quarta-feira, 28 de outubro de 2020

A Chave da Alquimia Espiritual - parte 2

 Entender é diferente de compreender, saber é diferente sabedoria, opinião é diferente de filosofia... enfim, existem muitas diferenças, tão claras como essas ou bem mais sutis. Ler não é simplesmente decodificar a soma e o som de letras. Ler nunca foi isso! Ler é perceber os significados das sentenças e suas relações, o encadeamento de idéia de uma frase, um texto, um livro... Assim também, ler o Librum Naturae não é apenas decodificar fatos isolados, é saber o significado dos mesmos e suas relações, o encadeamento dos significados de um fato e de outros relacionados e de todos os fatos passados e presentes e das possibilidades futuras que se fecham de instante a instante. 

Isto pode parecer uma espécie de paranoia ou loucura para o que está de fora, ou para quem não faz a mínima idéia do que estou falando. Então veja novamente e agora na prática um exemplo do que pode ser ler e de quantos níveis de compreensão você pode alcançar na leitura do parágrafo anterior. Será que estás realmente lendo as frases? Será que realmente estás lendo o que estou a escrever? Assim também é com os fenômenos...

À soma de todos os fenômenos uns chamam mundo, outros, universo, outros, fatos, ou acontecimentos... Por melhor que sejam estas palavras para descrever, são ainda definições limitantes e limitadas. A soma de todos os fenômenos passados, presentes, futuros e eternos podemos estender ao dizer que também fazem parte do Librum Naturae (quando falamos de todas as naturezas também, pois não há só uma).

Ler é a primeira coisa que o alquimista faz, mas uma das últimas coisas que vai aprender. Medite sobre esse aparente paradoxo bem compreensível. E poderemos avancar para um segundo ponto sobre as teorias.

Em outra publicação já tratei da questão do significado do lema Ex Deo Nascimur, In Christo Morimur, Per Spiritum Sanctum Reviviscimus. Mas Ora et Labora também tem a ver com o aspecto da teoria e dos métodos (gnósticos, cristãos, herméticos, alquimícos, filosóficos...). 

Primeiro que o conhecimento dos sentidos e da mente pode ser enganoso, além de sempre incompletos, não que isso seja bom ou ruim nem um obstáculo ao conhecimento verdadeiro (a não ser para quem os toma como concretos e completos), são, quanto mais se avança para o interior e subjetivo, mais sujeito a equívocos, delirios, alucinações, projeções, fantasias, etc., que podem, e geralmente acontece a muitos, em algum momento serem tomados pelo investigador como realidades e até de carater superior ao que pode ser compartilhado. Isso não é nada incomum.

Um conhecimento seguro, como o matemático e o geométrico, por exemplo, só pode ser alcançado ou no nível abstrato, ou no nível simbólico. E, dizem os alquimistas, ou no nível espiritual. O nível da certeza só pode ser de fato o que exclui toda a dúvida. Assim como ninguém em sã consciência fala de um triângulo de quatro lados nem da bola quadrada de Kico atribuindo algum nível de certeza, nem de realidade e nem ao menos de possibilidade, não podemos também falar que pelos sentidos e pela mente podemos atingir experiencias as completudes de um fenômeno ou objeto visto que sempre vemos apenas em parte, sob perspetiva, limitado ao tempo, tamanho, relações, etc.. Mas fomos desde ceiancas condicionados por nossa linguagem a falar como se pudessemos fazer isso. As limitações da nossa linguagem terminam não só impossibilitanto certas descrições, mas também por vezes influênciando nossas percepções que já seriam seletivaa mesmo se ela não estivesse atuando de alguma forma. A sofisticação da linguagem que por um lado nos levou onde nenhum outro ser biológico poderia ter chegado sem isso, por outro lado nos conduziu aos seus próprios limites. Mas nem isso também novamente pode ser ruim, nem obstáculo (a não ser para aqueles que tomam a linguagem como soberana ditadora da realidade humana). Pois é ainda devido ao uso da linguagem que teremos acesso a visões e compreensões mesmo além dos sentidos e da experiência. Quando atinge esse limite o alquimista, assim como o gnóstico, o cristão, o hermético tem que recorrer a   analogias, símiles, símbolos, parábolas, metáforas, se tornam a única maneira lógica e razoável de exprimir as realidades abstratas que estão fora de toda dúvida em um plano de conhecimento seguro, eterno e imutável. 

