sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O Grau Rosacruz -parte 4

No passado houveram três meios cogitados para a salvação, eles são modernamente chamados de via do cultivo da personalidade, via da separação da personalidade e via da união à divindade.

O primeiro pode ser equiparado ao cultivo do eu, ou cultura do eu. Foi o caminho dos filósofos (da via da razão) e dos yogins (ou via a partir do corpo).

O segundo é confundido com o "negue-se a si mesmo", mas não é esse. Separação da personalidade é, para uma parte, a negação do eu, é afirmar que o eu não existe, é abandonar a falsa idéia de eu, etc.. Este foi o caminho seguido por muitos yogins também, incluindo os budistas, alguns taoístas, os jainistas, e também foi seguido pelos empiristas, incluindo alguns taoístas, etc.. Mas esta separação também podia ser mecânica, isto é, não negava a existência de um eu na pessoa, mas propunha a separação dele, deixando o corpo e tudo relacionado à matéria, e indo ligar-se a um "Eu real", ou uno ou absoluto etc., ou simplesmente atingindo "o nirvana", para estes, um estado de "não-eu". Esta via foi seguida também por muitos desses citados, incluindo os ascetas e faquires. Ou ainda podia ser, para outra parte, vista como um meio de, deixando o corpo material, em um corpo espiritual, ou mental, etc., ir às dimensões superiores. Os hermetistas e outros ainda também utilizaram essa via.

É óbvio que esses caminhos não tem relação lógica com salvar-se e de fato não podem salvar a pessoa da existência nesse mundo baixo, da decadência, nem dos níveis mais inferiores ainda que esse (mas não cabe aqui discutir isso agora, nem as evidências dessa obviedade). Todos eles foram e são bastante úteis como meios de atingir certos conhecimentos. Tanto que uns são utilizados pela psicologia,  por exemplo, até hoje, de outras formas,  mas se trata exatamente da mesma coisa, separação do engano de um falso eu e ou, muito mais comumente, cultivo do eu ou da personalidade. E isto tem tido sua utilidade nas patologias e até certo ponto no geral também. Ainda podemos encontrar a ferramenta hermética utilizada em alguns campos da ciência, na parapsicologia por exemplo, e muitas ordens se utilizam disso como modo de obter experiências  (ainda que suas interpretações sejam erradas e incompletas) que leva, a ter consciência de dimensões mentais e as vezes até espirituais. Enfim todos esses meios ainda são usados para objetivos diferentes, mas sabemos que não nos leva à salvação, à libertação, à iluminação...

O terceiro talvez seja o mais simples e famoso, que é unindo-se o eu e ou a personalidade a divindades através basicamente do culto a elas, feito de várias formas. Essa via é usada por muitos como alguns xamânicos; os paganistas, politeístas, animistas, panteístas, etc.; as religiões antigas como da Grécia antiga, Roma, Esparta, Egito, Congo, e em toda África, Índia, Mongólia e China, na verdade, também pelos famosos astecas,  maias, etc.. Os livros filosóficos mais antigos da Índia já advertiam "você se unirá a tudo aquilo que ama [ou adora] e presta culto" e por isso há o mandamento "somente ao Senhor teu Deus adorarás e somente a ele prestarás culto". Não é uma exigência egocêntrica de Deus, é o modo dado pelo eterno para livrar-nos do mal de, por engano ou má consciência, nos ligarmos a ídolos, falsos deuses, espíritos impuros, etc.. 
Já nesse caso é claro que não passa de um grande e terrivel engano, que no máximo pode servir nesta vida como um tipo de cultura da personalidade, por exemplo. É muito óbvio para nós aqui que estes meios são, em suas esmagadora maioria, dirigidas para "divindades" erradas, gerando não apenas enganação, mas ao seu fim, condenação. De forma alguma poderiam gerar qualquer libertação, pelo contrário, só aumentam as obrigações inúteis que distraem e que ligam a pessoa a esse mundo e ao teatro que estão representando sem saber e finalmente à mesma dimensão inferior a que estes espíritos estão indo invariavelmente.

Estes meios ainda que no passado pudessem conduzir à  libertação (e de fato não podiam) hoje estão mais do que obsoletos. Pois o ser humano tem degenerado, corporalmente, psíquicamente e espiritualmente a tal ponto que não pode produzir de si coisa alguma, nada pode ser produzido por força própria do ser humano em questões espirituais,  absolutamente nada, o ser humano é completamente impotente em relação a seu espírito e alma (onde mesmo os poucos resultados sao temporais e exigem muito esforço  e superação) no que tange à eternidade e ao pleno conhecimento da verdade. O ser humano mal consegue por sua vontade e esforços permanecer consciente, atento, alguns minutos no presente apenas, sua mente por si só vai a mil lugares; suas emoções também não estão sequer parcialmente sob seu controle, é tão reativo como qualquer outro animal; não pode sequer ficar consciente nos sonhos sempre que queira, nem sequer lembrar o que quer, na hora que quer,  informações que estão ali em sua mente, mas ela as libera segundo suas próprias regras, o eu não tem controle senão temporário ínfimo,  sobre tudo isso. Imagine, se nós não podemos manter nossa consciência nem no sono, o que garante que a manteremos ou que despertaremos mais ainda depois da morte? O que garante que ela estará onde queremos que esteja, que veremos e vivenciaremos o que esperamos.? É preciso uma força realmente espiritual, que tenha o poder, só o que é espiritual pode atuar no espírito, o resto é engano.

Mas existe uma quarta via, que até utilizou, historicamente falando, em alguns momentos, essas outras, mas mais para beneficiar os que nela se encontravam. Nesta via o eu (não importa se seja considerado transitório ou essencial) é transformado de forma correta, ou seja, de volta aos padrões originais, da natureza original, não da decadente, isto é, não dessa natureza mortal. Ela é chamada de via trasfigurística por alguns ou via da transmutação por outros. É a via alquímica. E aqui sim, agora temos a via do "negue-se a si mesmo", pois não é simplesmente a negação do eu não tendo um substituto, uma realidade para colocar no seu lugar; não é uma afirmação de que o eu não existe, é dizer o que é que existe, o que é que ocupa legitimamente esse lugar, no retorno à natureza original, na cura humana.

Nós não siplesmente expulsamos o eu ou o negamos. Nós o deslocamos, colocamos no seu lugar, que é a cruz. Mas não por nosso esforços, não por nossas mãos, e sim através da aceitação, recepção, crescimento e desenvolvimento do real, do eterno em nós, que é Cristo em nós, que é o botão de rosa que vai desabrochando em nós. Onde? Na cruz. O eu vai para seu devido lugar, que é na cruz, e o eu é nossa cruz, Cristo é a rosa. O eu é crucificado, mas quem faz essa obra é Cristo em nós, nós não temos capacidade de irmos para a crucificação, nós apenas tomamos a nossa cruz e seguimos a Cristo negando a nós mesmos,  como ele fez, e o Cristo gradualmente tomará o lugar do eu. Esse é o processo trasfigurístico da rosacruz verdadeira, chamado transmutacão alquímica. É assim o processo. Pois "ele deve crescer e eu devo diminuir", até  que "não viva mais eu mas Cristo viva em mim", e que "Cristo seja tudo em todos"...

sábado, 14 de dezembro de 2019

O Grau Rosacruz - parte 3

Uma maneira de descrever os sete graus dessa via é pelo que a pessoa deve predominantemente aprender em cada  um deles. É uma sequência de aprendizados que devem ser praticados em toda sua capacidade e possibilidade, cumulativamente, por cada grau:

1. Esclarecimento
O estudo intelectual, tudo que precisa ser estudado, analisado, lido, relido, anotado, ouvido, assistido, etc.. Iluminação também significa esclarecimento, a para informação não é iluminação, ela precisa ser processada: relacionada a outros conhecimentos, analisada, racionada, meditada, ponderada, entendida, compreendida, possuída. Mas é preciso aprender a aprender, aprender a estudar, desenvolver a atenção voluntária a concentração consciente, despertar capacidades atrofiados e adormecidas da mente e da consciência; nossa mente tem capacidades cognitivas que muitos sequer imaginam, e nossa consciência é infinita. Este tipo de estudo é típico de todas as vias da ordem.

2. Purificação
Eliminação de todos obstáculos à visão da realidade, à visão espiritual e a visão das demais dimensões da existência. Falando assim parece uma aprendizagem egocêntrica visto que o objetivo é pessoal e o benefício também parece pessoal, mas quando olhamos o que são esses obstáculos entendemos que são algo que nos torna inimigos uns dos outros, inimigos de nosso próprio espírito e inimigos de Deus. Estes obstáculos são pecados, erros, iniquidades, egoísmos, medos infundados, enfim, tudo que envenena nossa mente e obstruída nossa consciência nos fere, fere a outros e não agrada ao Onisciente, nos afasta dele, nos separa de nossa consciência. Consciência gera poder. O ditado "Deus não dá asas a cobras" é muito certo nesse ponto. Purificação é deixarmos de ser as cobras que aprendemos a ser, abandonar a natureza de serpente pela qual substituímos nossa natureza original; significa justamente a cura, o reestabelecimento da mente ao seu estado normal, sem essas influências que não vêm da natureza original, que não vem de Deus. Há um modo de isto se realizar aqui, muito diferente dos esforços de outros caminhos, pois a purificação de fato e definitiva não pode ser feita por nós, nós não temos esse poder, ela é feita na medida em que reconhecemos essa natureza estranha em nós e entregamos ao médico, o cirurgião que sabe como tratar, remediar e finalmente extrair completamente o tumor, a doença, o parasita, uma a uma, e de fato nos libertar do desvio ao qual estávamos submetidos. É um trabalho em parceria,  ou seja, ele não invalida os meios psicológicos dos quais dispomos na ciência, nem os meios empíricos que dispomos, mas os corrige e otimiza. Temos algo a fazer aqui, é por isso que é um aprendizado, é isso que estudamos e ensinamos aqui. Só que precisamos entender que todo esse "trabalho" que fazemos é falho e reversível, na verade sintomático, só o trabalho cirúrgico do especialista é que pode de fato nos curar. Você, não sendo médico, teria a arrogância de negar o trabalho do cirurgião e se atreveria a fazer você mesmo uma  cirurgia, em você mesmo? Então esta é a grande diferença entre esse e os outros caminhos, esta e outras vias: nós temos um cirurgião, um médico, um especialista,  que tem essa habilidade, está sabedoria, este poder. Este cirurgião é Cristo em nós... Cristo não é apenas o único especialista em salvar o espírito, ele é também o único cirurgião que pode curar e salvar a sua alma corrompida. Por isso damos muita importância a esse aprendizado.

3. Meditação
Saber meditar e saber o que é meditar é muito mais difícil hoje, quando isto se tornou popular, do que antes quando a maioria nem sabia direito o que é meditação, nem que existem maneiras diferentes de meditar.  Porque meditar é fácil e muitos já o fazem sem sequer saber. Tanto na definição chamada ocidental da palavra quanto na definição oriental. De maneira sucinta meditar é refletir, por a atenção concentrada em algo e com esforço refelexionar, raciocinar, fazer relações, processar dados sobre este algo. No oriente sucintamente falando também, ao contrário do que se pensa, meditar não é muito diferente disso, a palavra que eles usam, mal traduzida como meditação para nós, é concentração em sua tradução correta (e sobre determinado objeto único,  como respiração ou mandala é apenas um treinamento para isso, um exercício); a única diferença marcante é que esta atenção concentrada em algo é geralmente, por técnica, feita relaxadamente,  isto é sem tensão, é enfatizado o não-esforço ou o chamado esforço correto, uma medida correta. De fato as definições todas que são dadas hoje, esse mundo de informação (e engano e charlatanismo incluso) só dificultam, não apenas entender o que é, mas também conseguir meditar. E sem meditar é impossível estudar de fato, porque sem ela, é possível até fazer observações, ler e decorar textos e até certo entendimento, mas e impossível ter compreensão e apropriação do conheciemnto sem meditação. Como é  possível apreender algo sem concentração, sem atenção, sem vigilância? Meditar é, em uma palavra, vigiar. A meditação correta engloba as duas definições acima, é isto que precisamos aprender, porque nossa atenção e concentração com esforço tem limite de tempo e alcance, precisamos ampliar muito esse alcance, tanto em capacidade, quanto em duração quanto em profundidade, ou seja, detalhamento. Já pensou, por exemplo, ler, escrever ou estudar prazeirozamente por doze horas seguidas sem cansar? Já pensou observar um fenômeno de seu interesse e perceber todos os detalhes, causas, condições e consequências? Já pensou compreender o significado de palavras ou fenômenos ou equações aparentemente sem sentido e sem relação? Tudo isso, não só é possível, como deveria ser o normal, pois são capacidades normais da mente. É como desenvolver e aguçar essas capacidades que aprendemos e treinamos nessa fase. A meditação cristã porém ainda vai muito mais além, uma das coisas é a satisfação na lei, na palavra, no conhecimento e na revelação de Deus. É quando esta reflexão, esta concentração, esse procedimento cujos detalhes são aprendidos nessa jornada permitem que estes significados brotem e se ramifiquem, e a pessoa veja claramente ao ponto de sentir uma alegria libertadora, ao ponto de ver revelar-se o que antes parecia oculto e aquela falta é preenchida, aquela necessidade, antes até oculta, agora é exposta e satisfeita, aquela sede é constantemente saciada. A meditação enquanto resultado é o vai desde a compreensão intelectual até a intimidade com o Senhor, a unidade com ele.

