quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O SISTEMA INICIÁTICO DA ORDEM (parte 3.2)

CLASSIFICAÇÃO GERAL

                Existem ritos puros, originais. E existem também alguns outros mistos ou derivações. Existem também ritos novos ou recém-criados, pois todo aquele que compreende o funcionamento e os elementos efetivos de rituais pode fazê-lo. Não vamos listar todos os ritos e seus elementos, mas os principais dentro de uma classificação organizada e alguns exemplos.
Os ritos podem ser classificados em sete tipos. Estes tipos são nominados segundo suas características, origens ou predominância. Se um rito é misto ele é nomeado pela característica predominante; se ele é misto de um original com adições ou até se é o original e tem adições ou simplificações ele é nomeado segundo sua origem; se ele é criado completamente ou mesmo a partir de um já existente, perdendo este suas características ele será nomeado pelas características e se estas forem muitas, então será pela predominantes, assim temos:              
( 1)    Ritos budistas. Neste estão também inclusos ritos ou elementos de yoga, tantra, zen, teosóficos e do zen-taoísmo.
( 2)    Ritos gnósticos. Se incluem aqui também novamente elementos ou ritos, são estes os zostrianos, herméticos, maçônicos, rosicrucianos, egípcios, budistas , tântricos e yóguicos. Gnosticismo e rosacruz são muito provavelmente os sincretismos mais abrangentes na história das ordens esotéricas.
( 3)    Ritos rosicrucianos. Novamente se incluem gnósticos, hindus, yóguicos, tântricos, maçônicos, herméticos, egípcios, budistas, antroposóficos e zostrianos.
( 4)    Ritos maçônicos. Se incluem os rosicrucianianos, zostrianos, herméticos, gnósticos, yóguicos, egípcios, hindus e budistas.
( 5)    Ritos herméticos que incluem egípcios e gnósticos.  Colocamos claramente que a alquimia tem caráter científico e não ritualístico, porém há rituais que são chamados às vezes de herméticos que contêm símbolos alquímicos. Mas da mesma forma há ritos budistas e tântricos que contem os mesmos e ou outros símbolos alquímicos. Disto pouquíssimos iniciados sabem. Assim podemos falar de símbolos hindus, taoístas e yóguicos (os tântricos) que contem símbolos alquímicos. Assim perceba que nossa escolha não é por simples gosto ou afinidade, tampouco pelo chamado de acaso, mas todos se ligam em três pontos: ciência (alquimia, ocultismo), religião verdadeira (yoga, tantra, gnosis, iluminação) e filantropia (o caminho do bodhisattva, que é a mais nobre das filantropias, do médico e do filantropo mesmo).
( 6)    Ritos egípcios. Estes incluem os herméticos, também os herméticos de origem chinesa. São ritos simbólicos, diga-se de passagem, não ritos politeístas como se pode aparentar, pois nos interessa dessa origem a parte hermética e esotérica, não a popular. Assim como alguns desses ritos tem origem nas pesquisas dos maçons, rosacruzes e gnósticos podemos classificar seus elementos também dentro dessas origens.
( 7)    Ritos do Tao. Veja que não estamos dizendo exatamente ritos taoístas. Este é o caso que não herdamos tais ritos, mas apenas a sabedoria taoísta. Embora esses ritos existam na religião taoísta não nos utilizamos deles, mas dos nossos próprios. Visto que alguns desses vêm da fonte da pesquisa ou do encontro cultural com o zen, podemos classificar seus elementos também como zen.
Os ritos são de origem simbólica, portanto não podemos dizer racionais, porém a base deles todos é de uma razão superior à nossa de tal modo que nós mesmos, quando escrevemos um rito, vamos aos poucos descobrindo seus elementos, desvendando seus efeitos e elementos de efetividade. A mente humana, naquela parte que a psicanálise chamou de inconsciente e nós chamamos de hiper consciente, pode comunicar-se com a mente ordinária através dessa linguagem a depender do processo. Felizmente para nós, e infelizmente para os cientistas acadêmicos, quando vamos falar da realidade de nossa mente por completo, precisamos fazer experimentos também ritualísticos (além dos de meditação profunda e experiências “fora do corpo”), se não toda descoberta estará incompleta e baseada numa fase da mente que mais se auto engana do que verdadeiramente vê alguma coisa.
