segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

CONSCIÊNCIA, AMOR, ENTÃO PODER


OUTRA MUDANÇA...

Mais uma mudança será necessária no trato externo das fraternidades: seguindo o modelo superior da ordem maior, as pessoas das fraternidades não conhecerão os companheiros, mas apenas o fráter seu orientador. Por um motivo de segurança do anonimato: dos participantes e das instruções individuais; e dos dados pessoais que não devem ser compartilhados, estão, portanto, abolidos os sinais a não ser o que se refere aos graus rosacrucianos, comum a várias ordens rosacruzes diferentes.
Segue a norma de que cada um pode se identificar se assim desejar a outros, mas é completamente inadequado identificar outro quanto à ordem ou fraternidade ou aos seus graus nas mesmas. Da mesma forma é considerado uma falta revelar o seu próprio grau dentro da ordem a alguém que conheceu há pouco tempo, isto é desnecessário. Os nossos graus não são sempre uma escada, nem se trata de “poderes mágicos”, mas de conhecimentos especiais, portanto, a cada um o que lhe cabe. Alguns podem chegar a um grau superior com menos graus que outros e outros podem ter muitos graus e estar num nível abaixo de outro com menos graus, só um exemplo, para esclarecer.
O anonimato dos membros é de fundamental importância para o bom resultado e para o modo de funcionamento e organização do trabalho da fraternidade. Em quase toda ordem thelemita é proibido dizer o nome das mulheres e aqui não pode ser diferente, ao se referir a uma mulher ou se dirigir a ela, quando se sabe seu nome no mundo, é terminantemente inadequado que se fale seu nome, só se falar o nome sóror. Mesmo não sendo uma iniciada a mulher deve escolher um mote, mesmo que provisório, pois todos sabemos a fama que os mal intencionados colocam nas thelemitas, o mundo não gosta de mulheres livres, especialmente não admitem o que fazem com relação ao sexo, premia o homem promíscuo e pune a mulher livre, tachando-a de promíscua, se ouvirem falar que pratica uma tal de “magia sexual” (alquimia sexual) então, já sabem o rótulo que leva.
A FITO, para ilustrar sobre isso, é um lugar reservado para as pessoas que não estão visando a sujeira do mundo, são pessoas que já perceberam não só a nojeira da humanidade, mas a nojeira dentro de si também e estão vestidas em seus macacões, dedicadas a um paciente trabalho de limpeza profunda, de assepsia das contaminações, de identificação daquilo que não é seu e que o está adoecendo. Sabendo disso um novato que anda por corredores, entra em salas e banheiros e se acha livre e superior, só atrapalha, a si mesmo e ao outro. Seriamos como lixeiros tendo que usar o macacão o tempo todo, em todas as atividades, seria embaraçoso e muito difícil a vida assim... Ao ‘tirarmos o robe’ esquecemos até nossos nomes de fráter e continuamos a olhar para dentro.
A humanidade, o mundo, não entende de modo algum nosso trabalho, nem se quisesse, e nem se quisesse e se esforçasse; eles experienciam suas próprias ocupações e nosso trabalho só pode ser experimentado por aqueles que efetivamente o realizam. Mesmo o nosso conhecimento é muito denso e muito árduo, pro isso há tantos movimentos “nova era” de sucesso e o nosso tem pouquíssimos adeptos; eles vendem um esoterismo de feira, brando, fácil, cheio de mitos e superstições bobas, sem profundidade, mas rico em fantasias e experiências que mais parecem viagens de LSD. Mas a sede do ser humano pelo prazer ilude como o açúcar ilude as formigas (formigas não digerem açúcar e se comerem muito morrem) e os falsos buscadores da verdade sempre se contentam com água com açúcar, com as meias-verdades convenientes. O verdadeiro buscador não quer uma religião que ele goste ou que seja fácil de se adaptar e conformar, ele quer a verdade doa a quem doer. Assim nosso trabalho se caracteriza por ser constante, interno, e silencioso. Um de nossos símbolos “fala” disso, o poder do olhar profundo e silencioso, não tem a ver com aparências (embora essas possam mudar como consequência), nem com estereótipos de espécie alguma, cada um é cada um, cada um é uma estrela em sua própria órbita. O trabalho é individual, assim também as correspondências, o estudo e a evolução de cada um na senda.

