basta isso, ou menos que isso, para
procurar em sua consciência. Quiçá a consciência se revele em sua relação com o
universo o tempo o espaço e os outros seres. Descreva tudo as conclusões;
explique, escreva. Vá imaginado, tentando descobrir. Anote e retorne com os
resultados.