 Os elementos humanos, é claro, se incluíram nesses ritos longo do tempo e das transmissões. Nossa missão como estudiosos e pesquisadores é recuperá-los ao mais puro e original possível levando em consideração o objetivo e o sucesso efetivo, mas também interferir com os elementos de nossa análise segundo nossas necessidades e elementos de eficiência. Na tensão desses dois extremos nascem também novos ritos, que são incluídos em alguns desses sete tipos classificatórios.
O ser humano tem feito ritos sempre desde que surgiu no planeta, não degenerar em leituras superficiais do símbolo é um a grande responsabilidade e nessa nos vemos muitas vezes no direito de interferir nos trabalhos de outras ordens quem tem lido erradamente os símbolos ou mesmo interpretado ao pé da letra, ou dando um símbolo diferente quando na verdade ás vezes não se trata nem de um símbolo. Devemos pacificamente tentar corrigir e ensinar, mas também devemos denunciar quando distorcem os símbolos indo contra a liberdade de outros ou fazendo-lhes mal. Ritos são mais perigosos por causa disso até do que por sua ação e poder efetivo. Aqui o segredo pode ser o inimigo da verdade. Os significados têm que ser esclarecidos muitas vezes quando possível. Outros que levam a poderes ou a perigos não devem ser revelados ao profano. Assim se inicia um de cada vez, não existe iniciação coletiva, quanto aos segredos mais avançados.
No mundo têm aparecido diferentes ordens e nós queremos inspirar sempre ordens boas e que surjam ordens boas em uma diversidade cada vez mais abrangente para que o ser humano possa acordar do sua sonolência e curar-se desse desvio no processo da sabedoria...
Diga-me você se não quer ficar curado, sadio e saber a verdade? Todos querem, e merecem saber a verdade (alguns, entretanto, estão tão doentes que não querem mais, e a maioria não sabe e nem concorda que esteja doente), mas incorrem em erros sobre erros, como alguém que tenta limpar um espelho jogando-lhe areia, poeira e diferentes materiais, tendo água a seu lado e nunca sequer imaginando em experimentar jogar água. O humano entrou nesse caminho nessa visão absurda e a fraternidade tem de usar muitos artifícios para convencê-lo a olhar para a água e vê-la como uma substância purificante, limpante. Que então trabalhe, limpe seu espelho, aos poucos, molhe, esfregue-o. É muito difícil, porém, fazer o humano trabalhar, pois ele se ocupa com muitas coisas tolas e desnecessárias, sem falar das tantas ocupações prejudiciais das quais poucos escapam. Se ocupar em ritos (os ritos certos) é como ir aprendendo a molhar as mãos, passar no espelho, um trabalho lento e cumulativo, não é tão milagroso como querem fazer pensar alguns, mas que exige um pouco de assiduidade, ligação, compromisso e entendimento também.
A meditação é o mais importante e nunca pode ser deixada de lado, todos os ritos em seu estado puro e original contêm meditação, ou antes, ou durante, ou várias vezes durante e depois. Mas se a pessoa não medita em sua vida diária ela terá pouco progresso, esparsa de resultados. Tudo é cumulativo e reservatório em matéria de mérito, exercício e esforços. É também um logo e detalhado trabalho de limpeza, cura. Todos devem aprender a ser verdadeiros médicos da psique. Essa é a função da fraternidade e da ordem. Então você limpará aos poucos a vista e então verá por si mesmo, e mesmo quando começa a limpar a visão e vir o que não via já pode aprender a ajudar os outros. Deve estudar, meditar, praticar. O humano sente-se mal, mas acostumou-se a isto. Quando ao longo do processo começa a sentir-se realmente bem pensa consigo mesmo “nunca de fato vivi como estou vivo hoje” ou “eu era, um morto-vivo, um cadáver, um doente e sequer sabia”. A ordem também é medicina neste sentido. Além de filantropia médica do corpo, que os médicos, terapeutas e enfermeiros podem fazer, há esta que todos devem mais cedo ou mais tarde se engajar.