4. Oração/Devoção/Rendição
Essa etapa é crucial. Como dizem uns, passamos do natural para o sobrenatural, isto é, para o que está além dessa natureza e até além da natureza original, para o contrato com o criador da natureza, o Onisciente. Trata de como termos uma relacão pessoal e direta com Deus. Não que antes alguma pessoa que ora não tenha, mas que agora deve aprender profundamente e de todas as maneiras como se comunicar com Deus. Orar é conversar com Deus, é se relacionar com Deus e existe uma forma correta, a forma como Deus gosta que nos comuniquemos. A comunicação não pode ser unilateral, não somos apenas nós que falamos com Deus, ele também fala conosco, ele quer falar conosco, temos que aprender a ouvir, escutar, entender Deus. Se amamos a Deus queremos agradá-lo, não vamos nos comunicar de qualquer jeito, sem cuidado ou levianamente, etc.. Quando amamos alguém procuramos agradar, por que com Deus seria diferente? Também vamos aprender como cultuar a Deus corretamente de forma que o agrade (ao contrário do que muitos pensam, Deus não se agrada com qualquer coisa, ele pode tolerar e perdoar e até atender, mas não significa que a forma de devoção esteja de seu agrado), é preciso conhecer a Deus e saber como ele aceita ser cultuado, como é o culto racional do qual Deus se alegra. E é preciso saber como se entregar a Deus, como é esse sacrifício vivo e agradável a Deus que é a auto-realização total a vida de Cristo em nós, a vida no Espírito, o andar na presença de Deus. Aqui vai entender o que é entregar-se a Cristo e porque deve ser uma entrega completa, vai saber o porquê da entrega, como ela é para nosso benefício, não um favor para Deus, ele não precisa disso, mas é para nossa salvação e restauração, para nossa libertação, pois éramos escravos (da matéria, do pecado, da carnalidade, da morte, dos vícios,  das necessidades, das limitações humanas, da vontade do inimigo, etc.). Vai entender o que opera em nós nessa rendição. Aqui vai compreender e levar a cabo o que é negar-se a si mesmo, tomar a cruz e seguir a Jesus (vai entender como esses três são sinônimos didáticos e como proceder em atitudes, fala, mente, ações, enfim, na prática).

5. Testemunho e Ensino
Agora há bastante experiência e estudo, entendimento e compreensão. A luz não pode ficar escondida, isto seria um crime, é preciso levar a luz ao mundo. Essa é a grande missão. Todo cristão é feito não apenas filho e herdeiro de Deus. É também recebida responsabilidade, dons, talentos e encargos. Todo cristão, é feito também testemunho, voz, embaixador e sacerdote de Deus. Seu maior ensino é o testemunho verdadeiro de sua vida e de suas palavras. Mas também há grande parte do ensino que é  a sua própria narração de seus testemunhos, de sua própria experiência.  E grande porte do ensino depende da experiência e do estudo, da pesquisa aprofundada, com informações que no geral as pessoas que não estudam não têm. Mas ainda não só isso basta, precisa aprender a ensinar, a ouvir, a ter uma organização na transmissão das idéias,  uma didática, e métodos de transmissão eficazes na aprendizagem. Essa é a parte do ensino que cabe a nós. Não estamos diante dos tribunais para que Deus coloque as palavras em nossas bocas, embora ele possa colocar, mas segundo a vontade do Senhor,  não a nossa, não substituindo a nossa parte, devemos nos preparar, essa é  nossa parte, não podemos fugir disso preguiçosamente dizendo que o Espírito fará tudo. Ele certamente fará, mas não fazer nossa parte é negligencar as formas de nos ensinar que Deus nos deu facilmente, como estudar a Bíblia, por exemplo. O povo de Deus erra por quê? Por falta e conheciemnto, está escrito. O ensino envolve por sua vez tem que envolver estudo teórico, prática e realização. É preciso reconhecer a realização e para isto é preciso ser experiente também nisto. O esino intelectual, envolve aprender gradualmente o ler, o estudar e o meditar; o ouvir, o escutar, o entender, o compreender, o apropriar-se; a prática,

6. Fazer o Bem.
Muitos de nós se acham capazes de fazer o bem e até de sempre fazer o bem. Ao que estamos nos referindo quando dizemos que fazemos o bem? Nem sabemos que bem devemos fazer, nem ao todo, nem em parte. Pensamos que somos bons? Já outros querem relativizar o que é o bem,  chegando até extremos de fazer isso não apenas em termos de ações, morais, mas também éticos e de saúde. A situação é tão absurda que a noção de bem e mal, uma vez posta em questão, gera dúvidas até sobre a possibilidade ou não de suas existências. O embaraço chega a tanto que pode ser comparado a tolice de alguém que por saber que os números são abstração, dizer que eles não existem e que a matemática por isso não pode ser uma ciência exata. É exatamente esse tipo de raciocínio infantil que sustentam os considerados maiores filósofos e críticos da moral a partir da época moderna, e ainfantil admirados e idolatrados por isso. Definitivamente isto não é um pequeno problema. Não saber o que é exatamente bem e mal, não perceber com exatidão isso, e até perder a noção ética e moral disso na pós-modernidade é um dos grandes problemas da humanidade, é uma grande ignorância, e porque não dizer uma grave deficiência mental. Pouco há a ser dito desse estágio, porque a maioria está muito envolvida com uma ilusão de ser bom ou pior, de ter uma natureza boa ou da não existência de bem e mal. Aqui se aprende o que é bem e mal com exatidão matemática, o que é relativo, e seu limite, e o que não é relativo; o que é bem independente de qualquer coisa. Nesse estágio temos que passar por dois choques de realidade, (1) ver nossa natureza humana e o que nem sabíamos que somos e então (2) aprender a fazer o bem que acreditávamos já saber fazer. É preciso conhecer a natureza original, para nos libertarmos da natureza corrompida e consequentemente do seu vício de entendimento e de sua percepção incorreta de que as coisas e o universo são amorais, e perceber até sua arrogância em crer que moral é uma coisa da mente humana. Aprende a ver por si mesmo que tudo é moral (e tudo tem propósito e significado justamente porque vem de um significador moral e não o contrário). E aprende a atitude correta. De amor. E esse amor é agape, é incondicional, é sem julgamento, é o amor que ajunta, que é a forca de coesão em tudo, que reconhece o barco em que todos estamos e se doa sem distinção, incondicionalmente. Esse amor é chocante e incompreensível para quem não conhece Deus e que não se entregou completamente a Deus ainda. Este amor gera um serviço, ele é ligado a seu fruto, não siplesmente causa, ele é ação, uma vontade irresistível que invariavelmente se tranforma em ação e mais ação. Esse amor quando mira o alvo se define: é querer com todas as forças a felicidade, a salvação e a libertação do outro. É uma vontade irresistível de que o outro também acorde. E isso é impossível se a pessoa não acordou, pelo menos um pouco, do sono da ilusão do mundo, da ilusão deste mundo. O bem aqui é em sentido completo. É dar de tudo e qualquer que seja o necessário para o bem. Então é preciso conhecer o que é o bem. E isto é muito difícil para o gênero humano entender, é isso que vamos aprender aqui, o que é e como fazer. O bem se dá, não julga. "Daí a todo que te pedir", é consciência plena disso, é doação total, em estar pronto para doar sempre e querer estar doando, é saber como, o que, quando, quanto doar, saber o que é realmente o bem e fazê-lo.

7. Ensinar a fazer o Bem
Note que aqui foram listadas algumas coisas que as pessoas costumam pensar que já sabem, que já fazem, mas que realmente não sabem completamente e nem sabem como fazer isso com excelência e se fazem é apenas por alguns instantes de sua vida. Fazem infelizmente bastante para se sentirem bem, bons, nobres; para aumentar a auto-estima ou a falsa percepção de si próprios. Muitos pensam que atingirão a iluminação, a "evolução", ou a salvação por fazer "o bem", ou pior, obras de caridade. A maioria no mundo pensa que alcançará a salvação pelas boas obras. Interessante. Que relação tem uma coisa com a outra? Nenhuma, não tem lógica alguma isso, mas a lavagem cerebral que aqueles que crêem nisso exerce sobre a sociedade é tremenda, e eficiente. Aposto que você já pensou assim algum tempo. Eu já pensei. Só que temos que encarar os fatos, boas obras não salvam, nem iluminam, e evolução sequer existe, não passa de invenção. Quanto antes se abandonar essa falsa lógica da troca melhor. O outro fato é que o ser humano só tem uma pequena noção de bem, muito pequena mesmo e apenas imediata. É como um jogador iniciante de xadrez, o experiente calcula muitas possibilidades e até de muitas jogadas à frente, o iniciante mal calcula a consequência imediata de sua jogada. Melhor diríamos se falassemos que o ser humano não consegue fazer o bem. Mas que tal se aprendêssemos a viver para o bem, para fazer o bem e ensinar a fazer o bem? E se tudo na nossa vida fosse voltado a essss momentos? E se vivêssemos para apresentar a salvação, a libertação e a regeneração aos seres? E se fizessemos isso usando justamente o que mais temos prazer em fazer, usando nossos dons e talentos? É isto que vamos vivenciar nessa fase. Acontece que já recebemos essa missão, que já recebemos dons e talentos, que já fomos capacitados para isso. Coube a etapas anteriores descobrir tudo isso, Coube a etapa logo anterior a esta aprender como, aprender a aplicar, aprender como se usa quais sejam os dons e talentose, na sua verdadeira missão, no seu propósito de vida. Cabe-nos agora, que aprendemos e que somos experientes, ensinar outros a atingirem o mesmo, com excelência. Na verdade na maioria dos aprendizados das fases anteriores as pessoas apenas pensam que sabem ou seguem conceitos errôneos de amor, bem, iluminação, etc.. Esclarecimento, purificação e meditação são exemplos claros disso, todos acreditam que sabem o que é, mas geralmente não sabem ou seguem visões erradas do que acreditam ser e de como se realiza isto. Nesta etapa todas as confusões, dúvidas e relativismos foram deixados para trás. A comparação aqui é como uma flecha já em direção certeira ao alvo sem nenhum obstáculos que a possam impedir. O caminho é certeiro, o alvo é certo, e o atirador é perfeito. Então a flecha simplesmente vai, a cada instante sua alegria nessa jornada e sua certeza da trajetória, do alvo e do ponto onde atingirá, apenas aumentam. A pessoa vive em função desse amor que vivencia em completa entrega realizando sua própria vontade mais profunda em plena compreensão e satisfação. O ensino aqui pode ser de várias maneiras, mas invariavelmente sua vida é toda ensinamento... Sem vivenciar a fase anterior é muito difícil compreender ou imaginar essa fase. Mais difícil ainda é entender como é que quando abriu mão e sua vida, de sua felicidade de seus objetivos e passou a viver para o outro, justamente agora encontrou sua verdadeira vida,  felicidade, objetivo. Mas mais uma vez é preciso encarar os fatos, a realidade é que assim acontece. Não vive mais para si, vive para Cristo, em Cristo e por Cristo. Então encontrou sua verdadeira vida, este é um fato, esta é a realidade. Até que Cristo se tornou tudo neste e vive então para que Cristo se torne tudo em todos e passará a eternidade conhecendo este infinito...


quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O Grau Rosacruz - parte 2

A graduação mais tradicional da rosacruz pode ser tanto aquela em três graus quanto a subdivida em sete. Esta forma em três equivaleria mais ou menos aos nossos três níveis. Então temos três níveis subdivididos em sete graus. A diferença é que essa é uma das graduações em nossa ordem que começa a partir do segundo nível porque nossa ordem aceita no primeiro nível pessoas de todas as crenças e religiões como pesquisadores e estudantes e a rosacruz só aceitava cristãos verdadeiramente convertidos. O que acontece agora é que se apessoa é cristã já, ou ao estudar história, cristianismo, bíblias, essênios, etc. decide se tornar cristã, se verdadeiramente  se converter, ela deve entrar nessa graduação, não que seja obrigatório, mas que essa é a graduação dentro da tradição cristã. Se entrar nela pode decidir por esta somente ou seguir a outra que vinha seguindo em paralelo (se não entrar ela segue a via que vinha seguindo desde o começo...). Na graduação rosacruz a pessoa estudará a fundo, teologia, cristologia, soteriologia, paracletologia, etc.. Além disso aprenderá os níveis de significados e tipologias usadas pelos escritores da Bíblia, compreendendo os significados que antes pareciam ocultos. Aprenderá também a praticar a fundo o cristianismo verdadeiro, até os últimos objetivos e últimas consequências; praticando a alquimia rosacruz, que não é nada mais que a alquimia espiritual, que é o método de transmutação da alma ensinado por Jesus e seus apóstolos e que está totalmente descrito no evangelho, ainda que não tão obviamente para muitos, sem a necessidade de qualquer outra revelação posterior.

