segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A RELIGIÃO ESCLARESCEDORA


Por Frater I.L.I.V. - frateriliv@gmail.com

                Consideramos que uma religião que pretenda a verdade deve ser um fator de esclarecimento, não de obscurecimento, não de dogmatismo não de superstição. Nossa ordem é aberta a qualquer religião desde que não vá contra nossos princípios éticos e nossos objetivos mais elevados. Mas a fraternidade que constitui a porta de entrada da ordem tem dois lados, o cientifico e o religioso, podendo cada um ser tomado à parte.

Se o lado científico for tomado separadamente ou enfatizado o estudante seguirá, se assim quiser, a graduação de nossa ordem, com possibilidade de mestrado e doutorado. Se o lado religioso for tomado separadamente ou enfatizado o estudante seguirá, se assim decidir, os sacramentos religiosos de nossa ordem, com a possibilidade de tornar-se um cavaleiro ou monge e depois de rei ou rainha rosacruz (em ambos os lados há esse título, mas não tem equivalência, a não ser nas práticas fundamentais, visto que o do ramo científico precisa realizar e compreender profundamente muitas práticas fundamentais e o religioso apenas as práticas essenciais mesmo que não as compreenda de todo).

Embora não sejamos uma religião propriamente dita, podemos ter e professar uma religião ou mais, ou não, além do que todos independente de seguirmos ou não uma religião praticamos princípios que podem ser tidos como religiosos em comum. Por isso somos os verdadeiros ecumênicos (do gr. oikoumenikós, pelo lat. Oecumenicu; relativo a toda a Terra habitada; universal; que manifesta disposição à convivência e diálogo), pois nossos estudantes podem praticar todas aqui, e em seu elementos essenciais efetivos, o que já é uma vantagem.

Somos o que se pode chamar de verdadeira universalidade (que não se atêm a uma especialidade; que abrange quase por inteiro um campo de conhecimentos, de ideias, de aptidões, etc.; que é adaptável ou ajustável de modo que possa atender a diferentes necessidades; ecumênico), os verdadeiros católicos (do lat. ecles. catholicu < gr. katholikós, universal.), pois agregamos os elementos verdadeiros de todas as verdadeiras religiões, autêntico sincretismo universal (que abarca toda a Terra, que se estende a tudo ou por toda a parte; mundial), pois os elementos principais não dependem de cultura, linguagem, etnia, povo, mas da natureza terráquea (dita humana, mas que em nosso caso engloba seres que podem não ser humanos na atualidade).

Nos consideramos verdadeiros holísticos, ainda que não façamos alarde sobre isso, nem nos enquadremos na moda atual do que se costuma chamar holístico. Não digo isso por termos aderido ao chamado holismo (de hol(o)- + -ismo: tendência, que se supõe seja própria do Universo, a sintetizar unidades em totalidades organizadas; teoria segundo a qual o homem é um todo indivisível, e que não pode ser explicado pelos seus distintos componentes (físico, psicológico ou psíquico), considerados separadamente), mas por ele ser uma consequência natural dos princípios herméticos, aos quais nós admitimos. Por todas essas características podemos ser considerados a verdadeira religião (tanto no sentido de religação quanto no sentido de releitura) e não mais uma religião, afinal, englobamos todas e todos no que têm em comum; e pesquisamos os elementos reais e efetivos e as formas de potencializá-los para alcançar os objetivos comuns a todas.

Na humanidade, quanto à busca da verdade, existem dois tipos de pessoa, os esotéricos e os religiosos. Os esotéricos são os que buscam as ordens, a experiência, o ver por si mesmo, os empiristas. Nessa categoria estão incluídos os cientistas, os historiadores, os compositores, os artistas, etc. Sim, pois todos passam por um processo ‘esotérico’ na vida, a saber, dominar algo que relativamente poucos dominam; possuir um conhecimento especial (e poderes em muitos casos) ou passar por um aprendizado gradativo em que o fim depende das partes anteriores, sendo inacessível àquele que não possui os pré-requisitos (como no caso das universidades, ordens ocultistas e academias militares). Isto é o que se chama esotérico, um circulo menor dentro de outro círculo, que engloba apenas certas qualidades; maior qualidade, especificidade e precisão.

Os religiosos são os que buscam as igrejas, as religiões exotéricas, uma explicação, uma esperança, um conforto, uma solução, algo em que possa confiar, ter fé, acreditar. Nessa categoria estão incluídos os filósofos (sim, os filósofos, pois podem concluir sem provas, se satisfazer com mero raciocínio ou suposta evidência), os psicologistas, os jornalistas, os instrumentistas os artesões, etc. (essa correspondência é apenas ilustrativa aqui). Buscam um domínio ou conhecimento público, acessível a qualquer um, imediato ou que possa ser rapidamente absorvido, facilmente demonstrável ou entendível, que não depende de muitos conhecimentos prévios. Isto é o que se chama exotérico, um circulo aberto, maior, que pode englobar mais, maior quantidade e generalidade. 

Há intermediários? Sim, mas sempre um lado predomina. Há ‘neutros’ ou que estão fora dessas características? Talvez, admitimos a possibilidade ainda que não tenha sido encontrado. Mas tais seriam como verdadeiros niilistas, que não se importam com nada, nem admitem ‘verdades’ ou experiências ou razoes ou percepções, e desejam o nada. Se tais existirem de fato, ou não passem de traumatizados ou maníaco depressivos (etc., etc.) como a maioria dos que se afirmam niilistas: não estão buscando a verdade e não podem ser sequer considerados humanos normais enquanto estão nesse estado, sendo que a busca de ‘verdades’ mais seguras é uma característica da natureza humana. Se existem precisam antes de tratamento, estudo, abertura mental, serem bem tratadas compassiva e amorosamente.

Existem ações e estudos que o religioso pode fazer aqui, todo o aspecto exotérico de nossa ordem, apesar da ‘cientificidade’, oferece teorias, filosofia, moral e práticas que podem ser acessíveis a todos, sem que seja necessário nenhum super aprofundamento, mas apenas entendendo e praticado como em qualquer religião de fato. E nós não prometemos um inferno àqueles que não realizarem nossas práticas ou ideais mais elevados, apenas apresentamos as possíveis consequências de acordo com os caminhos, decisões e comportamentos tomados. É mais importante escolher e decidir com consciência dentro de suas possibilidades de realização e superação e ter um querer e vontade elevados do que ter altos objetivos e se esforçar sem sucesso e numa sucessão de fracassos e sentimentos de culpa. Por isso enfatizamos o próximo passo, o presente, e valorizamos o caminho acima dos objetivos últimos, que estão distantes de nós e não podem ser conquistados a qualquer custo ou por quaisquer caminhos ou atalhos.

E o que são, resumidamente esses fundamentos religiosos? Primeiro de tudo o auto conhecimento e o conhecimento da interdependência de tudo com tudo e todos com todos e com tudo (o que já leva ao próximo elemento, o fator ético, ou mesmo moral), através da (a) atenção constante tal qual ensinamos e da (b) auto observação; esta prática consiste no despertar conscientemente e já, por sua própria natureza; leva a ver algo por si mesmo e a um esclarecimento. É o trabalho com a consciência. Segundo, o elemento do comportamento, dentro de valores que proporcionam uma vida melhor e mais harmônica com o ambiente e com os outros seres, o fator ético, uma moral prática, que além das vantagens citadas que constituem o seu lado empírico, contribui sistematicamente para o processo de purificação mental, que leva a eliminação dos obstáculos, da vida e, principalmente, dos que obstruem a visão. É o trabalho com a vontade. O terceiro elemento é o elemento da união, compreensão, aceitação; são práticas, ritos, festejos, exercícios, etc. que nos levam a uma aproximação e quiçá uma comunhão com aquilo que buscamos de mais elevado, com o divinal, o absoluto, o incondicionado, isto que alguns chamam Deus, outros Nirvana, outros Brahman, outros o Uno ou o Um, IAO, Cristo Buda,  Vauhala,  Rá, o Sol, o Tao, etc. mal entendido pela maioria das religiões ocidentais. Este é o trabalho com o amor.