Ritos são também um meio de presentear alguns tipos de mentalidade que não se aproximariam se não fosse desse modo. Desse modo os ritos sempre devem ter elementos de ensino, algo a ensinar, além de inspirar, curar, proteger, limpar...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O SISTEMA INICIÁTICO DA ORDEM (parte 3)

PARTE III: RITUALÍSTICAS INICIÁTICAS MÍNIMAS

Os ritos da nossa ordem são variáveis e de caráter experimental para o estudante sendo a iniciação final de cada etapa fixa.
Ritos são artifícios para alcançar ou catalisar melhor um resultado pretendido. A causa real não é o rito em si, mas algum elemento ou mais comumente uma combinação de elementos ali escondidos do consciente do iniciante (ou mesmo do nosso muitas vezes). O objetivo do rito evidentemente não é descobrir estes elementos, mas se utilizar deles para alcançar o resultado pretendido.
Assim, os elementos efetivos muito dificilmente serão percebidos pelos iniciantes, mas os resultados serão facilmente percebidos, estes são o que interessa, o que pretendemos trazer ao consciente. Este mecanismo por outro lado é a causa de quase toda mistificação e engano com relação à efetividade de rituais, o iniciante atribui, sem saber, a alguma causa mágica, mística ou mesmo tem uma interpretação supersticiosa própria para o efeito;  ainda atribui a todo o rito nos mínimos detalhes aquilo que ele experienciou.
Muitas ordens são formadas de dissidentes de graus primários de outras ordens, que não entendendo o que são rituais atribuem causas mágicas sobrenaturais aos resultados (se é que ocorrem). As leis naturais não são quebradas ou suspensas por um capricho místico de alguns. Nós aqui, antes de tudo, esclarecemos esse ponto, afinal somos científicos e não mistificadores. Depois em algum ponto na carreira iniciática a iniciada será informada sobre os elementos efetivos podendo ela mesma até criar seus próprios ritos. Preferimos ritos tradicionais pelas questões da egrégora e ou da tradição que aumenta a efetividade e nos liga mais facilmente a correntes e manifestações anteriores da fraternidade da Luz. Imagine quantas vezes aquelas palavras, invocações, enfim ritos, já foram ditos, já foram feitos, já povoaram a imaginação de quantas pessoas, quantas já a pronunciaram tantas vezes, isto tem alguma ação...
Sinto muito se isto estraga o sentimento de magia de alguns. Se este for caso e você se sente mal com essa perda, simplesmente esqueça os três últimos parágrafos (isto mesmo, simples assim, não se preocupe, esqueça).
Há também ritos nos primeiros graus que não são de caráter experimental para nós, mas já experimentados e confirmados, sendo abertos ao público por serem considerados bons, que devem ser experimentados pelas estudantes, sendo para elas de caráter experimental, obrigatório à formação prática.
Os ritos da graduação são públicos ou secretos ou contêm alguma parte secreta, exceto os do grau I que são todos totalmente públicos. O rito final da graduação, a iniciação, é secreto, pelas razões que já foram explicadas em vários artigos.
Dos três rituais básicos, o primeiro e o segundo podem inclusive serem assistidos por convidados. Do último só os iniciados e o graduando poderá participar. Além desses três básicos há um quarto também básico que é o ritual rosacruz deste grau, deste podem participar convidados numa parte e outra é secreta (destacando mais uma vez que “secreto” neste caso significa apenas “particular”, do qual participam apenas os ordenados e se forem consecutivas, enquanto se dá essa parte particular os convidados podem permanecer em outro ambiente meditando e ou recebendo uma palestra curta, se não querem devem esperar fora ou irem embora).
Além desses quatro essenciais existem outros pontuais: os opcionais, os experimentais a critério da pesquisa do estudante e os anuais que são os dois equinociais, os dois dos solstícios, o Vesak e o Natal. E há também o sétimo, ou rito 11...
Além dos supracitados, públicos em geral, existem os rituais dos sete graus que podem ser assistidos por qualquer graduado (lembrando que graduado se refere a quem completou pelo menos a graduação, isto é, o 1º Grau composto de III graus, aqui nesta via chamado de torre vigilante) e distribuídos em sequência durante o ano ou repetidos em sequência semanalmente como se queiram durante todo o ano (que inicia em abril). E há também os ritos dos trinta e três graus rosacruzes que podem ocorrer paralelamente a partir da graduação do primeiro grau (ritos dos 33 e ou 95 ou 97 graus).
