sexta-feira, 21 de julho de 2017

NOSSA VISÃO ATUAL SOBRE AS PRINCIPAIS ESCOLAS

       Saudações fraternais.
A visão da nossa ordem sobre as  cinco principais escolas não é uma visão religiosa nem esotérica. É uma visão da ciência do oculto, ou ciência hermética. As escolas são vistas não como um fim em si mesmo, mas como ferramentas no desenvolvimento, como artes que englobam todas as quarto formas de conhecimento, arte religião, filosofia e ciência.
Agora vamos falar resumidamente sobre cada uma no que representa. O budismo é visto como uma psicologia, uma arte de viver e uma ciência. É um modo gnóstico de conhecer a verdade, portando ciência, é uma ciência do universo, uma cosmologia, mas também e principalmente uma ciência da mente, psique, portanto psicologia, e é uma disciplina moral experiencial, portanto uma filosofia ou arte de viver. Embora não trate de todos os temas das religiões oferece um método de investigação seguro sobre qualquer desses temas. Nenhuma religião ou ciência aprofundou tanto a metodologia da meditação (diz-se que são 84 mil métodos, mas podemos pensar que são mais se considerarmos as etapas desses) nem tampouco o conhecimento da mente e métodos de purificação mental como o budismo aprofundou. Sua psicologia se destaca muito mais que seu aspecto filosófico, artístico ou religioso, e longe de ser alcançado por qualquer escola da psicologia contemporânea é a ferramenta mais completa não só em termos de psicologia, mas também de métodos de conhecer por si mesmo e modo de viver momento a momento. Isto se resume de certa forma também nas três práticas do budismo, dana, sila, bhavana, generosidade, moralidade e meditação.
O hermetismo é chamado da ciência mais antiga, a ciência mãe, embora sua sistematização tenha sido posterior e ele tenha evoluído de várias formas como qualquer ciência, mas permanecendo imutável em seus princípios. O hermetismo se assemelha muito com a característica do budismo sendo ciência, mas se diferencia e destaca no aspecto filosofia, e na arte hermética, alquimia, que é como o budismo, uma psicologia, que nela engloba também uma moral superior. Outros aspectos da ciência hermética destacam-se como seu modo de conhecer a natureza e os mundos, a medicina, a arte do simbolismo. Se o cristianismo pode ser chamado uma religião de mistérios o hermetismo é eminentemente uma ciência de mistérios, a ciência do que está oculto aos sentidos comuns, bem como dos métodos de conhecer aquilo que está oculto e sua natureza intrínseca.
O taoísmo é uma arte de viver, a arte do equilíbrio, da visão equânime, e especialmente uma arte de viver no mundo. Mas também é um modo de ver, e possuindo uma alquimia similar à hermética, também é uma psicologia similar à budista, por isso mesmo a forma de budismo mais de acordo com a ordem é a das escolas zen que são uma fusão de budismo original e taoísmo. É também uma arte contemplativa e produtora de trabalho de e para contemplação. Mas também se destaca em seu aspecto prático como filosofia política, em seu caráter liberal, libertário e individualista, voltado ao direito individual, às liberdades e às artes liberais. Tem também um aspecto tântrico em seu início que pode diferir dos desenvolvimentos posteriores ainda que tenha algum semelhança com o tantra da yoga hindu e do budismo, constituindo uma ciência alquímica tanto física como psicológica, que envolve um conhecimento fisiológico tanto da matéria corporal quanto das energias, seus centros e sua dinâmica.
O gnosticismo cristão é uma ciência pelo modo gnóstico de conhecer similar às anteriores, mas destaca-se  em seu caráter religioso de religação à natureza original, à verdade plena, ao absoluto e incondicionado, no que se assemelha ao budismo. Porém nesta operação não envolve apenas o caráter gnóstico do conhecer, ou o thelemico (isto é, pelas próprias forças, como no budismo e no taoísmo), mas uma alquimia interior mais rápida e forte, pois se vale de forças interiores, o Cristo interno, e exteriores o Cristo universal, o Pai e o Espírito Santo, valendo-se também de Sophia, estes dois últimos devendo-se revelar e realizar pelo próprio candidato em comunicação direta e pessoal (nisso difere do gnosticismo anterior essênio, pois já há a participação do Cristo, e do posterior pois permanece puro, sem as influências exteriores introduzidas nem as teorias dos expositores as várias seitas). O Cristo precisa ser descoberto, aceito, conhecido e entendido e finalmente manifesto, por isso o aspecto religioso gnóstico-cristão, destacando acima de tudo uma psicologia como ciência e uma yoga como religião, visto que trata-se de uma reunião com o divino, com o Deus verdadeiro e a rejeição do deus falso (demiurgo ou Mara no budismo) e dos ídolos (falsos deuses, deuses escravistas, demônios, fantasmas, espíritos enganadores, pessoas e falsos mestres e objetos de veneração). Essa união só é totalmente possível pelo laço amoroso (ágape), no exercício da devoção e adoração. Porém não se pode adorar nem amar o que não se conhece (gnosis, conhecimento divino), nem se pode conhecer o que não se vontadeia  (thelema) consciente (nous) e constantemente. Nesse trilema thelema, ágape, nous se baseia toda realização da Grande Obra, em conhecimento direto, adoração e vontade, por isso o cristão-gnosticismo envolve mais o caráter religioso do conhecimento. A transformação alquímica aqui e o conhecimento direto são mais recebidos como dons devido a devoção e união do que obtidos pelo esforço próprio, portanto mais uma vez o caráter religioso predomina neste.