Ler é perceber algo além dos simples fatos, fenômenos, coisas. Mas existem vários níveis de leitura, pois existem vários níveis de significados como foi falado antes. E esta percepção pode as vezes ser tão tremenda, tão além do normalmente percebido, que revela toda uma teia tecida desde tempos imemoriais, que o leitor pensava antes jamais poder saber, ver e nem ao menos tentar investigar! Assim como alguém que pelas evidências apresentadas já conseguiu saber quem será o criminoso antes de terminar o romance policial, o verdadeiro alquimista, pela cadeia de "reações químicas" conhecidas pode conhecer os fatos tanto do passado quanto do futuro, e comprrender a razão das coisa, dos fenômenos, a origem e o princípio de tudo, bem como seu fim e finalidade, e talvez como é para alguns mais importante, compreender todo o processo "quimico" da cadeia das "reações" do existir, do todo e das partes.

Mas tudo isso é um trabalho do alquimista, que ele só consegue realizar se orar, mas se orar e não trabalhar, como alguns religiosos de nsso tempo, não conseguirá. E pior ainda se apenas trabalhar e não orar, como uns que se dizem alquimistas, herméticos, gnósticos, cristãos, de hoje, de jeito nenhum conseguirá, seu trabalho só trará a pirita, o ouro de tolo, que não compensa os gastos, prejuízo.

Na próxima parte veremos porque...


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Ordem e Escola

Esta ordem é também uma escola. No sentido tradicional de escola e de ordem. Ela é uma escola de pensamento, uma escola filosófica, mas principalmente científica e de vida. Acima de tudo somos uma escola de ciências antigas e tradicionais, uma das raras e pequenas sobreviventes, mas podemos dizer que nesse meio, no qual somos uma, temos afinidade com muitas e até abrigamos a algumas em nossa estrutura de estudos, enquanto estudo.


E ela é uma ordem porque não é só uma academia de conhecimentos e de ciências. Quando você estuda ciências antigas não é como estudar "ciências sociais" onde há aquisição de conhecimentos, uma bagagem de teses de diferentes escolas, métodos, pensamentos, cujo material principal são letras, idéias, hipóteses (mal nominadas como teorias), etc.. É mais parecido com psicologia, no sentido de que se conhecem várias abordagens, vários métodos, várias teorias, mas, como em psicologia, também se tem que saber aplicá-las num sentido prático que trás resultados objetivos. Após esses estudos, entretanto, terá que escolher uma ou algumas abordagens e se aprofundar nelas, mas sabe que vai ter que estudar aquilo pelo resto da carreira pelo menos. Ou melhor ainda, podemos dizer, é como a psicanalise: vai receber uma formação teórica, conhecer várias teorias, práticas, escolas, mas vai também ter que praticar sob supervisão e também ser analizado e vai passar a vida nesse processo de estudar, analizar e ser analizado. Ou seja, vai ter que provar todo o escopo do estudo, pelo lado do analisado e pelo lado do analista, e a trajetória do pesquisador, assim também é nosso estudante. Cada etapa do aprendizado depende da anterior, entãobse avança gradualmente e para receber tal novo grau é preciso escolher e tomar compromissos (éticos, morais, metodológicos, etc.).

Nós temos uma uma metodologia própria, e temos descobertas próprias, e teses próprias, uma filosofia de trabalho e objetivos a serem atingidos, metas de cada etapa na direção e na consecução da meta final, o que caracteriza uma escola que se diferencia de outras quanto ao conteúdo de cada uma dessas categorias. E temos sequência gradativa dependente, de conhecimentos, práticas e resultados que devem objetivamente serem aprendidos e realizados. 

Essa sequência em graus de conhecimento e profundidade de conhecimento, de experiência e habilidades práticas, e de resutados alcançados (logicamente gradual e cada etapa dependente da etapa que a antecede), é muitas vezes um processo cumulativo, o que caracteriza toda ordem.


Qual o meu papel?


Eu estudei, pratiquei... E realizei algumas coisas. A mim foi confiada uma tradição. É um direito muito especial, que é ao mesmo é uma responsabilidade muito grande, de transmitir, ensinar, esclarecer, desfazer as confusões, retirar as cortinas... Enfim, transmitir da mesma maneira o que eu recebi e avançar do ponto em que estava.

