quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Respondendo uma questão: por que teoria? - A Chave da Alquimia Espiritual - parte 1

Quero responder agora uma questão que surgiu ocasionalmente ontem. Não por ser uma grande questão em si mesma, mas porque a resposta dela pode levar às respostas a todas as outras... Um grande amigo e irmão me perguntou "você gosta muito de teoria, não é?"... nem vou precisar colocar o resto da pergunta, só essa primeira questão curta já e mais que suficiente!

A primiera coisa que um cientista deveria aprender a fazer são as questões. Existem as perguntas certas e as perguntas erradas. Aquelas que não levam a lugar nenhum e aquelas que vão atingir os objetivos do pesquisador. Na biologia isso é discutido em umas quatro matérias sobre pesquisa, metotodologia, metodologia da pesquisa, etc. Mas não tão a fundo o quanto precisamos de fato.

Outra coisa importante é que teoria em ciência é o objetivo. Significa aquilo que já foi testado, reptido, comprovado e explicado e que até o momento não tem refutação. As teorias das outras ciências, filosofia, sociologia, religião, são para o cientista exato ou natural apenas hipóteses (ou mesmo especulações, palpites, opiniões, pois por mais bem fundamentadas que sejam não se provam pelo método científico). Teoria é tudo o que importa em ciência porque é o que constitui o conhecimento científico, ou seja, tudo que já foi comprovado.

A grande surpresa em nossa escola é que na vida tambem é assim! Porque nós, seres humanos, não vivemos de modo algum no mundo dos sentidos, nem em mundo concrero algum! Nós vivemos e nos movemos num mundo de ideias, numa prisão que se resume a nossos conhecimentos e interpretações. Jamais tocamos e nem tocaremos em qualquer coisa concreta ou fato. Visão não é só o que você vê com os olhos e percebe com a mente, visão são idéias, e você está preso em idéias, pois está preso em visões, que acredita serem realidade. É claro que pra quem não comprovou isso de forma prática ainda é muito difícil aceitar isso. Então vamos ao modo como podemos evidenciar essa realidade.

Pois bem, as leis máximas da alquimia são ler, ler, reler e entender; orar e trabalhar; e que de Deus nascemos, em Cristo morremos e pelo Espírito Santo ressucitamos (estou traduzindo do latim de memória em forma resumida). 

O segundo destes vem do texto Fama Fraternitatis que diz "Ex Deo Nascimur, In Christo Morimur, Per Spiritum Sanctum Reviviscimus", e seu significado pode ser traduzido em sete níveis de significação, cada mais elevado que o outro, desde o nível  desse mundo, dessa compreensão desse nível, até a puramente espiritual (veremos isto em outro texto). E os dois primeiros são postos num só lema alquimista: Lege, lege, relege, ora et labora, et invenies! Ou mais fielmente "Ora, lege, lege, lege, relege labora et invenies!" (Ora, lê, lê, lê, relê, trabalha e encontrarás!).

Note a enfase na leitura! POR QUE???!!!!

Chegamos à resposta: porque estamos presos, de fato, é em nossas visões, nossas ideias limitadas. A libertação pelo conhecimento, pela gnosis, é assim, você vai adquirir um conhecimento muito diferente de todos que já viu, em muitos pontos ele parecerá extremamente sem sentido, mas insistindo, lendo, relendo, de repente vai mudando uma visão aqui, outra ali, e num momento você vai estar vendo tudo completamente diferente e entendendo o sentido de tudo. Vai mudar sua percepção e em seguida sua compreensão e depois toda sua visão. 

E sabe o que você vai entender também? Que está num livro, o Librum Naturae! Sim, a vida é um grande livro, que você nunca leu porque não sabia ler, não entendia esse alfabeto, era como hebraico ou hieróglifo para você antes de estudar a alquimia e agora você está lendo e entendo, conhecendo a liguagem, o significado, e o propósito de tudo. Esse é o objetivo do alquimista. É isso que significa PEDRA FILOSOFAL. Não há mais porque fazer segredo disso hoje. 

Mas mesmo assim poucos sabem disso, dos que sabem poucos se interessam, dos que se interessam poucos se dedicam e dos que se dedicam poucos lêem, e dos que lêem poucos entendem o que estão lendo.

E essa leitura não tem outro modo de ser, começa no papel, ou melhor nas frases escritas, nos livros. Assim como o cristão só alcança a santificação por muito ler e praticar o Evangelho, comecando a enxergar o que antes não via naquelas passagens, o alquimista estende isso um pouco mais, incluindo o Evangelho, as teorias e depois os símbolos, mas tudo começa na escrita, entender as frases em seus 7 níveis de significados. Mas não é entender verbalmente, é ver, quando ler passar a enxergar o que não exergava. Esse é o grande segredo, a alavanca, a chave!...

domingo, 27 de setembro de 2020

AS CIÊNCIAS ANTIGAS NA PRÁTICA - parte 6

Depois de ter se tornado prático nos passos anteriores, aí sim, você pode começar a ter um tempo de prática mais intensivo. É só escolher um tempo e um lugar e contemplar da mesma maneira que nas situações do dia a dia, só que completamente dedicado a isso, a observar do ponto de vista correto, do ponto de vista da consciência. Isto já é todo o processo, já está "meditando", ou seja, fazendo a parte prática da concentração, o resto, o aprofundamento e permanência da concentração mesma, são resultados. Os objetos de concentração podem variar conforme o que se quer treinar ou penetrar, isto é, conhecer profundamente.