Esses três graus vão equivaler aos três níveis a partir do segundo em nossa ordem, isto é, o segundo nível completo com seus três graus, o terceiro nível completo com seus três graus e, caso alcance, o grau (sétimo neste caso) de realização acima do terceiro nível (chamando por uns de completa iluminação, por outros cristalização completa, por outro de transfiguração completa, etc.). Se a pessoa já for comprovadamente convertida pode entrar já no segundo nível, desde que apenas nesta graduação especial chamada graduação da Confraria Rosacruz. Como são esses graus?

Uma forma tradicinal de se classificar os graus é quanto às realizações:

1. Discernimento e Conhecimento
Através do conhecimento, esclarecimento, aprendizado consciente e prática o estudante percebe por si mesmo sua condição real e a real condição desse mundo decadente. Consegue discernir muitas ilusões às quais estava relacionado e acostumado a ver como realidades. Reconhece as realidades mentais e conscienciais e assume uma nova atitude de consciência desperta momento a momento, como um cientista observador, como um vigilante sobre uma torre. Desta observação acurada surgem conhecimentos e experiências reais... Surge nele então o anseio por libertação (das ilusões, limitações, condicionamentos aprisionantes, condições decadentes, etc.) e por conhecimento, por conhecer de fato a verdade. Ocorre também, devido ao reconhecimento, o arrependimento genuíno, a vontade autêntica de mudar de direção, agora para o caminho de Deus, que é a conversão: voltar em direção a Deus, abandonando a via do mundo e toma o caminho contrário, para Deus, este é o sentido da palavra arrepender, mudar a direção, e converter, verter para Deus. Então por essa decisão e pela fé em Jesus Cristo, pela confiança, ocorre o renascimento espiritual.

2. Comunicação
Aprende maneiras de se comunicar diretamente com certas dimensões do ser (as superiores), uns dizem com as partes mais internas ou superiores de sua consciência outros dizem com seu anjo da guarda, mas de fato é com o Espírito Santo, enfim com o próprio Deus (anjos e partes do ser são mensageiros e receptores respectivamente); aprende como ouvi-lo sem dúvida, como entender, como obedecer suas instruções...

3. Entrega de Si Mesmo e Novo Nascimento
Verifica seu grau de entrega, de sua vida, e entrega completamente, a Cristo, não só como seu Salvador,  mas também como seu Senhor, aquele que conduzirá todo o processo interno. Cada parte de sua vida é entregue a este comando (o ego para de tentar ser o Senhor é torna-se um servo de Cristo, um secundário, em tudo), nada deve ficar, tudo deve ser entregue, nenhum comando mais pode ser seu, apenas a vida do Cristo deve ser sua vida agora. Deve entregar tudo. Cristo deve crescer e o velho homem deve diminuir e morrer, a cada instante, num processo contínuo. Aqui começa sistematicamente a operação da cruz no estudante.

4. Nova vida e Consciência Espiritual
Em decorrência do processo anterior começa a se desenvolver uma nova vida e nova consciência espiritual, entendimentos (muitas intuições, tomadas de consciência e compreensões) e experiências  (comunhão, visões, dons, fenômenos, etc.) realmente espirituais. Ter consciência espiritual é tomar consciência dos princípios espirituais, não apenas dos fatos e dimensões espirituais (que não pode também ser mais confundidos com experiências, fenômenos e dimensões mentais).

5. Transmutação
Aqui se encaminha para o seu aprendizado o processo de transformação da alma. Cristo foi gestado, nascido e agora o neófito já alimentou-se suficiente com o leite da salvação, dos rudimentos e fundamentos da fé verdadeira (pistis, confiar, crer e ter convicção); agora, não deixando os fundamentos, mas deixando os rudimentos de obras mortas, parte para a obra à qual foi destinado por Deus e se alimenta do alimento sólido como verão crescido até a medida é a estatura, do homem original à imagem e semelhança de Deus, Cristo Jesus.

6. Viver para a Libertação de Muitos
Deus nos salvou para as boas obras. A primeira e toda a obra é crer no Deus único e no filho de Deus, aquele que ele enviou. Esta é a obra da salvação, mas Deus quer que cheguemos ao pleno conhecimento da verdade. Para isto há mais a fazer, sem o amor a Deus e ao próximo isto é impossível. Deus nos fez agora todos sacerdotes dele, embaixadores dos céus na Terra. Ele nos enviou agora para pregar, ensinar e curar como fez nosso mestre, é  assim que devemos fazer, viver para isso, para que assim essa obra completa chegue a ser realizada por muitos. É o que uns chamam de voto do bodhisatva (orientais chamam assim o não entrar para o descanso eterno sem ter levado a libertação a muitos), permanecer ensinando e trabalhando para a salvação de muitos, para a edificação da igreja de Cristo e para que muitos também cheguem a essa iluminação e até a restauração e reintegração final junto ao Pai.

7. Reintegração
Tornou-se um morador de dois mundos conhecendo as duas naturezas, fez sua obra, isto é, cumpriu a vontade do Pai, o propósito de sua existência terrena, e largou o fardo completamente, então retorna à natureza original, finalmente, com a morte do corpo e retorno ao estado original aguardando com os santos o dia da ressurreição plena e a vida eterna com Deus.

Este é um processo há muito estabelecido, procurei fazer uma descrição o mais correta e sucintamente possível, mas segundo o que veio em minha memória e pelos meus estudos. Existem outras formas de descrever, muitos usam uma forma mais alegórica e alguns até mais fisiológica, ms essas formas de descrever geram muitos erros e práticas erradas, por isso procuro descrever o mais literalmente possível. Os termos que descrevem essas realizações tem variado de acordo com as escolas e grupos ao longo do tempo, mas o que importa é o que eles definem. É claro que estas realizações são muito mais complexas do que o que se pode dizer com uma palavra ou expressão ou com essa pequena explicação. Nós também classificamos os graus em processos de aprendizagem. Veremos no próximo item.


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domingo, 1 de dezembro de 2019

OS SEGREDOS DA ORDEM - parte 3.4 e final

3.4

As pessoas têm pensado mil coisas sobre o que nossa ordem é, sempre comparando com outras, pois exitem ordens religiosas, ordens esotéricas, ordens profissionais (ordens de médicos, ordem dos advogados, ordem dos músicos, ordem de psicanálise, etc.), ordens militares, ordens místicas,  ordens acadêmicas, enfim, são muitos os tipos de ordens, mas não somos de nenhum desses tipos, embora sejamos uma ordem de terapeutas e pesquisadores.

O que essas pessoas não entendem, primeiramente, é a que nos referimos com o termo "ordem" (para isso veja o texto "A Ordem"), e que ordem como entendemos não pode ser organizada segundo nosso entendimento, gosto ou desejo, que ordem é um padrão, uma ordenação conforme a vontade e plano do Onisciente. E esta é uma ordem de estudos e estudantes, que procura seguir esse padrão. Ordem no sentido religioso ou místico não é assunto para ser tratado aqui, pois por essas serem alvo de nossas pesquisas não nos torna uma delas. Porém as semelhanças ou aparentes semelhanças que teríamos com algumas delas já foi assunto tratado e outro texto. E para esclarecer sobre de onde podem vir essas impressões (principalmente por parte de pessoas de fora ou que apenas iniciaram os estudos) é só ler esse texto até o final e tirar suas próprias conclusões. Apesar da via da fé ser chamada de via religiosa isto pode ser uma confusão, a via é uma das formas de adquirir conhecimento da verdade, uma via indispensável entre as outras quatro, mas se "religião" se referir ao verdadeiro significado da palavra isto pode ser verdadeiro para alguns de nós também. Nesse estudo o que nos interessa saber é como somos uma ordem de terapeutas visto que essa via é a da mais elevada e definitiva terapia.

Também as pessoas não entendem que tipo de terapia é este e acham que deve ser apenas "para quem precisa de terapia": eles não compreendem que ser humano já é uma necessidade de terapia, é quase um sintoma, todos precisam de terapia, para libertar-se do mal da ilusão sobre esse mundo, sobre essa vida e sobre si mesmo; para escapar desse estado desviado, caído,  decadente, que está indo as últimas e finais consequências degenerativas (tanto enquanto universo quanto enquanto indivíduos).

É como se estivéssemos submetidos a uma máquina pela qual nos transportamos por aí, e o combustível e manutenção dela nos tomasse bastante tempo, e ainda esse combustível variasse desde um ótimo até as piores substâncias que destruíssem a máquina aos poucos, combustíveis adulterados, falsos combustíveis. É exatamente isto que acontece. O corpo é a máquina à qual estamos submetidos, o transporte por aí é toda a vida no mundo, aparentemente sem saída, como se só existisse esta vida e este mundo; os combustíveis são as experiências e alimentos, as experiências vão desde sentimentos, sensações, percepções (exteriores ou interiores) até todas as inter-relações pessoais, interpretações da realidade, fenômenos, etc., e os alimentos são exatamente como descrevi os combustíveis.

A ordem enquanto teurapêutica cuida disso tudo, da saúde, do corpo, da nutrição, da interpretação, da psique, etc.. Mas é um cuidado completo da saúde,  ou seja, corporal, mental e espiritual, e ainda, que não foca tanto nos sintomas, doenças, males, efeitos aparentes, mas, mais especificamente, foca nas causas, muitas vezes ocultas, dos tais. Assim corporalmente falando devemos nos tornar terapeutas naturais de nós mesmos, e consultar terapeutas bem graduados, com mais experiência que a nossa.

Não que não hajam médicos na ordem, pelo contrário, onde há médicos estes devem ser consultados e onde não há procura-se os médicos locais, caso necessário; lembrando que a alopatia é uma das filhas da ordem, não só a nutrição, a fitoterapia e todas as medicinas naturais. Todas as medicinas verdadeiras se complementam. Mas que, em nossa ordem, enfatizamos o organismo como um todo e que se as causas das chamadas doenças não forem alteradas, de pouco adianta cuidar dos resultados. As doenças são sintomas de desequilíbrios, da perda de saúde, seja em algum aspecto, seja como um todo. Saúde não é ausência de doença, mas o contrário, doença é ausência de saúde. Saúde é o estado ideal e possível de equilíbrio orgânico-mental-consciencial.