Sim, falando em religião, a união suprema pode ser alcançada também no caminho exotérico, religioso, é claro. Dizem que isso pode levar vidas e vidas, mas o mesmo pode ocorrer no lado esotérico. Dizem que é o caminho mais leve, mas que pouquíssimos alcançam as metas, mas isso pode acontecer em qualquer caminho dada a afinidade e o esforço de cada um. Mudam os procedimentos, os obstáculos, as facilidades e dificuldades. Cada pessoa trabalha com aquilo com que se sinta em harmonia e afinidade, visando o melhor resultado com relação ao objetivo último que é a iluminação, ou seja, justamente o significado da palavra religião, a união com o supremo.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A RELIGIÃO DO PRESENTE


Por Fra. I. L. I. V.

 Na FGTO existe a possibilidade de termos, para aqueles que assim tendem ou queiram, a formação do braço religioso da ordem. Essa é mais uma possibilidade que a ordem maior nos possibilita sempre visto que a humanidade é representada por dois tipos de seres humanos quanto à busca da verdade: os ‘religiosos’ e os ‘esotéricos’, e que é uma grande carência no nosso país onde existem muito poucas tentativas autênticas e abundam os farsantes, os sectários, os fanáticos e os enganados.

Essa possibilidade acontece por na grande ordem das hierarquias do conhecimento iniciático representar o grau exotérico, ou seja, aberto, público, aquele conhecimento que não representa perigo, nem dano, quando divulgado a qualquer pessoa. Além do que o chamado esotérico é totalmente velado ao não iniciado, devido ao grande e difícil simbolismo dos textos aos quais um iniciante não está capacitado a entender na realidade, nem preparado física, psíquica e moralmente para praticar e obter os resultados esperados. Mesmo assim existem aqueles que já estudam ou admiram e veneram tais textos e às vezes sentem-se até praticantes. Nem por isso estes ou quaisquer outros deixam de ser também bem vindos à nossa confraria de caráter religioso, afinal estamos aqui para orientar e esclarecer, não para confundir, e para revelar, não para esconder, afinal o segredo é, por natureza, inimigo da verdade.

A confraria é formada por pessoas representantes de várias religiões, filosofias, escolas ou qualquer linha de ideias. E também por aqueles não ligados a nenhuma dessas coisas. E também aqueles que tomem essa fraternidade como sua única religião. E ainda podem surgir outros casos, não importa; o que interessa é o respeito mútuo e o conhecimento proporcionado por essa confraria. Qualquer um é livre para seguir suas próprias ideias, ter sua própria religião ou aderir a uma ou às várias das existentes ao mesmo tempo, ou a nenhuma delas ou ser cético ou ateísta. Importa mais não ser sectário do que indicar qualquer caminho como sendo superior a outro ou mais universal que outro. Mas que no encontro das múltiplas formas de conhecimento, de procedimentos e seus resultados todos nós de alguma forma nos transformamos. Nisso consiste a forma mais elevada da ciência alquímica.

 O caráter dessa religião é gnóstico, uma Confraria Gnóstica Rosacruciana, chamemos CGRC provisoriamente. Pois uma coisa é a ordem, onde há, como o nome já diz, uma ordenação, uma hierarquia de graus e de conhecimentos chamados vulgarmente de ocultos ou esotéricos ou de ciências ocultas; outra coisa é a confraria que é aberta a qualquer pessoa com ou sem conhecimentos prévios, estudo ou graus iniciáticos de qualquer ordem, que constitui, como foi dito, o ambiente  exotérico, ou seja externo. O que entendemos por ser gnóstico já foi divulgado em outro artigo anterior. O que é Rosacruz é um tema a ser falado em próximos artigos, mas que exige mais um contato direto para um esclarecimento mais pessoal; grande parte desses conhecimentos no caso prático da religião, ou mesmo da ordem, são de transmissão oral, pois precisam ser transmitidos dessa forma. Outros são de origem ‘energética’ ou vibracional e precisam ser transmitidos presencialmente.

Dessa confraria participam ordenados, a partir do grau de monge ou cavaleiro de nossa ordem, e qualquer pessoa interessada em participar, estudar, curiosos, buscadores, pesquisadores, etc. o papel do ordenado é orientar, transmitir, facilitar, etc. Por isso mesmo devem ser pessoas bem informadas, que estudem com profundidade, mas não só isso, e sim que falem com conhecimento de causa, daquilo que conhecem da própria experiência, não por ter ouvido dizer ou por fé ou crença ou dogma ou axioma. Precisamente nisso reside uma das grandes diferenças entres as religiões gnósticas e as outras.

Os não ordenados, por outro lado, têm a liberdade de praticarem ou não o que quiserem, de acreditarem ou não no que quiserem de aceitarem ou não o que quiserem. Suas obrigações, entretanto, são a conduta ética; o asseio e higiene corporal, ambiental e mental; o respeito múltiplo a liberdade de cada um e a sua própria órbita. Pois se os planetas invadissem as órbitas uns dos outros isso não só interferiria na liberdade dos outros, geraria também desarmonia em todo o sistema (veja o mundo que vivemos), então reina o caos até que a destruição atinja tudo o que foi contaminado e o contaminador e a natureza volte a corrigir a harmonia sem existência dessas partes. Disso um bom entendedor já sabe o que foi descrito. É preciso esclarecer se alguém não entender: isso é uma lei natural, inevitável, não é necessário que ninguém nem nenhum ser superior julgue ou aplique qualquer pena. Em suma, não existe liberdade sem esses limites, não por uma moral religiosa, mas porque é natural, o estorvo, o incomodo, o empecilho, por natureza não é bem vindo em nenhum ambiente e se exclui por si mesmo.

O benefício dessa associação é compartilhar da nossa fraternidade; do fluxo da corrente dos iluminados de todos os tempos, da energia dessa corrente; dos estudos e de práticas que elevam, enobrecem, fortalecem, limpam, curam, purificam, esclarecem, iluminam e do convívio com uma forma de ver e de viver, e com pessoas que compartilham disso, que nos aproxima da divindade, do supremo e dos reais valores incontestáveis da vida, da vontade, da consciência e do amor supremo.

Religião verdadeira é uma forma de reler o universo do qual somos parte, uma forma de unir-se à verdade. O verdadeiro templo é o corpo, o verdadeiro templo é a mente, o verdadeiro templo é o coração. A verdadeira igreja são os seres irmanados na mesma vontade, numa mesma caminhada, a fraternidade das pessoas, dos iluminados e da própria Luz... O verdadeiro rito é o Amor Supremo.

 

domingo, 10 de novembro de 2013

COMO SOMOS CIENTÍFICOS

Por Fra. I. L. I. V.
                Nossos métodos são completamente científicos. Mesmo quando estudamos temas que são comuns da religião estudamos como cientistas não como artigo de fé nem doutrinal. Nosso conhecimento é baseado em experimentos, cálculos e estatísticas como em qualquer ciência acadêmica. Nossos limites e percentuais de certeza, entretanto, têm que ser mais rígidos e mais rigorosos do que os da ciência comum embora se pense o contrário.

                Isto ocorre porque muitos dos experimentos não podem ser testemunhados por outra pessoa que não o experimentar. Por esse motivo quando damos um procedimento não descrevemos o resultado, nem pedimos que observe isso ou aquilo, nem perguntamos se houve tal ou qual acontecimento. Tudo deve vir das observações do experimentador. O professor é quem deverá observar se o resultado foi alcançado ou não pelo relatório do experimentador e então contar em suas estatísticas e também aprender com elas, que sendo as experiências de outros podem ser diferentes ou conter elementos diferentes do que foi a sua própria. No entanto, a objetividade dos resultados deve ser sempre mais centrada, como na física, no que interessa como resultado e não nos efeitos colaterais que são diversos, isto está sempre no domínio do conhecimento do instrutor.

                Assim nossa metodologia, ao contrário do que se pensa, bem mais em contato com o método das ciências exatas e biológicas do que com as ciências humanas e completamente distante do método das ciências sociais (sem com isso desconsiderar estas), tem base na observação mais acurada dos fenômenos e análise estatística do que foi cuidadosamente observado e anotado . Até quando especulamos hipóteses elas devem se basear em dados observáveis, matematicamente calculáveis, estatisticamente prováveis. Nada metafísico com exceção de uma única coisa que preferimos não citar (que se pode dizer metafísica apenas por não poder ser descrita senão por metáforas e ser incalculável, imprevisível, inimaginável, podemos apenas vivenciá-la, gradual ou, dizem alguns, subitamente), mas a qual só é metafisica até o momento em que o experimentador a comprova por si mesmo, para si mesmo, desde então, obviamente, se torna também empírica.