Essa é a primeira prática da qual todas dependem, em seus dois aspectos, do viver prático diário de instante a instante e do treinamento intensivo ou prática formal. Tudo que se aprende fora desse estado está muito mais sujeito a ilusões, projeções, enganos... É como sonhos turvos... Mas quando estiver nesse estado de desperto, acordado, vai perceber que está de fato vivo, existindo, que antes esteve sempre sonhando, dormindo, a não ser por alguns poucos segundos que ocorrem espontaneamente às vezes. 

Todas as escolas, filosofias, religiões e ordens verdadeiras têm essa prática. Até os maléficos a praticam, pois sabem que o resultado de outras práticas depende da habilidade nesta. 

Yeshua nunca disse orai e vigiai, mas sempre vigiai e orai: pois uma oração distraida, desatenta, desacordada não passa de reza automática, um ato mecânico. Espero que você pratique. Espero que esteja sempre retornando a este estado despertando cada vez em nível mais elevado e completo.

Você pode usar também alguns dispositivos para evitar a mecânica dos condicionamentos e a queda no estado de distração, devaneio, sono e topor. Vou citar alguns exemplos. 

Você pode, sempre que notar que está  em distração ou desatenção, perguntar sinceramente para si: "eu estou consciente agora?" "Estou atento agora?" "Estou presente aqui agora?" (Não deixe a mente responder mecanicamente, procure investigar atentamente seu estado anterior, o atual, e volte à atenção presente). Obviamente que a primeira pergunta é a melhor. Mas cada caso é um caso. Pode usar as três até e repetir... vai ajudar a consciência a se destacar dos obstáculos com que se envolve (essa "grudar" ou "apagar" da consciência no objeto se chama "identificação", é o que atrai e prende a consciência, se identificar com as coisas, emoções, situações, percepções, o ideal no início é chamado "desidentificação", isto é, a consciência deixar de se identificar com as coisas e fenômenos, com os objetos da consciência, mas com o tempo se deve começar a se dedicar mais à "não-identificação" que é o perceber sem se identificar com o percebido; são processos pelos quais se deverá também apenas passar, mais recomendado para os já com tempo de trabalho nisso tudo). 

Outra maneira é concentrar-se nos próprios olhos e em tudo que vê e seus movimentos (esta é fácil para mim, pode não ser para você, a maioria acha mais fácil sempre está voltando a atenção para a respiração ou as batidas do coração). 

Mas o melhor é voltar a atenção para a consciência mesma, ou seja, a consciência mira a si mesma, o que está acontecendo nela e seus conteúdos (pode ser difícil, só é possível para os que distinguiram bem as partes já). Isto para o vivenciar diário.

Mas para a prática formal, a princípio também, é mais fácil ter algo para voltar a atenção sempre. A maioria hoje usa as técnicas orientais de voltar à respiração, por exemplo. Mas muitos não se dão muito bem com atenção voltada a fenômenos corporais, então pode passar direto para os fenômenos mentais. Observa-se assim a mente e os fenômenos mentais (pensamentos, sentimentos, lembranças, desejos, sensações, projetos, etc.), mas consciente de que é a consciência que está observando, não deixar a mente imitar isso (pois além de errado gastará grande esforço). 

Pode-se também ter um objeto ou um desenho pequeno ou um totem (um objeto pequeno que se procura conhecer todos os detalhes e memorizá-los), uns gostam de se concentrar num ponto, outros numa chama, ou num pequena lâmpada de led, muitos foram os místicos que usaram com muita eficiência bandejas, bacias, tachos bem polidos, brilhantes. Se concentrar num brilho qualquer como fazemos quando crianças também é muito bom. 

O importante nesse tipo de exercício é que você não vai conseguir ficar muito tempo concentrado então tudo que tem a fazer é estar sempre notando quando houve distração e voltando, paciente e delicadamente, ao objeto.

Por último, um dos meus preferidos, contar. Você pode contar respirações, batidas do coração, pulsações do corpo ou de um metrônomo, contas de um colar, combinar respirações e contas de um colar... 

Em todos esses exercícios muda-se o objeto, mas o procedimento é o mesmo. Exceto naquele em que o objeto é a mente ou a própria consciência. Neste caso ja não estaremos apenas fazendo um treinamento de concentração, estaremos fazendo o mesmo que deveríamos vivenciar a todo instante, a consciência dos processos mentais e da consciência. Um verdadeiro intensivo complero. Então quando ocorrer a distração o procedimento é o mesmo, volta-se ao objeto de concentração. 

Mas como permanecer nessa concentração é que não é tão simples como com os outros objetos. Então para isso é preciso que esteja familiarizado com os processos automáticos da mente, e para isso ocorra deve ser a primeira coisa que vai observar, ou seja, vai deixar de se identificar com a mente como se ela fosse completamente sua (o que de fato não é, se fosse você controlaria plenamente) e vai observá-la com a consciência, plentamente atento e plenamente consciente e deixá-la agir (ela vai agir como sempre age, tudo que tem a fazer é observar isso, não julgar, não condenar, não reprimir, não interferir, não reagir, não seguir (isto tudo a princípio, pois ainda está começandoa conhecê-la). E quando se distrair é porque se identificou com seus processos, então você sai deles e os olha, os vê fluir, ou seja, tudo que tem a fazer nesse começo é vê-los sem se identificar com eles, observá-los, vê-los surgir, crescer, parar, diminuir e sumir ou ser substituído por outro.