Só há três possibilidades depois disso, ou largar tudo e fazer outras coisas, ou seguir com a escola ensinando e transmitindo para outros ou, havendo uma descoberta nova e ou uma nova tese, criar uma nova escola, que mantem tudo da anterior, mas organizada de acordo com a nova tese ou descoberta. E as três opções são muito comuns. Se não fosse assim não haveria a liberdade de desistir, abandonar; não haveria continuidade das tradições verdadeiras e predominariam as imitações, fraudes, enganos; e por último, não apareciam novas escolas verdadeiras que mantivessem as tradições anteriores e troxessem as inovações necessárias e de cada época.

No meu caso, por um tempo tive que permanecer em manifestações da segunda opção, mas por fim também cheguei, graças a Deus, a descobertas e às minhas próprias teses, ganhando assim o direito, como qualquer que foi graduado professor, estabecer uma escola autêntica, com base na mesma formação, compromissos, tradições, mas também nas novas descobertas e teses, como qualquer escola filosófica ou científica.


E o que ganho com isso?


Muitos pensam que enlouqueci com isso, porque mudei completamente nesse percurso, outros mal informados vêem uma grande contradição. A escola muda as pessoas, transforma as pessoas. Mas não pense que é a pessoa ou a instituição que faz isso. É o conhecimento, é saber a verdade que transforma, e que liberta...

Algumas pessoas pensam que são as informações, teses, teorias, enfim, conteúdo, o que deve ser transmitido o que constitui o miolo das escolas, e que esse saber seria o que liberta. Este é o problema! Até para alguns professores que também receberam essa responsabilidade, mas ainda estão com a idéia de iniciantes, que iam aprender informações, conteúdos, "verdades" prontas; que iam analizar, como na tradição da filosofia acadêmica e passar adiante (o que dificilmente fazem na academia, diga-se de passagem). Mas não é assim. O que temos que passar adiante são os meios. Ou seja, a minha responsabilidade é transmitir não só os métodos, mas também seus resultados. Os meios para que as outras pessoas atinjam com segurança e por si mesmas seus objetivos, comprovações e a proposta da escola e me certificar que elas estejam alcançando. Toda produção literária, descobertas, teorias, teses, descrições, são secundários, mas são uma ferramenta metodológica, para entender, compreender e realizar o que a escola propõe. As informações são, na verdade, o efeito colateral de se aplicar o método, pois obtém-se descobertas e entendimentos. É isto que ganhamos, e o amadurecimento e relações entre tudo isso que se obtém através do estudo, da prática e das realizações, é o que se chama sabedoria. 

O que eu ganho com todo esse "tempo gasto" como dizem é liberdade, consciência da verdade e amor por essas duas coisas, liberdade e verdade, cada vez maior.


Quais são essas transformações?


Os meios e seus resultados quando são praticados e interpretados corretamente são a verdadeira missão da escola. Aí sim, os resultados transformam as pessoas, libertam, esclarecem, iluminam, despertam e a pessoa se torna produtiva, pois tem um conhecimento que nem sequer imaginava que pudesse caber em sua consciência (mas ela vai também descobrir que a consciência é infinita em alguma etapa de sua caminhada). 

Foi no meio desses procedimentos e descobertas que me tornei outra pessoa, que me converti, que fui transmutado, que encontrei o sentido da vida e o meu propósito, etc..

As transformações também não são o objetivo, mas o instrumento indispensável para que se liberte das limitações do corpo, do tempo, da matéria, da incompletude, das ilusões e enganos, etc., para que a pessoa conheça a verdade e seu propósito e seu próprio viver e ser eterno em todas as suas dimensões e possibilidades. Estes sim, podem fazer muito mais pelos outros, e realmente têm e sentem o dever de ensinar e nele também se realizam.







sábado, 10 de outubro de 2020

UMA MEDITAÇÃO URGENTE PARA ESSE TEMPO - primeira parte

A Ordem nesse tempo recomenda a leitura e releitura dos capítulos 1 e 2 do Evangelho de João. Este livro é altamente iniciático, a verdadeira iniciação é um novo início, um novo nascimento, algo tem que morrer para algo nascer, e é nesse sentido que João explica claramente a trajetória do iniciado. Uma obra de arte que atravessou milênios, à custa de muito sangue e muitas vidas, que se entregaram, para não negar sua fé, mas também para não entregar aos perseguidores seus livros e irmãos. Agora que a temos com tanta facilidade, poucos ainda lhe dão devida atenção e valor, ou ainda os que compreendem o verdadeiro sentido dessa obra. 