Existem estas e outras graduações ritualísticas opcionais, não é bom citar seus nomes sem necessidade, por isso a maiorias das ordens utiliza-se de abreviações; para evitar confusões com outras ordens preferimos aqui omitir na maioria das vezes também essas abreviações. Algumas dessas iniciações originalmente não têm graus e nós preferimos restaurá-las a isto, mas podemos utilizar graus. Algumas ordens fundiram certas iniciações a outras ou a graduações. Nós usamos tanto fusões sincréticas quanto as originais sem fusões, mas preferimos não fundir as iniciações a graduações de qualquer tipo (embora possamos também fazer isto), isto por vários motivos. Creio ser um dos principais motivos: não atrelar o progresso da pessoa a rituais ou graus ritualísticos, mas sempre enfatizar o progresso na prática, e ou realização, sempre que isto puder ser comprovado cientificamente.
Não damos importância a rituais por rituais, no sentido comum da palavra, nem acreditamos em sua eficácia milagrosa, os rituais são um mecanismo de ensinar e de impressionar ou imprimir no consciente do indivíduo significados arquetípicos que já estão presentes no seu inconsciente (é uma tentativa eficaz apenas de trazê-los à tona, para o consciente), sem usar necessariamente palavras, mas através de símbolos, encenações e outros artifícios.
A diferença em nossa ordem é que a consciência dos símbolos levará a consciência dos símbolos dos símbolos (isto acontece também em algumas ordens tântricas, herméticas e rosacruzes) e em seguida haverá a descoberta de que tudo é símbolo. Isto é para ser vivenciado não apenas entendido, nisto talvez nossa ordem seja a única. Nós descobrimos que não existem coisas, mas apenas símbolos na natureza. É como o dinheiro, ele é apenas um símbolo, não tem valor em si, mas representativo pelos números e símbolos impressos nele o que proporciona todas as trocas. Ele assim é efetivo e seu valor é uma norma, mesmo sabendo que a cédula em si não é o valor, usamos o dinheiro assim como ele é efetivo, como diz o ditado “só os loucos queimam dinheiro”. Assim é o mundo, a natureza, nossos corpos e conhecimentos. Assim também é tudo ao nosso redor e suas consequências. Tudo está ligado e as relações entre símbolos são uma norma imbatível. Porém assim como fora do país nosso dinheiro pode desde ter mais valor até não ter valor algum, nós descobrimos “lugares” onde os símbolos podem ser lidos de outro modo nos levando a uma gradativa independência das leis e relações forçosas e normais entre eles...
            Assim, nossa descoberta de que tudo é símbolo não é nova, mas as explicações de como é isso e os meios e de chegar a isso podem conter várias novidades. Ritos são formas de representar e manipular conscientemente esses símbolos de uma forma controlada. É como reproduzir a natureza em laboratório de forma controlada em tubos de ensaio, provetas e ambientes hermeticamente isolados. Então não é exagero dizer que alguns ritos podem conter chaves para certas compreensões, percepções ou realizações.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O SISTEMA INICIÁTICO DA ORDEM (parte 2.2) A GRADUAÇÃO INICIÁTICA CIENTÍFICA (parte 2)

ETAPAS UNIVERSAIS E CUMULATIVAS, MAS COM ÊNFASES ESPECÍFICAS

Na primeira etapa há então a predominância da gnose, portanto de Nous, no sentido conhecimento direto e do despertar da consciência; os processos de ver por si mesmo e de conhecer são enfatizados. Na segunda a predominância de thelema no sentido da descoberta da verdadeira vontade e direção da vontade ordinária para o reto caminho e para a purificação essencial ao processo da iluminação verdadeira; o conhecimento da vontade verdadeira, o vontadear e sua realização são enfatizados. E na terceira a predominância de ágape, metta no budismo, em seu aspecto tântrico que não só une os dois processos anteriores como trás as chaves da realização do caminho óctuplo e para a aceleração da caminhada e a visão correta da realidade, não apenas a da realidade última no fim do processo, mas da realidade relativa da vida e de todo o processo, como também o caminho para depois da morte; o reconhecimento e a realização da união amorosa é enfatizada. Só assim pode haver a verdadeira fé que é uma confiança prática, fundamentada e amorosa. Neste último estão unidos os três processos (os dois anteriores não são descartados, mas aperfeiçoados, o processo é cumulativo), na unidade da transformação; é predominantemente “mágico” no sentido que transforma tudo no caminho em caminho, é o estagio do tantra, da alquimia e da transmutação, a união das polaridades na unidade, em tudo, o casamento dos aparentes opostos, as núpcias alquímicas, a complementação ou conexão dos paradoxos, a mandala da transformação de tudo o que é experienciado em caminho e em purificação e enfim em Nirvana.
