domingo, 1 de dezembro de 2019

OS SEGREDOS DA ORDEM - parte 3.4 e final

3.4

As pessoas têm pensado mil coisas sobre o que nossa ordem é, sempre comparando com outras, pois exitem ordens religiosas, ordens esotéricas, ordens profissionais (ordens de médicos, ordem dos advogados, ordem dos músicos, ordem de psicanálise, etc.), ordens militares, ordens místicas,  ordens acadêmicas, enfim, são muitos os tipos de ordens, mas não somos de nenhum desses tipos, embora sejamos uma ordem de terapeutas e pesquisadores.

O que essas pessoas não entendem, primeiramente, é a que nos referimos com o termo "ordem" (para isso veja o texto "A Ordem"), e que ordem como entendemos não pode ser organizada segundo nosso entendimento, gosto ou desejo, que ordem é um padrão, uma ordenação conforme a vontade e plano do Onisciente. E esta é uma ordem de estudos e estudantes, que procura seguir esse padrão. Ordem no sentido religioso ou místico não é assunto para ser tratado aqui, pois por essas serem alvo de nossas pesquisas não nos torna uma delas. Porém as semelhanças ou aparentes semelhanças que teríamos com algumas delas já foi assunto tratado e outro texto. E para esclarecer sobre de onde podem vir essas impressões (principalmente por parte de pessoas de fora ou que apenas iniciaram os estudos) é só ler esse texto até o final e tirar suas próprias conclusões. Apesar da via da fé ser chamada de via religiosa isto pode ser uma confusão, a via é uma das formas de adquirir conhecimento da verdade, uma via indispensável entre as outras quatro, mas se "religião" se referir ao verdadeiro significado da palavra isto pode ser verdadeiro para alguns de nós também. Nesse estudo o que nos interessa saber é como somos uma ordem de terapeutas visto que essa via é a da mais elevada e definitiva terapia.

Também as pessoas não entendem que tipo de terapia é este e acham que deve ser apenas "para quem precisa de terapia": eles não compreendem que ser humano já é uma necessidade de terapia, é quase um sintoma, todos precisam de terapia, para libertar-se do mal da ilusão sobre esse mundo, sobre essa vida e sobre si mesmo; para escapar desse estado desviado, caído,  decadente, que está indo as últimas e finais consequências degenerativas (tanto enquanto universo quanto enquanto indivíduos).

É como se estivéssemos submetidos a uma máquina pela qual nos transportamos por aí, e o combustível e manutenção dela nos tomasse bastante tempo, e ainda esse combustível variasse desde um ótimo até as piores substâncias que destruíssem a máquina aos poucos, combustíveis adulterados, falsos combustíveis. É exatamente isto que acontece. O corpo é a máquina à qual estamos submetidos, o transporte por aí é toda a vida no mundo, aparentemente sem saída, como se só existisse esta vida e este mundo; os combustíveis são as experiências e alimentos, as experiências vão desde sentimentos, sensações, percepções (exteriores ou interiores) até todas as inter-relações pessoais, interpretações da realidade, fenômenos, etc., e os alimentos são exatamente como descrevi os combustíveis.

A ordem enquanto teurapêutica cuida disso tudo, da saúde, do corpo, da nutrição, da interpretação, da psique, etc.. Mas é um cuidado completo da saúde,  ou seja, corporal, mental e espiritual, e ainda, que não foca tanto nos sintomas, doenças, males, efeitos aparentes, mas, mais especificamente, foca nas causas, muitas vezes ocultas, dos tais. Assim corporalmente falando devemos nos tornar terapeutas naturais de nós mesmos, e consultar terapeutas bem graduados, com mais experiência que a nossa.

Não que não hajam médicos na ordem, pelo contrário, onde há médicos estes devem ser consultados e onde não há procura-se os médicos locais, caso necessário; lembrando que a alopatia é uma das filhas da ordem, não só a nutrição, a fitoterapia e todas as medicinas naturais. Todas as medicinas verdadeiras se complementam. Mas que, em nossa ordem, enfatizamos o organismo como um todo e que se as causas das chamadas doenças não forem alteradas, de pouco adianta cuidar dos resultados. As doenças são sintomas de desequilíbrios, da perda de saúde, seja em algum aspecto, seja como um todo. Saúde não é ausência de doença, mas o contrário, doença é ausência de saúde. Saúde é o estado ideal e possível de equilíbrio orgânico-mental-consciencial.