Não há mais tempo nem energia, para quem está ainda ligado a esse mundo e a essa natureza, quase que exclusivamente, para ainda se dedicar a longas cadeias de iniciações sucessivas e longos anos de práticas e treinamentos para pouquíssimo resultado. Se o poder do Altíssimo está sendo oferecido gratuitamente a todos os que verdadeiramente o querem servir e agradar, por que ainda teríamos que buscar, treinar e confiar nos nossos fracos poderes, nossas fracas capacidades e nossas mui limitadas possibilidades? Por que não ir direto à fonte?

No Evangelho de João é descrito de forma magistral o processo de beber dessa fonte, não apenas chegar até ela. O leitor aprenda a ler, a observar, a meditar, a notar, a prestar atenção, a entender, a compreender, a recordar,  a decidir e a viver em si mesmo essa obra maravilhosa.

Vamos aqui estabelecer alguns pontos esclarecedores a serem notados.


O princípio

O primeiro ponto são as definições no capítulo 1, as revelações, quem é o princípio, o que ele fez, o que são o Verbo, a vida, a luz; qual é a ação do verbo; observe todas essas coisas. João está dialogando aqui não apenas com Moisés, mas com toda a filosofia helênica e grega. Ele está explicando o que é o princípio do qual falou Moisés na primeira frase de Gênesis e esta respondendo a toda filosofia grega o que é o Logos, aliás quem é, pois mostra que o Logos, o Verbo, tem consciência, vontade e atividade próprias. Leia lá, especialmente do verssículo 1 ao 5 e do 12 ao 14, o 18...


No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
João 1:1-5


O Logos, palavra grega usada na filosofia para indicar o Princípio gerador, iniciador de tudo; tudo não pode ter surgido do nada... Era discutido entre os filósofos, se este princípio é consciente ou mecânico, se era pessoal ou impessoal, se a criação era intencional ou fruto de alguma lei interna... João responde que o Logos, o princípio, era o Deus já anunciado por Moisés, quando diz Bereshit barah Elohim, "no Princípio criou Deus"; consciente, inteligente, pessoal, com vontade própria. Ele identifica o princípio inicialmente como sendo o próprio Deus e depois diz que tudo foi feito por ele. Se olharmos bem as frases isso nos responderá muitas coisas...

Ele ainda identifica o Verbo como Luz e Vida. A luz criada veio da Luz viva. Vida só pode vir de vida, não de coisas sem vida, nenhuma das coisas não vivas gera a vida, nunca gerou e nunca gerará, vida só vem da vida.

Veja que antes essa vida era a luz dos homens, mas parece que em algum momento deixou de ser. É como Sophia quando olhou para as trevas, ou seja, a sabedoria em trevas não pode compreender, deixa de ser sabedoria. Quem está nas trevas não vê, não compreende...


A testemunha

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; 

Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João 1:12-14


Observe que é dado de graça, mas a todos quantos o receberam. Ele não força a entrada, ele não está presente em quem não o recebe, nem em quem não o quer ou o nega, ao contrário do dizem os pseudo-gnósticos ou gnósticos heréticos e neo-gnósticos, nem todos têm o Cristo dentro, mas todos os que o receberam e somente estes. E a estes é dado o poder de serem feitos filhos de Deus, também um pouco diferente do que diz a maioria dos cristãos modernos, não os fez já filhos, mas deu o poder de se tornarem como falavam os primitivos, a partir disso, de ter recebido esse poder pois foi feito templo de Cristo, do Verbo de Deus, dentro de si mesmo, renascido, no espírito, do Espírito de Deus, pela vontade de Deus. Isto está muito claro. Assim fomos feitos testemunhas. Quem testemunha dentro de nós? A consciência, que é uma propriedade do espírito, que é o espírito. Nossa consciência testemunha nossa mente e o que é recebido nela e através dela. Mas agora recebemos a mente de Cristo e pelo espírito testificamos, nós fomos assim feitos testemunhas vivas, nós estamos vendo agora a verdade que veio habitar entre nós, nos tornamos conscientes de uma nova mentalidade em nós, a mentalidade da Verdade viva...

Logo em seguida ele identifica o Verbo, o criador, como sendo Jesus Cristo. Yeshua, o Salvador, Jesus, é o Verbo a partir do momento em que o Verbo se fez como um de nós e habitou entre nós. E quem é este? A quem está se referindo? A Jesus, o ungido de Deus, ou seja, O Cristo, não Um, mas O Cristo. Não se iluda com mentiras, a palavra Cristo, não se refere a um ser, uma pessoa, um campo de força, nada parecido, a palavra Cristo significa simplesmente ungido, é apenas um título, um adjetivo, Jesus jamais recebeu o Cristo como dizem os luciféricos e satanistas enganadores, ele É o Cristo, o Mashiach, Messias, que significa a mesma coisa, ungido. 