Note também que há um espaço entre eles, é pequno, parece pequeno, observe cada vez mais atentamente esse espaço até o momento em que vai poder observar a mente só, sem nenhum objeto, parecido com o que espero que veja também logo, a consciência pura. 

É como um céu com núvens, a consciência é o céu limpo, mas as núvens da mente e objetos metais vêm, inevitavelmente, é só olhar e notar, "nuvem", e vé-la passar ou se disolver e sumir. Isso vai continuar até o dia em comece a haver céu limpo, cada vez mais, ou seja, as nuvens vão parar por instantes, isto é, os fenômenos mentais vão dar uma pausa e você vai conhecer sua realidade mais intima e a realidade mais essencial so seu ser e de todas as coisas, a consciência pura...

Dopois veremos como ter uma prática mais efetiva se separando antes dos obstáculos. E então poderemos ver o que fazemos com isso, como utilizar essa claridade da consciência para descobrir informações, conhecimentos, verdades; como meditar na leitura, em frases; ou em algo que deseje pesquisar ou descobrir...


frateriliv@gmail.com

sábado, 26 de setembro de 2020

As Ciências Antigas na Prática - parte 5

 

Antes de cotinuar tenho que dar uma justificativa a todos que não entendem porque comecemos a diciplina prática pela consciência e até aqueles que são de outras escolas e começam por práticas mais ativas. A questão principal aqui é que a maioria das escolas tradicionais inciam pela parte do conhecimento teórico e é isto que causará uma mudança do estado de consciência no inicio, apesar de muito pequena, mas também se está começando pela consciência, embora indiretamente. 

Casado a isso ou um pouco depois, muitas escolas se dedicam aos processos que envolvem a vontade porque é um fator de grande importância sem o qual não se avança. Nós entendemos que uma vontade robusta ou bem desenvolvida sem consciência bem desenvolvida à altura não é útil, pelo contrário é prejudicial e inclusive é a causa de muitos desvios. 

Os mais religiosos partem do exercício do amor, da caridade, do praticar o bem, da compaixão, esse também é a outra face de um processo cego, pois assim como vamos descobrir que nunca estivemos de fato conscientes antes, vamos descobrir também que nunca tivemos de fato vontade própria, só vontade condicionada, e nunca amamos de fato nada nem ninguém, pois o amor não tem nenhum interesse, nenhuma espera de troca, é incondicional, não depende de reações e resultados nem tampouco espera por esses. Começar por esses processos tem cristalizado auto engano nos estudantes. Enquanto que nas traduções ou escolas que comecam pela consciência isso não acontece e seus efeitos colaterais são muito menos danosos (por exemplo, menos danosos que o auto engano, a arrogância, a mitomania, a avareza, superstições, etc., que podem ocorrer começando peleos outros dois processos). Efeitos colaterais de se iniciar pela consciência são, nos casos graves, ceticismo exagerado, orgulho ou perfeccionismo (convenhamos bem menos perigosos a si e a outros dos que aqueles acima citados).

Em suma, assim como o autodomínio na observação e medição acurada do comportamento de substâncias é uma habiIdade implícita nos requisitos para ser um bom químico, na alquimia psíquica esse pré-requisito tem que ser aprendido e treinado, não podemos simplesmente esperar que as pessoas que venham até nós já tenham essa capacidade de consciência, nem fazer como no passado em que se testava quem já possuía e dispensava quem não possuía, como umas escolas onde simplesmente era vista como uma pessoa que não serve para seguir no processo das ciências do traancendente. 

Hoje todas as escolas verdadeiras (e mesmo as erradas e as maléficas) ensinam em algum momento a expandir e ampliar a consciência, pois reconhecidadmente se chega a um ponto do qual não se ultrapassa sem isto. 

Por outro lado, muitas escolas que comecam pela expansão e despertar da consciência inciam pela chamada meditação formal primeiro já que essa é um treino intensivo para o viver desperto diário. Nós também entendemos que é um intensivo e por isso mesmo também vemos como inconveniente para começar, pois seria pedir que alguém que nunca se exercitou começasse com exercícios pesados, pessoas, longas distâncias, etc.. Mas também entendemos que uma coisa alimenta a outra, a atenção plena diária também é um treino para o momento intensivo, onde se penetra mais intimamente nas camadas mais superiores da consciência. 

Para mim pessoalmente conhecer a verdade ou a realidade diretamente é muito mais eficaz do que um mero conhecimento de si mesmo, ou seja, é preciso ir muito mais além do si mesmo se a pessoa quer saber a verdade. Nas escolas que fazem como nós, sua justificativa, porém, é muito mais delicada que a minha e, espero, mais convincente: não é através de prática, treinos, processos forçados ou o que seja que chegamos ao conhecimento verdadeiro e sim pelo conhecer mesmo, pelo conhecer verdadeiro, portanto, não basta uma mudança de perpectiva, ou potencialização de capacidades, é preciso conhecer o conhecimento certo eficaz. 