                Podemos ao estudar textos antigos, por exemplo, nos apropriarmos de métodos da antropologia ou arqueologia, mas esse será apenas nosso estudo antropológico ou arqueológico do estudo. Podemos especular a influência do ambiente, do momento histórico, da linguística e outros fatores na psique do escritor, mas isso definitivamente não é o que nos interessa como fim último, nem qualquer análise psicológica ou biográfica do autor pode interferir em nossas reais motivações e conclusões de tal estudo. Quando estudamos tais textos é por saber ou pelo menos suspeitar por alguma evidente quantidade de elementos identificáveis que aquele texto trata de um procedimento para chegar a certos resultados que coadunam com nossos objetivos ou que pelo menos os corrobora. E não acreditamos naqueles procedimentos, mas ou sabemos que ali contém um procedimento por termos sido informados por um estudioso sob o qual o estudante está em orientação ou estamos estudando exatamente isso, se há ou não.

A diferença é que em ambos os casos ele terá que ser comprovado através da repetida experimentação, e por todos os estudantes que assim o quiserem. Os resultados constituem a prova ou refutação, não só individualmente para o estudante, mas para o quadro estatístico do professor também, que poderá mais que os próprios indivíduos saber da eficácia e autenticidade do procedimento. Esse exemplo foi apenas para afastar qualquer dúvida ou suspeita de que possamos ser doutrinados por textos antigos ou supersticiosos. Quanto aos que tratam especificamente de nossos procedimentos já consagrados por nós, eles constituem nosso caminho e nossa indicação, não por outro motivo além de já ter sido comprovadamente eficaz quanto aos nossos objetivos.

Dentro das várias tradições, ou das quatro vias no nosso caso, nós já sabemos de antemão por já termos estudado e praticado e passado experiências necessárias para entender os significados de certos textos e quais são esses textos (e ou as partes deles que contêm o que queremos), mas temos plena liberdade de estudar e experimentar outras tradições. De forma alguma somos forçados a escolher qualquer linha doutrinária. E todo aquele que descobrir que o que oferecemos não combina com o objetivo de sua vontade está livre para partir, não oferecemos verdades universais fora das quais alguém esteja em maldição, e sim alguns caminhos para alguns objetivos e para o objetivo supremo consagrado por muitas tradições, mas que de forma alguma impomos como objetivo supremo para todos os seres humanos.

Confiamos no nosso caminho por ter sido comprovadamente eficaz por milhares de anos para milhares de pessoas, e também por nós, quando iniciantes, já termos colocado nosso caminho à prova e sempre o estarmos comprovando cada vez mais. Temos confiança, como na ciência, em nossos procedimentos, nossos professores e nossos descobridores, não fé, não crença, pois nosso caminho se baseia na comprovação individual, onde cada um sabe por si mesmo de suas experiências e não por ter ouvido testemunhos de outros nem por ter lido em livros como nas religiões e algumas escolas ou academias. Por isso guardamos silêncio sobre os principais resultados até que o novato o tenha encontrado, visto e descrito por si mesmo depois de seguir os procedimentos indicados, não por nos ter ouvido dizer.

É o estudante que tem que nos provar que aprendeu e fez os experimentos corretamente, como na ciência, não nós que temos que convencer ou provar ao estudante com testemunhos e textos, como na religião. Desde o início quando convidamos alguém não estamos tentando convencer nem levar a crer em nossas teses, mas estamos avaliando o convidado. Este que só foi encontrado por indicação, por ter-se oferecido a conhecer nosso sistema ou por termos percebido algum potencial, preparo ou predisposição.

Nossa formação não se assemelha com uma formação acadêmica, mas a acadêmica que deriva da nossa, isto sabe qualquer estudante que se aprofundar de verdade na história da ciência e chamada historia oculta, pois por trás das ideias sobre as quais a ciência evoluiu até hoje estão as mentes de filósofos, ocultistas, alquimistas e membros de diversas ordens (a lista de nomes seria muito comprida para citar aqui, mas será visto em outro ensaio uma lista com alguns dos principais, mas podemos citar ao menos dois grandes pilares, Nilton e Bacon) e de um planejamento saído das ordens no ocidente e de escolas do oriente. Entre essas ideias podemos destacar a de universidade, estudos como temos hoje, que surgiu na índia e semelhantemente na china, há mais de dois mil anos, tendo existido ao longo da historia várias universidades. Outra que podemos citar é a de cadeias de disciplinas como existem hoje nas universidades que no ocidente surgiu entre os templários.

Mas não somos de forma alguma conservadores nossa ciência evolui e as informações e descobertas, os métodos e interpretação dos resultados também crescem e evoluem ao longo do tempo. O que acontece é que em nossa ciência há um objeto de estudo supremo, e um objetivo supremo já consagrado e comprovado como tal por levar justamente a uma forma de conhecer que é muito superior e mais garantida do que as formas comuns. Porém como este é difícil e só alcançado depois de longo trabalho é cercado de outros métodos e objetivos mais próximos de nossas possibilidades atuais e mesmo métodos que visam um avanço mais rápido quando ao objetivo principal, como aqueles que se assemelham ou se aproximam em seus resultados às comprovações que só seriam possíveis àquele que alcança o objetivo último.

Nisso muito nos assemelhamos ao alquimista antigo. Mas é preciso a ressalva que a alquimia antiga evoluiu muito tanto dentro como fora das ordens e hoje em quase nada se assemelha com o que foi divulgado ou com o que se pensa que ela seja. Claro que fora das ordens ela tem como dessedentes a física e a química, mas também boa parte da biologia, da psicologia e obviamente da medicina e neurociência. Mas dentro das ordens não desconsideramos isto, porem existem outros desenvolvimentos. Nada do que foi divulgado como os precursores da química em busca de ouro nem dos “sopradores” têm de fato a ver com alquimia. O que pode haver é uma confusão onde os físicos e químicos são considerado como sucesso e os outros como fracasso. Mas na realidade todos são desvios e descobertas por acaso, que estão longe dos reais objetivos de tais pesquisas e não somos nós que vamos revelar num ensaio despretensioso quais são esses reais objetivos e desenvolvimentos.

Por tudo isso muitas vezes se nos atribuem o rótulo de alquimistas contemporâneos, o que não negamos, apenas temos que avisar que não apenas há diferença entre a alquimia contemporânea e a antiga mas também entre o que é alquimia de fato e o que pensa-se ser a alquimia. Mesmo entre alquimistas não há consenso quanto a isso, existindo duas ou três linhas principais de investigação e desenvolvimento. Enfim a alquimia embora seja uma ciência consagrada sempre, seria para nós mais uma subseção como a zoologia, a ecologia e a etologia são da biologia.

Usando esse exemplo da alquimia podemos estender o aviso de uma forma genérica para quase todos os ramos de pesquisas que realizamos e o que se tem pensado dela fora da ordem ou das fraternidades: esta “semelhança” da ciência não é uma inovação de nossa ordem, é a evolução necessária à qual naturalmente chegamos e outras ordens devem também chegar por ela sempre já fazer parte de nosso método interno, não por trazermos de fora (nessa ordem o método passado oralmente por não haver necessidade de se escrever já que muitos estudiosos já fizeram isso, será em oportuno momento sumarizado e publicado mostrando as nuances que podem para alguns fazer alguma diferença).

Porém, fora da ordem ou de nossas fraternidades não se pode ter muito mais que uma pálida ideia do que se trata e dos processos e fenômenos que estudamos, pois diferente da ciência comum nem tudo é demonstrável a outro, mas apenas de cada um, através de procedimentos e longos treinamentos, para si mesmos. Nem todos estão dispostos a tais disciplinas. Por isso mesmo esse conhecimento é compartilhado quase que apenas entre nós (ou entre nós e outras ordens e fraternidades similares) que sabemos do que estamos falando, isso não por uma má vontade ou segredo, mas pela quase impossibilidade de comunicação com o que chamamos conhecimento comum. Àquele que não passa pelas mesmas experiências pode tudo parecer fantástico, místico ou mesmo loucura; o entendimento, embora seja duro de admitir para alguns, está bem mais ligado à experiência do que à razão. E assim como nem todos se tornarão cientistas, nem todos se tornarão budistas, nem todos serão hindus, nem todos serão cristãos. Bem assim nem todos estudarão em nossas ordens, mas aqueles cuja vontade, consciência ou afeição se afinam conosco. Estes sempre serão muito bem vindos.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um jogo educativo para compreender por si mesmo o universo, o tempo, o espaço e a consciência:



O tempo e o espaço são muito difíceis de entender. Cada estudante deve fazer um esforço e uma reflexão. Tomando por base os sentidos e a ideia errônea de que o espaço, a matéria, existe por si mesma; fingindo por um instante que ela não depende de nossa consciência e que o universo em sua maior parte seria matéria e energia, sem consciência.