Isto é o que são os terapeutas hoje, como ciência e filosofia. Mas historicamente, o que são enquanto tradição e religião? O início dos terapeutas se perde no tempo, os registros mais antigos já com esse nome vem da comunidade de Qumran, os essênios (ou os puros ou os terapeutas...) dos quais faziam parte as familias de João Batista e de Jesus. Seus escritos (dos essênios) contém desde tratados medicinais até os textos bíblicos. Essa comunidade judaica, com caracaterísticas bem próprias, vivia em grande parte separado dos outros, no deserto, mas isso não significa que todos os adeptos se retiravam das cidades. Nos evangelhos vemos Jesus fazer severas críticas aos judeus fariseus e saduceus, mas não vemos nenhuma crítica a outros grupos como os nazarenos, essenios e nem mesmo aos zelotes. Há muitas evidências que João Batista fazia parte dessa comunidade e muita probabilidade que Jesus tenha passado algum tempo, pelo menos, com eles também. Há muitas referências nas falas e nos hábitos de Jesus que remetem a essa comunidade (para mais detalhes e sobre provas arqueológicas,  veja os textos específicos sobre isso.). Aqui vamos apenas exemplificar com umas poucas, ainda que ainda que não as principais.

Essa comunidade tinha coletâneas de várias sabedorias, de muitos povos, comprovadamente da hermética, e direta ou indiretamente das indianas, hindu e budista (a parábola do filho pródigo, por exemplo, é comum a ambas as tradições, cristã e budista), e, provavelmente da chinesa (conhecimentos médicos,  alquímicos, filosóficos,  etc.). E, muito provavelmente, daí compuseram grande parte de sua sabedoria curativa, tanto da medicina corporal como da mente, sua psicologia. Conta-se que povos de lugares distantes levavam seus enfermos em longas jornadas a procura da cura essênia. Provavelmente sua moral extremamente amorosa e bem severa ao mesmo tempo, e suas leis, influenciaram silenciosamente desenvolvimentos filosóficos posteriores.

O que temos hoje de sua herança provém em parte da tradição indiretamente, através de escolas (como algumas de alquimia, por exemplo) que transmitiram parte de sua sabedoria e uns poucos fragmentos escritos sob sua influência; mas também, hoje temos os achados de Qumran, uma biblioteca com vários livros e textos completos, inclusive da Bíblia constituindo estes uma de suas maiores provas científicas de autenticidade e inalteração existentes hoje. Nesses textos por exemplo temos tratados de cosmologia, de leis, de medicina, por exemplo, que confirmam algumas partes da tradição chegada até nós.

Outro dado importante sobre os essênios é o messianismo, eles se retiraram do meio meio dos judeus corrompidos (o estopim da separação foi aceitarem um rei por decisões políticas e não as tradicionais estipuladas pela lei, portanto, um reinado ilegítimo, ilegal). Forma para o deserto plantar e viver suas vidas a esperar o Messias. A tradição messiânica do antigo testamento, confirmada nos evangelhos, era o centro da tradição essênia, que já a vivenciava pela fé no Messias que, naquela época, ainda viria. Diferente dos fariseus e saduceus que interpretavam (e seus descedentes interpretam até hoje e esperavam) um Messias homem somente, para ser rei e libertador do povo judeu apenas, um guerreiro e sacerdote de rituais de sacrificio e não um pacificador, os essênios eram extremamente pacíficos e adeptos da não-violência (o que me lembra: se alguém lhe bater numa face ofereça também a outra... se alguém lhe roubar a túnica dê também a capa, etc.). Esta é, no meu entender, a maior razão para se retirarem (Jesus também dizia "não resistai ao mau"): numa cidade violenta como a Jerusalém da época em meio a crueldade dos soldados romanos e sacerdotes judeus, dos ladrões e assaltantes, dos zelotes revolucionários, etc., seria difícil a comunidade sobreviver sem reagir à  violência. Por essa razão até os filhos de outras seitas judaicas eram levados para viver com essênios os,  para sobreviverem, mesmo que longente dos pais. Os essênios eram também, vegetarianos,  excetuando, talvez, que comiam peixe, uma necessidade para quem vivia ali onde só havia deserto, mar e o que plantavam. Entendiam os sacrifícios como símbolos messiânicos não mais para aquele tempo (o que nos faz recordar "misericórdia quero, não sacrifício"), enfim, Jesus viveu como um judeu e muito provavelmente ao modo de judaísmo essênio.

Os essenios, dizem uns autores, são descendentes diretos dos nazarenos. Em atos dos Apóstolos Paulo assume que ele, antes fariseu,  pertencia realmente aos chamados de seitas dos nazarenos. Os essênios também costumavam se retirar para longas orações e jejuns, e segundo alguns autores teriam recebido influências dos orientais também, quanto ao modo de meditar (diferente do judeu geral que era apenas na leitura da lei) que incluía os grandes temas universais, e sobre Deus diretamente (Jesus também se afastava normalmente para orar e meditar, virava a madrugada orando), também os hábitos de purificações com banhos e batismos. Também tinham uma ceia dos ágapes, vestiam linho branco e muitos eram celibatários e não se casavam, diz-se que nunca cortavam o cabelo e a barba, sobre isso, sabidamente, pelo menos alguns, mantinham o voto nazireu. E se intitulavam os "pobres de espírito", na verdade "que se inclinam em espírito" (diante do Espírito de Deus), se traduzido diretamente do aramaico seu nome (anabey ruah) ou em grego "anavei", iluminado.

O processo de terapia antigo, das ciências antigas e dos essenios, incluíam todos os meios, desde que fossem éticos, possíveis para chegar a cura. Os pais da medicina (Hipócrates, Galeno, Herófilo, Dioscório, Paracelso,  etc.) também não estavam preocupados se a medicina se restringiria apenas à alimentação ou fórmulas naturais, pelo contrário, desde minerais até compostos organicos em preparações químicas bastante completas já são encontrados em seus tratados; isto é bem claro em toda obra de Paracelso. Mas também não era padrão separar o ser humano em partes, nem a cura do corpo separado da alma ou vice-versa, nem das diversas partes do corpo em separado sem considerá-lo com um todo. Enfim, o modo de cura tradicional tem essa diferença básica do modo acadêmico: o ser é tratado como um todo de partes sempre inter-relacionadas, jamais isoladas; e a cura não pode ser só das doenças, ou seja, em nossa visão, dos sintomas, mas em todas as suas necessidades, envolve sempre alguma mudança de hábitos,  atitudes e maneiras de pensar e ser. Mas isto já começou a mudar tem muito tempo, as ciências acadêmicas estão cada vez mais interativas e sistêmicas, considerando o todo ou pelo menos o que acreditam ser o todo.

Portanto, embora tenha a metodologia científica e muitos métodos terapêuticos em comum, a nossa terapia e a terapia acadêmica partem de princípios diferentes. Praticamente aqui se confirma a observação popular de que a ciência acadêmica parte das partes para o todo (e trata das partes como que avulsas muitas vezes) e que a terapia hoje chamada de tantos nomes (natural, holística,  sistêmica,  etc., para nós simplesmente terapia, pois é a original) parte do todo para as partes (e trata do todo e das partes em relação ao todo). Mas mais que isso, o mais importante é não opor uma à outra porque são complementares e são uma só em conjunto, estão do mesmo lado. Devemos agora entender que precisamos tratar sempre o ser por completo e isso inclue sua vida, seus hábitos, seu meio, sua maneira de pensar e sentir para que a cura seja real.

Podemos demonstrar  isso até com um exemplo superficial. Se a pessoa tem hábitos insalubres e fica doente, de pouco adianta tratar a doença se ela permanecer com aqueles hábitos. Na verdade podemos até remover a doença, mas não lhe devolvemos a saúde, e a doença, ou outras, podem aparecer mais cedo ou mais tarde.  Esse é o princípio.

Por exemplo, suponhamos que chega uma pessoa para a consulta queixando-se de tonturas, cansaço, fadiga,  palpitações, aperto, e outros desconfortos; alguém a examina e verifica que sua pressão está muito alta, então receita remédio, duas vezes ao dia, para a pressão arterial, e recomenda a diminuição do sal; não sabe de outros hábitos alimentares nem o quanto de sal a pessoa está comendo; então digamos que a pessoa obedeça todas essas recomendações, e ao medir sua pressão ela aparenta normalidade, até porque está tomando remédio e reduziu o sal, embora não suficiente, por que era acostumado a sal em demasia; volta ao médico com sintomas amenos, pressão normal, pois seu mal estar é  geralmente noturno depois da refeição mais pesada (e salgada) de sua jornada dupla de trabalho; o médico se espanta que mesmo reduzindo o sal à  metade ainda era muito o que comia, e dessa vez dá a medida de sal e dobra a dose do remédio, a pressão está como que controlada; alguns meses ou anos depois volta o paciente com um terrível mal estar, está bem acima do peso e com um exame se descobrem várias veias e artérias entopidas: o médico não sabia que ele mantinha jornada dupa de trabalho estressante e comia apenas duas vezes no dia, uma na rua, geralmente  lanches, fritura, refrigerante (que tem também, não só excesso de acucar, mas também de sal e alguns com cafeina e todos muito ácidos para o organismo), e em casa também comia bastante frituras, muitas massas e até margarina, comia muitos doces, linguiças, salames e similares, tomava altas dores de café durante o dia e depois do jantar, e até chá verde "para emagrecer" (que também é estimulante), dormia tarde e acordava cedo, dormia cerca de quatro horas por dia, era uma pessoa que não conseguia esquecer ofensas nem situações de estresse, não conseguia perdoar e guardava muitas máguas antigas também, não andava nem fazia exercícios, seu lazer era cerveja no fim de semana, poucos amigos, pouca conversa, e não tinha religião nem qualquer crença em um ser superior, e com aqueles sintomas temia a morte e a escuridão ou o nada que parecia ir ao seus encontro quando a vista escurecia devido a picos noturnos de pressão, ele tinha ataquns de taquicardia, crises de pânico, sofria agora de ansiedade e depressão, além das veias entupidas e a pressão alta que tinha votado com mais forca. Porque tinha que ter alterado toda essa maneira errada, insalubre, de viver e de pensar desde o primeiro encontro no consultório.

Um terapeuta deve fazer uma intrevista bem detalhada sobre todos esses pontos e até outros que não pareçam a primeira vista ligados aos sintomas,  como no caso da religião ou suas crenças pessoais, deve ser uma conversa longa onde ele deve estimular e levar o paciente a de fato desabafar sobre sua vida e seus sintomas.

Um outro exemplo bem simples, suponha um paciente que aparece com tumores, extrai tumores e depois ele tem tumores malignos, então ele faz cirurgia, quimioterapia e radioterapia, e fica sem sintomas, mas os tumores voltam, a pessoa parece um câncer ambulante, então em outra consulta se descobre que a pessoa quase não bebeu água suficiente toda sua vida, nem tomou sol, nem tinha boa hábitos de higiene, que é viciado em refrigerantes e outras coisas ácidas, em doces e açúcar cristal por mais de 60 anos. Ou seja, nesses exemplos seja um mais complexo seja num mais simples, se a pessoa se envenena a vida toda, não adianta tomar remédio,  pode até mascarar o sintoma neste caso, a doença desaparece mas a pessoa não tem de volta à saúde, ela continua se envenenando e perdendo mais saúde.

Assim é  o trabalho de um terapeuta, a detecção  e retirada dos venenos, recomendar remédios se forem necessários e alimentação correta, e dar as instruções do que é saudável, que deve substituir completamente os hábitos não saudáveis.

Só que aqui estamos falando dos níveis da via central, portanto sua psicologia e conscienciologia também devem focar nas causas últimas para ser uma terapia completa. E a terapia completa tem que ser até o retorno total desta saúde. E o retorno total desta saúde é o retorno ao estado original, à consciência original completa e perfeita, completamente desperta. Não apenas o desaparecimento de sitomas, nem aprender a lidar com eles apenas. É o retorno às capacidades originais da mente em seu estado perfeito. E corporalmente é o retorno à natureza e dimensão originais; materialmente será a ressurreição futura num corpo transfigurado, glorificado,  um corpo especial em suas capacidades, imortal, maleável,  que não se fere, que não adoece, que toma várias formas,  que desaparece e aparece à vontade, etc..