Uma mudança hoje é necessária em muitas ordens e em certos cursos iniciáticos da nossa ordem para excluir dos graus que podem ter como efeito colateral o desenvolvimento de faculdades e poderes todos aqueles impuros inveterados (aqueles que não querem se transformar), interesseiros, trapaceiros e os fracos: para livrá-los das armadilhas de seus próprios egos, que inebriadas por suas visões equivocadas e contaminadas fatalmente são conduzidos ao erro. Também para evitar que os corretos se desviem ou fiquem fascinados por processos equivocados e luzes atraentes e falsas que não conduzem pelo caminho.
Exemplos de mal uso de poderes desenvolvidos são encontrados ao longo da história. Os mais famosos entre aqueles que usaram a inteligência ou poder desenvolvido de forma errônea em algum momento de suas vidas são Hitler e Napoleão, mas há outros. Hitler era membro de uma ordem fundamentalista cristã e tinha como altos conselheiros membros de uma ordem tibetana de magia negra. Tal ordem tibetana tinha um histórico de que vinha desde centenas de anos usando seus poderes contras os monges e lamas tibetanos. Napoleão era maçom e diz-se que se separou desta com medo de que, por seus métodos poderosos e por sua ideologia liberal, influenciassem a sociedade contra seus planos e sua forma de domínio. Este chegou até mesmo a combater contra a maçonaria. O poder entorpece alguns quando usado, ou rouba energia que seria para o centro da consciência, estamos aqui no corpo, o cérebro influi e limita o comportamento e a inteligência, isto é inegável. Existem outros exemplos, como Milarepa que antes de se tornar um grande mestre, no início de sua carreira esotérica, teve um mestre de uma dessas ordens de magia negra tibetana no intuito de vingar o assassinato de sua família (isto está escrito em sua própria biografia). Fala-se também de Rasputin, do sábio Enoque, alguns faraós e mesmo que Moises teria usado alguns poderes contra seus inimigos e para impressionar e convencer seu povo. Se estes casos mais famosos não deixam dúvida ou se estes outros não passam de boatos não nos cabe garantir, mas sabemos que em todas as ordens mais antigas ou recentes há algum caso de alguém que tenha usado mal o aprendizado da ordem prejudicando a si mesmo, a outros ou mesmo a toada a ordem. Alguns com muito poder preferem não usá-lo.
Sendo o terceiro estágio o mais poderoso é também o mais perigoso e que exige muita responsabilidade e continuidade de propósito, assim certas práticas desses graus da ordem maior que seriam reproduzidos em menor escala nas antecâmaras têm que ser muitas vezes escondidos e deixados para os graus mais superiores onde o candidato já provou o compromisso com o processo do despertar e com o bem do próximo e da humanidade. Àqueles que se interessam ou têm curiosidade sobre tais práticas é simples: perseverem, elas estão no círculo mais esotérico da ordem, a O.I.T.O., disponíveis a todos que são ou se farão dignos de praticá-las.
Mais uma vez ressaltamos que o compromisso com o despertar, como bem do próximo, de si mesmo (os perversos também geralmente são autodestrutivos) e com o bem e o desenvolvimento da humanidade são pré-requisitos indispensáveis para as práticas que resultam em poderes maiores, sejam eles psíquicos ou “físicos”.