Nessa situação o estudante pode imaginar o início desse universo explodindo (que é um termo antropocêntrico demais também já que se baseia na nossa ideia de tempo; se chama explosão apenas porque, para nós, nossa ideia de tempo, as partículas se separariam muito rápido, mas vamos imaginar que é lentíssimo). Então essas partículas desse sol primeiro ao se afastarem e misteriosamente se juntarem formando corpos e pouco importa como, então sois e planetas (não vou entrar nas teorias da física, o que não é necessário, mas é bom se aprofundar nelas também). E em alguns deles surgindo a vida (por um processo evolutivo mecânico que fique claro; não é preciso, mas quem quiser se aprofunde com Darwin e sucessores). Então nos seres vivos por um processo evolutivo também surgindo a consciência, nuns mais que em outros.

Até agora nada fora do comum e do que a ciência nos ensina. Mas então veja-se o estudante sobre uma dessas esferas planetárias, como de fato parece ser o caso. Consciente desse universo e de si mesmo. É claro que a maioria estará diante de algo que eu não disse para imaginar, mas já imaginaram, se este for o caso elimine completamente essa ideia agora: a ideia de que há você olhando o universo e que são duas coisas à parte.

Aqui é de suma importância notar que tudo até agora surgiu no universo inevitável e fatalmente; sendo ele mesmo. Explico, até agora não falei de nada que não fosse o universo mesmo. Seres e consciência são elementos do universo. Pensar diferente disso seria grande tolice. Nesse ponto o estudante deve perceber que ‘sua’ consciência é um fenômeno natural do universo que desse modo olha para si mesmo exatamente como os olhos físicos e a mente olham para o corpo. Isto é um fato empírico, não uma teoria romântica.

Mas o estudante deve imaginar que várias consciências já fizeram isso. Nesse planeta e muito provavelmente em outros. Até é provável que hajam consciências mais abrangentes e com mais conhecimentos sobre o universo que essa que pensou ser sua. Momentos de consciência são uma consequência indubitável da existência do universo (que supomos existir e no qual supomos estar). Seu momento ‘próprio’ (do estudante) é fugaz, efêmero, ínfimo, com relação à duração do universo, mas do seu ponto de vista é a totalidade do seu tempo, de sua própria existência. Para alguns isso pode parecer paradoxal e talvez seja, mas pouco importa, mesmo assim é bom remoer essa ideia um pouco, como diz Nietzsche, ruminar um pouco. O fato é que há no universo alguma consciência do universo, onde o universo é objeto da consciência. Isso é um fato corriqueiro que apenas não costuma ser notado ou que o pensamento enganado e assoberbado do antropocentrista não concebe normalmente, vê de outra forma que julga mais perspicaz.

Agora vamos ao campo fora dos padrões científicos e filosóficos: o que é a consciência do universo? Pense sobre isso... que a consciência é um fenômeno que aparentemente ocorre no universo depois de um tempo, ou foi o que se supôs até agora baseado nessa ideia (que não é de fato tão empírica, nem fácil de se sustentar como pensa o cientificista ou alguns filósofos). Mas esse organismo, essa consciência, aparentemente residente num corpo, essa, digamos célula do universo, cumpre um papel que muitas outras também cumprem. A consciência comunga (ou nem tanto) conteúdo com várias outras que supostamente testemunham ou ao menos podem testemunhar os mesmos fenômenos. Vamos dizer que aqui além do momento dessa consciência efêmera, mas que junto com várias outras e devido mesmo às observações de várias outras anteriormente, constituiu uma consciência do universo (pouco importa se ou o quanto corresponda a uma suposta realidade).

Chegamos então ao ponto onde também esse ‘organismo’ maior, chamado universo adquiriu dentro de si consciência de si mesmo. Parecido com como as células queimam dentro da mitocôndria (certa organela que possui) o oxigênio gerando energia para o resto da célula e para todo o organismo. Nesse caso o universo dentro de nós cria a consciência para todo ele. Mas nós morremos um dia. Nosso planeta também e todos os planetas em seu tempo se acabam.

Então imaginemos de novo como na ciência, supondo que certa hipótese seja verdadeira, que o universo depois de expandir ao máximo também contrai voltando a formar corpos celestes e que agora já estamos no fim do processo de contração desse universo, voltando a juntar tudo, todas as partículas subatômicas sem deixar nenhum espaço vazio em seu interior.

O tempo é uma relação, com o espaço, tamanho, velocidade das partículas e claro tem relação com nosso tamanho e movimento, nossa duração nosso planeta e seu movimento. Nada disso existe mais. Há só novamente uma pequena partícula. Suponha que ela é atemporal ao fim do processo, quando o último aperto foi dado e não há mais como comprimir, não há mais movimento. Eis o instante 0, causando o processo inverso, uma nova explosão e um novo universo. O que vai acontecer? Imagine.

O tempo por um instante chegou ao 0 deixou de existir e começou de novo. Outro universo começou de novo do ponto 0. Assim todo universo sucessivo, também é simultâneo. As possibilidades da consciência de novo acontecerão no novo universo e novamente é provável que uma consciência do universo surja, ‘sua’ consciência provavelmente surgirá também, senão nesse num outro ou noutro ainda, e assim por diante. Na infinidade de universos sucessivos-simultâneos todas as possibilidades da consciência (e de sua suposta consciência) já devem ter se realizado. Imagine tudo...

Esse é um exercício ou jogo que poderá revelar o processo do tempo e do espaço e sua relação direta com a consciência e quem sabe a sua inseparabilidade. Não está descrito em detalhe, nem as ideias bem expostas todas, mas para o pesquisador sério basta isso, ou menos que isso, para procurar em sua consciência. Quiçá a consciência se revele em sua relação com o universo o tempo o espaço e os outros seres. Descreva tudo as conclusões; explique, escreva. Vá imaginado, tentando descobrir. Anote e retorne com os resultados.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O S.A.G.



                Um tema muito intrigante no mundo das ciências ocultas é o chamado Sagrado Anjo Guardião. Aqui não há resposta para isso. A sincera pesquisadora deveria refletir bastante sobre isso até perceber que se essa informação for dada sem que ela mesma a tenha descoberto com certeza induzirá ao erro.

                A estudante aqui é levada a meditar e descobrir por seus próprios métodos e esforços o que é a S.A.G. e o que é o “conhecimento e conversação” com Ela. Ela deve descobrir por si mesma, pesquisar, meditar, sintonizar, ver, ouvir e então dizer “o que” é tudo isso. É claro que nós temos as nossas teses que serão apresentadas apenas no momento oportuno. Antes disso cada uma deve desenvolver sua própria tese. Aquela que rapidamente ou precipitadamente vier com certezas e com suas teses e achismos, já se excluiu do início. Apenas aquela, que realmente almeja descobrir ou ver, vai entrando na nuvem densa e se aproximando da luz, dessa forma sua tese vai se transformando. São várias teses que seus vários níveis de compreensão irão errada ou acertadamente elaborar até chegar àquela mais adequada mais condizente com a verdade.

                A diferença é que em nossa escola a estudante é levada desde o inicio a esse contato direto com sua Anjo, para descobri-la, onde, como, e se está acontecendo. Gradativamente, não é de imediato, de supetão, mas vai se aproximando e se aprofundado cada vez mais nesse contato. Existem dez graduações, que classificamos, de contato, que chamamos de 9 graus de aproximação da verdade. Existem 3 graus de níveis de compreensão dessa verdade até tornar-se una com ela, sua gnose. Existem 11 subdivisões iniciáticas que aproximarão, através de seus métodos; do passo seguinte e da experiência cada vez mais completa e profunda. E existem 8 passos, ou elementos do caminho, para todos aqueles que alcançaram o verdadeiro caminho e desenvolveram o entendimento, a experiência direta, a vontade e a confiança a um nível suficiente para iniciar sua jornada; 8 passos cumulativos que levarão gradualmente e num somatório a meta final e a todas as bênçãos (bliss-bless) do caminho.

