terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Os Objetivos Gerais e Específicos


O objetivo geral de toda ordem que leva o nome de rosacruz é a cura, a redenção e o despertar da humanidade. É em resumo o retorno à condição original.
Observe que no fundo é um só objetivo, a libertação, a iluminação. Mas como esta realização tem vários níveis, ou platôs de realização, falamos de três grandes realizações. O diferencial da cura também se estende a vários campos.
A cura também se opera em vários níveis e vai até o fim do processo. Mas se refere à recuperação da saúde física e mental em primeiro lugar, pois sem elas a Grande Obra em nós é bem mais difícil.
Recuperar as energias vitais é um nível mais elevado disso, mas é uma necessidade de quase todos os adultos humanos.
E recuperar as capacidades naturais e poder da visão espiritual é uma cura num nível ainda mais acima.
E então podemos dizer que no nível mais elevado poderemos cuidar do pleno desenvolvimento de nosso potencial. Mas ainda mais acima e muito mais elevado é podermos ainda, além de tudo isso, cuidar de outros...
Cuidar de outros implica em termos condições físicas, mentais e espirituais para isso, só que isso não é suficiente, muito menos um requisito principal. Cuidar dos outros exige muito mais vontade suficiente, amor, compaixão, dedicação, tempo, esforço, estudo, prática, experiência.
Esses níveis de cura não se operam necessariamente em uma ordem específica como foi aqui apresentado.
Redenção é também um processo que se executa em vários níveis ou platôs. No primeiro nível temos o querer. Novamente a vontade é o primordial, pois a pessoa pode querer a salvação, a fé, o conhecimento verdadeiro, o despertar, mas pode ser que ela não consiga sozinha, por si mesma. Assim uma pessoa sofre por natureza as consequências de seus atos, mas não deve ser considerada por seu comportamento ou ações, mas pela sua intenção, e é assim que a natureza age. Essa é a lei de Deus, que não é como o pensamento, compreensão e leis humanas.
Uma pessoa é de fato o que é sua vontade, nada mais que isso, o demais é igual para todos e o que não é igual é fruto da história, não há mérito ou demérito nisso a não ser nas escolhas, que dependem da vontade.
Então a pessoa deve querer despertar para melhor beneficiar a outras e a si mesma (mesmo que não compreenda ainda que a outra é ela mesma), ou pelo menos temer a condenação, e querer salvar-se.
Num segundo nível ela deve confiar que há algum meio de salvar-se, e buscá-lo, se tornar uma buscadora da verdade, que seja bem visto isso, buscadora da verdade.
Depois ela deve tentar comprovar a realidade do caminho entre os dois extremos que devem ser evitados: o da crença cega e o do ceticismo pirrônico. Tendo comprovado a realidade de um caminho ou caminhos ela deve confiar nele e segui-lo.
Resumi uma sequência de atos que culminarão no primeiro processo de redenção que é o fim da dúvida ou a aquisição da fé. Fé é tanto o fim das dúvidas sobre o caminho e ou sobre o mestre, quanto a aquisição de um poder, que começa pequeno quase invisível e vai crescendo. Nesse processo a pessoa atingiu a salvação.
No cristianismo ela perdeu a dúvida com relação ao Cristo e a salvação que ele oferece. Ela conquistou a salvação, ela confia no Cristo, no seu caminho e na salvação através dele. A isso se chama tecnicamente na linguagem do evangelho salvação pela fé.
No budismo ela perdeu a dúvida sobre os ensinamentos do Buda, perdeu a crença na eficácia de rituais, preceitos e superstições.  Ela confia nos ensinamentos do Buda, e no seu caminho e no despertar do Buda, possível a ela através dos seus ensinamentos. A esse estágio chama-se salvação pela fé, na linguagem dos suttas  (poucos falam sobre  isso assim, mas está lá, nos suttas e sutras) e se diz que ele entrou na correnteza do ensinamento tendo como certa a iluminação, nesta vida ou na futura, neste mundo ou em outro, seja como for ele a atingirá.
Aqui, seja qual for o caso (e é desnecessário outros exemplos além desses dois ou de outras doutrinas, pois mudam apenas a linguagem) ele salvou-se, é certo, mas não ocorreu uma profunda transformação com ele, nem abriu-se muito sua visão espiritual, e continua praticamente o mesmo de antes.