Deixe-me expressar melhor por um simile: não é possível conhecer o ambiente fora de uma sala se você premanece dentro dela apenas abrindo uma janela, dessa forma sua visão permanecerá apenas de um lado da casa e ainda assim parcial, só até onde a vista alcança. É preciso abrir a porta da sala e sair andando por todos os lados e distâncias. Estar mais consciente e com uma atenção treinada é como abrir uma porta, mas só o  pesquisar as coisas certas, a verdade, liberta. Ou seja, tem que sair pela porta. Se ficar na sala com a porta aberta olhando as coisas, continua preso, não mudou nada a não ser que alcançou avistar mais um pedaço daquela paisagem, mas não vai fazer parte dela. 

Abrir a janela e a porta é bom. Mas nunca se contente com isso. É preciso ser corajoso e dar o primeiro passo, sair da prisão do condicionado, dessa visão da natureza decadente, ir além.  

Os processos e práticas anteriomente ditos são ferramentas, muitissimo úteis, mas precisam ser usadas para o trabalho certo. No primeiro momento se começa a distinguir as partes (mente, fenômenos mentais, consciência, objetos da consciência, etc.), ver o funcionamento, mas isso não é o centro, o principal é descobrir a verdade e se começa tomando consciência das características da realidade (depois vamos falar sobre quais são), como ela funciona e porque é assim. 

As pessoas não costumam entender que nesse sentido não existe olhar para dentro ou para fora, meditar, nesse sentido não é olhar para fora, nem para dentro! Elas não entendem que enquanto vêem dessa maneira não estão despertando, estão só trocando de ilusão. Estão se separando da realidade, olham assim: aqui estou eu e aqui está a realidade que eu estou conhecendo. Perde-se tudo. Está se colacando fora da realidade. A realidade é uma só, não é separação. Você já experienciou essa realidade?


frateriliv@gmail.com




sexta-feira, 25 de setembro de 2020

A Ciência do Auto-engano

Fra. I.L.I.V.

As pessoas saem das ordens sérias, científicas, e das congregações e associações sérias, porque não supotam não ter todas as respostas. Elas querem ter a resposta de toda e qualquer questão que lhe venha a mente ou que lhe atormente a anos. O que elas não suportam é a realidade de que a mente humana humana é limitada e nunca poderá saber nem compreender tudo, nunca. Elas são emocionais, não estão buscando a verdade, estão buscando a satisfação de suas ânsias e de seus egos. 

Então vão em busca de falsos iluminados, aqueles que supostamente atigiram ou ensinam a atingir uma onisciência, aqueles que responderão com uma verdade pronta seja qualquer a pergunta que façam, ou seja, um mentiroso. 

E assim saem do mundo das ciências metafísicas ou ciências do oculto e entram para o ocultismo. 

Há uma enorme diferença entre ocultismo e ciências do oculto ou ciências ocultas, como se chamava. São contrárias! Uma se baseia em investigações criteriosas, experimentos, experiências, que na maior parte das vezes só podem ser vivenciadas, não transmitidas. Ocultismo, ao contrário é uma ideologia, é a crença em qualquer conjunto de informações, geralmente dadas por algum farsante considerado mestre, guru, cristo, ascencionado, espírito, deus, extra-terrestre, avatar, buda, etc., onde a pessoa tem apenas pouquíssima experiência baseada em algumas técnicas que dão certo (mas seus ensinadores geralmente não dizem as fontes, mentem sobre elas, e nem dizem a técnica inteira) e nas interpretações do farsante e nas estórias que conta como sendo suas próprias experiências.

Em resumo, metafísica (prefiro chamar assim) é uma ciência que serve como UM meio para quem busca a verdade. Ocultismo é uma ideologia que serve como O meio certeiro de buscar o auto-engano. Quando a pessoa se decepciona num lugar vai a outro e assim vai de escola em escola crendo que foi alguém, um enganador ou malvado ou sacana, ou uma idéia errada ou mentirosa, pela qual se deixou levar, e vai a procura de outros do mesmo tipo, nunca questionando o sistema. O que está errado é o sistema.

Mas não podemos culpar o sistema, afinal, a pessoa não procurava a verdade! Ela buscava só satisfazer seu ego. Ela não pode suportar sequer a verdade mais óbvia que um verdadeiro buscador logo se depara: não tem como alguém saber tudo!

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

AS CIÊNCIAS ANTIGAS NA PRÁTICA - parte 4

A partir da primeira prática, anterior, sem abandoná-la, mas apenas quando já estiver com dias de experiência, você deve avançar a um estado que alguns chamam de auto-observação. É mais ou menos como um cientista observa atentamente o comportamento de seu experimento ou de uma espécie que está estudando. Só que aqui é a consciência que observa a mente e os outros sentidos, consequentemente tudo que se passa neles, todos os fenômenos e acontecimentos. Sem reação, sem  julgamento, sem análise, contenplativamente, no primeiro momento (pois quem analiza comumente é a mente e a mente não é o observador aqui, é o observado, a consciência é o observador, mas ela também observará o que acontece nela: consciente da consciência, este é o segredo).


Tente primeiro por cinco ou dez minutos. Estar plenamente atento, plenamente consciente. Sem perder a concentração. Difícil? Imagine o dia inteiro. 


Então, você pode a principio escolher uma parte do dia, por exemplo enquanto está em casa, ou no trabalho, ou a caminho de algum lugar, é mais facil quando se está andando sem nada nem ninguém que interrompa a concentração. 