SOBRE DIFERENTES NÍVEIS DE TRABALHO E DE ENTENDIMENTO


Em todas as fraternidades de iniciação verdadeiras existem três níveis de trabalho, um nível de ‘perda e ganho’, como já foi explicado, onde se adquirem conhecimentos e habilidades e se perde o grosso da “sujeira”. É a peneira, o nível mundano do trabalho. O próximo nível é o do abandono como explicado, desenvolvimento e esforço supra-humanos, começa-se a se transformar num deva, um deus, um anjo, um “super-homem”, um além-humano, é o caminho supra mundano. O último é o nível do tantra, já se procura agir como se iluminado fora (caso ainda não seja), até a iluminação: transforma-se a si e ao mundo, se está decidido a atingir a libertação.
Existe nesse nível uma outra forma de aceitação, significa aceitar tudo incondicionalmente, aceita ao mundo, ao universo, às pessoas, às leis e a si mesmo, inclusive sua vontade de mudar e sua própria não aceitação, enfim, a tudo tal qual é ou aparenta ser; e transforma essa visão que temos de tudo, que é uma visão impura, em visão de pureza, transformado tudo no próprio Nirvana. Note que nessa aceitação, se aceita também a si mesmo tal qual é, ou seja, com suas buscas, seus objetivos, suas lutas para mudar a si mesmo e ao mundo, seu trabalho, a Grande Obra, as verdades. Esse é o nível hermético (da transformação prescrita por Hermes) estado “pré-búdico” ou búdico (iluminação, despertar, estado de buda).
A essa altura já se deve conhecer a sua vontade e aceitá-la, bem como a sua imposição de cumpri-la. Esse nível é o da realização da mandala: transformar tudo o que é impuro em mandala, em ensinamento; transformar tudo o que é impuro em puro: ver o real poder, a real força (distorcida apenas em nossa visão) que está em todo e qualquer fenômeno. Ver o puro no impuro. Este é o mais difícil, até de explicar. Isto é difícil, pois é preciso ver realmente e o processo para isso pode ser muito complexo e exige muito estudo, experiência e vontade, porém pode ser fácil de realizar para o praticante habilidoso e bem preparado nesse estágio.

A investigação científica do oculto

         O que se chama de oculto é tudo aquilo que escapa da nossa experiência comum e de nossos sentidos ordinários, é também aquilo que escapa de nossa inteligência subdesenvolvida e de nossos hábitos mecânicos cotidianos, portanto tudo que está ou poderá estar presente e escapa, por um motivo ou por outro, de nossa consciência normal.
Nesta ordem estudamos disciplinas, mas não como era no passado, uma por grau. Estudamos como em uma universidade multidisciplinar sistêmica. Toda disciplina tem relação com tudo e com todas as outras, mas o foco em cada uma não só a distingue de outras como determina as habilidades a serem dominadas pelo estudante.
É preciso esclarecer que no processo de graduação existem disciplinas da formação que todos devem cursar, que chamamos de esqueleto básico, e existem muitas especialidades, que chamamos de caminho individual, mas nenhuma delas pode escapar daquilo que condiz com os objetivos elevados da ordem.
As disciplinas por isso tem que passar pelo estudo de nossas aspirações mais elevadas, nas suas várias abordagens, mas de forma científica: a estudante precisa compreender que se trata de fenômenos palpáveis, experimentados e mesmo calculados, não de meras abstrações, hipóteses e teorias ou meras revelações como o assunto é tratado nas religiões e em algumas escolas esotéricas. Não se trata de estudar o misticismo nem o mito (numa acepção de simples conhecimento), mas exatamente de investigar, e mesmo desmistificar e desmitificar o assunto, tratá-lo racional, estatística e experimentalmente. A via científica se encarrega justamente de experimentar, testar e explicar cientificamente os fenômenos. A validade das hipóteses não é tomada pela simples razão, mas através de evidências, de experimentos, de cálculos e provas.
Só que nós somos muito mais criteriosos que qualquer outra ciência porque nós não simplesmente aceitamos a “evidencia dos sentidos” como as outras ciências, nós não acreditamos nos fenômenos porque simplesmente vemos ou calculamos, nós temos que investigar o que nos diz que estamos vendo. Por isso mesmo a investigação, o estudo e a pesquisa da estudante não deixará de passar primeiro de tudo pelo estudo do principal instrumento de investigação, estudo e pesquisa, a saber, a consciência. E ainda há que se educá-la, treiná-la, aguçá-la.
