quinta-feira, 25 de abril de 2019

Qual a diferença entre Frater, Irmão, Amigo, Companheiro e Adepto em nossa ordem?


Frater, Irmão, Amigo, Companheiro e Adepto são títulos ou termos tradicionais para indicar qualitativos de determinado nível e tipo de realização. Antes desses qualificativos a pessoa é tida como aspirante ou candidato. Nossa ordem, como era de se esperar, tem uma maneira peculiar de definir esses termos. Eu mesmo durante anos na ordem tratei inclusive estudantes externos erradamente, já como frater ou como amigo e isto constitui um erro, leve, mas que se por um lado os anima os estudantes por já se sentirem parte de algo, por outro atrapalha, pois se auto enganam quanto a isso e quanto ao próprio merecimento. Vejamos porque isso acontece e quais nossas definições.

No primeiro nível, três ou quatro graus, as pessoas não deveriam jamais a rigor serem chamados frati, muito menos irmãos, porque frater é aquele que já faz parte da fraternidade, ou seja, do segundo nível, pois já assumiu não só compromissos, mas também responsabilidades, que incluem cuidar uns dos outros. E irmão é apenas aquele que já realizou a iniciação correspondente ao convencimento, convicção e prova pessoal sobre o caráter Supremo fora e dentro de si, isto é, já conhece sua obra dentro dele, e já descobriu em que obra isto pode ser encontrado e como se realiza esse processo, se tornando assim como irmão de sangue, pois comunga da mesma consciência dos demais, isso também quanto a essa unicidade e em que ela está, e no que consiste. Seria muito fácil falar isso em termos religiosos, mas isso não passaria do que já existe em forma de doutrina e como matéria de crença. O aspirante deve por si mesmo descobrir essa realidade e isso o trona irmão, sem possibilidade de retorno ao estado anterior. Por isso que apesar de frater significar irmão, nós usamos em duas acepções nas graduações, frater é o que comunga dos conhecimentos e experiências, as quais pode ainda interpretar de outro modo, e até errado às vezes, e pode até retroceder no caminho, enquanto o irmão é aquele que não pode mais retroceder, mesmo que surgisse essa essa intenção (hipoteticamente é claro, pois é impossível que ela surja). Então frater é apenas quem chegou no nível de fraternidade e irmão é um grau que acontece neste nível, mas podendo acontecer antes ou depois, ou mesmo a pessoa já tendo vindo de fora com essa realização ou ainda a convicção certa (pois alguns podem não ter provado, mas, entre as várias convicções que podem ser adquiridas nesse mundo, essa pessoa foi convencida "coincidentemente" da certa, da verdadeira).

Já amigo e companheiro são termos também antigos, tradicionais, pertencentes à nossa tradição clássica (embora os outros dois também pertençam a esta existe uma diferença...), mas referentes mais a graus do que a níveis. Antes de tudo a pessoa é um aspirante, o que chamamos candidata. Na nomenclatura de nossa organização ela é candidata ao grau zero, ela está no exterior quanto ao aprendizado e conhecimento, mas manifestou a intenção de obtê-los. Ao adquirir o grau zero ou pelo menos passar pela experiência iniciática desse grau tendo demonstrado a mínima realização, se costuma dizer bem vindo, mas não se deve dizer "bem vindo frater" e sim "bem vindo amigo", por isso se diz que o noviço ou novato é um amigo ou simplesmente estudantes. A qualquer momento pode se enganar e ir embora, mesmo que não se perca a amizade ele não tem mais o grau de amigo na ordem, mas apenas amigo pessoal no sentido coloquial, ou não, depende se a amizade surgiu ou não. Já ao entrar no grau um, o amigo pode continuar apenas um amigo por muito tempo, e ao final como é mais tradicional receber o grau de companheiro, pois já divide a caminhada, o caminho, tarefas, já colabora, já divide estudos e pesquisas. Mas a maioria dos professores tem muita reserva em chamar alguém assim mesmo nesse último grau, porque essa pessoa pode cometer erros incríveis contra o companheiro; ela é sujeita a tais erros. Mas a rigor, quando a pessoa começa a partilhar dos mesmo caminhos e experiências já então já pode ser chamada de companheiro, esteja ela no grau um ou quatro.