sábado, 1 de dezembro de 2012

SOBRE DIFERENTES NÍVEIS DE TRABALHO E DE ENTENDIMENTO


Em todas as fraternidades de iniciação verdadeiras existem três níveis de trabalho, um nível de ‘perda e ganho’, como já foi explicado, onde se adquirem conhecimentos e habilidades e se perde o grosso da “sujeira”. É a peneira, o nível mundano do trabalho. O próximo nível é o do abandono como explicado, desenvolvimento e esforço supra humanos, começa-se a se transformar num deva, um deus, um anjo, um “super-homem”, o além-humano, é o caminho supra mundano. O último é o nível da aceitação, já se procura agir como se iluminado fora (caso ainda não seja), até a iluminação: transforma-se a si e ao mundo, se está decidido a atingir a libertação.
Aceitação significa aceitar tudo incondicionalmente, aceita ao mundo, ao universo, às pessoas, às leis e a si mesmo, enfim, a tudo tal qual é ou aparenta ser; e transforma essa visão que temos de tudo, que é uma visão impura, em visão de pureza, transformado tudo no próprio Nirvana. Note que nessa aceitação, aceita-se também a si meso tal qual é, ou seja, com suas buscas, seus objetivos, suas lutas para mudar a si mesmo e ao mundo, seu trabalho, a grande obra, as verdades. Esse é o nível hermético (da transformação prescrita por Hermes) estado “pré-búdico” ou búdico (iluminação, estado de buda).
A essa altura já se deve conhecer a sua vontade e aceitá-la, bem como a sua imposição de cumpri-la. Esse nível é o da realização da mandala: transformar tudo o que é impuro em mandala, em ensinamento; transformar tudo o que é impuro em puro: ver o real poder, a real força (distorcida apenas em nossa visão) que está em todo e qualquer fenômeno. Ver o puro no impuro. Este é o mais difícil, até de explicar. Isto é muito difícil, pois é preciso ver realmente e o processo para isso pode ser muito complexo e exige muito estudo experiência e vontade, porém pode ser fácil de realizar para o praticante habilidoso e bem preparado nesse estágio.


ACEITAÇAUM parte1

Aceito o que vier
Mas aceito completamente
Aceito a chuva repentina
Aceito o bem que me fazem
E o bem que me querem fazer

Aceito o crime
Mas também aceito a minha própria indignação diante dele
E aceito o nosso esforço de melhorar a situação:
Aceito o assaltante que assassina alguém
Mesmo que seja apenas porque ele não levava dinheiro nesse dia
Mas também aceito a vontade de justiça e de mudar as coisas
Mas também aceito quando quero que ele morra ou apodreça na prisão

Mas também esqueço essas coisas
Pois não há motivo pra perder o controle
Aceito o mal que me fazem
E sinto-me grato por alguém livrar-me de algum karma negativo
Não que deva aceitar calado ou que não faça nada a respeito

Mas aceito esquecendo que existe culpado
Perdôo mas perdôo esquecendo
Se você não consegue esquecer é melhor ficar longe
Pois também não irá perdoar

Aceito a natureza humana
Não porque ela é “minha natureza”
Mas por que ela é meu karma
E de todos os humanos ao meu redor
Antes e depois de mim
(É o melhor que conseguimos)
E aceito o meu desejo de transcendê-la
E a frustração por muitas vezes não conseguir
Mas aceito a minha persistência de viver tentando e tentando...

Antonio Gonzaga em LIVRO 2 - REFLEXOS(ÕES) NUM ESPELHO AINDA ONDULADO (2007-2008)


UM FIM NIETZSCHIANO

Eu estou consciente agora
Mas eu vou acabar
Mas todos vão acabar
Mas tudo vai acabar
O universo vai acabar
Mas o universo vai reiniciar
Então eu estará um dia aqui de novo
Pensando sozinho e consciente
Tudo retornará de novo
Todos e eu
Eu não lembrarei disso
Eu estarei pensando isso
Como se fosse a primeira vez
Chorando...
Só resta uma solução
Eu aceito a humanidade
Eu aceito o mundo
Exatamente como eles são
Eu amo a humanidade e o mundo
Exatamente como eles são
E não apenas aceito e amo: eu quero
Eu quero assim...
[Eu aceito a mim mesmo
Exatamente como eu sou
Inclusive o meu desejo de mudar
Mudar a mim mesmo
Mudar o mundo
Eu aceito a minha natureza
Incluindo o fato de ir contra
O que ela não aceita
E de buscar poder mudar
E de aceitar o que encontrar
Eu aceito a natureza humana
E o meu ímpeto de transcendê-la
E a frustração quando não consigo
E a persistência de continuar tentando
Os espíritos fracos buscam apenas o que é prazeroso
Ou mesmo a dor
Ou apenas o que é útil
Ou só o descanso
Ou “a felicidade”
Sonham egoisticamente com o conforto
E a segurança que acham que não tem
E para terem objetos que acham que precisam
Para sempre se sentirem bem
Eu não busco mais a felicidade
Mas apenas minha obra
Tudo retornará de novo
E eu estarei aqui
Pensando isso como se fosse a primeira vez
Mas sabendo... Chorando...
De alegria