O ser humano pensa que possui uma consciência e até mesmo que esta é o seu “eu”. Mas é curioso chame de seu eu algo que escapa do seu controle e do seu próprio conhecimento. O mais importante manual de instruções não nos é dado nas escolas tradicionais: as instruções sobre nós mesmos, ou melhor, sobre nosso corpo e nossa mente. E nós estudamos justamente isto. E temos atrás de nós inúmeras escolas, e existem muitos estudos anteriores sobre isto.
Quais são as especialidades todas, é um assunto a ser constantemente tratado, revisto e atualizado e depende muito também da especialidade do professor e dos interesses do estudante. Mas o currículo básico do qual nenhum pode fugir é precisamente o que pretendo apresentar.
As disciplinas estudadas poderão ser quase que descritas por seus nomes. Não querendo rotulá-las, mas temos que dar uma noção mais precisa possível nomeando-as de acordo com suas especificidades com termos mais conhecidos externamente.
Os nomes são os grandes e máximos resumos dessas disciplinas, então vejamos exemplos, são tais como: conscienciologia, meditação, yoga, projeciologia, espiritualismo, fenomenismo e fenomenologia, desenvolvimentologia psíquica, psicanalise, ciências cronológicas, cosmologia, astrofísica, metodologia da ciência, epistemologia, eterno retorno, ciências ocultas, eudaemonologia, mentalismo, transpessoalismo, religiões comparadas, cinestesia, tecnologias de comunicação e medições interdimensionais, transcomunicação interestados e interdimensionais, níveis de energia e matéria, platôs de consciência, transformações da matéria, transmutação e transfiguração, alquimia, materialização, fenômenos especiais, telepatia, telecinesia, ufologia, teurgia, alta magia, medicina oculta, fitoterapia, etologia humana, angeologia e estudo dos devas e seus mundos, iluminacionismo, níveis de matéria e energia, energias corporais, vibrações e ondas, ciências naturais, magia natural, tantrismo, alquimia psíquica e sexual, princípios herméticos em nível micro e macro, escatologia pessoal, ontologia das substâncias, natureza e potenciais da mente humana, eletromagnetismo, prana, fótons e corpos de luz, biorritmo, ciências da respiração, medição de energias corporais e mentais, etc.. Estas são apenas exemplos gerais entre mais algumas outras que podem ser estudados em conjuntos específicos ou subdivididos em mais matérias.
Aqui estão algumas que podem ser apresentadas em círculos de curtas apresentações para depois serem aprofundadas em disciplinas extensas. São temas que não podem faltar em nossos estudos: namarupa e suas subdivisões; abordagens sobre a mente; kibalyon, os princípios herméticos; abordagens sobre a morte; a universalidade dos mitos; abordagens sobre a consciência; materialismo e mentalismo como verdades simultâneas; sensacionalismo; patologia; psicopatologia humana; originação interdependente; karma; as tradições orientais através dos livros sagrados, através das tradições e através das escolas; os sete fundamentos do samadi (sata bojjhanga); samatha-vipasana; a destruição das impurezas; paradoxismo e simultaneidade; o tantra e a união com as divindades; diferentes acepções de consciência; experiência do infinito e do nada; experiência de além da nem percepção nem não-percepção, etc..