Ela vai ainda transformar-se, é uma recém-nascida e vai desenvolver-se, crescer. Esse platô e todos os estágios que o constituem são o segundo grupo de processos. É o início da libertação. Que culminará na plena e completa iluminação, o absoluto despertar.
Porém, esses dois processos, libertação ou purificação e despertar ocorrem lado a lado, juntos, mas não necessariamente juntos ou pareados. Às vezes um avança e outro desacelera ou o inverso... O completo despertar verdadeiro só pode ser completamente obtido mediante a completa purificação.
A diferença de nossa ordem é que sabemos que só pode ser chamado de completo despertar aquele a que se chega através do caminho do bodhisattva, ou seja, daquele que faz o voto de atingir a iluminação para o bem de todos os seres.
Numa linguagem gnóstico-cristã para quem não está rfamiliarizado com os termos dos sutras budistas isto é claro quando Jesus descreve os três processos "negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e sega-me". São a morte do ego (negar o si mesmo), a auto entrega completa à direção do Espírito ("não mais eu vivo, mas Cristo vive em mim") e a imitação de Cristo, para fazer o que ele faz, ensinar o caminho, curar e salvar as pessoas. Ou seja, é isto que a rosacruz propõe.
O verdadeiro rosacruz é um amante do conhecimento e da sabedoria, mas ele não a busca somente para si, ele busca para todos os seres e é nesse sentido principalmente que todo rosacruz é um budista do caminho bodhisattvayana, mais conhecido como mahayana, pois ele busca a iluminação, mas não somente para si, mas para todos os seres.
Esse caminho é de natureza gnóstica, não apenas por inclusão de ensinamentos gnósticos antigos e se basear também em estudos de evangelhos gnósticos, mas por ser da natureza do conhecimento verdadeiro, que é por experiência própria em si mesmo, união, integração com o objeto de conhecimento, principalmente em se tratando do conhecimento supremo, a gnosis completa, o conhecimento de Deus.
Não se trata de um sincretismo das vertentes gnósticas antigas, mas de um método que continua atual, permeia todos os livros sagrados (não apenas os gnósticos nem apenas os cristãos) e teve seu ápice entre Buda e em Jesus.
Nesse sentido o fruto do conhecimento almejado começa com a salvação, passando pela transformação alquímica e culminado na iluminação. Assim observamos uma equação matemática que começa com a salvação que é a garantia de estar depois num céu sem retorno ou terra pura de Buda, ou seja, num caminho sem retorno em direção à iluminação; passando por um processo de transformação e purificação, que é a ação do Espírito Santo em nós.
Nessa equação há o lado inicial da função, a igualdade e o resultado. Não é uma coisa ao acaso, uma mera adequação utilitarista ou dogmática, não é uma abstração. E uma transmutação alquímica. Num lado temos nós como chegamos e temos que nos adequar para obtermos o resultado; a igualdade pode-se dizer que é tornar-se igual ao modelo, Cristo, ou o reconhecimento tântrico da realidade iluminada e divina já presente aqui agora; o resultado é inevitável, tornar-se um igual ao modelo, um iluminado, um dos que vê. Este não está mais submerso na realidade recaída, mas voltou à ordem, ao estado original, onde em seu caminhar a iluminação plena é certa. Ele primeiro confia que dentro dele há um buda, que o Cristo habita seu templo (mente-corpo-espírito) e que despertará a qualquer momento, a qualquer momento ocorre a plena realização disso; depois então ele sabe, ele vê por si mesmo que isto é uma realidade.
Enfim, os rosacruzes objetivam a realização de todos os processos propostos por todas as religiões verdadeiras e que estão completamente presentes, os três, em sua forma mais completa, no ensinamento de Buda e Jesus. São eles: salvação, transformação e iluminação.
Todos os precursores autênticos desses dois mestres e todos os seguidores realizados posteriores têm ensinamentos úteis a cada tipo humano, a cada ser humano e as chaves do entendimento e conhecimento através de inúmeros meios. E todos estes ensinamentos estão sintetizados nas palavras desses dois maiores mestres e resumidos no símbolo da rosa de Buda e da cruz de Jesus, o resumo de toda sabedoria que existe. O desabrochar da rosa na cruz, o desabrochar do lótus acima a lama, o despertar da semente do buda que sempre esteve presente em nós que sempre fomos budas e não sabíamos, o cristo que já temos dentro, “pois o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17:21). Que a rosa desabroche em sua cruz!