Então o foco aqui são as psicologias das causas (como a psicanalise, a psicologia analítica e outras, como algumas psicologias orientais e como os métodos específicos próprios da ordem, entre outros mais específicos ainda). A psicologia profunda, a metapsicologia tem que ser praticada até os últimos estágios do processo alquímico completo... E que conscienciologia pode ser mais perfeita que a deixada pelo mestre dos mestres da consucienciologia, Yeshua, Jesus o Cristo? Esta é a parte da conscienciologia da ordem destinada a levar a consciência à plena regeneração instantânea, ao total renascimento, passando pela tomada de consciência da realidade desse e de outros mundos e seus signicados e de outras dimensões e seus significados,  e porteriormente , à reintegração, e finalmente o retorno à sua dimensão original. E este só é possível para nós que estamos nessa dimensão através da via crística, através do autor e consumador da vida, Deus manifesto e glorificado, que se tornou como um de nós e passou por todo o caminho, tanto como demonstração como ser o caminho visível; tanto para nos salvar quanto para nos ensinar os passos completos do caminho da regeneração completa; e toda a psicologia e conscienciologia necessárias à esses processos. Os mínimos detalhes sobre isso que foram deixados a milênios e escritos detalhadamente no Novo Testamento; é o que explicamos, estudamos, praticamos e ensinamos.

sábado, 30 de novembro de 2019

Os Segredos da Ordem - partes 3.2 e 3.3

3.2

Iluminação em nossa tradição é uma palavra que vem do grego "fotismon" que é a palavra iluminação referindo-se ao conhecimento (gnoseus) da glória de Deus. É claro que este conhecimento foi dado a todos os povos, por um meio ou por outro, pela criação, pela revelação, por mensageiros, etc., e a idéia do Ser Supremo está enraizada na consciência do ser humano. Por todos os meios possíveis, que apenas vêm a confirmar esta intuição da consciência, cabe ao ser humano, não explicar, nem entender como é Deus, mas reconhecer, aceitar, ou negar. Não é por entender ou explicar que a alma humana retorna à comunhão original com a alma divina, é pelo conhecimento que leva ao amor. Até aqui tivemos o conhecimento, ainda que não completo, mas suficiente, para amar o criador, mas este conhecimento só foi possível pela fé, por confiar na direção e revelação de Deus. Assim se explica como a fé é a porta, inclusive para este conhecimento. E para nós essa revelação tem um modo especial visível demonstrada, no Filho, que é a plenitude do Pai, a expressão perfeita do Pai, como nos foi revelado. Portanto fotismon é "iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo".

Iluminacionismo ou iluminismo é a tradução da palavra grega diafotismós que quer dizer literalmente algo como juntar luz ou unir luz. No primeiro sentido se refere ao esclarecimento, juntar cada vez mais luz, iluminar, neste sentido. No outro significa unir nossa pequena luz, nossa consciência limitada, nosso espírito humano, caído, à luz das luzes, ao Pai das luzes, à consciência divina, Onisciente, ao Espírito de Deus, que revivifica o nosso. Iluminados são todos que foram feitos de fato filhos do Pai, portanto fotismeni (grego, iluminado, e não illuminati, latino, brilhante). Este não é iluminado, está sendo, contínua e gradativamente; vive em Deus, uma vida do Espírito, no oceano da consciência absoluta. É muito simples compreender isso, essa definição, não é misteriosa, esta definição clara e verdadeira é nossa principal diferença quanto a isto. As outras definições simplesmente não existem, são mentirosas, seus defensores mesmo assumem que é impossível definir, como pode então ser definição? Se é impossível definir o seu principal alvo, então estão buscando algo que nem sabem o que é, por isso aceitam qualquer coisa que lhes pareça boa, e assim são enganados por todas essas falsas ordens, seitas e religiões falsas. E ainda se orgulham disso, de seguir o que não entendem e buscar o que não sabem o que é, seguem sua própria concupiscência (para mais detalhes sobre tudo isso aguarde nosso artigo "O que é Iluminação?").

Temos sete graus nessa via que começa entre o terceiro e o quarto grau ou no momento que a pessoa esteja em condições para iniciá-la (e a condição é  ser convertido, que virou para o outro lado da corrente do mundo, que virou para o lado de Deus, que tem Jesus Cristo, Yeshua HaMashiach, com único Salvador e Senhor, por isso a via é conhecida como via cristã ou via crística). É um caminho completo, em todo ele, não apenas em seu final. Estes sete graus podem ser vistos do ponto de vista tradicional ou do ponto de vista da ciência. No primeiro temos as realizações espirituais, conscienciais, específicas, do desenvolvimento nos graus; e no segundo temos as etapas psicológicas, necessárias à esse desenvolvimento e amadurecimento. E existem várias maneiras de classificar tal graduação. Vejamos aqui algumas delas.

Nós classificamos os graus em processos de aprendizagem, assim temos uma sequência de aprendizados que devem ser praticados em toda sua capacidade e possibilidade, cumulativamente, por cada grau:
1. Esclarecimento
2. Purificação
3. Meditação
4. Oração/Devoção/Rendição
5. Testemunho e Ensino
6. Fazer o Bem
7. Ensinar a fazer o Bem
Note que aqui estão algumas coisas que as pessoas costumam pensar que já sabem, que já fazem, mas realmente não sabem completamente e nem sabem como fazer isso com excelência. Na verdade na maioria dos casos apenas pensam que sabem ou seguem conceitos errôneos, esclarecimento, purificação e meditação são um exemplo claro disso, todos acreditam que sabem o que é, mas geralmente não sabem ou seguem visões erradas do que são e de como se realiza isto.

O maior intuito aqui é alcançar estados que podem ser vistos como uma classificação dos graus por realização. Estas realizações são como as apresentadas pelo apóstolo Pedro, isto é, do que deve ser acrescentado e desenvolvido naquele que já tem a fé:
1. Virtude
2. Ciência
3. Temperança
4. Paciência
5. Piedade
6. Fraternidade
7. Amor
E mais uma vez nos deparamos com elementos que geralmente algumas pessoas crêem que já possuem, umas poucas crêem até que possuem essas características em "quantidade" e qualidade suficiente. Mas é na verdade algo que precisa ser desenvolvido, é a nossa parte a fazer...

Psicologicamente nós classificamos os graus dentro das etapas alquímicas da psicologia analítica como colocadas por Jung:
1. Calcinação
2. Sublimação
3. Solução (solve)
4. Putrefação (fermentação)
5. Separação (destilação)
6. Solidificação (coagula)
7. Tintura (união)
Ao fim desse processo, se realizado pelas outras vias, a pessoa está pronta para os quatro processos psíquicos definitivos em alquimia (dissolução, purificação, transmutação e união) ou sua realização completa estará já inclusa nele se a pessoa o realiza nesta via (para mais definições haverá um texto específico sobre).

Uma outra forma tradicional de se classificar os graus quanto às realizações é a seguinte:
1. Discernimento e Conhecimento
2. Comunicação
3. Entrega de Si Mesmo e Novo Nascimento
4. Nova vida e Consciência Espiritual
5. Transmutação
6. Viver para a Libertação de Muitos
7. Reintegração
Os termos que descrevem essas realizações tem variado de acordo com as escolas e grupos ao longo do tempo, mas o que importa é o que eles definem. É claro que estas realizações são muito mais complexas do que o que se pode dizer com uma palavra ou expressão (para mais detalhe sobre isso veja os artigos sobre graduações, e sobre esta última aqui veja o artigo sobre graus rosacruzes, e não se preocupe: este nome não tem nada a ver com o seu atual uso e os mitos com os quais se tem "explicado" a sua origem).

Na primeira etapa predominou o conhecimento e se descobre que somos "pecadores, dos quais eu sou o pior"; na segunda etapa predominou a vontade, o eu quero, "mas o bem que quero não faço e o mal que não quero, este faço", mas agora sob a operação da cruz, crucificado, olhando para Cristo, na terceira etapa predomina o amor, onde conheço o que amo e amo porque conheço, o Senhor e sua vontade e "não vivo mais eu , mas Cristo vive em mim" assim,  obedeço, não há mais como agir diferente. Como uma flexa lançada ao alvo por um arqueiro perfeito, vencendo a resistência do ar sem nenhum impedimento, não existe nenhuma possibilidade de erro agora.

Este nível ocorre desse modo apenas na quinta via que é a primeira e última, a da fé. A via da ciência a auxilia, para se segui-la, a ciência está nela;  a via da razão contribui para segui-la, e a razão está nela;  experiência é gerada e auxilia a segui-la, a nova experiência é gerada por ela; esforço também é utilizado, e auxilia em segui-la, o equilíbrio emocional, o domínio próprio não são apenas frutos, mas frutos e conquistas, por esforço... Assim todas as outras vias estão nela mas nenhuma é a cabeça, a cabeça é a convicção, pistis, a fé,  a confiança no Senhor.

3.3

Dito isto podemos entrar agora na definição mais adequada. Vem-se confundindo o conceito de iluminação com o conceito de despertar oriental, mas, como já visto, para nós, despertar é o primeiro degrau, é o requisito básico, pois com consciência e intelecto normais não há tempo nem capacidade suficiente para conhecer tudo que pretendemos conhecer (como o processo de despertar é longo e fundamental, base para os demais, tem que ser o primeiro). Mas é preciso esclarecer que este processo também não é terminal nem instantâneo como uns acreditam, senão gradual e permanente, durando toda a vida tanto em um processo contínuo quanto em alguns saltos repentinos devido a experiências que vão ocorrer. Pela definição correta da palavra: (a) iluminação é um processo e (b) despertar é outro processo (propõe-se que são retroalimentativos e outros dizem até que são independentes).

Por tudo isso deve ficar claro o erro da interpretação neo-espiritualista (e que nada tem a ver com a tradicional, mas que tomou o lugar dessa mesmo dentro das tradições "Iluminacionistas"). Esta interpretação errada vem já de outra interpretação mais antiga, da tradição vedanta, oriental, basicamente ela afirma que a pessoa torna-se um com o Supremo, neste processo ela não existiria mais como individualidade (senão no máximo a memória de seu período de individualidade, mas uns chegam a afirmar que isto é apagado), voltou a fonte original, praticamente tornou-se Deus e deixou de existir. Vamos abordar o erro dessa interpretação rapidamente.

Costuma-se justificar essa interpretação com o símile da gota no oceano: a gota teria voltado ao oceano deixando de existir como gota e se tornando todo o oceano. Vejamos, uma gota por menor que seja é composta por várias moléculas, claro que ninguém tinha isso em mente naquela época,  só que de fato nós somos seres compostos também, mas o Ser Supremo é composto como o oceano é composto de várias gotas ou de várias moléculas? Claro que não. O autor dessa idéia pensou o oceano como unidade, não como conjunto de gotas, e do mesmo modo pensou em gota como unidade não como conjunto de moléculas que se separariam na união com o oceano, perdendo assim a unidade. Se modernizássemos o símile pensando na molécula de água que voltou ao oceano veríamos que ela não deixou de ser o que é, não perdeu sua unidade, mas ainda assim erraríamos porque Deus seria, não uma unidade, mas um composto de muitas moléculas. O autor do símiles colocou oceano como unidade e gota também  como unidade, embora tenham se tornado uma única unidade a gota não deixou de existir. o problema para nós hoje seria: a gota passou a ser o oceano? Esse enigma deixo a mente do leitor interessado porque o que interessa para nós é a verdade (nem tanto o que se diz dela, ou se alguma afirmação tida como sagrada é verdadeira, mas nos interessa agora a verdade comprovável).

O que nos interessa é sabermos, sendo essa descrição imprecisa, qual seria mais fidedigna? No oriente existem também várias interpretações sobre como seria essa união  suprema, não apenas essa, que se tem tornado majoritária, pois simplista.

Quando dizemos somos todos um, ou nos tornarmos um com Deus, certamente esta frase não tem o mesmo sentido que para uma grande parte dos orientais, e de forma alguma se parece com o que pensam adeptos da nova-era. A forma como pensam e a forma como foi descrita acima não se parece muito com a tentação da serpente ("serás igual a Deus")? Tornar-se um com Deus não pode ser tão completo como imaginam os Orientalistas modernos, para nós humanos, Deus sempre será o outro. Deus tem atributos incomunicáveis, isto é, que jamais podemos ter, como ser eternos (nós tivemos começo), ser onisciente  (o Onisciente é consciente não apenas de todo agora presente, mas de todos instantes e possibilidades), onipresente,  onipotentes... Ter comunhão com o Supremo, se tornar um com ele é um alvo, sempre estamos aumentando essa união que tende à totalidade da unidade, mas nunca chega,  passaremos a eternidade nos aproximando e conhecendo mais de Deus, e nunca chegaremos ao todo porque é impossível, pelo dito acima, as características incomunicáveis. Nos sempre seremos no máximo filhos, tornados um com o Pai, mas nunca nos tornando O Pai. A outra idéia, de se tornar igual a Deus ou Onisciente, é arrogância, ou um desejo ensoberbecido, logo seus defensores não são dignos de qualquer confiança, eles só podem estar no máximo muito enganados, inclusive sobre si mesmo,  pois que a maioria ainda se acha humilde, sem cobiça. Eles não cobiçam nada, só ser Deus, seria cômico se não fosse trágico. A outra opção, que o buscador deixaria de existir ou aniquilacionismo, é tão absurda que nem é digna de comentários.