                Como se pode notar não é uma doutrina ou um conjunto aleatório de normas ou preceitos; nem padrões de comportamento; nem o acaso; nem todo aquele discurso religioso vago, sem objetividade no que fazer, nem nas etapas, nem nas metas, como apresentam as religiões ocidentais. Nem se trata de ritos graduais e sucessivos ou supersticiosos, sem representar numa grande transformação, como fazem muitas ordens no ocidente. O que vai fazer com que o candidato avance é um processo consciente, tomado por pura e legítima vontade, imbuído de uma motivação maior que apenas o próprio benefício pessoal, este sim, o levará sem dúvida a ascender na pirâmide da iniciação.

 

9 PASSOS PARA A VERDADE

                “E como ocorre o treinamento gradual, a prática gradual, o progresso gradual?”

                “Isto nós chamamos o treinamento gradual, a prática gradual, o progresso gradual”:

0.       ENCONTRA uma professora, uma mestra, uma facilitadora ou uma companheira de caminho, em quem se tenha confiança, respeito, admiração, reconhecimento de seus conhecimentos, aptidões, caráter e vontade (bom caráter e boa vontade) em relação ao caminho e/ou em relação à Grande Obra, à Iluminação. Saúda-a e/ou a homenageia, então dá ouvidos a essa companheira nesse dhama, nessa união e nessa thelema.*

1.       MEMORIZA aquilo, guarda, recorda, mantém.

2.       EXAMINA atenta e repetidamente aquilo e seu significado.

3.       Ao examinar pode concordar com aquilo “baseado na reflexão”, nesse caso ele ACEITA aquilo, o que o leva ao próximo passo.

4.       Obtendo aceitação daquilo, nele brota o zelo por aquilo; ela estuda, memoriza, examina, não esquece, comparece, se compromete espontaneamente, sente prazer com, ZELA; surge a vigilância.

5.       Tendo brotado nela o zelo, ela aplica a vontade, ela VONTADEIA; a vontade surge, surge a prática, o exercício, a continuação, a assiduidade, o prazer em praticar e o prazer em fazer parte.

6.       “Tendo aplicado a vontade ele examina cuidadosamente”, cientificamente avalia os resultados, sente por si mesmo os resultados, vê por si mesmo, EXPERIENCIA; reflete por si mesmo sobre o experimentado, vivido, experienciado até então.

7.       “Tendo examinado cuidadosamente ela se esforça”; o esforço correto é aplicado; ela está decidida, convicta, apontada, direcionada; ela cumpre as metas, as disciplinas, os passos ou pelo menos se esforça “com esforço decidido”, com vontade, ESFORÇA.

8.       “Com esforço decidido ela REALIZA o corpo da verdade suprema, vendo-a e penetrando com sabedoria”; ela conhece a verdade, ela realiza a gnose, a iluminação; ela gnoseia.**

9.       Ela PERMANESCE na verdade.

10.   Com a morte do corpo ela retorna a este mundo ou vai a outros mundos para ensinar essa verdade, isto, o caminho para se chegar à verdade, ela ENSINA, ou ela entra e permanece na suprema libertação da iluminação que é impossível de ser descrita para uma mente não iluminada e insuperável em beleza, força, felicidade e sabedoria; ou seja de uma maneira ou de outra ela ensina, por amor.***

______________________

*Esse passo é 0, se pode dizer, por não estar caminhando, vai aprender ainda...

**Note que o título diz 9 passos, mas se contarmos do 0 ao 10 temos 11, isto é porque no passo 8 ele alcança a verdade, de 0 a 8 são nove passos. Os números 9 e 10 se referem aos passo que se realiza depois de realizar a verdade que é permanecer nela, e ensinar o caminho.

***A partir do passo 6 já se pode ensinar algo, se se tem experiência e amor suficientes, não apenas depois 8 ou do 10 como aparenta no texto. Após ele, a partir do 7 é normal que isso aconteça espontaneamente para muitos. Só aparece essa característica na dez porque se chegou ao ápice da libertação. Ou ensinará como um ser de aparência ou com seu próprio exemplo, caminho, palavras, deixadas após a morte, se torna ela mesma o dhamma.

domingo, 7 de julho de 2013

O.I.T.O.



               Seria muito bom se todo que abrisse essa página lesse, antes que qualquer coisa que apareça abaixo, o nome O.I.T.O. como está escrito, o que forma seus desenhos, sua grafia, os símbolos e palavras que se formam. Para aquele que já estudou símbolos e nomes vão aparecer livros inteiros apenas nesse nome, que não é apenas uma sigla. Aliás a sigla serve mais como uma justificativa laica para a necessidade muito superior da presença das letras e dos pontos nessa exata ordem...

                Para o que não entende de nomes, números e símbolos “ocultos”, ainda há muito apenas no desenho que se forma, se movêssemos as partes, por exemplo, formando um triangulo (e com isso já estou dizendo demais) teríamos uma palavra e um símbolo  tão auto explicativo que aqueles de ímpeto religiosos se maravilhariam pela prova harmoniosa que está implícita apenas em seu significado.

                Para mim que o recebi sem saber ainda seus “segredos”, constitui uma prova da superioridade da ordem e de seus motivos e objetivos elevados, acima de tudo que se propôs como sublime até agora no ocidente, nesse momento pós-início da era da liberdade, mas que ainda imperam as ideias fixas, as crenças e as tentativas de permanecer no cadáver com vida (sempre tentando reviver). O cadáver que se tenta manter é aquele já derrubado a 2600 por uma inteligência ilumina, a saber, o cadáver da ideia base de todos os erros e de toda ignorância: a ideia hoje já fétida de imutabilidade, substancialidade e objetividade, que se acreditou possuir no passado.

Por era entenda-se paradigma, nesse caso o paradigma antigo, que escraviza os seres humanos a ideias e ideologias (não sábias e supostamente imutáveis, apenas memes na verdade, muitos bem infundados até) é o da separatividade. Isto envolve um leque de ideias muito grande que incluem principalmente, mesmo que de modo oculto, as ideias de coisa em si, de fenômeno isolado, de individualidade e pessoalidade única ou imutável, etc. Se te identificas com tais ideias estás a caminho da autodestruição nesse “novo mundo” onde gradativamente elas serão superadas, pois não cabendo a verdade da mutabilidade em sua consciência, mudar completamente significa morrer, deixar de existir. Mas se já entendeis que essa morte já ocorre em sua consciência desde o nascimento, já percebeste que aprender é uma mudança, e que mudar não é a morte, mas apenas mudar, portanto não há morte, apenas fluxo, aqui ou em qualquer “lugar”, e sendo a consciência como um espelho não há o que temer, nisto mesmo é consiste o viver.

                O mais surpreendente para mim é que o símbolo O.I.T.O. não é uma doutrina que simplesmente se apresenta, mas uma teoria científica que se comprova pelo entendimento e aplicação do método nele contido. Sim, nesse símbolo também está a “solução do problema”, a “raiz da equação”, o método para alcançar a comprovação daquilo que ele mesmo apresenta. Isto tudo pode ser lido ali. Veja que não revelei explicitamente nem os símbolos, nem as palavras, nem os números e tampouco seus significados nem seus métodos, pelo contrário apenas alertei a você caro leitor, para deixar à sua vontade o prazer de, como eu tive que fazer (e ainda tenho mais) por mim mesmo, decifrá-los (ou não) e se maravilhar pela existência de uma inteligência tão superior a nossa que foi capaz de criar tal livro tão completo em apenas um símbolo, O.I.T.O..

Agora se queres saber mais sobre isso, se queres ajuda, se queres percorrer tal caminho entre em contato conosco que tivemos a dadiva de sermos instruídos e servirmos como que porteiros que abrem para aqueles que entendem ou que merecem ou que tem vontade, as portas da O.I.T.O..

Frater I.L.I.V.
 