Isto é o que são os terapeutas hoje, como ciência e filosofia. Mas historicamente, o que são enquanto tradição e religião? O início dos terapeutas se perde no tempo, os registros mais antigos já com esse nome vem da comunidade de Qumran, os essênios (ou os puros ou os terapeutas...) dos quais faziam parte as familias de João Batista e de Jesus. Seus escritos (dos essênios) contém desde tratados medicinais até os textos bíblicos. Essa comunidade judaica, com caracaterísticas bem próprias, vivia em grande parte separado dos outros, no deserto, mas isso não significa que todos os adeptos se retiravam das cidades. Nos evangelhos vemos Jesus fazer severas críticas aos judeus fariseus e saduceus, mas não vemos nenhuma crítica a outros grupos como os nazarenos, essenios e nem mesmo aos zelotes. Há muitas evidências que João Batista fazia parte dessa comunidade e muita probabilidade que Jesus tenha passado algum tempo, pelo menos, com eles também. Há muitas referências nas falas e nos hábitos de Jesus que remetem a essa comunidade (para mais detalhes e sobre provas arqueológicas,  veja os textos específicos sobre isso.). Aqui vamos apenas exemplificar com umas poucas, ainda que ainda que não as principais.

Essa comunidade tinha coletâneas de várias sabedorias, de muitos povos, comprovadamente da hermética, e direta ou indiretamente das indianas, hindu e budista (a parábola do filho pródigo, por exemplo, é comum a ambas as tradições, cristã e budista), e, provavelmente da chinesa (conhecimentos médicos,  alquímicos, filosóficos,  etc.). E, muito provavelmente, daí compuseram grande parte de sua sabedoria curativa, tanto da medicina corporal como da mente, sua psicologia. Conta-se que povos de lugares distantes levavam seus enfermos em longas jornadas a procura da cura essênia. Provavelmente sua moral extremamente amorosa e bem severa ao mesmo tempo, e suas leis, influenciaram silenciosamente desenvolvimentos filosóficos posteriores.

O que temos hoje de sua herança provém em parte da tradição indiretamente, através de escolas (como algumas de alquimia, por exemplo) que transmitiram parte de sua sabedoria e uns poucos fragmentos escritos sob sua influência; mas também, hoje temos os achados de Qumran, uma biblioteca com vários livros e textos completos, inclusive da Bíblia constituindo estes uma de suas maiores provas científicas de autenticidade e inalteração existentes hoje. Nesses textos por exemplo temos tratados de cosmologia, de leis, de medicina, por exemplo, que confirmam algumas partes da tradição chegada até nós.

Outro dado importante sobre os essênios é o messianismo, eles se retiraram do meio meio dos judeus corrompidos (o estopim da separação foi aceitarem um rei por decisões políticas e não as tradicionais estipuladas pela lei, portanto, um reinado ilegítimo, ilegal). Forma para o deserto plantar e viver suas vidas a esperar o Messias. A tradição messiânica do antigo testamento, confirmada nos evangelhos, era o centro da tradição essênia, que já a vivenciava pela fé no Messias que, naquela época, ainda viria. Diferente dos fariseus e saduceus que interpretavam (e seus descedentes interpretam até hoje e esperavam) um Messias homem somente, para ser rei e libertador do povo judeu apenas, um guerreiro e sacerdote de rituais de sacrificio e não um pacificador, os essênios eram extremamente pacíficos e adeptos da não-violência (o que me lembra: se alguém lhe bater numa face ofereça também a outra... se alguém lhe roubar a túnica dê também a capa, etc.). Esta é, no meu entender, a maior razão para se retirarem (Jesus também dizia "não resistai ao mau"): numa cidade violenta como a Jerusalém da época em meio a crueldade dos soldados romanos e sacerdotes judeus, dos ladrões e assaltantes, dos zelotes revolucionários, etc., seria difícil a comunidade sobreviver sem reagir à  violência. Por essa razão até os filhos de outras seitas judaicas eram levados para viver com essênios os,  para sobreviverem, mesmo que longente dos pais. Os essênios eram também, vegetarianos,  excetuando, talvez, que comiam peixe, uma necessidade para quem vivia ali onde só havia deserto, mar e o que plantavam. Entendiam os sacrifícios como símbolos messiânicos não mais para aquele tempo (o que nos faz recordar "misericórdia quero, não sacrifício"), enfim, Jesus viveu como um judeu e muito provavelmente ao modo de judaísmo essênio.