Então veja que iluminação é receber luz de Deus, nós éramos alunos (sem luz) e nos tornamos iluminados (que somos agora receptivos à luz, que recebem luz, "arrancados das trevas para a luz") este é o real sentido da palavra. E este processo é gradual. Ele depende da luz das luzes, não de nós, aqui se está entregue a Deus, a essa comunicação do Onisciente, à vontade dele que é o melhor para nós, é  exatamente o que precisamos, é o que no fundo queremos de fato, o que nos leva gradualmente a plenitude, que pode ser agora ou depois da morte...

A nossa diferença de nossa ordem é que queremos este conhecimento pleno nesta vida e seguimos o caminho mostrado para que isso possa acontecer, e ensinamos a todos que almejam almejamos mesmo. Se Deus quer nos levar ao pleno conhecimento e ele não pode falhar em seus trabalhos e nós não temos encontrado esse pleno conhecimento a falha está onde, em quem? Alguém não está fazendo a sua parte, e não é Deus que está faltanto. Existe o trabalho que Deus faz e existe o que nós fazemos, nos temos um trabalho a fazer.

Existe um dito: nós fazemos o que podemos e Deus faz o que não podemos. No sentido correto esse ditado é muito certo. Algo depende de nós, temos que fazer algumas coisas, alcançar determiradas condições, realizar algumas obras (pois Cristo nos salvou para as boas obras); não somos aptos a desfrutar tudo que herdamos ainda, nem seremos, mas algumas coisas já somos, para umas podemos estar aptos, preparados, em condições adequadas, outras ainda precisamos nos preparar, nos tornar aptos.

Em resumo a grande diferença é que entendemos que o conhecimento completo da verdade é a vontade de Deus para nós, e ela é satisfatória, é a que nos satisfaz, mas para este conhecimento ser completo temos que trabalhar para alcançar, temos que fazer a vontade do Onisciente, mas não por interesse em obter algo, e sim pelo amor a Deus, à sua vontade é à sua obra (seus propósitos, sua edificação, sua vida e luz...). Deus faz por nós o que não podemos, a salvação, e muitas outras coisas na verdade, até grande parte desse pleno conhecimento da verdade, mas também alguma parte depende de nós, de nossa busca, nossa vontade, de estermos atos, atitudes, e dignos, enfim, de vários fatores que dependem de nós. É preciso dar um passo é receber uma revelação, outro passo, e outra...

Nesta fase, o mais difícil para o leigo entender é  a ênfase no amor como uma atitude de vida, a vida em comunhão, o viver para o outro. Sem isto não existe a realização da iluminação. Pessoas isoladas não são iluminadas porque isso é impossível (a não ser que fizeram isso por uma necessidade, por amor, que é uma excessão rara).

Até aqui descrevi os três níveis, é preciso entender que no primeiro predomina nous  (consciência ) que segue seu despertar e esclarecimento nos níveis seguintes onde primeiro se adiciona a ênfase em thelema (vontade) no segundo nível, esta vontade que é  o seu real propósito guiado pelo Onisciente em tudo e finalmente neste terceiro adiciona-se a realização  desse propósito em agape  (amor incondicional), por amor (ao propósito,  a Deus, aos seres...), mas amor incondicional, não sentimental, é uma atitude amorosa, atitude de amor que tem que ser aprendida, guiada.

A realização  desse nível começa com acesso a algumas verdades. Além das verdades cosmológicas e das sensações, das verdades sobre si mesmo, enfatizadas no primeiro nível, das verdades sobre as realidades consciência isso, sobre Deus e sobre as razões e propósitos da criação enfatizados no segundo, existem experiências acumuladas até aqui, como a do espaço infinito e consciência infinita, da natureza real da existência, do que está além da existência, dos significados, agora vê,  o sentido completo de tudo. O nível de significados é o mais alto nível do intelecto, da consciência, o mais alto nível de realização que o ser humano pode conceber, em matéria de visão do real, além disso está o Eterno, insondável, o Onisciente. A realização eterna...

Os humanos não se impressiona, mais com a capacidade intelectual humana, como o ser humano concebe codigos fonéticos,  as palavras, e os transforma em significado instantaneamente, e possuem um código complexo de escrita que instantaneamente são codificados por nós em fonemas e seus significados. O adormecimento humano é tão intenso que não só ele não se impressiona com isso, alguns chegam até a desprezar o intelecto. Há impostores tidos como mestres espirituais que dizem que o intelecto não é nada, que só atrapalha, que devemos abrir mão da capacidade intelectual e que somos "apenas animais intelectuais, "simples" máquinas intelectuais. Máquinas que processam um número tão grande de informações em tão pouco tempo que nenhum computador inventado até hoje chega a uma porcentagem próxima de processamento, mas que para estes idiotas é algo desprezível, e em suas desprezíveis inteligências talvez seja. Mas mais provavelmente é só mais uma forma de manipular as pessoas, é o mesmo que dizer "não raciocinem, não se informem, não procurem entender, nem esclarecimentos", etc., para que não descubram suas fraudes. A realização dos significados, e do sentido e propósito da obra de Deus e do seu próprio (da pessoa praticante) propósito inclusive, do propósito de sua existência, são importantes para a compreensão da ordem original, da natureza original e do Ser que originou tudo isso e esta compreensão, o conhecimento de Deus o conhecimento pleno da verdade por toda eternidade, é infinitamente maior que qualquer outra realização, isto é também o que se chama iluminação.

Mas existem  outras realizações coadjuvantes e auxiliares. No nível anterior a pessoa abandonou sua esperança de realizar o caminho por si mesmo, pois consciente de sua incapacidade não foi deixada desamparada, mas pode entregar o seu processo completamente a Cristo. Em entrega total de si e dos seus processos as situações a serem lidas e significados serão as iniciações interiores que transformarão devidamente a pessoa rumo às realizações, sem necessidade de dramas iniciáticos de outros tipos, e evitando do mesmo modo modo a dor, pois o estudante está agora lendo tudo (o processo psíquico de auto-análise não se restringe mais a imagens oníricas, desejos desejos e emoções, enfim, ao mundo chamado interior antes, todo a experiência é agora vista corretamente como mundo interior e sujeitadada a leitura e análise no aprendizado científico). Cristo dirige todos os processos na medida exata, não há mais dúvida sobre isso. Este é um grande segredo de um dos graus, a necessária e indispensável conversão autêntica, que permite seguir adiante no processo de transmutação da alma. Alquimia espiritual nao é  nada mais que essa transmutação  (por isso preferidos o termo transmutação psíquica visto que quem tem poder de transmusar o espírito é  unicamente Deus através do paracleto, o Espírito Santo). O apce desse processo é  quando o convertido  (isto é, mudado de um rumo para o seu contrário, para a vontade de Deus) já possuindo a lei em seu coração, isto é, o amor como aquele que Cristo teve por nós, já abandonou toda corrupção dessa natureza também em sua mente, ou seja a regeneração completa, mente e espírito tornam-se um no casamento alquímico, isto é,  da alma com o espírito  (pois antes ela estava ligada à carne, isto é, à animalidade, a natureza do velho ser corrompida desde Adão, sem nenhuma possibilidade de herdar o bem eterno). Por isso esse nível é  voltado para o ensino,  pessoas verdadeiramente amorosas, dedicadas à obra de Deus, conhecendo os meandros da natureza humana e da vontade do Pai.

Como deve ter sido notado cada nível tem um trabalho próprio, mas sua plena realização apenas num próximo nível mais elevado.  Com este não é  diferente, então só depois do último nível ainda há um grau de realização,  da iluminação plena, grau raro,  para poucos pois é  de poucos que realizam isto ainda na vida neste mundo. Então estará realizada a destruição  de todas as impurezas, o conhecimento presencial da rota da existência, sua origem e propósito com a rota dos seres, e o destino final e eterno de tudo e de todos. O pleno conhecimento disso é considerado um ideal, mas estamos conscientes de sua magnitude e raridade. Aqui a imitação de Cristo chega no seu fim aqui mesmo, e não depois da morte como é mais comum, tornou-se a imagem que Deus criou, do Filho, gestou, pariu e chegou ao pleno desenvolvimento, de varão perfeito,  ou seja, feito à imagem do Filho, que é a imagem do Pai.

Todas as vias são apenas linguagens diferentes de apresentação da única via. São meios de obtenção de conhecimento para chegar a verdades verdades e à verdade. Não seria mais eficiente utilizar todos os meios eficazes que dispomos?Todas as vias são na verdade linguagens que decodificadas levam à única via.

Qual a dificuldade de entender o processo de salvação apresentado pelo cristianismo? Todas as vias verdadeiras mostram que nossa consciência só pode ter origem na consciência absoluta (pelo sopro do Espírito (Ruah,  hebraico), na linguagem cristã, adquirimos espírito e vida) e também mostram que "religião" verdadeiramente só pode ser a comunhão de nossa consciência individual com a consciência original absoluta ou mais acertadamente parte dela (pois nossa consciência, apesar apesar de infinita, não pode conter toda a consciência absoluta, ou seja, não pode ter a mesma consciência completa, onisciente, pois é de outro tipo...). Ora, Cristo, o Filho, é o logos de Deus, ou seja, é Deus de um modo acessível a nós. Se ele encarnou e sem merecer castigo, sofreu toda a pena que qualquer um de nós mereceria (até o pior dos criminosos), sofreu em nosso lugar e nos deixou isso como herança cabendo a nós aceitar ou não. Então como pode não ser eficiente essa salvação se é a paga de nosso castigo? Os racionalistas perguntam como pode ser. Pois bem:

(1) Nossa mente provém de sua mente, nosso espírito provém do seu espírito, do espírito original, de sua vida, de sua luz, de seu espírito e aqui estamos separados por ocasião da vinda a este mundo decaído nos tornando também, e sendo um, com essa mesma natureza, mas (2) relegando nosso espírito e mente ao espírito e mente original, que formou todos os seres, reunido por vontade própria, e pelo poder dele, nosso espírito e mente ao espírito e mente original, (3) automaticamente este sofrimento de Cristo está em nossa mente, essa experiência está gravada em nosso espírito, ela é nossa agora, porque agora nós e Cristo somos um, isto é, comungamos tudo, temos a mesma mente, e com ela toda experiência (e na realização plena na ressurreição certamente teremos consciência disso, teremos isso em nossa consciência, teremos essa lembrança em nossas mentes como se nós mesmos tivéssemos passado por isso), (4) consequentemente nossa pena já foi paga como bem diz o evangelho de Cristo. Estes quatro "passos" também  são o que significa todos os quatros passos do processo alquímico espiritual de salvação (não o de transmutação, pois este outro dura toda a vida), que se traduz em (1) reconhecer que está perdido, que está num mundo temporal, decadente, sendo um pecador nato, não tendo como mudar por si mesmo tal situação, você não tem esse poder, mas (2) Cristo pode e, confiando a ele essa tarefa, (3) ele o fará, porque assim prometeu, que todo que confiar nele e o confessar será salvo, portanto assim (4) livre estamos do pecado é da morte, pois Cristo já sofreu por nós a pena a qual estávamos destinados.

