sexta-feira, 21 de agosto de 2015

NA MEDITAÇÃO ANDANDO

(2013)
Quanto mais eu olho mais eu vejo
Há sempre mais detalhes
E cada vez mais aparecem
É infinito em qualquer coisa
Esse é um espaço infinito

E qualquer coisa que surja
Grande ou pequena
Cada detalhe e cada informação
Qualquer coisa que se imagine
Que se sinta, que possa aparecer
Cabe na consciência
Tudo que há que houve e que haverá
Ela pode receber, ela aceita, nela cabe
Isto é uma consciência infinita

Cada coisa que olho, tudo que vejo
Já não é mais o mesmo
Há cada momento há algo novo
A cada instante tudo se transformou
E quanto mais eu olho mais se transforma
E quanto mais tempo passo sem olhar
Mais diferenças vejo depois
Nunca posso registrar tudo
Nem ver tudo nem reter tudo
Sempre há algo novo aparecendo
Algo se transformando, algo sumindo
Isto é impermanência
Isto é insubstancialidade (não-eu)
Tudo isso é cansativo e enfadonho
Se mostra aqui uma sede, sempre insatisfeita
Há sempre um querer outra coisa, um algo mais
Há sempre alguma coisa faltando, uma incompletude
Isto é insatisfatoriedade



quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O MACRO E O MICRO: A CONSCIÊNCIA UNIVERSAL OU O UNIVERSO DA CONSCIÊNCIA?

