Por Antonio F. Gonzaga
Todas as ordens, fraternidades,
escolas, igrejas, partidos e qualquer congregação de ideias, quer queira ou
não, quer saiba ou não, possui uma corrente energética ou corrente mental ou
corrente vibratória, como costuma ser denominada. Essa energia é certo tipo de
onda vibratória específica, não se trata de nada místico ou abstrato, mas uma
força física análoga às ondas de rádio, que de acordo com o comprimento ou de
outras características, não se confundem umas com as outras. Elas não podem ser
vistas ou sentidas, embora estejamos imersos nelas, bem assim as ondas
vibratórias mentais.
Como essas ondas de rádio que
precisam de um aparelho regulado para captar em cada sintonia determinada onda
enviada pela antena de determinada estação, nossa mente e nosso sistema nervoso
são os aparelhos capazes de captar determinadas ondas bastando para isso, entrar
em sintonia com elas. Existem algumas maneiras de entrar em sintonia com
determinadas ondas.
Por exemplo, se uma pessoa lê
determinado livro de uma religião, raciocina e se comove com o que está escrito
nele, ele tende a entrar em sintonia com pessoas (e ondas mentais dessas)
daquela religião, a partir dessa sintonia ele pode começar a falar sobre o
assunto do livro e encontrar outras pessoas que leem o mesmo livro; se ele vai
a uma congregação dessa religião e gosta do que vivencia lá, ele entra cada vez
mais em sintonia; se ele frequenta uma igreja e acredita no que se diz lá; mais
sintonia. Então ele começa a ser inspirado por ideias comuns daquela religião e
de acordo com sua sintonia, sua inteligência e outros fatores; ele pode chegar
a ideias específicas a partir da ideia geral da religião a que muitos outros
daquela religião chegaram e poderão ainda chegar ou que já chegaram no passado,
sem que para isso ele tenha que ouvir ou ler de alguém.
Outro caso muito comum é o de
alguém com um pensamento científico sobre algum tema, ele pode chegar a ideias
e experimentos iguais a outro que sequer conheça. O maior exemplo da história
da ciência foi a teoria da origem das espécies através da seleção natural
pensado simultaneamente por Wallace e Darwin sem que estes soubessem das ideias
um do outro e sequer se conhecessem. Um exemplo maior é que você mesmo já pode
ter pensado essa hipótese da sintonia e captação mental. Eu mesmo já conversei
com alguns amigos que chegaram a mesma ideia, assim como eu mesmo, de que
captamos ideias “no ar” assim como uma televisão capta as ondas de rádio no ar
de acordo com a sintonia que escolhemos.
Esses são exemplos gerais, mas
muito comuns, experiências que talvez qualquer pessoa alguma vez tenha notado
consigo mesma. Pode ser que, até facilmente, se interprete de outra forma,
talvez com algum psicologismo. Porém o que nos interessa, independente da
explicação do fato, é uma sintonia, uma exata vibração, que não só possibilite
tal inspiração orientadora, mas também que dê reais respostas, comprovadamente
eficientes e corretas, que se possam confirmar, e ofereçam formas de confirmar;
que dê força para o que deve ser realizado; que dê proteção dos perigos físicos
e psicológicos do nosso mundo; que transmita paz, bem aventurança e saúde
dentro das possibilidades e do potencial máximo de cada um. Estes entre outros
possíveis benefícios são os benefícios de estar sintonizando com nossa corrente.
Existem três maneiras de usufruir
de nossa corrente nesse sentido: (1) lendo, ouvindo ou estudando (e
raciocinando sobre, mentalizando, imaginando, etc.); (2) praticando, meditando,
exercitando o aprendido; e (3) entrando em contato, praticando juntos,
recebendo informações e energia através do professor ou amigo espiritual ou
parceiro praticante. Dessas três, as duas últimas são as mais poderosas e mais
importantes, mas que não se desenvolvem sem a primeira.
Existem outras duas maneiras
muito utilizadas, mas que não nos interessam. Essas duas maneiras são através
das emoções e da fé ou crença. Estas duas são as que mais têm sucesso como
proselitismo; elas com certeza são as que mais atraem e mais cativam as
pessoas, e principalmente em bando, isto é, às multidões. É claro que elas
podem ser utilizadas individualmente para um benefício, mas não devem ser
usadas para gerar ou expandir uma corrente. O início e a manutenção de uma
corrente através das emoções sejam elas superiores ou inferiores só se dá pela
exacerbação das emoções, e esta só pode gerar o esgotamento, o desequilíbrio e
a cegueira. Por outro lado a crença, em si mesma, já é uma cegueira, pois é inconsciente
do real objeto. E a fé (especialmente no sentido que se dá no ocidente, como
sinônimo de crença) é fruto do crédito exacerbado, emocional, passional,
teimoso, cego. Portanto nenhuma das duas formas condiz com nossos objetivos que
incluem o despertar, o ver por si mesmo, o comprovar, a experiência, o
equilíbrio, a equanimidade; a poupança, o acúmulo e a utilização consciente e
equilibrada de energia.