 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

DO ENTENDIMENTO PARA A EXPERIÊNCIA


Em nosso sistema vamos partir do nível do entendimento, ou seja o nível comum, humano, para o nível da experiência da verdade, partindo do conhecido para o desconhecido. O esquema abaixo mostra os estados de consciência em sues níveis cotidianos dentro do nosso momento e de acordo com nosso nível de trabalho (somente os estados de iluminação podem ser chamados permanentes). Podemos classificar toda experiência possível em três níveis e cada nível contendo seus sub níveis:

 

3 níveis de entendimento (filosóficos):

a. incorretos (ou incompletos):1. a matéria

                                          2. a mente

                    (ou ambas, todas as formas de dualismo, estes são os duais)

b. 3. verdade: Triplicidade (três forças ou aspectos da unidade) ou multiplicidade                                                    (infinitos aspectos) ou unicidade.

 

4 níveis de verdade (experiência):

1. ganho e perda (karma)

2. abandono e transformação (mandala)

3. aceitação e união (tantra ou yoga)

4. Nibbana (iluminação)

 

5 níveis de iluminação

1. mundano (lapsos conscientes ou “inconscientes" (conscientes apenas no momento e esquecidos imediatamente após)), nível animal humano (ou outros animais, “fantasmas” e devas).

           (não é um nível de trabalho nem de iluminação, é um momento ínfimo e não profundo, mas natural, que continua a ocorrer durante o treinamento)

2. super-humano (treinando: 4 níveis de jhanas + 4 realizações imateriais + tríplice treinamento (dana, sila e bhavana) e tríplice sabedoria (sila, samadhi e prjna)).

          (neste caminho, a partir do segundo ponto que ainda não é um nível da iluminação propriamente dito, que é recebido o ensinamento do Buda por excelência, após esse ponto a libertação final é garantida pelos caminhos seguintes da iluminação real)

3. além-humano (com a destruição das impurezas principais entre outras):

    3.1. eliminação da (a) dúvida (sobre a iluminação sobre o iluminado e os iluminados, sobre o caminho proclamado por aquele que já o trilhou e sobre a possibilidade de seguir esse caminho e alcançar os resultados) da (b) superstição e o apego a preceitos acéticos e rituais (de qualquer espécie na crença de que estes possam levar à purificação) e da (3) crença numa substancialidade inerente, imutável e/ou permanente em si mesmo (eu ou alma imutável e eterna) ou nas coisas ou fenômenos (objetos existentes em si mesmo e/o ou por si mesmo) bem como a crença oposta a essa, niilismo em relação a si mesmo (niilismo materialista) ou com relação ao mundo, universo objetos ou fenômenos (niilismo existencialista); libertando-se dessas três, o praticante se liberta da possibilidade de nascimentos inferiores e entra na corrente sem retrocesso, torna-se um sotapanna.

      3.2. abandono do desejo sensual e lascividade e da raiva e aversão, e a erradicação parcial da ilusão, da ignorância:

           3.2.1. não mais apego aos desejos e objetos do desejo e não-ódio; reduz o retorno a este mundo a apenas mais uma vez, torna-se um sakadagamin.

           3.2.2. destruição (ou transformação) total da raiva-aversão- ou má-vontade e da ânsia-lascívia ou desejo-apego; liberta-se do renascimento nesse mundo e está destinado a completar o caminho em modos de vida superiores, torna-se um anagamin.

      3.4. eliminação de todos os grilhões, erradicação, destruição total de todas as impurezas e sua raízes, libertação total, iluminação, a consciência mora em Nibbana permanentemente, a consciência e Nibbana são a mesma e única “coisa”. Torna-se um Arahant, um Buda, um Desperto. Os diferentes tipos de arahantes e de faculdades destes são derivados do modo pelo qual eles atingem a realização última, mas todos têm acesso a uma mesma realização meditativa: a fruição da realização do estado de arahant.             

 

         Em todos os níveis de trabalho se pode ser um professor desde que esteja pelo menos um nível mais acima do que seu discípulo e que estude, porém no último nível de desenvolvimento ele só pode ser orientado por um iluminado ou num renascimento superior ou compartilhar experiências com alguém do mesmo nível, um companheiro de fato. O professor deve ser um pesquisador e um especialista.

 

Nota final: O uso da palavra libertação e impurezas não tem caráter metafísico em nossa teoria, mas por ser mais adequado, afinal, liberta-se das visões errôneas, dos obstáculos, das impurezas, das emoções prejudiciais, etc. A libertação pode ser destruição, transformação, aquisição, abandono ou uma combinação de dois ou de três ou mais processos. Impurezas é mais adequado por representar também muitas coisas, é uma forma mais geral de chamar todas as coisas que não fazem parte da visão verdadeira, ou das manifestações originais das emoções, ou dos elementos ou fenômenos da consciência, enfim se refere todas as formas de distorção da consciência da vontade ou das emoções.

 

Contato e mais informações em frateriliv@gmail.com

segunda-feira, 27 de maio de 2013

PROGRAMA PRÁTICO E ESTUDOS 2013 - 0 (revisado - com a tabela nova no final)


 

Programa prático básico para a primeira iniciação - grau 0

 

        Os métodos a seguir são apenas os básicos indispensáveis, no meio de vários que podem ser testados na fase experimental (científica) da ordem. As três partes a seguir (A, B e C) podem ser apresentadas separadamente ou em seus suas nove subdivisões (9 tarefas). Este esquema não esclarece o processo nem o procedimento para realizá-lo, mas será disponibilizado a todos que entrarem em contato e aprofundado por orientações para todos aqueles que quiserem ser iniciados.

 

Iniciação:

 

As 9 tarefas do neófito:

 

(A) 3 meditações:

1. Iniciação propriamente dita:

Meditação com a respiração (pranayama) pelos métodos próprios desta ordem. Não é apropriado divulgar publicamente este método.

É o “encontro consigo mesmo”, o embrião daquele “que vai nascer”. Esse encontro é a experiência direta da consciência pura, em si mesma, diferente dos seus conteúdos ou de olhar para ela junto com os conteúdos. É a consciência da consciência, mas aqui em seu estado intocado, puro, original, através de um método próprio de nossa escola. 

Neste reconhecimento, “nascido novamente”, agora para o real, o iniciado deve escolher o nome do embrião (poderá ser alterado até entrar na ordem onde escolherá o definitivo, todos têm que ter significado especial para o iniciado e apontar para sua meta).

2. Estar presente aqui agora momento a momento segundo nossos métodos iniciais (1) formais e intensivos (meditação sentado, andando, em pé e deitado) e (2) cotidianos (métodos de: auto-observação; observação do que ocorrer; e pergunta chave). Todos estando consciente da consciência presente.

3. Meditação analítica segundo nossos métodos, depois de concentração e relaxamento, sobre os temas do programa de estudos (especialmente para o iniciante se a mente estiver agitada), métodos de transformação mental e das impressões e para ver por si mesmo.

 

(B) 4 yogas:

1. “Giro”

2. “Abdominal”

3. “Arco de Nuit”

4. Viparita-karani com meditação, que pode ser visualização.

Estas yogas podem ser alteradas de acordo com a época e com o professor, mas sua origem gira sempre em torno da hatha yoga ou raja yoga ou yoga tibetana entre outras yogas autênticas. Este ano está sendo oferecida em destaque a “saudação ao sol” e uma sequencia relevante de efeito sensível e imediato.

 

(C) 2 exercícios:

1. Concentrações (desenho, mala, recitações, mantra, vela, espelho, etc. (a escolhida);

2. Auto-observação no sono e no sonho ou manter a consciência no sono: “sonho lúcido” ou “saída do corpo” conscientemente; o uso de objeto no sonho ou outros métodos experimentais disponíveis com objetivo igual ou semelhante (método RC ou tibetano ou outros.) .

 

1 proteção mágica: banimentos e círculo de proteção (na forma experimental os resultados devem sempre ser comparados com ocasiões controle, em que não se usa o método).

 

Demais procedimentos e instruções indispensáveis:

O caderno: tudo deve ser registrado no diário de práticas experimentais, preferencialmente sempre logo após o ocorrido; na ocasião é oferecida a instrução de como e o que anotar no diário.

O lembrete: cordão ou “pulseira mágica”: seu efeito é (1) servir como lembrete ao iniciado de sua tarefa e (2) chave para desapego. Explicação disso e a razão da cor podem ser oferecidas brevemente ao receber.