Antonio Gonzaga em LIVRO 2 - REFLEXOS(ÕES) NUM ESPELHO AINDA ONDULADO (2007-2008)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

AS TRÊS ETAPAS DA ESCALADA

A nossa primeira jornada é marcada predominância do adquirir, do obter. Aqui estão os primeiros passos e a base, a parte mais importante, pois sem a base, construções em níveis superiores são muito perigosas e desabam rápido. Aqui vem o conhecimento em grande volume de informações e até uma tempestade às vezes; até que o aluno esteja cheio e perceba que o importante são as relações que constrói entre os conhecimentos, os insights, e o que faz com eles. É o jardim de infância. Onde aproveitamos os impulsos da natureza pelo prazer pelo novo, pelo conhecimento e pela segurança (o familiar, o estar em casa) e dirigimos essas forças em proveito da libertação. O noviço dedicara mais tempo e energia para adquirir principalmente aquilo que não tem, mas acha que tem, a saber: consciência, vontade e amor. Junto com isso técnicas, meios, exercícios, metodologias, para realizar as tarefas que ainda não é capaz ou não sabe, é o começo da sabedoria e do autoconhecimento, rumo à autolibertação.
O aluno não reconheceu de fato o inimigo no ego ainda; mas uma parte dele aprenderá a querer libertar-se de “si mesmo”, do ego e de suas projeções e limitações. Vamos adquirir conhecimentos e experiências que mudarão nossa maneira de ver, aproximando-nos cada vez mais de ver as coisas como realmente são. Ainda o sujeito pode não ter percebido a unidade entre o “mim” e o outro, entre “eu” e o mundo, entre o mundo interior e exterior, nessa fase, mas esses conhecimentos e experiências podem levá-lo ao “pulo do gato”, ver isso, que a realidade brota, flui como uma coisa só e que a separação é arbitrária, enganosa. Pode durar de três meses a um ano graças ao método, por nosso lado, e o esforço, pelo lado do aluno.
A segunda jornada é marcada pela predominância do abandonar. Aqui já o aspirante reconhece o inimigo no ego ou em partes dele pelo menos, já vai abandonar aquilo que causa o sofrimento sem sofrer com isso e logo estar forte para abandonar também os obstáculos que impedem a visão do real. Os conhecimentos são mais e mais aplicados e surgirão os insights que orientarão o melhor caminho e a visão do estudante. Já não deve haver mais divisão entre eu e o mundo, entre mim e o cosmo, no nível da compreensão, portanto, ele abandona não os instintos, mas o exagero dos mesmos, no que se refere à autopreservação (sempre desconfiado, hostil, agressivo ou desnecessariamente violento) e reprodução (sempre buscando relações sexuais e sinais reprodutivos que interpreta como beleza, gostosura, sensualidade, etc.) que sugam seu tempo e sua energia. Abandona também atividades prejudiciais e inúteis que se impulsionam pela busca cega do prazer, e emprega seu tempo mais no caminho, na meditação, na concentração, abandona a distração, dispersão, desperdício de si mesmo. A experiência deve ser cada vez mais profunda e expansiva até a compreensão e quiçá a experiência de que ele, de fato, é uno com todo o universo e com tudo e que seu corpo mortal e sua mente humana limitada são apenas uma parte ínfima e efêmera de um fenômeno muito maior. Pode levar de um a cinco anos (ou mais), mas pelos métodos sempre bem direcionados sendo bem aplicados estimo que em três anos qualquer pessoa de inteligência mediana alcance tal estágio num nível de treinamento e leve ao nível de domínio e maestria na próxima etapa.
A terceira jornada é marcada pela predominância da união. É a Yoga, no sentido da palavra. É a verdadeira religião, onde as distinções falsas e discriminações errôneas foram reconhecidas e a abandonadas. O abandonar e adquirir também caminham juntos de modo equânime. O trabalho com as energias sutis pode ser desenvolvido assim com as percepções sutis o autoconhecimento é o conhecimento também de todo o universo. Micro e macro cosmos são reconhecidos não apenas como similares, mas como um só. Pouco se pode descreve desse desenvolvimento, mas pode-se usar a imagem da onda que se reconhece como sendo na verdade o oceano. Sendo ‘onda’ uma manifestação passageira e limitada desapega-se do erro e ao dissolver no mar não se esquece de si mais, mas sente-se completa, todos os oceanos e todas as ondas podem ser agora por ela conhecidas e sentidas como sua própria realidade única. Nesta fase se da gradativamente o entendimento e a percepção do fluir simultâneo do presente em relação a toda onda causal atrás de si. Assim começa a perceber a completude de tudo, nos três tempos, e da plenitude do presente; a forma e as sensações como consequências da consciência e das intenções, portanto a inseparatividade entre conhecedor, conhecimento e conhecido, e quiçá chegar ao controle das faculdades cognitivas direcionando sua mente sem obstáculos livremente para qualquer que seja o “objeto”. Nesse processo a diferença entre ser iluminado ou ainda não ser é apenas com relação a conseguir penetrar e dirigir a consciência aos objetos corretos que serão também aprendidos nesta etapa.