A fé virá no futuro, sim, mas fé no sentido de
confiança e segurança interior, fruto da experiência, do estudo atento,
racional, da comprovação direta. A fé também como uma forma de esperança é uma
alavanca poderosa, mas precisa ser bem usada para alcançar objetivos e não para
dar crédito a ideias sem lógica e sem comprovação. A fé jamais deveria ser
dirigida para se contentar com respostas prontas, dogmas, palavras sagradas, nem
para visar crenças infundadas, sem base na experiência. Seria construir a
própria armadilha e se aprisionar nela, construir uma muralha de ilusões,
falsas certezas.
Ambas as formas, a fórmula da
emoção e a da fé, não conduzem à experiência, não levam ao desenvolvimento das
faculdades e potenciais ocultos de espiritualidade. Elas produzem apenas para
alguns, que estão num nível baixo de espiritualidade, certo desenvolvimento que
chega a um ponto estanque de onde ele não mais consegue se desenvolver, só
permanecer a custa de constante renovação e investimento de energia ou decair
por negligência. Por isso que as religiões baseadas na fé ou na emoção não
chegam a um grau de visão, e jamais a uma visão pura, e terminam desviando o
desenvolvimento para o campo materialista.
Também essas formas de cultivo
inconsciente e inconsequente constituem um grande dispêndio de energia, são
desgastantes e deprimentes; levam a pessoa a resignar-se à cegueira e ao
sofrimento; leva ao conformismo, à letargia moral, à negligência, à aceitação
da injustiça e da desordem espiritual, mental e social. Levam a uma oposição ao
mundo, ao universo, ao resto da humanidade, aos animais e enfim, à natureza; em
vez de levar a uma união benéfica e harmoniosa que contemple a tudo e a todos.
De onde vem a nossa corrente, é
uma questão que até certo ponto pode afligir a mente do estudante, até sentir
ou perceber que de fato está envolvido e protegido por um campo de força
maravilhoso, uma corrente benévola de amor, paz e consciência. Este campo não é
nosso sentido de que nós o possuamos ou o tenhamos criado. Ele é formado pelas
mentes iluminadas de todos os tempos e pelas energias benéficas dos que andam e
buscam nessa direção.
Nós dizemos que seguimos o Sol no
seu trajeto, isto é, seguimos a luz até nos tornarmos unos com ela. Buscamos a
Luz, a consciência, o conhecimento direto, e por fim a iluminação. Nossa
corrente vem da ligação que todo adepto e ou iniciado realiza ao decidir-se com
firme vontade a dedicar-se ao desenvolvimento espiritual e à visão clara. Ela
está acima da humanidade há milênios, disponível a todo aquele que se enobreça
ou se esforce para entrar em sintonia com ela. Alguns dizem que há uma única
corrente para todos os iniciados de todas as escolas, ordens, religiões,
fraternidades, uma corrente universal. Outros que há um anjo ou uma divindade
que nos liga a uma corrente correspondente a nossa missão aqui. Entre esses dois
pontos de vista podem haver vários. Mas o fato é que a corrente está aqui a
nossa disposição e nós não somos os primeiros, nem o curto tempo que temos de
vida ou de existência nesse planeta poderia sondar a ancestralidade original de
cada raio de luz. O que podemos falar é da fonte única, Una, absoluta,
incondicionada.
O que faz o ser é o querer, é sua
vontade, só a vontade distingue um ser de outro, os outros elementos são
compartilhados e cambiados com o ambiente e com os outros seres. É preciso ter
uma vontade pura, consciente, é a vontade que ligará o ser a uma corrente
mental, pois é através daquilo que ele deseja ser, daquilo que ele aspira para
si mesmo que é medido seu “comprimento de onda”, quer dizer: “o que ele quer, é
isso que se tornará”. Ou seja, sua vontade é o principal determinante de suas
sintonias mentais, de quais canais entrará em sintonia e receberá informação. Se
formos sinceros conosco, se nos dedicarmos, se procurarmos encontramos. A
iniciação é um abrir de porta. Nós nos ligamos à fonte através de nossa busca,
pela fonte original, pelo tesouro oculto, pela libertação das ilusões e da
ignorância... pela verdade que está aqui e agora dentro de nós.
Sintonia significa junto (sin)
tom ou nota (tonia), e notas juntas formam harmonia, notas separadas não
existem, toda nota ressoa e toda nota está imersa no meio de muitas outras que
também ressoam. As notas que combinam se harmonizam entre si, podem formar
músicas. É a lei da natureza, não tem mistério nem mágica nisso. Quer queira
quer não sintonizamos com algumas correntes. O melhor é fazê-lo conscientemente
e com uma corrente que nos enobreça, que nos eleve moralmente e espiritualmente
e que abra nossos olhos, que nos liberte da ignorância e da sujeição ao
sofrimento nos quais estamos inebriados e imersos agora.