Os essenios, dizem uns autores, são descendentes diretos dos nazarenos. Em atos dos Apóstolos Paulo assume que ele, antes fariseu,  pertencia realmente aos chamados de seitas dos nazarenos. Os essênios também costumavam se retirar para longas orações e jejuns, e segundo alguns autores teriam recebido influências dos orientais também, quanto ao modo de meditar (diferente do judeu geral que era apenas na leitura da lei) que incluía os grandes temas universais, e sobre Deus diretamente (Jesus também se afastava normalmente para orar e meditar, virava a madrugada orando), também os hábitos de purificações com banhos e batismos. Também tinham uma ceia dos ágapes, vestiam linho branco e muitos eram celibatários e não se casavam, diz-se que nunca cortavam o cabelo e a barba, sobre isso, sabidamente, pelo menos alguns, mantinham o voto nazireu. E se intitulavam os "pobres de espírito", na verdade "que se inclinam em espírito" (diante do Espírito de Deus), se traduzido diretamente do aramaico seu nome (anabey ruah) ou em grego "anavei", iluminado.

O processo de terapia antigo, das ciências antigas e dos essenios, incluíam todos os meios, desde que fossem éticos, possíveis para chegar a cura. Os pais da medicina (Hipócrates, Galeno, Herófilo, Dioscório, Paracelso,  etc.) também não estavam preocupados se a medicina se restringiria apenas à alimentação ou fórmulas naturais, pelo contrário, desde minerais até compostos organicos em preparações químicas bastante completas já são encontrados em seus tratados; isto é bem claro em toda obra de Paracelso. Mas também não era padrão separar o ser humano em partes, nem a cura do corpo separado da alma ou vice-versa, nem das diversas partes do corpo em separado sem considerá-lo com um todo. Enfim, o modo de cura tradicional tem essa diferença básica do modo acadêmico: o ser é tratado como um todo de partes sempre inter-relacionadas, jamais isoladas; e a cura não pode ser só das doenças, ou seja, em nossa visão, dos sintomas, mas em todas as suas necessidades, envolve sempre alguma mudança de hábitos,  atitudes e maneiras de pensar e ser. Mas isto já começou a mudar tem muito tempo, as ciências acadêmicas estão cada vez mais interativas e sistêmicas, considerando o todo ou pelo menos o que acreditam ser o todo.

Portanto, embora tenha a metodologia científica e muitos métodos terapêuticos em comum, a nossa terapia e a terapia acadêmica partem de princípios diferentes. Praticamente aqui se confirma a observação popular de que a ciência acadêmica parte das partes para o todo (e trata das partes como que avulsas muitas vezes) e que a terapia hoje chamada de tantos nomes (natural, holística,  sistêmica,  etc., para nós simplesmente terapia, pois é a original) parte do todo para as partes (e trata do todo e das partes em relação ao todo). Mas mais que isso, o mais importante é não opor uma à outra porque são complementares e são uma só em conjunto, estão do mesmo lado. Devemos agora entender que precisamos tratar sempre o ser por completo e isso inclue sua vida, seus hábitos, seu meio, sua maneira de pensar e sentir para que a cura seja real.

Podemos demonstrar  isso até com um exemplo superficial. Se a pessoa tem hábitos insalubres e fica doente, de pouco adianta tratar a doença se ela permanecer com aqueles hábitos. Na verdade podemos até remover a doença, mas não lhe devolvemos a saúde, e a doença, ou outras, podem aparecer mais cedo ou mais tarde.  Esse é o princípio.

Por exemplo, suponhamos que chega uma pessoa para a consulta queixando-se de tonturas, cansaço, fadiga,  palpitações, aperto, e outros desconfortos; alguém a examina e verifica que sua pressão está muito alta, então receita remédio, duas vezes ao dia, para a pressão arterial, e recomenda a diminuição do sal; não sabe de outros hábitos alimentares nem o quanto de sal a pessoa está comendo; então digamos que a pessoa obedeça todas essas recomendações, e ao medir sua pressão ela aparenta normalidade, até porque está tomando remédio e reduziu o sal, embora não suficiente, por que era acostumado a sal em demasia; volta ao médico com sintomas amenos, pressão normal, pois seu mal estar é  geralmente noturno depois da refeição mais pesada (e salgada) de sua jornada dupla de trabalho; o médico se espanta que mesmo reduzindo o sal à  metade ainda era muito o que comia, e dessa vez dá a medida de sal e dobra a dose do remédio, a pressão está como que controlada; alguns meses ou anos depois volta o paciente com um terrível mal estar, está bem acima do peso e com um exame se descobrem várias veias e artérias entopidas: o médico não sabia que ele mantinha jornada dupa de trabalho estressante e comia apenas duas vezes no dia, uma na rua, geralmente  lanches, fritura, refrigerante (que tem também, não só excesso de acucar, mas também de sal e alguns com cafeina e todos muito ácidos para o organismo), e em casa também comia bastante frituras, muitas massas e até margarina, comia muitos doces, linguiças, salames e similares, tomava altas dores de café durante o dia e depois do jantar, e até chá verde "para emagrecer" (que também é estimulante), dormia tarde e acordava cedo, dormia cerca de quatro horas por dia, era uma pessoa que não conseguia esquecer ofensas nem situações de estresse, não conseguia perdoar e guardava muitas máguas antigas também, não andava nem fazia exercícios, seu lazer era cerveja no fim de semana, poucos amigos, pouca conversa, e não tinha religião nem qualquer crença em um ser superior, e com aqueles sintomas temia a morte e a escuridão ou o nada que parecia ir ao seus encontro quando a vista escurecia devido a picos noturnos de pressão, ele tinha ataquns de taquicardia, crises de pânico, sofria agora de ansiedade e depressão, além das veias entupidas e a pressão alta que tinha votado com mais forca. Porque tinha que ter alterado toda essa maneira errada, insalubre, de viver e de pensar desde o primeiro encontro no consultório.