Com um ano ou dois, tudo será objeto da atenção e nada poderá tirar a concentração porque será objeto da concontração. Mas a lembrança da prática e a excelência dela pode não ter melhorado, ou até piorado. Porque ela é uma trabalho da consciência, tem que ser feito conscientemente. A princípio a mente vai cansar, é porque estarás fazendo errado: a mente sendo o observador. Mas mesmo quando já distiguir bem quando é a mente que está observando de quando é a consciência, ainda a consciência pode "ficar cansada". Na verdade não é, isso é impossível, é porque ainda estará confundindo a consciência com seus conteúdos e capacidades, mas por muitos momentos vais conseguir. Com uns três anos a consciência de tudo será mais clara, a licidez vai aumentar e a percepção de detalhes a que se volte atenção também, mas mais que isso já estará clara a diferença entre essas partes todos (os fenômenos materiais, os sentidos, a mente, os fenômenos mentais, a consciência e os conteúdos desta). Vai ter momentos de lucidez e até de extrema lucidez. Então você vai perceber que nunca esteve de fato desperto antes e vai querer mais estar acordado e a prática se tornará prazeirosa. Então, agora sim, estará apto a meditação formal...



Continua...


frateriliv@gmail.com





sexta-feira, 11 de setembro de 2020

AS CIÊNCIAS ANTIGAS NA PRÁTICA - parte 3

É preciso nos concentrarmos inicialmente (1) nas práticas (2) que  sejam realizáveis para iniciantes e (3) que produzam resultados efetivos com segurança. Se atenha nesses três princípios se você está começando e você estará mais seguro contra as emboscadas e falsificações. 


Pois, se a prática não for realizável por você de que adiantará? E se ela for realizável, mas não produzir os resultados pelos quais se está praticando, é perda de tempo (e muitos se dedicam a tais tipos de práticas em muitas ordens). Muitos não estão nem treinando, estão perdendo tempo, pensando que estão "meditando". E por último: mesmo que produza resultados, se for por meio arriscado, ou danoso, ou prejudicial (e uns pensam insensatamente que vale a pena), não vai adiantar, porque não progride aos mais elevados estágios de penetração, ao contrário dos meios corretos, afasta dos efeitos e estados sutis cada vez mais e leva a imitações grotescas dos resultados reais, falsificações.  


Se você decide praticar, não vai adiantar sentar numa sala com várias praticantes uma vez por semana por meia ou uma hora ou seja que tempo for, novamente está perdendo tempo. Mesmo que atinja bons sentimentos e alguma paz, isso não é nada comparado ao que você realmente deve atigir; pense nas dores, cãibras e demais incômodos que vai ter, além das lutas internas que não deveria ter! Se você decide que vai praticar, as práticas são uma constante,  elas devem ser feitas diariamente. 


O assunto não é brincadeira, muitos dizem que meditar não tem como ser perigoso, mas o fato é que a depender do que se esteja chamando de "meditar" e do tipo de prática e intensidade, pode ser muito perigoso; para algumas pessoas em especial, algumas práticas podem ser tremendamente perigosas. É muito pessoal e depende muito do tipo de "meditação"...


Há dois tipos bem distintos de grupos de práticas que são chamadas meditativas, as contemplativas e as reflexivas. No geral as primeiras predominavam no oriente, são as práticas de concentração, passivas; enquanto as dos segundo tipo são as analíticas, ativas. Freud descrve bem quando o paciente está numa atitude mental ou noutra, entre as características na primeira ele tem a face relaxada e no segundo há contrações especialmente no entrecenho. Isso ilustra bem o que ocorre em cada tipo quanto ao esforço, físico e mental, atividade ou não. 


Um grande erro de quase todos os iniciantes e da maioria dos tais professores de meditação é o esforço ou ensinar a se esforçar (e alguns ainda dizendo que não é para se esforçar) quando a meditação é do tipo contemplativa. E a confusão e insistência é em relaxamento quando a meditação é do tipo reflexiva. Aliás é bom que se diga, nada tem a ver com relaxamento, se esse ocorre, e muitas vezes ocorre, é como efeito colateral, não como causa ou pré-requisito. 


Existem também elementos em comum entre esses dois tipos de meditação, apesar da diferença, e ambas podem ser feitas numa só sentada (não vamos entrar nesses detalhes ainda). Mas as diferenças em termos de procedimentos e objetivos são muito grandes. Por isso é melhor dizer que as duas se completam em vez de dizer que uma é correta e a outra errada ou que um é melhor ou mais produtiva ou mais nobre que a outra. Existe uma grande ignorância até da maioria dos praticantes sobre como se realiza um ou outro processo. Isso seria impressionante se não fosse mais impressionante o fato de que as pessoas não costumam pesquisar em diversas fontes diferentes e ler em vez de ouvirem o primeiro careca de fala mansa dar suas "instruções milenares" a respeito e sairem dizendo o que é e até mesmo praticando.


Existem inúmeras práticas diferentes e cada suposto mestre ou guru gosta de inventar a sua própria maneira ou várias e às vezes até dar entrevistas para alguns canais onde dirá como "nós" isso ou aquilo, seja do que se chamem, praticamos a milênios, como se fosse assim tão simples. Mas a verdade é que você precisará praticar muitos modos diferentes desses dois tipos que falei até encontrar um meio confortável e efetivo para você. E isso, cada um, por semanas ou meses, só para testar ou se familiarizar com eles. Portanto a meditação formal não tem outra maneira de ser feita senão diariamente, se não quer perder tempo, é claro. 