Por Frater D.H.A.A. (como parte trabalho de Antonio Fernando Gonzaga apresentado à ordem para consecução do grau iniciático O.I.T.O. e do nome D.H.A.A.)
O universo, quando chega ao fim, finda o tempo, isto é, acaba o tempo, termina-o, deixa de haver tempo. É o instante zero do tempo. Quando o universo expande novamente a partir desse instante zero e alcança o máximo de sua expansão, este não é um instante zero, não finda o tempo, nem retroage, o tempo continua, um pouco diferente, mas o universo contrai.
A expansão de cada partícula do universo se dá em curva, por isso há choques, aglomerações, “vazios”, etc.. No fim, no ponto máximo de expansão, não se forma uma trajetória de ângulo agudo, mas uma curva circular. Os corpos continuam sua trajetória curvilínea relativamente igual ou mais fechada que antes conforme a sua massa, a distância de outros corpos e sua interação gravitacional ou força de atração das partículas. Além disso, há a força gravitacional que agora o universo possui em direção ao seu centro, não entraremos em detalhes sobre estas forças agora, isto é só uma visão geral.
Isto acontece por haver uma consciência que dá base esse acontecimento. É a consciência dos Budas. Que na realidade é a nossa consciência também. A base disso é a consciência Adi-Buddha ou como chamam outros Brahman (note o “n” no final), o Uno, a consciência pura, etc.. Porém os Budas permanecem conscientes da consciência no fim e nós não. Nós apagamos. Surge (ressurge na verdade) então a primeira consciência não búdica no novo universo. É a consciência chamada Brahma ou Maha-Brahma. Depois consciências mais desenvolvidas que as nossas e menos desenvolvidas que as de Brahma ressurgem. E assim sucessivamente. De nível em nível para baixo até os estados mais baixos através de vários processos.
                Por exemplo, é dito que o processo que leva ao surgimento dos humanos é a degeneração de alguns devas, os chamados por outros de anjos caídos por alguns. Os que se purificam novamente voltam ao estado original, e podem ascender ou retornar ao ser humano, ou mesmo despertarem. Mas a maioria continua o processo degenerativo, renascendo como humano ou degenerando mais ainda e renascendo como animais, como fantasmas ou como seres inferiores ainda, até os chamados seres infernais. É triste, mas tenho que informar que é assim, pois se não houver esforço para melhorar a degeneração é o processo natural e não o contrário. Tudo no universo natural tem seu ciclo, que se parece com nossos corpos: nasce, expande, desenvolve, reproduz, degenera, envelhece e morre. Olhe tudo ao seu redor se não é assim. Todo o universo também é assim. Do um há expansão, divisão, fusão e unificação até de novo expansão e tudo de novo e de novo. Você quer viver? Então terá que suportar o nascer, crescer, desenvolver, decair, a decrepitude e a morte, o esquecimento e tudo de novo e de novo. Mas se abandonar sua vida por amor ao Cristo ganhá-la-á por toda eternidade. O Cristo é desenvolver-se com o fim de ser um Bodhisatva para o bem de muitos.
Mas o que realmente importa para nos é o processo de “regressão”, de retorno ao estado original e quiçá o despertar, a libertação, chamada no ocidente de iluminação. Isto para o benefício de muitos, pois este é o rolar do universo em suas voltas e voltas, sem fim, sem começo e sem fim, não há razão porque tentarmos nos libertar apenas para nosso próprio benefício, isto alongaria tremendamente o processo, como podemos querer ser felizes sozinhos e não ligar para os outros “queimando” no universo “em chamas”? Então os Budas surgem no mundo. A partir de algum plano de existência, para o bem de muitos. A consciência búdica então é nossa salvação. É nela que permanecemos, é nela que existimos. Até nos tornarmos unos com ela. Até nos tornarmos Budas. Na consciência compassiva dos Budas está a recordação de todos os seres, a consciência de todos os seres.          
Um Buda que renasce espontaneamente para nos ensinar é um Bodhisatva, um Cristo. Alguém em algum nível de existência pode chegar também em vida a esse nível e se tornar um Bodhisatva, um Cristo. Nós mesmos podemos fazer um voto de nos tornarmos Bodhisavas para o bem de muitos, o que nos inclui obviamente. Isto é uma grande motivação e ajudará no processo do despertar. Isto é a grande compaixão e ou uma grande motivação, querer se tornar um Bodhisava para o bem de muitos.
Talvez todo esse processo seja difícil de imaginar ou entender. Por isso tento explicar de uma forma tão simples. Pode até parecer simplório. Mas existem muitos processos e subprocessos envolvidos. O ponto de vista mais simples, no meu humilde entender, é observar esse processo, o da consciência, que a o da nossa perspectiva real. Mas temos que lembrar que existem dois tipos de consciência aqui, a real, a una, a búdica, que contém todas as outras e as consciências relativas, não despertas, individuais e do outro lado a consciência relativa, individual, ilusória, iludida, mutável que pode crescer ou decrescer em sua delusão. O que não existe é uma consciência coletiva, a não ser como um eufemismo para o comportamento instintivo da espécie humana um pouco e lentamente influenciada por seus condicionamentos. O que existe é a consciência una. Mas como essa consciência muitas vezes animou seres individuais, ela simplesmente não pode sumir com esse conteúdo, essa consciência do seu individual continua na consciência una, porém com acesso infinito, à vontade, na consciência una, a qualquer conteúdo, de qualquer consciência até do todo, mas isto apenas quando desperta. Porém, mesmo tendo despertado ainda há um longo percurso de acesso da consciência individual ao todo. No inicio esse processo de dá por partes, o novo desperto, sabe apenas o que investiga com sua consciência; depois ele intui tudo que precisa, além do que quer, saber; depois ele conhece todo o seu próprio percurso; e depois ele se reconhece por amostragem sendo todos os seres; depois ele se reconhece de fato sendo todo e todos os serres; depois ele reconhece de fato e por si mesmo que não há ser algum; depois ele reconhece de fato o todo e a unidade, da multiplicidade. Isso não necessariamente nessa sequência.
Todo é um. Tudo está iluminado. Todos os seres são de fato a mesma única consciência e todos os seres são um só e ao mesmo tempo são muitos; todos os seres são puros e ao mesmo tempo se vêm cheios de impurezas (embora às vezes não reconheçam estas como sendo impurezas) e necessitam da compaixão dos mais acordados para que consigam perceber isso, ou, muito esforço e orientação até reconhecer isso. Todos os seres já foram nossas mães e nossas filhas. Todos os seres de fato são amáveis e belos e merecem a felicidade, então precisamos ajudar a despertá-los para que saiam dessa ilusão, desta personalidade corrompida que pensam ser sua ou seu próprio eu. Isto é falso, é sujo, é erro, é uma miragem, um sonho, uma ilusão, uma imagem deturpada; o ego, o eu, a personalidade, são isso, ilusão. Os mais despertos vêm nossas inteligência e emoções como vemos as dos nossos bichinhos de estimação. Porém, diferentes de nós que não vemos a consciência dos animais como uma consciência aprisionada num corpo e mundo de sonhos, eles vêm a aflição de nossa consciência presa e querem nos libertar da prisão de nossas ilusões que não permitem sequer o contato com eles.
Todos nós seremos Budas ou Bodhisavas, pois estes já os são, mas o caminho até lá é tão longo e cheio de sofrimentos, esquecimento, degeneração e mortes, dores, que não vale a pena apenas cultuar essa consciência una (Buda ou Deus ou o Tao ou como queiram chamar ou pensem que seja), buscando o paraíso como se esse fosse uma salvação, pois o paraíso também acaba um dia, o único eterno de fato, imortal, seguro, sem sofrimentos sem morte é se tornar um Buda, ou um Bodhisatva.
Nós temos sim que cultuar esses seres e assim mais facilmente nos ligarmos a essa consciência sempre consciente, mas também temos que buscar a purificação dos obstáculos e as transformações pessoais que nos permitirão acessar essa realidade em nós mesmos, essa consciência búdica que também já está presente em  nós, obviamente. Nós temos que fazer por onde despertar. Acessar mais e mais a consciência clara e pura, completa. Ela é naturalmente( (esta é sua característica) luminosa e compassiva.