A yoga, diferente do que se pensa, não é simplesmente uma disciplina corporal, senão apenas como uma preparação para a meditação profunda. Yoga significa união, por isso esta também destaca mais no caráter religioso. Porém ela é uma ciência no modo gnóstico de conhecer e no aspecto tântrico, que é alquimia. Ela também é uma arte no aspecto estético e simbólico dos movimentos, das posições e das produções contemplativas, por exemplo, mandalas, símbolos gráficos, poemas filosóficos. Ela é também uma filosofia em seu modo de ver e dê viver, em suas proposições morais e prescrições alimentares e de saúde, remédios, massagens, terapias (também um aspecto científico) e finamente na literatura que envolve todos esses aspectos anteriores. Não seria possível dizer com facilidade e certeza qual campo do conhecimento a yoga contempla mais, embora se destaque no objetivo como algo mais entre a religião e a ciência. Como ciência ela também evoluiu com a história e dificilmente poderíamos tomá-la como religião mesmo em seu aspecto antigo. Por isso a ordem tem sua própria yoga e em última análise uma yoga específica para cada pessoa de acordo com sua vontade e necessidade e de acordo com a recomendação de um professor experiente. A yoga exercita todos os aspectos da Grande Obra e do Absoluto, conscientemente, amor e vontade, mas dificilmente poderia conduzir alguem a nosso objetivo último, a onisciência, ainda menos no nosso tempo atual, por isso, apesar dessa característica ela deve ser sempre vista como uma ferramenta útil, não como o meio de libertação sozinha. A yoga está de algum modo em todas as escolas vistas anteriores. A meditação budista bem como a disciplina não deixam de ser uma forma de yoga; a cabala, a hermética e a simbologia, os ritos e especialmente a alquimia hermética, incluindo sua medicina, não deixam de ser um tipo de yoga; assim também a alquimia taoísta e a maneira de viver em contemplação também são um tipo de tantra, portanto yoga, bem como sua medicina e recomendações para a vida; o modo de conhecer gnóstico é próprio da yoga muito antes do gnosticismo antigo e mesmo do budismo que por outro lado limparam as imperfeições e aprofundaram o método, até o modo de fusão (com Deus) e cristificação do cristianismo teve seu protótipo apresentado nos tratados e poemas dos yogis. A yoga destaca mais o caráter vontadista (thelemico) do esforço em fazer a nossa parte a fim de obtermos os benefícios da religião que são a salvação (imortalidade consciente no locus original) a transformação (restauração, o retorno à nossa natureza e consciência original e pura) e o conhecimento direto  de Deus (e de sua realidade e seu plano). Portanto se nossa ordem tivesse que ser definida por sua característica principal talvez mais que uma ciência ela tivesse que ser definida como uma yoga ou ciência yogi.
Como a nossa ciência não só visa o conhecimento, mas também alcançar os objetivos com plena certeza (nessa ou na outra vida) e esses objetivos só podem ser alcançadom mediante a transformação pessoal à semelhança do ser humano original em conhecimento (consciência, nous), felicidade e plenitude (amor incondicional e consciente, ágape) e liberdade e poder (vontade livre e verdadeira, thelema), e só através desses mesmos meios (nous, ágape e thelema), cada instrumento desses sem os outros estará proporcionando um trabalho incompleto, deficiente, demorado e até penoso. Mas se com arte cirúrgica de um bom médico soubermos dispor dos instrumentos da maneira correta certamente realizaremos a Grande Obra.
Cada um é livre para adotar, manter ou deixar a religião, ciência, arte e filosofia que já possui ou queira ou mesmo tomar isto como a sua própria. Esta ciência não pretende substituir estas outras, mas auxiliar em seus objetivos de uma forma consciente. Ela atende as pessoas que sentem a necessidade de ver, sentir, enfim, comprovar os pressupostos destas outras, principalmente das religiões.
Pax et Lux