Os cumprimentos, sinais, mudras e assinaturas: explicação dos tipos comprimento, do sinal do “poder silencioso” e dos tipos de assinatura. Por razões diversas nem todos os sinais serão permitidos a todos. Uma das razões é por haverem sinais coincidentes com outras ordens, outra é por revelarem graus que não coincidem em diversas ordens (por essa razões sinais secundários e/ou posteriores foram abolidos), outra é que os participantes da ordem não devem oficialmente se reconhecerem, nem devem procurar conhecer outros membros, entre outras razões. A única exceção a isso é o comprimento RC, pela base de toda rosacruz ser o trabalho alquímico assim como é o de nossa ordem e nós não temos “pudores” ou “segredos” sobre o uso da yoga sexual e do tantra, sexual ou não, a não serem os procedimentos avançados e perigosos. No nível científico quase todas as formas de alquimia podem ser realizadas e comunicadas, essa restrição não existe mais, nem há razão para se manter. Deste modo, logo no início o candidato deve ser informado sobre os procedimentos da ordem quanto a isso e dado a opção de realizar alguma operação básica, se desejar, e de conhecer suas consequências, visto que justamente esses procedimentos e suas origens diferenciam as ordens verdadeiras das falsas, as de linhagem das especulativas e as autênticas das equivocadas. Hoje a chamada magia sexual é estudada cientificamente em algumas de suas formas, em nossa ordem é assim também desde que tomando os devidos cuidados e sendo previamente preparado. Os mudras sexuais são explicados desde o início em seu duplo significado e para aqueles que querem e podem, é realizada uma aula especial onde serão iniciados num nível prático inicial.

Certificado: ao fim da graduação da F.G.T.O. Recebe-se o certificado correspondente aos graus e as iniciações (não fazemos equivalências de graus de outras ordens, porém aproveitamos o aprendizado mesmo quando é preciso reverter). Obs.: apenas ao final da graduação da FITO considera-se a formatura requerida a ordem.

Instrução: para o fortalecimento da vontade no nível requerido e indispensável ao trabalho, é recomendado, desde já, o exercício de que a primeira e a última leitura do dia deve ser com relação a sua busca espiritual. Pode ser também elaborada uma recitação para o acordar e para antes de deitar. Isto pode parecer místico ou ritualístico, mas na verdade tem uma razão profunda e um objetivo cuja realização pode ser cientificamente comprovada.

 

Programa de estudos

 

        Sendo nossa programação eminentemente prática com o intuito de comprovar por si mesmo, o tempo é muito valorizado, não podendo ser utilizado como justificativa a falta de tempo, devemos administrá-lo de maneira sábia. Isto equivale primeiro a eliminar aquelas atividades prejudiciais, em seguida as inúteis e ainda depois resumir as outras a fim de irmos aos poucos dando lugar à Grande Obra. Como diz Sêneca, gastamos o tempo como se tivéssemos uma fonte eterna da qual sempre poderemos dispor ao nosso bel prazer. Este é um dos mais comuns obstáculos que os exotéricos dificilmente assumem; prorrogam, gastam tempo preguiçando, desleixam na regularidade das práticas, ou apenas sentem-se ligados a uma ordem por frequentar rituais semanais e com isso se dão por satisfeitos. Esta vergonhosa forma de autoengano é repudiada em nossa ordem.

        Aqui somos instigados a responder a perguntas sobre as práticas de outra forma. Por exemplo, se nos perguntam você medita? Devemos responder “Todos os dias!” e como não devemos mentir... Os mais experientes podem dizer ainda mais “Todos os dias até o fim, meditar é a coisa mais importante que alguém pode fazer na vida.” Assim nos exercitamos em várias coisas inclusive em abandonar completamente a mentira e a falsidade.

        Essa introdução foi necessária para compreender o aspecto prático de nosso estudo teórico. Não simplesmente estudamos, nem tentamos memorizar conteúdos sem compreendê-los. Mesmo quando estamos lendo ou ouvindo estaremos praticando. O objetivo do nosso estudo é compreender as nossas práticas e como funcionam. Dificilmente diremos por quê. Somos como cientistas, não nos interessa o “por que”, como pensam as pessoas, nos interessamos é no “o que” e no “como”, dificilmente no “para que”. Existe muita diferença entre pragmtismo e ser utilitarista, essa última além de tudo é uma fraqueza. Função é apenas uma projeção, da maneira humana de ver, sobre as coisas, atribuindo significados arbitrários e buscando justificativas. Assim como bons meninos em matéria de ciência devemos nos abster de qualquer juízo de valor antes de termos os resultados de nossos experimentos.

Eis desde já uma diferença grande em nossa ordem. Geralmente descrevem-se práticas explicando que “fazemos isso para isso” no intuito de receber isso e que o resultado será esse e esse outro. Ora, assim não vêem os tolos que estão sendo conduzidos, sugestionados e às vezes até enganados. Sendo levados a interpretar experiências outras como sendo aquelas esperadas. Por isso a força de comprovação é tão pequena, que muitos se tornam até “adeptos da fé”.

        Aqui nada será dito, o orientador dirá o “como” dará as coordenadas. O aprendiz irá fazer a prática e observar. Contar então tudo ao professor, o professor é que identificará se o resultado ocorreu ou não; o que ele deve acrescentar e o que deve diminuir; ao que deve dar atenção e o que deve abandonar. Aqui fica claro o motivo pelo qual escolas desse tipo de sistema mudam tanto e não têm conceitos fixos. Esse é um dos motivos, para não contaminar o experimento. Assim também não juntamos multidões em salas, mas procuramos orientar os interessados nos aspectos iniciáticos um por um e mesmo quando há necessidade de vários aprenderem juntos, as entrevistas são individuais e as orientações particulares. Dificilmente o que serve para um serve para outro. É por isso que algumas religiões falham muito em seu objetivo nivelando tudo ao nível de compreensão muito básico, muito baixo, da populaça como diz Nietzsche.

Este caráter não sendo místico nem sectário, mas científico e filosófico também não dispensa o caráter religioso, quer dizer, não o exclui, mas se aplica, sendo que essa “religião” não é dogmática nem menospreza a razão nem a lógica, apenas coloca a razão, como a ciência coloca, dentro de seus limites naturais como uma ferramenta para o que é mais importante, a evidência experimental. Logo, não há suspensão de qualquer faculdade, mas o exercício intensivo delas. O que dispensamos, como na ciência, são os obstáculos que atrapalham nossa visão, tais como preconcepções, crenças infundadas, etc. Religião aqui tem novamente o significado real, de reunião ou releitura. Isso que dizer que não nos separamos da coisa observada para entendê-la como supostamente se pretendia nos séculos anteriores, pelo contrário, por métodos adequados, nos unimos a ela, nos tornamos um com ela, a vivenciamos mais de perto. A partir do novo modo de ver e do esclarecimento fazemos uma releitura mais apropriada dos fenômenos.

        Um terceiro aspecto: o estudo pode ser extenso ou curto, seguindo uma linha de pensamento ou várias. Mas há um “esqueleto básico”. Uma preparação essencial. O estudo nesse grau é também preparatório, assim, além de ser prático ele vai ter que comportar muitos conhecimentos e modos de ver novos; o estudo não é algo de menos importância, é também fundamental. Como diz Genshô: “Com estudo não se vai longe, mas sem estudo não se vai a lugar algum”.

        Existem nossos textos, nossos métodos, e existem outros também que serão usados. Não nos privamos de estudar outros, mas ao contrário vamos conhecer em que se baseia o fundamento do conhecimento segundo várias linhas filosóficas. Estudaremos a epistemologia das ciências e os fundamentos do conhecimento humano, como deve fazer qualquer acadêmico em ciência ou filosofia. E iremos produzir relatórios e trabalhos de pesquisa, artigos, ensaios e monografias. Mas como não somos acadêmicos, não são as notas dos trabalhos que proporcionarão a graduação, mas o sucesso prático mínimo exigido, expresso nos relatórios e avaliado através de sinais inequívocos e perguntas chave.

Então embora nossos textos no início foquem as linhas de nossas primeiras práticas, existem textos fundamentais para a compreensão do modo de ver de viver e de pensar ao qual deveremos nos familiarizar para que venhamos revelar a nós mesmos o que já está em nosso interior, ou seja, o que já nos é familiar. Estamos nos aproximando dos alvos quando sentimos um gosto de estar retornando à nossa casa depois de longa viagem sem rumo. Todas as escolas verdadeiras em todos os tempos concordam no principio básico do conhecimento, pois de fato só é possível um tipo único de conhecimento, aquele que muitos acreditam possuir, mas não possuem, o conhecimento de “si mesmo”. Tal princípio não é de fácil assimilação para ser discutido aqui, por isso temos livros e vários artigos que procuram não apenas explicar, mas também demonstrar esse fato.