Receber o Cristo e receber Jesus é a mesma coisa, é receber uma pessoa, o Verbo de Deus, a Verdade, a Luz e a Vida, que são uma pessoa, não uma coisa ou uma força ou uma energia, e sim uma pessoa, uma consciência, com uma mente, e uma personalidade. Que vem "habitar" entre nós, traduzindo ao pé da letra "tabernacular", entrar na tenda sagrada simbólica no Antigo Testamento, agora revelado, no acampamento, no templo, nós, em nós, dentro de nós, pelo espírito, dentro do nosso corpo e de nossa mente. A glória do Pai, o Filho, vem habitar em nós, cheio de graça, pois não é por nosso merecimento, é decisão "eu quero receber Jesus Cristo dentro de mim". E cheio de Verdade, ele é a Verdade. A Verdade também é uma pessoa, Jesus, o Verbo feito pessoa. Isto é a primeira iniciação real, é entender isso, por esse conhecimento, vem o entendimento e por esse entendimento vem a decisão, e pela decisão a recepção e pela recepção a percepção gradativa da Verdade, o "conhecer e prosseguir em conhecer", essa é a verdadeira gnosis. Conhecer a Verdade e por isso ser libertado...

Depois vemos João narrar o testemunho de outro João, o Batista. As frases são muito reveladoras, pois João testemunha de Jesus como vindo depois dele, e João realmente era mais velho que Jesus e seu ministério vem após o de João, mas também que Jesus já existia antes dele. Temos novamente a razão pela qual Jesus é o iniciador. E como agora é diferente do passado: pois a revelação é dada por um que vem da parte do Pai. Esse testemunho é maior do que o de todos os profetas, pois é de quem veio do Pai e daquela realidade. 


E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça.
Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.
João 1:16-18


Observe que a plenitude também é recebida, não é atingida, trabalhada, se recebe gradativamente, graça por graça. Isto se dá nao através de fórmulas, métodos, leis, cerimônias, mas de uma relacionamento com ele, que é a Verdade. A lei formal dada por Moisés é uma coisa, a graça e a verdade de Jesus Cristo é outra coisa. Jesus não é simplesmente mais um ensinador que veio trazer regras e informações, ele não vem trazer simplesmente mais instruções ou leis, mas sim graça e verdade. A verdade nunca pôde ser sequer vista e agora ela pode ser recebida, vista e até tocada, quem compreender isso está a um passo de percebê-la. A verdade não é algo dito ou visto ou sentido, é algo recebido, do qual quem recebe se torna consciente, a verdade é algo testemunhado, assistido, vivido. Ele sendo o filho único, ligado ao Pai, um com o Pai é a testemunha fiel, única que pode revelar, transmitir, a verdade que o Pai é! 

Isto tudo, na tradição cristã, constitui um passo, não é algo distante, para depois de uma jornada ou muitas tarefas ou muitos passos, é para agora, já, é só uma tomada de posição, uma decisão. Você abre mão da direção que ia, vira para a direção contrária; abre mão de si mesmo e de suas obras e entrega tudo a outro, bem mais sábio, competente e poderoso, e entrega sua vida à sua direção. Por isso este é chamado por nós a via pistis, ou seja, a via da confiança, confiar a outro a sua obra necessária. Isto seria difícil se o outro fosse uma pessoa comum, mas já sabemos que não é qualquer um, mas o Logos, o construtor e mantenedor de nossos espíritos, mentes e corpos.

Em seguida veremos algo mais nesse passo, nessa etapa, nessa iniciação, o nascer da água. A água representa a palavra de Deus, ou seja, mais uma vez representa a Verdade, e a Verdade, viver a verdade, ver a verdade, é o Verbo de Deus. É preciso conhecer essa água, submergir nela, beber dela...






frateriliv@gmail.com









sexta-feira, 9 de outubro de 2020

O SEGREDO DA ALQUIMIA É ESPIRITUAL primeira parte

O QUE É O FOGO DA FORJA?

