Por Frater D.H.A.A. (como parte trabalho de Antonio Fernando
Gonzaga apresentado à ordem para consecução do grau iniciático O.I.T.O. e do
nome D.H.A.A.)
O universo, quando chega ao fim,
finda o tempo, isto é, acaba o tempo, termina-o, deixa de haver tempo. É o
instante zero do tempo. Quando o universo expande novamente a partir desse
instante zero e alcança o máximo de sua expansão, este não é um instante zero,
não finda o tempo, nem retroage, o tempo continua, um pouco diferente, mas o
universo contrai.
A expansão de cada partícula do
universo se dá em curva, por isso há choques, aglomerações, “vazios”, etc.. No
fim, no ponto máximo de expansão, não se forma uma trajetória de ângulo agudo,
mas uma curva circular. Os corpos continuam sua trajetória curvilínea relativamente
igual ou mais fechada que antes conforme a sua massa, a distância de outros
corpos e sua interação gravitacional ou força de atração das partículas. Além
disso, há a força gravitacional que agora o universo possui em direção ao seu
centro, não entraremos em detalhes sobre estas forças agora, isto é só uma
visão geral.
Isto acontece por haver uma
consciência que dá base esse acontecimento. É a consciência dos Budas. Que na
realidade é a nossa consciência também. A base disso é a consciência Adi-Buddha
ou como chamam outros Brahman (note o “n” no final), o Uno, a consciência pura,
etc.. Porém os Budas permanecem conscientes da consciência no fim e nós não.
Nós apagamos. Surge (ressurge na verdade) então a primeira consciência não
búdica no novo universo. É a consciência chamada Brahma ou Maha-Brahma. Depois
consciências mais desenvolvidas que as nossas e menos desenvolvidas que as de
Brahma ressurgem. E assim sucessivamente. De nível em nível para baixo até os
estados mais baixos através de vários processos.
Por exemplo, é dito que o
processo que leva ao surgimento dos humanos é a degeneração de alguns devas, os
chamados por outros de anjos caídos por alguns. Os que se purificam novamente
voltam ao estado original, e podem ascender ou retornar ao ser humano, ou mesmo
despertarem. Mas a maioria continua o processo degenerativo, renascendo como
humano ou degenerando mais ainda e renascendo como animais, como fantasmas ou
como seres inferiores ainda, até os chamados seres infernais. É triste, mas
tenho que informar que é assim, pois se não houver esforço para melhorar a
degeneração é o processo natural e não o contrário. Tudo no universo natural
tem seu ciclo, que se parece com nossos corpos: nasce, expande, desenvolve,
reproduz, degenera, envelhece e morre. Olhe tudo ao seu redor se não é assim.
Todo o universo também é assim. Do um há expansão, divisão, fusão e unificação
até de novo expansão e tudo de novo e de novo. Você quer viver? Então terá que
suportar o nascer, crescer, desenvolver, decair, a decrepitude e a morte, o
esquecimento e tudo de novo e de novo. Mas se abandonar sua vida por amor ao
Cristo ganhá-la-á por toda eternidade. O Cristo é desenvolver-se com o fim de
ser um Bodhisatva para o bem de muitos.
Mas o que realmente importa para
nos é o processo de “regressão”, de retorno ao estado original e quiçá o
despertar, a libertação, chamada no ocidente de iluminação. Isto para o benefício
de muitos, pois este é o rolar do universo em suas voltas e voltas, sem fim,
sem começo e sem fim, não há razão porque tentarmos nos libertar apenas para
nosso próprio benefício, isto alongaria tremendamente o processo, como podemos
querer ser felizes sozinhos e não ligar para os outros “queimando” no universo
“em chamas”? Então os Budas surgem no mundo. A partir de algum plano de
existência, para o bem de muitos. A consciência búdica então é nossa salvação.
É nela que permanecemos, é nela que existimos. Até nos tornarmos unos com ela.
Até nos tornarmos Budas. Na consciência compassiva dos Budas está a recordação
de todos os seres, a consciência de todos os seres.
Um Buda que renasce
espontaneamente para nos ensinar é um Bodhisatva, um Cristo. Alguém em algum
nível de existência pode chegar também em vida a esse nível e se tornar um
Bodhisatva, um Cristo. Nós mesmos podemos fazer um voto de nos tornarmos Bodhisavas
para o bem de muitos, o que nos inclui obviamente. Isto é uma grande motivação
e ajudará no processo do despertar. Isto é a grande compaixão e ou uma grande
motivação, querer se tornar um Bodhisava para o bem de muitos.