E não existe reflexão que não precise de concentração, nem concentração que não precise em algum momento de reflexão, de análise. Como você poderia ler um livro e entender o que está escrito sem concentração e reflexão? Do mesmo modo é o que se tem chamado de meditação: você não realiza as etapas do processo nem chega a seu fim se não for treinado nas duas capacidades.


Ha práticas avançadas que só os muito experientes conseguem treinar (não é nem realizar ainda em muitos casos). Algumas podem ser até fatais se feitas por inexperientes. Mas é claro que não se fala muito nisso, nem se divulga essas práticas por isso mesmo...


Como é na prática


Porém, se você sentar todos os dias um tempo e se dedicar plenamente à meditação (o que se chama meditação formal é isso) você ainda não vai conseguir ir muito além de uma luta com sua própria mente ou descobrir que ela é bem mais ativa e independente de você do que jamais teria imaginado.


Para ter sucesso em qualquer tipo de meditação o segredo é que tem que meditar o dia inteiro sem parar. Sim. Isto mesmo. 


Mas é assim: você precisa estar atento, consciente, presente, de instante a instante. Isto é meditar o tempo todo. Mas não pense que é fácil. Também não pense que é dificil. Tudo que tem a fazer é permanecer atento de momento a momento, consciente de tudo, interiormente e exteriormente, mas especialmente ao que se passa nos sentidos, na mente e na consciência. Consciente da mente e dos fenômenos mentais, e finalmente consciente da consciência e de tudo que se passa nela. Quem deve estar consciente? A consciência, ela é o observador. E de que deve estar consciente? De tudo que se passa nela, os objetos da consciência: a mente e os objetos mentais, tudo que passa pelos sentidos e os fenômenos mentais, dentro da mente, imagens, sons e todas as demais sensações, sentimentos, lembranças, pensamentos, desejos, planos, imaginações, posturas, ações, decisões... tudo.


Esta prática não é simplesmente um exercício, ela já é a realização: a plena atenção e a plena consciência. Ela não pode ser treinada, automatizada, porque ela não é feita pela mente, não se condiciona, não se mecaniza (porque é da consciência) pelo contrário, você precisa lembrar a todo instante de permanecer nesse estado, que é chamado vigilância ou atenção plena. Tem que lembar de estar atento. Tanto que alguns estudiosos dessa prática a chamaram de lembrança ou recordacão de si mesmo. Mas não é bem adequado esse nome porque não é exatamente um si mesmo o que é lembrado e sim uma observação constante a ser executada e lembrada, a ação e a vontade de estar atento e consciente. Outros chamam vigilância porque você precisa estar em vigilância constante para não perder a atenção, pois sua mente vai divagar e se distrair, ela tem sua mecanicidade condicionada por longos anos, e você tem que voltar à consciência de novo e de novo. Nós chamamos de despertar ou acordar porque a mente sempre vai voltar ao estado de distração, sono e "sonho acordado", se você não voltar instante a instante à atenção. Você precisa despertar a consciência para que não seja esquecida, levada pelos devaneios, distraída e perdida de seu foco, estar consciente da consciência.


Continua...


frateriliv@gmail.com

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Primeiro Livro do Corpus Hermeticum Comentado -parte 1

 POIMANDRES (OU PIMANDRO)

[Meus comentários têm que ser poucos, estarão sempre entre colchetes comos estes]


Parágrafo 1°


Um dia, em que comecei a refletir acerca dos seres 1, 

e meu pensamento deixou-se planar nas alturas 2 

enquanto meus sentidos corporais estavam como que atados, como acontece àqueles atingidos por um sono pesado pelo excesso de alimentação ou de uma grande fatiga corporal 3,

pareceu que se me delineava um ser de um talhe imenso,

além de toda medida definível 4, 

que me chamou pelo meu nome e disse: "Que desejas ouvir e ver, e pelo pensamento aprender a conhecer?"


[1.1. "comecei a refletir": meditar, analizar com profundidade, raciocinar com profundade, contemplar profundamente, evidenciar conscientemente, também tem como sinônimos, além desses, pensar, ponderar, raciocinar, matutar, ruminar, cogitar, considerar, atentar, reflexionar. O que Hermes denomina refletir, é o mesmo que meditar, mas não no sentido como uns querem dizer, que seja calar, silenciar, esvaziar, aquietar a mente. A meditação hermética consiste mais no tipo de reflexão profunda e axaustiva (se a mente calar ou silenciar será pelo cansaço, como se demonstra) que é mais raro de ser encontrado, exceto entre alguns filósofos antigos, gregos, hebreus, entre outros e nas escolas rinzai zen e antiga dhyana; consiste também em algo similar à meditação analítica de algumas escolas, como na pitagórica, ou mesmo em algumas psicanalíticas, mas a difrença principal é que importa, para o bom efeito, sobre o que se medita. Os temas têm que ser profundos, essenciais, fundamentais, só quem reflete longamente sobre temas fundamentais da existência pode atingir uma experiência profunda como essa, descrita a depender do grau de profundande ou da cultura como arrebatamento, visão, satori, dhyana, iluminação, etc.

[1.2. Neste caso o assunto foi "os seres". Refletir sobre o que são os seres o levou a uma experiência profunda. Mas não é simplesmente pensar nos seres como seres biológicos, ou existentes, ou conscientes, mas na essência profunda do que é "ser" e do que é na verdade "um ser" e "os seres". O que é ser? O que é existir? Os seres existem? A existência é? Ser é o mesmo que existir ou são duas coisas diferentes? Como podem existir "seres"? Você ja8 dedicou quanto tempo em sua vida a essa reflexão?