A rosacruz (a verdadeira, clássica, não essas modernas), fala que o fogo deve descer do santuário e despertar o centro energético cardíaco, e a glândula timo, no peito, e depois subir para o centro da cabeça e puneal e depois descer e acender todos os centros. Outras escolas falam que o fogo deve subir do coxix acendendo todos os centros até a cabeça e depois descer ao coração (é a forma forçada, quase igual a hindu, igual a da mão esquerda hindu). Vamos examinar primeiro a origem do problema, nas tradições antigas.

O caminho da mão esquerda (que uns enganadores e enganados chamam de direita) é o caminho nos qual os livros sagrados foram pintaram com figuras em posições sexuais onde a mão esquerda aparece e a direita está escondida, significada que aquela prática a que se refere é literalmente sexual. Quando nas pinturas a mão direita está aparecendo e a esquerda escondida significa que aquela figura não é uma representação lietaral de um ato sexual, mas um símbolo da união entre alma e espírito (ou entre o divino e o humano, a depender da escola). E esta é a única verdadeira alquimia. A interpretação literal das figuras e textos como realmente falando de atos sexuais é uma corrupção bem posterior, portanto esta sim, uma modificação da interpretação real e do significado original. 

Esqueçam os mitos que os ignorantes e não iniciados nos contaram sobre mão esquerda ou direita, ou relações à bruxaria, magia branca e negra, fazer o bem ou o mal e todas as explicações fajutas que dão. Na verdade a tradição primordial só se refere a isso descrito acima quando fala de caminho da mão direita e caminho da mão esquerda. Especialmente os hindus enfatizaram bastante essas interpretações levando a criação de varias escolas e seitas diferentes e até rivais. As escolas que defendiam a nova interpretação dos tantras afirmavam que haviam descoberto o antigo segredo dos sábios, e se dividiam cada vez que uma nova interpretação ou procedimento surgia. As mais ortodoxas por outro lado sefecharam em si diante da ridicularização que sofriam e da imagem de retrogadas e obsoletas que as novas e populares escolas laçanvam sobre elas. Seus símbolos sagrados agora eram zombados, ridicularizados  e até perseguidos, e assim fechadas, particulares, só para os altos iniciados eramrevelado o significado real e as operações necessárias para realizar o processo. 

O tantra sexual todos conhecem, ao contrário do que todos dizem, era relativamente aberto e conhecido, praticado em templos e praças, tanto que tudo ou quase tudo que se sabe e se publica hoje sobre tantra se refere a este que partiu das interpretações sexuais. Como se pode acreditar que isso era segredo? Qual interpretação você conhece? Você conhece a verdadeira? Ou, como a maior parte da população, acredita que tantra é ligado ao sexo? 

Esqueça os falsos alquimistas, especialmente os dos séculos 19 e 20  que se auto-proclamaram mestres, reencarnações famosas, budas, cristos, avatares, abridores de era, vindos de raios, iluminados, etc., pois não passam de sopradores, falsos alquimistas, mitômanos... São só enganados e enganadores, mentirosos e ignorantes que nunca foram iniciados nessas coisas e ficam tentando advinhar (e ainda ensinando errado!). Leram tantos livros e não descobriram algo tão simples, prova sua arrogância, pois não existe muito segredo nos tantras e demais livros sobre o assunto, está lá para quem lê com humildade, reconhecendo que é pequeno e confiando apenas em Deus como revelador dos seus mistérios. Bastava ir direto às fontes, aos livros sagrados dessas escolas (e não ouvir o que supostos viajantes, espíritos, mestres, avatares, etc., falavam ou escreviam sobre os textos, que foi o mesmo que eles fizeram como papagaios rebeldes, dando seu toque especial de perversão).

O fogo da forja do alquimista é algo bem mais espiritual. Não se trata de algo material, fisiológico, sexual, nem sequer energético. Mas até aqui observe que parecia algo confinado ao corpo ou à pessoa do praticante, algo natural, que o alquista já teria e que seria transmutado. Mas isso não é tão claro, como veremos. As pessoas que gostam de explicações ficam perdidas em um mundo de diversas teorias e linhas de trabalho alquímico praticamente infindáveis, que não daria sequer para ler durante uma vida inteira, pior ainda para praticar. As pessoas que procuram as práticas ou serem diretos e pragmático, coitados, esses são os que mais facilmente são enganados por qualquer charlatão que diz ensinar a fazer ouro em três anos e a criar um corpo imortal em sete ou dez; estes são os primeiros a desviar do caminho certo e cair na lábia de qualquer um que saiba fazer truques e fale de provas irrefutáveis. Tudo isso seria evitado se antes de entrar em contato com qualquer escola, a pessoa procurasse conhecer a fundo a história daquilo que está procurando. Vamos ver isso agora e mostrar a diferença.