Talvez todo esse processo seja
difícil de imaginar ou entender. Por isso tento explicar de uma forma tão
simples. Pode até parecer simplório. Mas existem muitos processos e subprocessos
envolvidos. O ponto de vista mais simples, no meu humilde entender, é observar
esse processo, o da consciência, que a o da nossa perspectiva real. Mas temos
que lembrar que existem dois tipos de consciência aqui, a real, a una, a
búdica, que contém todas as outras e as consciências relativas, não despertas,
individuais e do outro lado a consciência relativa, individual, ilusória,
iludida, mutável que pode crescer ou decrescer em sua delusão. O que não existe
é uma consciência coletiva, a não ser como um eufemismo para o comportamento
instintivo da espécie humana um pouco e lentamente influenciada por seus
condicionamentos. O que existe é a consciência una. Mas como essa consciência
muitas vezes animou seres individuais, ela simplesmente não pode sumir com esse
conteúdo, essa consciência do seu individual continua na consciência una, porém
com acesso infinito, à vontade, na consciência una, a qualquer conteúdo, de
qualquer consciência até do todo, mas isto apenas quando desperta. Porém, mesmo
tendo despertado ainda há um longo percurso de acesso da consciência individual
ao todo. No inicio esse processo de dá por partes, o novo desperto, sabe apenas
o que investiga com sua consciência; depois ele intui tudo que precisa, além do
que quer, saber; depois ele conhece todo o seu próprio percurso; e depois ele
se reconhece por amostragem sendo todos os seres; depois ele se reconhece de
fato sendo todo e todos os serres; depois ele reconhece de fato e por si mesmo
que não há ser algum; depois ele reconhece de fato o todo e a unidade, da
multiplicidade. Isso não necessariamente nessa sequência.
Todo é um. Tudo está iluminado.
Todos os seres são de fato a mesma única consciência e todos os seres são um só
e ao mesmo tempo são muitos; todos os seres são puros e ao mesmo tempo se vêm
cheios de impurezas (embora às vezes não reconheçam estas como sendo impurezas)
e necessitam da compaixão dos mais acordados para que consigam perceber isso,
ou, muito esforço e orientação até reconhecer isso. Todos os seres já foram
nossas mães e nossas filhas. Todos os seres de fato são amáveis e belos e
merecem a felicidade, então precisamos ajudar a despertá-los para que saiam
dessa ilusão, desta personalidade corrompida que pensam ser sua ou seu próprio
eu. Isto é falso, é sujo, é erro, é uma miragem, um sonho, uma ilusão, uma
imagem deturpada; o ego, o eu, a personalidade, são isso, ilusão. Os mais
despertos vêm nossas inteligência e emoções como vemos as dos nossos bichinhos
de estimação. Porém, diferentes de nós que não vemos a consciência dos animais
como uma consciência aprisionada num corpo e mundo de sonhos, eles vêm a
aflição de nossa consciência presa e querem nos libertar da prisão de nossas
ilusões que não permitem sequer o contato com eles.
Todos nós seremos Budas ou
Bodhisavas, pois estes já os são, mas o caminho até lá é tão longo e cheio de
sofrimentos, esquecimento, degeneração e mortes, dores, que não vale a pena
apenas cultuar essa consciência una (Buda ou Deus ou o Tao ou como queiram
chamar ou pensem que seja), buscando o paraíso como se esse fosse uma salvação,
pois o paraíso também acaba um dia, o único eterno de fato, imortal, seguro,
sem sofrimentos sem morte é se tornar um Buda, ou um Bodhisatva.
Nós temos sim que cultuar esses
seres e assim mais facilmente nos ligarmos a essa consciência sempre
consciente, mas também temos que buscar a purificação dos obstáculos e as transformações
pessoais que nos permitirão acessar essa realidade em nós mesmos, essa consciência
búdica que também já está presente em
nós, obviamente. Nós temos que fazer por onde despertar. Acessar mais e
mais a consciência clara e pura, completa. Ela é naturalmente( (esta é sua
característica) luminosa e compassiva.