terça-feira, 10 de agosto de 2021

Heranças e Tipos de Templários - I



As ordens, fraternidades, confrarias e demais grupos que se dizem herdeiros dos Templários ou de inspiração templária podem ser verdadeiramente considerados dessa maneira?

Verdadeiros Templários

Esta pergunta e outras similares, muito comuns, são fáceis de responder, mas apenas se pudermos investigar algumas coisas. Antes de tudo a principal questão é, primeiro, saber como distinguir o que é uma ordem templária autêntica de uma falsa ou fundanda sobre o engano. E se a pessoa dedicou algum tempo de estudo e pesquisa para se deixar conquistar pelas características templárias, deve dedicar mais um pouco disso para entender o que é ser templário. E para isso teremos que definir critérios objetivos e uma definição do que é ser templário, para só então podermos descartar as que não são realmente templárias (mesmo quando se originam das mesmas!).

De agora em diante fique subentendido que estou usando a palavra templário em sentido geral, ou seja, as ordens e cavalarias que usam denominação de Templários ou outras, mas que têm uma origem comum nos primeiros que foram chamados Templários, ou derivações e prosseguimentos destas, ou de mesmo tipo, como as ordens dos Hospilários, dos Cavaleiros de Malta, dos Teotônicos, etc..

O primeiro ponto é que um verdadeiro Templário não é simplesmente o que tem ou veste trages de época e supostamente guarda segredos que podem abalar o mundo se descobertos. Apesar que alguns realmente podem guardar com muito cuidado certos conhecimentos, e ainda que algumas ordens realmente mantêm trages tradicionais antigos (e cerimônias também), isso não é o principal nem pode ser generalizado, podendo ser mesmo dispensado. 

O que faz um templário são os princípios que abraça e os objetivos que almeja. Todos os Templários se pautam ainda também por algum manual de regras tradicionais (embora esse possa diferir em cada ordem). O mais importante é que todos seguem os princípios templários, e tem em sua vida aqueles objetivos tradicionais como sendo os seus próprios objetivos gerais (chamados de missão, e que se distinguem dos objetivos individuais de cada um, que é entendido como missão individual, tarefa, propósito individual, etc., e que difere ainda da missão temporal ou pontual que lhe possa ser dada).

Poderíamos colocar ainda como um critério o entendimento correto e individual das principais figuras da tradição templária. A exemplo das mais importantes: a de que a defesa da Terra Santa de Jerusalém é sempre também a defesa da Jerusalém Celestial, isto é, do reino de Jesus Cristo, da Lei e da Ordem deixada por Ele e da proclamação desse reino entre todos os povos e nações; a de que a defesa dos peregrinos e da estrada para Jerusalém é a defesa de todo cristão, de todo que confessa e professa Cristo como Senhor e Salvador, de toda comunidade cristã, e de toda obra e de todo caminho que levar a Cristo e ao seu reino; e a de que ser um templário é reconhecer-se como Templo Santo e reservado para habitação de Deus, de que o templo significa todo nosso ser, que deve ser limpo, purificado de todo pecado e adornado, com virtudes e boas obras para a habitação do Espírito Santo de Deus, como vasos de barros, preparados para receber os verdadeiros tesousos dos Templários, Cristo vivo e o Espírito Santo dentro de nós mesmos. Mas, considerando assim tão rigorosamente, poderíamos cair num erro de excluir até mesmo alguns dos primeiros templários, pois ao entrar na ordem não tinham essa noção. Mas podemos examinar, enquanto ordem, se há entre seus dirigentes este entendimento e ele é ensinado pela ordem em algum momento.

Poderíamos ainda colocar também o critério que algumas ordens ainda presam muito, a obediência a uma regra tradicional e ou algum rito. Mas isto também colocaria de outros templários igualmente concordes nos critérios mais impotantes, dos princípios e objetivos, já que nem todas as ordens seguiam as mesmas regras, nem sequer o mesno livro de regras e deveres dos caveleiros militares era o mesmo para todos e desde sempre. Então esse critério deve ser descartado, embora respeitemos quem pensa diferente ou quem tenha recebido a regra como sendo o principal em sua tradição.

Então sabido o que faz alguém, algum agrupamento ou ordem poder ser chamado Templário, sim, as ordens, fraternidades, confrarias e demais grupos que se dizem herdeiros dos Templários ou de inspiração templária podem ser verdadeiramente considerados dessa maneira, sempre que respeitem pelo menos os dois primeiros critérios apontados aqui. Não é necessário se comprovar nenhuma linhagem de filiação ininterrupta (por documentos, cartas, assinaturas, etc.) de alguma ordem ou cavaleiro. Embora para muitas ordens atuais isso pareça de suma importância, isto mesmo é bem controverso hoje, já que não era assim que se dava a transmissão nem a ordenação cavaleitesca, mas simplesmente reconhecimentos eclesiásticos e estatais. 

A verdadeira tradição e os ensinamentos eram transmitidos e oficializadas apenas de lábios a ouvidos e o instrumento material usado para isso era no máximo uma espada e algumas vezes umas vestes. Outras formas de transmissão antiga são apenas os livros e cartas. Medalhas, insígnias, documentos, etc., foram sendo incorporados ao longo do tempo devido a militarização e estatização da ordem, não por ser parte a tradição ou organização. Voltar a isso seria o mesmo que admitir que para a ordem existir novamente precusaria do aval da Igreja Católica e do estado. 

Poutro lado a maioria dos autores e historiadores insistem que não houve transmissão ininterrupta. Mas além de não ter como comprovar tal afirmação, completamente ignorante, fingem ignorar a comunicação com outras ordens, a transmissão da ordenação a pessoas de outras ordens, incluindo até reis e pessoas do clero da época, ou de outras denominações. Ignoram também a transmissão pessoal de um a um, a transmissão a partir de templários que se refugiaram em outras ordens e igrejas a membros destas, ou solitários escondidos em algum lugar. Ignoram ainda os livros com instruções, manuiais, princípios que também foram transmitidos a pessoas leigas e familiares, além da ordenação secreta dessas mesmas pessoas até na categoria de ordenação completa. 

Negar essa ordenação é o mesmo que invalidar a verdadeira transmissão do conhecimento em detrimento da simples cerimônia vazia da ordenação clerical, é dizer que o que faz um templário não são valores, princípios e objetivos, mas a autorização dada, e pela mesma organização que os perseguiu. Não tem lógica isso. 

Espero com isso ter deixado claro o respeito e a validade de todas as verdadeiras heranças e herdeiras, diretas, indiretas ou inspiradas, mesmo aquela apenas auto-identificadas que o fazem apenas com base no ensino e prática desses livros, regras e manuais. Agora podemos ir aos tipo de herança e de argumentos que temos hoje.


Continua...

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