[1.3. Então seu pensamento se elevou, às alturas, ele não baixou, não se perdeu em temas rasos, mas em um assunto elevado se aproximando assim das altitudes, tanto que os sentidos já não eram mais o foco de sua consciência nem obstáculo, estavam como que atados, paralizados, a visão via o que estava na mente e não mais a mente via o que mstrava a visão, a audição ouvia o som de onde a mente estava e não ouvia o som de onde a audiçao estava, etc.. Isto é um arrebatamento dos sentidos. 

1.4. Algo, alguém fora de toda medida, fora de toda dimensão e de toda definição. Que lhe falou e perguntou, pessoalmente, pois é pessoal, não é uma energia, uma força, um campo, uma dimensão, é uma pessoa, uma consciência. Aprendamos com os detalhes, porque são muitos, bem mais do que os que descrevo aqui. 

Só com plena atenção a cada palavra e cada sentido. Aqui trataremos do mais essencial

domingo, 6 de setembro de 2020

SEGREDOS DA ORDEM - Sobre a Via Pisti - parte 1

Os processos gerais e sua relação específica na Via Pisti


Os grandes segredos da ordem nunca foram segredos no sentido de serem secretos, mas sim no sentido de serem alavancas, ferramentas especiais, "o segredo de" (como nas frases "o segredo de nunca chegar atrasado é se programar para chegar antes" ou "o segredo para ter ossos saudáveis é o consumo de vegetais ricos em cálcio e magnésio e tomar sol suficiente todos os dias" ou "o segredo da boa leitura de partituras é praticar todos os dias por pelo menos uma hora" ou ainda, desfazendo o misticismo, "segredo da meditação (concentração) profunda é abandonar todo apego e aversão a tudo desse mundo e ter atenção vigilante contínua por tempo suficiente (em qualquer que seja o objeto de foco, sim, é só isso mesmo) e então  dirigir essa concentração para o assunto que se quer investigar. Veja que são frases bem específicas e suficientemente detalhadas para que a pessoa interessada realize todo o procedimento necessário para atingir os objetivo. Assim também são os segredos de nossa ordem: instruções detalhadas e práticas para alcançar seus objetvos.


Todos os "segredos" da ordem que não são aquilo que os estudantes tem que descobrir por si mesmos e comunicar em avaliação (por isso mesmo é segredo, pois se souber o que tem que descobrir não "descobre", mas apreende, imita, simula e até pode mentir descrevendo como se tivesse alcançado por si mesmo, assim quando descrever exatamente o que esperávamos que acontecesse sem que a pessoa saiba podemos estar certos que realmente atingiu, viu, experiementou por si mesmo) são chamados segredos apenas nesse sentido: o meio mais fácil e ou mais correto de realizar algo muito difícil. Uns brincam "o maior segredo é que não há segredo algum". Outra razão por algumas escolas ou ordens de nossa ordem serem chamadas por uns de secretas é porque é uma fraternidade anônima, a identidade dos participantes não é exposta nem mesmo de um lugar a outros, são trabalhadores anônimos, pois se garante que nenhum esteja fazendo o bem para glória pessoal e sim em humildade, compreensão, espontaneidade, sem esperar absolutamente nada nem qualquer reconhecimento no mundo.


O Segredo das Realizações Pessoais


A ordem tem três realizações obrigatórias de cada nível, entre as outras são de cada grau, estas são os "segredos" da ordem. Começarei falando desses. 


Agora, depois de mais de sete anos que assumi a coordenação da ordem e que institui a porta de entrada para ela (a fraternidade que estou aqui dando a conhecer, a F.I.T.O.), tenho autorização para revelar tudo que quiser, tudo que achar conveniente para este momento, até porque nada esteve em nenhum momento oculto. Mas se eu fosse destinado a revelar tudo, com certeza passaria toda a vida humana revelando, escrevendo e dando palestras e ainda assim não teria descrito todos os detalhes da verdade. Nós passaremos a eternidade conhecendo toda a verdade, por isso temos este anseio, esta sede e esta satisfação no que fazemos.


1° Processo


No primeiro nível iniciático o segredo é o da realização dos conhecimentos e principalmente do conhecimento direto, é o despertar para a verdade, para o fato de existe verdade e que esta pode ser conhecida e existem maneiras corretas, seguras e garantidas de conhecer. 


O segredo para esta realização é simultaneamente (a) o despertar da consciência, isto é, da lucidez em todas sua potência, de clareza e compreensão (moral e intelectual) e de todas as capacidades, normalmente adormecidas ou amortecidas, em todo seu poder de visão e dicernimento (lógico, empírico e metafísico); (b) alcançar a consciência nessas realidades das visões fundamentais, para perceber e entender a verdade e (c) perceber, entender e compreender que: os fenômenos, a matéria e a existência ocorem na consciência e não o contrário (a consciência como um fenômeno que ocorreria supostamente na matéria), está e a mudança  fundamental para conhecer a verdade sobre tudo e sobre qualquer coisa, não basta entender isso, não basta crer, não basta compreender profundamente, é preciso também perceber diretamente. 