AS DUAS GRANDES DIVISÕES ANTIGAS

São muitas as escolas de alquimia, assim como antes delas já eram muitas e muito mais numerosas as escolas do chamado tantra que deram inicio a uma grande controvérsia, que ia desde a interpretação dos textos antigos, símbolos e figuras antigas até além a interpretação da própria realidade como um todo. Não querendo entrar no assunto específico do tantra, mas apenas na parte em que isso vai interferir depois, na historia da alquimia, podemos classificar todas as escolas tântricas como sendo basicamente de dois tipos, as da mão direita e as da mão esquerda.

Tantra da mão esquerda: usa a força do centro cóxigeo, outros dos sexual e outros (só no tibetano) do umbigo, envolvendo sexualidade, com relação sexual nos dois primeiros e com ou sem no último (tibetano); seja através da relação sexual, sublimando (é essa a palavra, nada a ver com alquimia, nunca, essa relação só apareceu no século 19 com certas ordens, especialmente uma que tinha no nome a designação de Oriental, que já se auto denunciava de onde vinham suas principais influências) ou seja seblimando através da abstinência (mas fazendo algum trabalho com o sexual, através de respiração, por exemplo, combinado a ereção). Em suma, mão esquerda significava simplesmente que trabalhavam com a sexualidade direta e literalmente, seja através de relações sexuais ou práticas solitárias.

Tantra da mão direita: o mais antigo, o original quando ainda se interpretava simbolicamente as figuras e símbolos da suprema união, não literalmente com sendo sexo, mas sim a união do mortal com o supremo, a união da alma com o espírito (sim, a alma é mortal! Imortal é só o espírito, o que é muito diferente). E isto é o que no ocidente veio a se chamar alquimia. Depois também se corropeu tanto no renasciment esta que a verdadeira teve que se passar a chamar alquimia espiritual para diferenciar das falsas e das derivações surgiram (operativa, a material ou metálica, a nova sexual, a química, a espargírica, a astral, a alquimia com ervas, etc.). 

Nessa forma, ainda no tantra antigo, o macho simboliza o divino, por isso geralmente são enormes, e a fêmea a alma, o mortal, o humano. Perceba que a alquimia não vem do tantrismo, embora por algum tempo tenha também pesquisado nas fórmulas tântricas, sejam taoístas ou budistas ou as hindus, e por muito tempo feito uso de fórmulas chinesas (taoístas e budistas), egípcias, árabes e persas. Mas foi influenciada pelo tantra duas vezes na história, primeiro pela alquimia dos Templários, que eram monges guerreiros, que "transmutavam energias" sexuais as quais não desperdiçavam, por serem celibatários na época e provavelmente tomaram conhecimento do tantra dos ascetas e yogues do orientes. Depois, quase 900 anos mais tarde, os neo-templários influenciados pelos conhecimentos orientais que estavam sendo trazidos à europa novamente criaram suas próprias maneiras de desenvolver uma forma de alquimia também sexual.

Mas o mais importante nisso tudo é que de posse das fórmulas de tríplice significado da rosacruz para representar algo em símbolos estes também quiseram interpretar o nivel mais material como sendo sexual pelo menos em parte (os rosacruzes traduzem um símbolo pelo menos em três níveis se significado, um mais literal e material, outro mais psíquico ou simbólico propriamente dito e outro superior, totalmente espiritual ou metafísico). Fazendo esse mal uso das formas interpretativas da rosacruz e do tantra corrompido passaram a considerar práticas que eram apenas para a vida cotidiana, saúde, força, etc., dos guerreiros castos como sendo algo sagrado e espiritual, para todos da escola e até acreditando que isso fosse condição para a salvação pessoal e iluminação em alguns casos. 

Este erro, esse materialismo, ou como chamo, fisiologismo espiritual, foi colocado também na interpretação da realidade. Começou apenas com a interpretação das operações, que eram interpretadas antes só como psíquica, agora num ângulo fisiológico, energético-sexual (e algumas até abandonaram o psíquico), passando para uma interpretação mais geral e materialista de todas as simbologias, símiles e metáforas e isso atingiu a visao antes traficional da realidade. Por exemplo, do mundo material visto como ilusório por sua transitoriedade, sofrimentos e distrações, este passa a ser visto como um estado do real e necessário; a matéria, a sexualidade, o corpo e a natureza passeram a ser divinizados em vez de ser considerados como caídos e corropidos, no máximo passagens, para serem trancendidos, ou, falando na linguagem alquimica, como ganga, a ser separada do ouro. 