Aqueles  outros e quem segue doutrinas como a da mente única (ou consciência apenas), do "somos todos um" (do Eu Supremo, etc.), do Eu original, do buddhadhatu (ou tathagatagarbha, ou do Adibuddha), das emanações..., ou dos Kayas, ou das hipostases, ou do karma ou do fluxo ou qualquer outra semelhante, e nega isso, está muito longe de entender o que está seguind. Ou está simplesmente sendo desonesto. A realidade buscada da reunião à mente original, ou ao espírito original, ou consciência original ou uno ou o Um (comum a quase toda chamada religião), não é muito diferente da proposta por Cristo (mudam as descrições ou interpretações de como o Ser Supremo é), mas a de Jesus tem um bônus que nenhuma outra tem: nós não precisamos tentar pagar o impagável, ele já pagou por nós, ele colheu sem merecer a consequência, que seria sofrida por cada um de nós e ainda não adiantaria porque estaríamos apenas recebendo o que merecemos, não estaríamos nos libertando, mas ele recebeu sem merecer e nos transferiu não apenas o pagamento mas também seu mérito, do que fez por amor, por nós. Todas essas outras hipóteses e explicações implicam na idéia de dívida ou karma, que de alguma forma teríamos que pagar, como se fosse possível compensar os resultados de nossas ações negativas e mentes negativas e ainda não gerá-las mais. Mas o fato é que devido a nossa natureza mesmo não conseguimos sair desse círculo.

Como você chegou até  aqui (nessa etapa ou nessa parte do texto)? Como nunca soube disso (caso a tanto venha acompanhando essa manifestação da fraternidade)? Ou como isto esteve escondido aos seus olhos? É simples, isto aqui é descrito porque no segundo nível em determinado grau lhe foi apresentado o verdadeiro evangelho da salvação e a obra de Cristo, e este crucificado, e você aceitou essa herança deixada por ele (ou porque já era um convertido antes) ou então isto tudo lhe foi revelado ao longo do caminho central, da quinta via, que contempla todas as outras (do mesmo modo como chegou a essa parte da leitura por estar lendo, não sobre as outras quatro vias, mas, especificamente sobre essa). Sobre esta etapa sempre foi dito que não há muito a dizer: porque sem as experiências base dessa compreensão não adianta muito descrever como é este nível, a única coisa que é clara ao entendimento de quem está fora é o caminho da conversão.

Mas caso a pessoa ou caso você tenha chegado até aqui por outra via ou nunca foi um convertido e seguiu pelas outras vias ou por uma delas ou por duas ou mais, você descobrirá ao final por conta própria que todas as vias convergem a essa pois é  a única porta e o único caminho, não há outro, todos convergem a esse no final, convergem ao centro e única porta. E os que não convergem não são caminhos, estão fora, levam a perda da alma, à perdição, ao sofrimento e decadência, inevitavelmente (isto é descrito em outro texto, o que significam essas palavras, na nossa visão). Se você já contemplou o símbolo das vias deve ter notado que partem todas de uma ponto, de onde estamos, da natureza caída, se distanciando cada uma para sua rota, sua via, podendo ter conexões no segundo nível, ou conectados todos e finalmente se conectando todos acima, no terceiro nível, o mais alto no topo é onde convergem as quatro vias na via única central, no ponto da porta. Este ponto é a porta para a esfera superior do oito (se não conhece o modelo leia o artigo "A Ordem"), a Ordem original eterna. Observe que embora as quatro vias tenham comunicação entre si a central não tem, porque o caminho da fé verdadeira não pode ser acessado pelos outros, exceto no seu início e no seu final, isto significa que ele não pode ser tomado através dos outros, significa também que só existe uma conversão correta. Por isso está é a chamada via secreta, o segredo da ordem, não é segredo por ser escondida, mas por ser A ferramenta, O caminho, a alavanca especial (esta está entre outras duas, a consciência desperta e o serviço amoroso desinteressado, que chaga a ser o mais difícil para a maioria, isto é, que para chegar a sua meta você deva ajudar outros a chegar sem fazer isso com interesse em ter recompensa de atingir sua meta); nem é chamada via secreta por ter segredo, mas por ser particular, exclusiva, dessa via só podem participar os de fato convertidos,  se a pessoa não é convertida não pode participar dessa via. Por isso ela é chamada em outros meios e em outras ordens (que tem alguma ligação com ele e ou grau) de fraternidade dos cristãos, ou via ou ordem ou rito (rota) ou graduação ou grau cristão (quem não seguir por esta via continua na que vinha ou outras, em nossa ordem é bom lembrar que a abordagem de todas as vias é predominantemente científica,  alquímica,  psicológica, não é religiosa como uns querem dizer só porque entre os estudos e filosofias estão a base das principais regiões).

Esta verdade geométrica (do modelo do octaedro) simbolisa uma verdade espiritual,  só há uma verdadeiro caminho e uma verdadeira porta, a porta de entrada é  a mesma por onde saímos,  não saímos pela porta da ciência,  nem da experiência,  nem da lógica,  nem das emoções. Foi pela porta da confiança, deixamos de confiar no Onisciente e no que nos garantiu Deus, que o conhecimento do bem e do mal nos levaria à morte, e agora temos que confiar na promessa de Deus, que a árvore da vida nos dará a vida etern. Cristo é a árvore da vida e é o espírito  da promessa. A porta de entrada é a fé, foi por termos desviado a confiança de Deus presente,  da voz de Deus, do verbo de Deus,  ou seja de Cristo, que nós caímos (Eva confiou na serpente e Adão confiou nos sentidos ao ver que Eva ainda estava viva após comer o fruto, também não usou a razão para pensar que a morte poderia não ser instantânea,  nem a experiência para averiguar que seria um processo, e como Eva, dirigiu sua ação na direção do desejo livremente, pois suas mentes não eram corrompidas como as nossas; Eva confiou na palavra de outro, e Adão confiou nos seus sentidos, ambos não confiaram em Deus, desviaram sua confiança). Portanto só pela confiança novamente na palavra de Deus, Cristo, podemos entrar novamente na esfera da Ordem. Por isso este é  único estudo que temos que não apresenta provas, pois não é por provas que se voltará a confiar, aí não seria confinca, seria ser convencido, persuadido por provas. Não é por provas que se entra nessa porta, é  por fé, pistis, confiança que se alcança a salvação e só os salvos podem chegar a completa iluminação, isto é, ao pleno conhecimento da verdade. Se você conhece bem o evangelho sabe do que estou falando e caso não seja convertido deve se arrepender agora, pois tamanha foi sua arrogância,  crendo que poderia salvar a si mesmo e regenerar você mesmo seu espírito e alma. Se fosse assim porque não já o fez antes? Deve ser arrepender pedir perdão a Deus e aceitar a Cristo para dirigir completamente sua vida, pois ele tem o poder para fazer o que é  necessário para que esse processo se cumpra.

Por isso este caminho no segundo nível é apresentado por completo, no sentido de ensinado. Simbolicamente dizemos que colocamos uma cruz no meio do octaedro e fazemos uma ponte para que todas as vias venham até a via central. Este desenho tem muito a nós dizer, Deus tem muito a revelar ainda. As pessoas das outras vias que não vinham pela via central têm novamente a oportunidade de salvação que foi apresentada na primeira porta, ainda no mundo, mas agora, no segundo nível, já tendo estudado profundamente (neste nível se estuda com profundidade os fundamentos das quatros vias). As vias antigas tendem a ceder, serem vistas em sua incompletude, provisoriedade e precariedade e agora obsoletas em relação à nova via, a central, a boa notícia, a boa nova, o evangelho da salvação vinda de Deus mesmo, não é o humano tentando alcançar Deus, é Deus vindo em seu amor e se tornando um de nós para que todos quantos quiserem sejam feitos seus filhos.

Se você chegou até esse ponto por outras vias (do mesmo modo que chegou a esse ponto da leitura para saber que via especial é esta dentro da ordem que dizia não ser religiosa, e não é, isto não é religião é uma realidade a ser vivenciada, realismo, é um fato simples, quando experienciado) e se você não quer tomar a via central, o ordem não tem qualquer oposição a isso, tanto que guiará você tão bem do mesmo modo pelas outras vias lhe poupando das experiências dolorosas pelas quais também passaria através delas pelo mundo, trazendo estudos com especialistas que seguniram estas outras vias ao lonão de suas vidas, pessoas de mesma tradição, doutores, professores, livros, práticas, etc.. Não é obrigatório seguir nenhuma das vias, tudo que é obrigatório na fraternidade é  mesmo que é obrigatório em qualquer lugar: colher os frutos de suas escolhas em qualquer ação ou caminho.

Mas tudo que você tem conhecido dessas vias neste mundo é o que está nesse mundo, na dimensão da mente e matéria, estamos só avisando que quando atingir a dimensão espiritual, intelectual, consciencial, o terceiro nível  (observe que nosso esquema do octaedro é universal, para qualquer ordem, ciência, religião, escola ou filosofia verdadeira) você verá tudo convergir para a centralidade de Cristo, ou, do Filho, ou tecnicamente falando, da vontade de Deus, do Verbo (logos). Vai ver que toda filosofia é na verdade uma "logosofia", disfarces, pelas obstruções mentais; que toda ciência é uma teologia, uma "logoslogia" cristoscêntrica disfarçada do mesmo modo, é uma sede pela verdade, a verdade em pessoa, o logos, Cristo, o verbo é a Verdade; que toda religião é uma yoga Crística,  uma reunião à vida e luz original, e a vida e a luz é o mesmo Cristo, o logos, a razão; que toda experiência empírica, toda a vida, tudo é  apenas uma linguagem significativa, e e expressão do verbo, mas"logosês" antes não entendido; que toda emoção, todo desejo, toda conta, toda equação e figura, toda vontade, todo prazer tem como fim, resolução e está nas bodas alquímicas,  nas bodas de Canaã,  onde água  (a palavra de Desus) se transforma em vinho (espírito e vida eterna) as bodas alquímicas onde a alma se casa novamente com o espírito restaurado.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

O Grau Rosacruz

Quando a pessoa decide entrar no grau chamado rosacruz seguirá uma graduação específica, paralela, chamada por alguns de religiosa, que denominamos Confraria Rosacruz. Pode ser que alguns abandonem as outras vias, pois diante de tamanha realização podem resolver dedicar-se apenas a esta. Aqui temos a chamada via crucis ou operação da cruz ou caminho da cruz, e é isto que ensinamos.

Portanto este nome, rosacruz, nada tem a ver com as ordens modernas que o utilizam (por ter alguma influência ou apenas por mera propaganda de ordem falsa se dizendo ser rosacruz, para mais detalhes aguarde a publicação da pesquisa "A Verdadeira Rosacruz"). Aqui este nome se refere apenas à rosacruz clássica, com a idéia de Johannes Valentinus Andrae, com a reforma do ser humano é da humanidade. Andrae foi um teólogo e seu intuito não era nem reformar a igreja nem fundar uma nova religião (ou denominação), mas descreve um pequeno grupo de médicos, teólogos, matemáticos e alquimistas, eruditos cristãos que influenciariam a sociedade no sentido de uma reforma contínua e radical do cristianismo, no sentido de restabelecer a ordem original do ensinamento de Cristo, como era na igreja primitiva, nos primórdios do evangelho, pois acreditava que o protestantismo e mesmo o luteranismo continuava com muitas heresias e herança pagã do catolicismo romano e que a influência do islã e sua alquimia corrompida (ligada à sua religião) iria destruir o resto dos verdadeiros valores cristãos na Europa como já tinha feito antes, o que realmente aconteceu. Ele escreveu uma sátira que ridicularizava os que chamava de falsos alquimistas, sopradores, etc., que espalhavam uma alquimia literal e materialista, de enriquecimento e prosperidade material com base na fabricação literal de ouro, e uma eterna juventude pela pedra filosofal. O que só passou realmente a soar ridículo séculos depois, pois ao contrário disso tal alquimia falsa se tornou moda, principalmente entre a elite intelectual e as cortes, com lendas, superstições  e mitos que povoaram o imaginário popular. Dezenas de ordens e sociedades secretas "alquímicas", foram estabelecidas, muitas inclusive utilizando o nome rosacruz e realizando os mesmos ritualismos e superstições que Andrae condenava. Este mesmo também chegou a proibir assuntos políticos nos encontros, que eram anuais, mas isto foi justamente o que seus falsos  herdeiros mais discutiram, abandonando o ideal de não exercer cargos políticos nem se envolver com governos e fazendo justamente o oposto: criaram sociedades para intervir diretamente na política, e num sentido oposto do proposto por Andrae  (que era a liberdade individual de consciência tanto religiosa quanto politica), trabalhavam numa tentativa de estabelecer uma nova religião única mundial e um governo também mundial  (e nós sabemos o que é isso, e em que resultaria, ou não?). Assim sugiram grupos mais ligados à monarquia, enfatizando uma religiosidade ecumênica, eram como os que utilizavam o nome rosacruz e os ligados às ordem de cavalaria e por outro lado os grupos republicanos, mais coletivistas como os auto-intitulados illuminati, que enfatizavam um governo mundial. Estes grupos traidores dos ideiais rosacruzes reais infelizmente são os mais influentes nas auto-intituladas ordens rosacruz da atualidade.