E adepto é a apessoa que descobriu as realidades por trás das aparências, ou pelo menso algumas delas. Mas se ela descobriu por si mesma, por experiência e lógica própria. O adepto é chamado a ensinar e se ele recusa demonstrado indignidade, mesmo assim então, pode não ser chamado de adepto, pois guarda para si a sabedoria e espera que outros façam sua parte na transmissão do conhecimento. O adeptado é muito pessoal, não está restrito ao terceiro nível, ele pode acontecer diferente em cada pessoa, em etapas ou níveis diferentes, em graus diferentes, embora o adeptado esteja no curso gradual didático normal, ele pode ocorrer antes, até mesmo no neófito, embora seja muitíssimo raro. Então veja que mesmo galgando tais platôs se deve usar com muita cautela esses adjetivos. Adepto é o que já tem a visão espiritual, mesmo que sua mente ainda esteja despreparada isso pode acontecer, ou nas mentes mais preparadas pode também, ao contrário não ocorrer o adeptado, ou este ser inconsciente até. Estamos falando de situações mais raras, mas possíveis. Portanto não se dá o título de adepto por ter chegado a um grau ou nível. Adepto é um nível bem elevado de realização e os que o atingem só podem ser humildes, não vão se proclamar adeptos. Geralmente um adepto é apenas reconhecido por outros ou depois de sua partida para o mundo do espírito.

No primeiro nível nessa organização temos a ordem hermética com objetivo de aprendizado de muitos conhecimentos para que a pessoa tenha material com que chegue a suas reflexões e conhecimentos pessoais e práticas para a pessoa ter sua própria experiência e conclusões, isso é provado, desde em entrevistas, até de outras formas que não podemos revelar. Só no segundo nível é que temos a fraternidade, quando qualquer pessoa, mesmo a mais mundana e mais débil pode ser preparada através do primeiro nível, superando suas condições iniciais, seja de desconhecimento, debilidade, entendimento errôneo, visão distorcida, etc.. Só então, integrando a fraternidade, seria correto nos chamamos uns aos outros de frater, embora os estudantes possam chamar assim aos professores. E alguns professores menos rígidos chegam a chamar assim, no coloquial, aos alunos, mas não se deve fazer isso. Muito menos chamar de irmão, pois isso depende de uma certa realização específica entre as várias do nível de frater. No segundo nível é que temos os frati e só no terceiro os adeptos (didaticamente falando pelo menos, já que não se usa isso como adjetivo de tratamento). Mas não é assim que se chama, chama-se de professor, ou ainda de frater, ou de servidor incógnito quando a relação só se dá dentro dos encontros da ordem (chamado simplesmente de professor, frater ou de incógnito em expressão de humildade que esse grau assume, cuja sabedoria é o reconhecimento comprovado já de que depois de tantos conhecimentos e experiências extraordinários se desconhece muito mais do que o que tem de conhecimento...).

Então em resumo, o candidato pode se tornar aspirante, por vontade própria ou por convite; esse candidato aspirante se dirige para o noviçado, que depende de que seja instruído e estude o que lhe é proposto; uma vez tendo o noviço galgado a iniciação científica é um amigo, mas agora não dependeu dele, mas de uma realização; o amigo que estuda e se dedica, que é sincero e divide o caminho, por seu mérito se tornou companheiro; o companheiro continua sua jornada e é considerado um frater; se este frater alcançar certa realização ele será chamado irmão; e um irmão que está em contato e comunicação direta com as realidades verdadeiras e espirituais pode ser tido, por essa realização lhe ter ocorrido, um adepto.