Cada parte teórica dessa apresentação, por exemplo, será aprofundada em seus múltiplos aspectos, além disso, é claro que existem muitas outras questões que não cabem numa apresentação, e também estudaremos, além de textos da ordem, textos de outras ordens, escolas; textos de outros livros e sites. Estudamos textos “opcionais”, textos “obrigatórios”, textos de diversão e textos introdutórios. E mais que isso, pesquisas próprias, produção de artigos, resenhas, resumos, ensaios e monografias, enfim estudamos também nossa própria produção atual.


Mais benefícios da ordem

 

Temos dificuldades na vida e em ver “a verdade” por causa de nossas fraquezas e impurezas, que ocupam nossa mente, tomando nosso tempo e energia, desviando nossa atenção e nos desgastando emocionalmente. Já no início do trabalho o primeiro passo é fazer uma “limpeza”, uma redução e uma simplificação, eliminando parte dos obstáculos que nos impedem de ver e de ser conscientes. Começando pelos mais fáceis eliminando já muitas fraquezas, impurezas e assim sofrendo menos.

Há algo “esotérico” também que pode ser feito aqui. Alguns chamam de “psicológico”. O estranho é que as mesmas pessoas que usam essa terminologia costumam ter como “psicológico” algo subjetivo, mais fácil de controlar e até mesmo falso. Para evitar isso ou qualquer psicologismo devemos chamar de espiritual, que aqui tem o sentido de realidade profunda. Espiritualidade, portanto, é tratar das coisas “reais", palpáveis, observáveis, acessíveis, experienciáveis, ou seja, tudo o que normalmente se chama mental e mais alguma coisa. Em resumo, tudo a que realmente temos acesso direto. Desfeito esse engano podemos começar com o tratamento ou dieta que nos levará da mentalidade confusa, ofuscada, obnubilada, estressada para a mentalidade lúcida, organizada, clara, calma.

A primeira coisa e “mais fácil” de se abandonar é nosso sofrimento, pois nós não o queremos, parece incrível, mas nós o cultivamos também um pouco e nos agarramos a ele e levamos conosco quando poderíamos por vezes deixá-lo. Ele está baseado em certas fraquezas, condicionamentos, sentimentos mal interpretados, confusão mental... Enfim, em impurezas, ou no que chamamos de impurezas, que são também fraquezas. Elas impedem de desenvolver nossa força de vontade. Então vamos aprender logo a sofrer a metade do que sofremos agora. E também como abandonar, dissolver e/ou transformar essas impurezas para nosso benefício. Segue abaixo uma tabela que sintetiza elementos trabalhados nesse início de caminhada. Os da primeira coluna são eliminados logo através da observação, do autoconhecimento e da meditação, com o simples ato-decisão de abandonar.

 

Obs.:

 

Exercícios retrospectivos são para grau de companheiro assim como recitações, demais proteções, figuras e símbolos, “pentagramas” etc.

Pesquisas outras do grau companheiro: regressão; vidas passadas; “viagem astral”; meditações vajrayanas e iniciações; funcionamento interno de ordens; manuscritos como Nag Hamad e Mar Morto, ou relativos ao zoroastrismo, Hermes e transmutação do caduceu e outras do mesmo tipo; visualizações, etc, etc.

A ordem não lida com dinheiro nem presta auxílio em dinheiro o que não impede que seus membros o façam uns aos outros. Mas desde o início se é estimulado à ajuda mútua, à troca de favores e prestação de serviços, auxílio legal quando houverem advogados, de saúde quando houverem médicos, etc., encaminhamento preferencial para as oportunidades quanto a dinheiro e trabalho, os membros também podem constituir sociedades de aplicadores num fundo comum com destinações preestabelecidas, poupança, aplicações bancarias e na bolsa de valores, somando suas quantias e compartilhando com equanimidade os lucros. E podemos nos ocupar de outras investimentos financeiros similares a esses ou não e promoção de eventos para reverter em algum bem para si ou para a ordem, porém isto deve ser iniciativa privada de seus membros individualmente ou em grupos ou como um todo e não é considerado uma obrigação ou um serviço prestado pela ordem embora só os membros devam participar no investimento e nos lucros a não ser no caso de doação.

Os únicos serviços que se consideram típicos e obrigatórios da ordem são as instruções individuais e em conjunto e as iniciações e práticas dirigidas. No entanto a partir da instituição das fraternidades podemos até estar empenhados também em algumas palestras e ensinamentos públicos, realização de retiros e “workshops”. É também a intenção deste frater que lhe escreve, estudar a possibilidade da instituição do seguimento religioso da ordem, abrindo os benefícios do Santuário de Thelema e de outros a pessoas fora de nossa ordem, sejam eles religiosos, ateístas ou agnósticos, ou simplesmente pessoas que não encontram nas religiões atuais um refúgio que os contente ou que queiram agregar mais uma visão religiosa à sua. Estamos abertos a propostas, pesquisas e estudos de outros de fora da ordem. Porém sempre alertado que este pesquisador terá que ser necessariamente iniciado e galgar pelo menos o grau de companheiro conhecendo a própria vontade, pois não se pode confiar uma tarefa como essa a uma pessoa que não despertou um mínimo de consciência da realidade nem o conhecimento de sua própria vontade, nem atingiu certos estados de meditação nem a “conversação com o anjo guardião”, o que seria apenas criar mais uma religião inferior que arrastaria vários seres humanos pela lama da estagnação espiritual.

Nossa ordem se compõe de 11 graus sendo que um deles é o 0, ou estudante esses graus são relativos ás iniciações fundamentais e passagens de estado e experiência direta. Mas como já foi dito são dadas várias outras iniciações alternativas, cursos, pesquisas, a depender do professor e da necessidade e ou vontade do estudioso. Os 11 graus são as subdivisões dos 3 graus espirituais, ou platôs de fato, cada um com seu aprofundamento e domínios característicos. Em breve será publicado um esquema explicativo e com alguns detalhamentos de cada grau. Os 3 graus são divididos em escolas, confrarias e/ou fraternidades. A ordem maior, chamada aqui O.I.T.O., deve ser alcançada após a graduação científica através da FGTO ou a graduação, digamos, “antroposófica” através da CGRC ou pelo ingresso na FBNA. Das duas primeiras o estudante deve ainda penetrar como pesquisador rosacruz na FITO e obter sua graduação, além de algo como um mestrado ou especialização em que deverá elaborar sua tese especifica ou escola. A FBNA é independente disso e em si mesma já pode levar à realização interna ao final de sua jornada, houve aqui apenas a coincidência de coordenação. Sendo que (devido ao nosso método) o estudante precisa pelo menos passar pela aprendizagem e experiência do nosso modo de ver e de “observar”, equivalente à primeira iniciação científica ou grau 0, para de fato ser um estudante de acordo com o nosso tipo de pesquisa e metodologia.



As principais bases do sofrimento aqui agora –
aprendendo a sofrer a metade do que sofremos.

Sofrimento que eliminaremos logo no caminho mundano pelo abandono, conhecimento e meditação
Sofrimento correspondente e/ou semelhante que eliminaremos no caminho superior
Medo; superstição; desconfiança; apego a preceito, procedimento,
regras, crenças em rituais
insegurança
Preocupação
Problemas da vida
Mágoa, ódio, rancor, ressentimento
Raiva, aversão
Desânimo, cansaço, falta de energia e de saúde, sonolência, torpor
Preguiça, má-vontade
Inconsciência, desconhecimento,
entendimento incorreto,
dúvida
Ignorância, delusão
Inveja, malícia, ambição, vício,
Cobiça, desejo-apego
Crença num eu e numa substancialidade inerente, presunção
 
Desejo-apego por ser existir ou por aniquilar-se
Inquietação, agitação,
desperdício de energia, angústia, desespero, euforia
Ansiedade,
insatisfatoriedade,
depressão, dor
Inação, passividade,
distração, falta de vontade
Impotência da vontade, limitação, falta de poderes,

 

        Esta também não é uma tabela completa nem exata, mas um mapa para guiar-se e identificar as impurezas que serão eliminadas, ou apenas um exemplo não complexo. As demais serão trabalhadas ao entrar na ordem interna, até a sua dissolução e/ou transformação, conforme seja o caso.