Explicada a origem do nome dessa graduação que homenageia justamente essa rosacruz clássica podemos entender o porquê da graduação (tanto a tradicional quanto a científica). Temos sete graus nessa via que começa entre o terceiro e o quarto grau ou no momento que a pessoa esteja em condições para iniciá-la (e a condição é  ser convertido, que virou para o outro lado da corrente do mundo, que virou para o lado de Deus, que tem Jesus Cristo, Yeshua HaMashiach, com único Salvador e Senhor, por isso a via é também conhecida como via cristã ou via crística). Sobre isso falaremos na continuação desse artigo.


segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O Segredo da Ordem - parte 3.1

3

O terceiro nível cuida da iluminação. Aqui está o segredo central da ordem, e agora você já pode entender o que significa segredo, que é meio, método,  alavanca, ferramenta, e que central se refere à via que passa no meio em nosso modelo, entre as outras quatro vias (veja no símbolo, o modelo geométrico tridimensional das vias ). Vamos começar logo pelo nó mesmo, o mais mal entendido de todos, para esclarecer logo, o que é iluminação. A palavra iluminação tem gerado muita confusão. No ocidente, devido a péssimas influências, a palavra tem sido confundida com a definição oriental, mas ainda assim incorreta, o que é pior. Na verdade palavras (em sânscrito, páli,  chinês, japonês, etc.) que normalmente se traduzem no ocidente como "iluminação" significam "despertar", "acordar", outras seriam melhor traunidas como "libertação" ou até "emancipação". E estas palavras no oriente ainda significam várias coisas, a depender da tradição que a está utilizando, e este despertar tem um objetivo final que geralmente é atingir a liberação final chamada nirvana. Só que nirvana também é definido de maneira bem diferentes por cada tradução, religião e subdivisões. E ainda muitas dizem que nirvana é indefinifinivel, indescritível, que não há como saber como é  (portanto muitos desses orgulhosos que dizem que estão numa busca mais elevada nem sabem qual o seu alvo, sequer entendem o que estão buscando, estão entregues à própria cegueira e desejos). Então o que interessa para nós antes de tudo é saber o que é iluminação, qual o real significado dessa palavra, o que queremos dizer com ela, como descrevemos essa realização, qual a definição de iluminação, qual a definição ocidental, do dicionário, qual a definição geral, qual a definição específica que nós utilizamos. Ora, se iluminação é o nosso alvo mais elevado, temos que tê-lo bem claro em nossa mente.

Em nossa ciência iluminação é um esclarecimento especial que vai sendo gradualmente recebido (pois é longo) e leva a pessoa à auto-análise, ao auto-conhecimento (chamado coloquialmente de interno) e ao conhecimento direto (chamado de externo), finalmente, das verdades fundamentais e das necessárias para o processo alquímico completo até a iluminação no sentido tradicional. A obra em negro ou putrefação; a obra em branco ou a purificação; a obra em amarelo, a transformação dos metais em ouro; e a obra em vermelho, a culminação do processo, o casamento alquímico, a pedra filosofal, a iluminação. Esta que é a mãe de todas as ciências tem alguma razão para ser segredo hoje em seu sentido espiritual? Não. A parte medicinal avançou bastante na fitoterapia, na alopatia, na medicina; a parte química dos materiais também; a parte psíquica também, em várias escolas da psicologia, mas em particular na analítica; e a parte espiritual? Por que se continuar dizendo que é secreta? Esta postura só está contribuído mais ainda para a difamação da verdeira alquimia, para que falsos mestres, charlatães e interesseiros apresentem suas falsidades como sendo alquimia e todos acreditem, porque não sabem o que é alquimia de fato, muito menos que toda ela é simbólica,  que todos os processos materiais são a representação de um processo mental-espiritual. Que esses quatro processos tão alardiados e interpretados das maneiras até mais absurdas são um código para a alquimia espiritual.

O que é isso? É o que se resume na síntese alquímica: Ex Deo nascimur, in Christo morimur, per Spiritum Sanctum reviviscimus (De Deus nascemos, em Cristo morremos e pelo Espírito Santo revivemos). Os quatro processos alquímicos estão nessa frase resumidos, é isto que significa alquimia espiritual, renascer do Espírito e ser transformado (transmutação alquimica) pelo poder de Cristo em nós, até que venhamos a formar Cristo em nós, até a plenitude do conhecimento da verdade. Se você já leu as epístolas de Paulo deveria saber do estou falando.

O que era segredo no século XVII foi por uma necessidade, pois tanto os católicos quanto os protestantes perseguiam os anabatistas e todos os cristãos que se submetiam apenas à ordem Deus sendo guiados apenas pela bíblia e pelo Espírito Santo. Os dons do Espírito Santo eram vistos como obra do demônio; a pregação e ministério de não-ordenados era vista como heresia; não submeter-se a uma autoridade eclesiástica era uma subversão; a psicologia ainda no seu nascedouro (com nome de alquimia espiritual) era tida como uma prática pagã ou uma arte demoníaca. O provável autor desse lema da alquimia, Valentin Andrae, que escreveu As Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkeuntz (que não tem nada a ver com as ordens modernas que usurpar esse nome) era um teólogo, filho de pastor luterano, que foi um pregador, como seu pai, até o fim de sua vida. Por que esconder isso? O verdadeiro cristianismo está sendo perseguido novamente? Ou é motivo de vergonha para alguns que estão em algumas ordens? Parece mais provável a segunda opção. A única justificativa plausível encontrei numa ordem que já nasceu completamente já desviada pelas influências do movimento "nova-era", mas que pelo menos nisto se justificou, assumindo ser uma ordem cristã para levar a salvação de Cristo, também para pessoas de tendências esotéricas, não religiosas, ou decepcionadas com a religião. Uma outra esconde o "cristianismo" por vários graus até a pessoa ser levada a encarar graus tidos como cristãos. Mas não sei até que ponto podem ser chamados de cristão os que mostram Cristo apenas como um mestre, um homem que ensinou um método que, se bem praticado, levaria a salvação (ou seja, se dizem cristãos e não são). O que isso tem de cristianismo? Nada. O que tem diferente de outras religiões? Nada novamente. Algumas são assim, outras se dizem ora gnósticas, ora cristãs, e não são nem uma coisa nem outra, os auto-intitulados mestres mentem e os discípulos desinformados tem preguiça de pesquisar, ler e estudar.

Em nossa ciência, portanto, iluminação é um conceito alquímico: o casamento alquímico, a reunião da alma com o espírito,  da mente então já santificada e purificada com o espírito já restaurado, renascido. Como isto deve acontecer é o que ensinamos, e auxiliamos o estudante em sua jornada da transformação da alma, em Cristo (transmutação alquimica).

E em nossa tradição iluminação é ser iluminado: é receber luz, de onde há luz, de quem tem luz, recebemos luz, daquele que é luz... Isto é o significado tradicional, o resultado neste sentido iluminação é isto que vai desde o esclarecimento (por livros, por outras pessoas, etc.) que inclue o processo de salvação e regeneração até a inspiração e ou revelação (do e pelo Onisciente) que vai desde as coisas mais simples e cotidianas até o conhecimento completo da verdade que inclue a reintegração, o retorno à natureza original. E então sim, aí ocorre o despertar completo da consciência propriamente dito que é tomar consciência de outras realidades, é a consciência penetrando em níveis tanto mais sutis quanto mais abrangentes de sua própria realidade e possuir como seu conteúdo próprio tanto um senso muito mais abrangente e o sentido dessa realidade passageira quanto o da realidade eterna, ou seja, do real. A luz vem do Pai da luzes, e a luz é o verbo, o logos, que tudo criou e em quem tudo existe, que veio a nós para habitar em nós e é a vida eterna.

Nossa definição abrange todo o significado, de todo o processo (tanto o científico quanto o tradicional). Que é desde receber luz inicialmente até ser todo iluminado, todo luz, eternamente. É isto que precisa ser bem entendido, pois a maioria das pessoas que dizem estar buscando a iluminação chegam até a sentir que buscam algo superior às outras buscas religiosas ou pessoais, mas se você perguntar o que é que elas estão buscando terá uma resposta muito vaga. Elas não sabem de modo algum o que estão buscando, não têm idéia, nenhum referencial, nem podem definir o que buscam, se perguntarmos e insistirmos que expliquem ouviremos finalmente apenas no máximo um sincero "eu acho" ou continuarão enganando a si mesmas e dizendo que não há como explicar (mas creio que expliquei bem até aqui, então...) ou que você não é capaz de entender ou que isso é para poucos...

Esta arrogância dos que dizem não procurar a salvação, mas sim a iluminação, tem uma razão de ser. Que são idéias plantadas propositadamente elevando o orgulho dos que concordam com tais idéias, cauterizando a consciência, impedido que constinuem sua busca em direção à verdade desconhecida (pois é bem mais agradável e parece mais seguro para o enganado que tenha um alvo que pareça mais nobre e já descrito como sendo conhecido por outros, supostos mestres, ilulminados, avatares, grão-mestres, etc. de percepção insuperável e inalcançável por quem não os segue cegamente). Mas de onde aprenderam o que devem buscar? Naturalmente todos os seres procuram viver e estender essa vida, mesmo pessoas em profunda miséria ou doenças não querem morrer, nem deixar de existir, todos querem existir e em melhores condições do que as que estão. Isto é o natural e comum a todos. É um instinto. Inclusive o excesso desse instinto é perfeitamente compreensível e até comum: muitos fariam de tudo para sobreviver mesmo nas piores condições de vida, e mesmo aqueles nas melhores condições de vida ainda querem mais e uma vida ainda melhor. Salvação e iluminação naturalmente, como entendem  (como uma somatória e ou resultado de práticas, experiências, méritos próprios e esforços pessoais) na ordem natural das coisas, não na ordem original, não vai muito além do que a sublimação de um instinto, ou do instinto de sobrevivência, auto-preservação e ou do impulso de buscar melhores condições de vida, de buscar prazer. E o resultado é ainda nesta natureza, não se libertam, se prendem a novas e exóticas ilusões e até alucinações, continuam no mundo da mente corrompida e confundem práticas psíquicas com espirituais,  confundem realizações mentais com espirituais, confundem mente com consciência e por isso prosseguem com seus enganos. Mas o que nasce da carne (exercícios,  práticas, esforços, méritos, etc.) é carnal e o que nasce do espírito (da consciência pura e do Espírito Santo de Deus) é espiritual.

Esse instintos podem ser desviados numa direção ou noutra, serem sublimados (o que pode não ser ruim a depender de como e em que são sublimados) ou, por outro lado, levados a atitudes desesperadas,  isto depende muito das condições a que a pessoa esteja colocada, de sua interpretação das experiências, mas também, em uma pequena parte, depende de suas escolhas, de como encara sua experiência.

Por isso muitos buscadores da iluminação podem se decepcionar com nossa ordem, se seu anseio não for sincero ou se eles não suportarem o auto-conhecimento, a auto-descoberta, o que há para ser realizado... Porque a luz quando brilha discipa as trevas, quem esconde algo nas sombras sempre se machuca. E talvez uma das primeiras luzes que machuque é a luz que vem sobre eles mesmos, sobre o que pensam de si mesmo e o que gradativamente vão percebendo que verdadeiramente são. Se ver, como realmente é, machuca muito, se não souber como olhar e se identificar com o que vê (por isso é preciso aprender a ver, interpretar, analisar e abandonar o que é prejudicial). Esta fase, este nível, é  para os que não apenas aprenderam e viram, mas amadureceram no despertar e autoconhecimento da primeira fase, e na entrega, dedicação e confiança da segunda fase. Mas também muitos serão magoados até por saber o que é de fato iluminação, nem todos vão querer seguir para este alvo (o desta via, chamada pistis sophia (sabedoria confiante, ou sabedoria da fé, conhecido como caminho da fé, ou caminho da religião por outros, ou caminho crístico, etc.) e vão seguir pela via da ciência, da filosofia, da psicologia (via da experiência), etc..