O cultivo do corpo e mente aoenas no sentido e para a saúde e pureza, para serem o templo de Deus e servirem ao máximo e da melhor forma a Deus, passou a ser visto como meta em si mesmo. Voltam às fórmulas pré-cristãs de cultivo do ego e separação do ego em vez de entrega e rendição deste; em vez de mortificação da carne temos um trabalho para trasmutar o corpo carnal e ainda cristalizar os corpos sutis que deveriam se sutilizar mais para atingir a vibração original, e ainda como se isso fosse espiritual! Se pelo menos a antiga escola simbólica do tantra tivesse sido usada como referência em vez da literal poderiamos ainda estar falando em alquimia, pois os processos alquímicos seriam entendidos como psíquicos e espirituais, jamais como materiais e sexuais. Mas dessa forma estão ensinando uma coisa oposta ao trabalho alquímico real, que materializa os sutil em vez de refinar.

O PROCESSO REAL

Em João, no capítulo 13 é ensinado que: a vida eterna é essa, que conhecam a ti [Deus Pai] e aqule que enviaste [Cristo, o Filho]. A palavra grega para conhecer aí é gnoskosin, conhecer intimamente. A mesma palavra que é usada em "José ainda não havia conhecido Maria" no sentido de relação sexual. A tradução hindu pregava que apenas pelo conhecimento do Eterno acontecia a união (como também aconteceu a Abraão, Jó, Noé, Elias, Enoque, Moisés). Mas veja que isso é muito difícil e muito raro, um caminho para pouquíssimos. Esse processo é para: um em um milhão dos que pratica alcança (os altos iniciados sabem disso). Jesus, Deus, deu um para todos, mais fácil, conhecendo a Deus através de sua manifestação, no Filho. Ou você achou que gnoskosin é fazer sexo com Jesus? Claro que não! Ele eliminou assim toda a confusão do passado. A união suprema (yoga) através da rede, do tear (tantra) é através do conhecimento (gnosis), mas não qualquer conhecimento, e sim profundo, intimo (gnoskosin)!

Pronto, segredo revelado. Não existe mais tempo pra segredo, nem por que haver segredo mais.

COMO SE REALIZA (DESCRIÇÃO GERAL):

Esse novo caminho (da nova aliança), é bem mais fácil, segundo a tradição rosacruz é o caminho de um em mil (convenhamos, é muita diferença para um em um milhão). Não confunda com salvação, salvação é libertação da roda do samsara, do nascer-morrer, da condenação do pecado (do "karma" outra palavra sobre a qual mentem para nós, não cabe aqui explicar). No caminho cristão (rosacruz, templário, martinista, etc.) precisa estar salvo para alcançar a gnosis, ou seja, precisa ANTES entregar totalmente a vida a Cristo, tudo, pois ele é que salva, não nós. Nas tradições preteristas (que continuam na mesma fórmula da antiga aliança (um em um milhão) como, por exemplo, kabalah, judeus, hidus, budistas, taoístas...) o tecido (tantra), o fio, da salvação se dá, ao contrário, só DEPOIS, ao final, em teoria ou pela iluminação (e seus tipos, súbita, progressiva, pela sabedoria, pela libertação (dos venenos (pecados)) ou pelo renascimento) em teoria é para uma vida, mas pode precusar de várias vidas sucessivas. 

Em resumo, no geral, os Preteristas, que seguem o caminho antigo (anterior a era chamada de peixes ou aproximadamente ano 7 a 4 a.C., ou seja, os chamados nova-era contraditoriamente seguem o caminho obsoleto, do esforço, da auto-maçonaria) e amarram a salvação à conclusão pessoal da Grande Obra alquímica; os Tradicionais ou Clássicos seguem o caminho da síntese (da nova aliança) onde as quatro fases da alquimia em correspondência às três etapas estão relacionadas ao processo de purificação (ou santificação) do ouro. Desse modo temos a salvação independente da obra (dependente do poder maior (Cristo) através da nossa confiança e entrega) e a purificação em parceiria, porém a conclusão é novamente um "mistério de Deus" ("transformados num instante" ou "num abrir e fechar de olhos"), por isso é chamado O Caminho da Arte Real, pois, nela assistiremos "maravilhos espetáculos" patrocinados pelo Rei (veja As Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreuntz)...


Continua...

...