Para isso precisa de certos conhecimentos prévios comuns também, informações, as quais deverá relacionar por si mesmo e perceber o que está mais além de tudo que é dito. Mas mais ainda precisa de certas experiências até ver a realidade, que não estava suficientemente acordado, consciente antes, e que estava, na maior parte do tempo pelo menos, inconsciente, pensando, sentindo, falando, acreditando, querendo e agindo mecanicamente, condicionado.


Então a partir dessa capacidade consciente evidenciada empiricamente aprendemos modos de conhecer com plena certeza,  comprovando pelo raciocínio lógico, análise dos conhecimentos e provas experimentais, e a buscar as verdades mais fundamentais da existência, e todas as verdades que quisermos comprovar, e finalmente a verdade completa, absoluta, a verdade da vida, de tudo, o significado de tudo. Até perceber que tudo é significado, e que existem propósitos.


Assim a consciência é a ferramenta fundamental, que, devidamente despertada, levará à  realização  dos outros níveis. Sem estar em plena consciência nenhum conhecimento pode ser validado, todos podem ser refutados, derrubados, postos em dúvida ou completo descrédito; não há nenhum conhecimento seguro nem qualquer realização duradoura sem um mínimo de despertar além desse normal. A consciência é o verdadeiro ser, a testemunha, o conhecedor. Todo e qualquer conhecimento só existe na consciência, se a consciência é diminuta, limitada, o seu ser, o seu real e a sua realidade também são diminutos, limitados, e seu conhecimento totalmente limitado, volúvel, e em grande parte totalmente ilusório. 


Despertar não é compreender causas mecânicas, ações políticas, visões psicológicas ou sociais, etc., tudo isso é apenas dormir, sono mais profundo, estar mais preso; despertar é ver por si mesmo, sem necessidade de nenhuma palavra, nenhuma explicação (embora estas sempre possam fluir por vezes), os fenômenos e toda a existência como realmente é, fenômenos na consciência, regidos por certas leis completamente inflexíveis, mas que podem ser conhecidas e usadas em favor de nosso despertar. Não tem nada a ver com matéria, energias, espiritualismo, economia, sociedade, psicologia, ações humanas, leis da física ou da sociedade, poderes naturais ou sobrenaturais... Tem a ver com reconhecer, relembrar, restaurar, ver e ser, estar consciente apenas, e estar consciente de.


Entre outras coisas, para passar ao próximo nível ou segundo processo, a pessoa precisa descobrir por si mesma a origem de tudo, e que tudo tem uma origem, claro, e como essa origem de tudo só pode ser onisciente (não existe como ser de outra maneira (tudo só pode "existir" na consciência, como tudo existe, há uma consciência de tudo, falando de modo bem simplificado)). Sem perceber isso ela não alcança o fim eterno, a verdade eterna, no máximo algumas realidades temporais. 


Nilton passou quase toda a vida estudando e escrevendo sobre teologia, alquimia, metafísica, principalmente sobre Deus; suas descobertas científicas são uma parte muito pequena de seus escritos, e elas são tão grandiosas para a ciência que constituem base para toda ciência até hoje. Mas ele só as descobriu por causa de seu estudo, completo, elas são praticamente só um efeito colateral em seus estudos e pesquisas da busca sobre a verdade de Deus. A outra parte de seus escritos é tão indescritível e incompreensível em matéria de ciência comum (é metafísica) que foi praticamente esquecida pela história e totalmente descaratada como ciência, só permaneceu em parte em certas ordens (não por ser segredo, mas porque estas foram as únicas que deram a devida importância e guardaram), mas ele alcançou aqueles conhecimentos! Como a maior parte deles é intransmissível, só nos resta conhecer o método pelo qual chegou a eles e praticarmos para também chegaremos por nossa própria experiência a tais conhecimentos. Esse é um exemplo e também uma metáfora do que deve ser o trabalho de uma ordem: não é transmitir simplesmente as descobertas, mas acima de tudo transmitir os métodos para chegarmos a elas por nós mesmos. Isto é expansão da consciência, como chamam uns, é conhecimento real, direto, de primeira mão, não por ouvir dizer, de segunda mão.


Então temos que partir (ao contrario da ciência comum) das origens, após termos conquistado certo nível de consciência. Não é simplesmente um princípio, tem que existir um, mas este é, e só pode comprovadamente ser, um causador Onisciente, não tem como ser de outra maneira, pois a existência não pode surgir da inexistência; e se algo tem existência (e sabemos que existe) tem que haver consciência, pois "existência" só pode ser na consciência, portando cada detalhe do existente é conhecido por uma consciência, se não fosse não existiria. Mas isto não pode ser crido, precisa ser comprovado com certeza para que possa ser afirmado, o estudante tem que comprovar por si mesmo e tem que saber como, cercando por todos os lados todos os fenômenos com provas científicas e matemáticas irrefutáveis disso.


Só que esse detalhe do primeiro nível é um dos detalhes do conhecimento da consciência, e o que faz difícil à realização desse nível não é so esse detalhe, mas o despertar, manter desperto, e dirigir a consciência a esse conhecimento (e outros que levam a esse). Em seguida há que perceber também, como percebemos em nós que na consciência tem que haver uma intencionalidade, nesse princípio origem tem que haver vontade (pois o estático imóvel não tem como nem porque se mover por si mesmo, tem que haver uma causa de movimento como diz Aristóteles entre outros), e toda vontade (diferencie de querer e de desejar aqui) tem um propósito...


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