Nelas não só abordaremos os temas do paragrafo anterior, mas os trataremos de forma prática e experimental; estes e muitos outros temas de extrema importância para nossa vida, posso apenas nomear alguns exemplos para ilustrar: a Lei e as leis; regressão, renascimento e karma; reinos da existência; as leis e os triângulos da originação; sobre todo símbolo (sete significados e “tudo é símbolo”); desdobramento astral e mental; neoantropologia; políticas para a liberdade universal e natural do indivíduo; economia futurística; eco economia; economia da natureza e do corpo humano; agroecologia; arqueologia dos símbolos e livros sagrados; antropologia da ciência; viagens longas através do psicossoma; biologia eletrônica e ecologia eletrônica; etc.. Mas não vou muito adiante, pois estes daqui já podem parecer loucura demais para a maioria e não devemos falar muito sobre aquilo que não podemos demonstrar. Por isso nossas disciplinas são práticas, assim o aprendiz conseguirá realizar experimentos que comprovarão sobre tais temas. Lembremos que num passado não muito distante pareceria loucura falar de telefone, celular, televisão, aviões, viagem ao espaço, à Lua e a outros planetas, e todos os avanços da nossa tecnologia. Do mesmo modo se falássemos para médicos de poucos anos atrás sobre um transplante de cabeça pareceria impossível e loucura, mas por esse ano já foi anunciado um transplante de cabeça bem sucedido. Quem quiser pode imaginar seus próprios exemplos dos que estamos dizendo. Hoje a ciência endossa os benefícios da meditação e comprova as modificações no cérebro como resultados dela. O que propomos não é muito diferente disso. Acontece que não usamos sequer a décima parte do potencial de nosso cérebro. Vamos também aprender isso, mas não só aprender sobre isso, temos técnicas poderosas que vão alterar as estruturas cerebrais também criando novas capacidades. Capacidades estas que se forem comparadas ao nosso normal e comuns pareceriam mais com superpoderes. Além disso, uma inteligência objetiva e superdesenvolvida pode aos poucos ser alcançada apenas com alguns exercícios e meditação. Apenas pelo perigo das consequências disto, se mal utilizados, é que alguns permanecem em segredo. Assim nosso curso é também um compromisso com a humanidade e com esses segredos.
Porém ao contrário de estudar estas matérias como disciplinas isolados desde o princípio ou como cadeias separadas, primeiro vemos tudo num grande todo inter-relacionado, para em seguida estudá-las em profundidade separadamente, mas não sem interconectividade, segundo a vontade e ou aptidão de cada um. Então enfim reunimos tudo novamente com equipes, de agora especialistas, em constante troca de informações, descobertas e invenções, para os objetivos da ordem, para o bem de todos e para o progresso da humanidade.
Como exemplo dessa relação podemos dizer, por exemplo, que estudamos astrofísica, filosofia oriental, projeciologia e os arquétipos no tarot. Aí estão quatro disciplinas que aparentemente não tem a ver uma com a outra. Mas não é verdade: o estudante de projeciologia precisa dominar alguns conceitos de física se quer entender o processo que envolve a matéria, a energia e a mente, ao aparentemente sair do próprio corpo e entrar em contato com outra realidade ou mesmo explorar outros planetas. Ele precisara raciocinar de modo científico e filosófico para isso, ele precisa elaborar experimentos racionalmente e testá-lo e nas escolas orientais ele encontrará uma gama de informações sobre experiências, teorias e explicações de pessoas e escolas que já realizaram isto antes dele. E ele pode ter alguma ajuda na escolha dos procedimentos baseado em raciocínios ou ideias novas surgida na leitura e associações de símbolos arquetípicos de um dado jogo do tarot, relacionados com sua própria psique, aptidões e facilidades. O estudante de física pode fazer o mesmo com todo o resto, e se domina a projeção, pode utilizá-la para penetrar um material denso, visitar um local distante, e ter pelo menos uma ideia de como é aquele material, ou em nível micro como se arrumam seus átomos ou investigar experiências psicofísicas, etc. através da numerologia do tarot ou mesmo de seus símbolos ele pode calcular propriedades de alguma substância ou prever as possibilidades de desenvolvimento de um experimento, embora não com toda exatidão de cálculos completos, mas pelo menos de modo estimado. Mesmo num exemplo rápido e não detalhado como esse podemos imaginar o quando o dialogo entre especialidades diferentes, neste caso, pode ser bem mais produtivo do que um dialogo entre pessoas de uma especialidade isolada.
Este método tríplice, de nossa academia, para educação e especialização, transversal e totalmente inter-relacionada entre seus participantes, é o melhor para os novos tempos e gerações atuais. Ele evita a informação fragmentada e a segregação dos estudantes por especialidades, além de otimizar o processo de aprendizado, de experiências pessoais e conhecimentos adquiridos de todas as áreas sem perder o foco nem o aprofundamento no seu campo de preferência.