Um terapeuta deve fazer uma intrevista bem detalhada sobre todos esses pontos e até outros que não pareçam a primeira vista ligados aos sintomas,  como no caso da religião ou suas crenças pessoais, deve ser uma conversa longa onde ele deve estimular e levar o paciente a de fato desabafar sobre sua vida e seus sintomas.

Um outro exemplo bem simples, suponha um paciente que aparece com tumores, extrai tumores e depois ele tem tumores malignos, então ele faz cirurgia, quimioterapia e radioterapia, e fica sem sintomas, mas os tumores voltam, a pessoa parece um câncer ambulante, então em outra consulta se descobre que a pessoa quase não bebeu água suficiente toda sua vida, nem tomou sol, nem tinha boa hábitos de higiene, que é viciado em refrigerantes e outras coisas ácidas, em doces e açúcar cristal por mais de 60 anos. Ou seja, nesses exemplos seja um mais complexo seja num mais simples, se a pessoa se envenena a vida toda, não adianta tomar remédio,  pode até mascarar o sintoma neste caso, a doença desaparece mas a pessoa não tem de volta à saúde, ela continua se envenenando e perdendo mais saúde.

Assim é  o trabalho de um terapeuta, a detecção  e retirada dos venenos, recomendar remédios se forem necessários e alimentação correta, e dar as instruções do que é saudável, que deve substituir completamente os hábitos não saudáveis.

Só que aqui estamos falando dos níveis da via central, portanto sua psicologia e conscienciologia também devem focar nas causas últimas para ser uma terapia completa. E a terapia completa tem que ser até o retorno total desta saúde. E o retorno total desta saúde é o retorno ao estado original, à consciência original completa e perfeita, completamente desperta. Não apenas o desaparecimento de sitomas, nem aprender a lidar com eles apenas. É o retorno às capacidades originais da mente em seu estado perfeito. E corporalmente é o retorno à natureza e dimensão originais; materialmente será a ressurreição futura num corpo transfigurado, glorificado,  um corpo especial em suas capacidades, imortal, maleável,  que não se fere, que não adoece, que toma várias formas,  que desaparece e aparece à vontade, etc..

Então o foco aqui são as psicologias das causas (como a psicanalise, a psicologia analítica e outras, como algumas psicologias orientais e como os métodos específicos próprios da ordem, entre outros mais específicos ainda). A psicologia profunda, a metapsicologia tem que ser praticada até os últimos estágios do processo alquímico completo... E que conscienciologia pode ser mais perfeita que a deixada pelo mestre dos mestres da consucienciologia, Yeshua, Jesus o Cristo? Esta é a parte da conscienciologia da ordem destinada a levar a consciência à plena regeneração instantânea, ao total renascimento, passando pela tomada de consciência da realidade desse e de outros mundos e seus signicados e de outras dimensões e seus significados,  e porteriormente , à reintegração, e finalmente o retorno à sua dimensão original. E este só é possível para nós que estamos nessa dimensão através da via crística, através do autor e consumador da vida, Deus manifesto e glorificado, que se tornou como um de nós e passou por todo o caminho, tanto como demonstração como ser o caminho visível; tanto para nos salvar quanto para nos ensinar os passos completos do caminho da regeneração completa; e toda a psicologia e conscienciologia necessárias à esses processos. Os mínimos detalhes sobre isso que foram deixados a milênios e escritos detalhadamente no Novo Testamento; é o que explicamos, estudamos, praticamos e ensinamos.

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