Estas etapas podem ou não ocorrer pari passo com o processo iniciático, tudo depende do esforço, do talento e da dedicação de cada um assim como. Também do bom karma do candidato e do seu instrutor. As ações meritórias são sempre recomendadas, pois nosso karma negativo de muitas vidas é sempre um grande obstáculo a grande obra. E embora hajam instrutores habilidosos em várias tradições e alguns com poderes telepáticos fantásticos, nada disso garante o sucesso do estudante se este não quiser e não se dedicar os suficiente. Além do mais, o universo todo pode ser conhecido antes que o coração do próximo venha a ser conhecido. O mistério mais profundo é o outro. O maior engano do mundo é pensar que conhece bem alguém.
A primeira etapa é a aquisição do conhecimento, a segunda a eliminação do prejudicial e a terceira o equilíbrio e a união. A primeira de estudo, a segunda de purificação e só então poder. Pois poder sem sabedoria e com impurezas é a fonte de todo erro de todas as doutrinas e religiões. Quando a religião causa desgraça é por que em algum momento houve poder em mãos despreparadas e impuras e/ou de ignorantes.
Por isso em nossa primeira escalada predomina o crescimento da consciência, na segunda e com a continuidade dele surge a vontade que tem a força do domínio e da cura, no terceiro então com o crescimento da consciência incrementado pela eliminação dos obstáculos com a força da vontade essa se volta para a união natural das polaridades, então surge o verdadeiro amor, o amor universal, representado pela união ou como se diz “a volta ao lar”. Com a consciência e o conhecimento se estará pronto para compreender cientificamente os aspectos éticos que culminarão na compreensão da realidade última, una, onde se vê claramente que toda ação se faz a si mesmo, que tudo são aspectos do todo, diferenciados por uma visão contaminada, parcial, obstruída. Como dar poder a quem nem sequer consegue vislumbrar isso? Seria um desastre para o calouro e para a ordem, esse erro será corrigido nos mínimos detalhes. A primeira jornada é experimental, a segunda é filosófica e a terceira é yogi, é a verdadeira religião, a reunião, só que consciente, iluminada, com a totalidade, a realidade pura e plena.
Na primeira etapa há então a predominância da gnose, no sentido conhecimento direto e do despertar da consciência. Na segunda a predominância de thelema no sentido da descoberta e direção da vontade para o reto caminho e para a purificação essencial ao processo da iluminação verdadeira. E na terceira a predominância do budismo que não só une os dois processos como trás a chave do caminho óctuplo para a aceleração da caminhada e a visão correta da realidade, não apenas a da realidade última no fim do processo, mas da realidade relativa da vida e de todo o processo, como também o caminho para depois da morte. Neste estão unidos os três processos, na unidade da transformação; é predominantemente mágico no sentido que transforma tudo no caminho em caminho, é o estagio do tantra, da alquimia e da transmutação, a união das polaridades na unidade, em tudo, a mandala da transformação de tudo de tudo o que é experienciado em caminho e em purificação e enfim em Nirvana.
Essa mudança em certos cursos iniciáticos da ordem foi necessária para excluir os impuros, interesseiros e trapaceiros e os fracos, dos graus que podem ter como efeito colateral o desenvolvimento de faculdades e poderes. E para livrá-los das armadilhas de seus próprios egos, que inebriadas por suas visões equivocadas e contaminadas fatalmente os conduz ao erro. Mas o principal objetivo é evitar que os retos se desviem ou fiquem fascinados por processos equivocados e luzes atraentes que não conduzem pelo caminho. Sendo o terceiro estágio o mais poderoso é também o mais perigoso e que exige muita responsabilidade e continuidade de propósito, assim certas práticas desses graus da ordem maior que seriam reproduzidos em menor escala nas antecâmaras, foram retirados ao silêncio. Àqueles que se interessam ou em curiosidade sobre tais práticas é simples: perseverem, elas estão no círculo mais esotérico da ordem, a OITO, disponíveis a todos que são ou se farão dignos de praticá-las. Em breve será divulgado um quadro com o novo cronograma geral de graduação das fraternidades relacionadas à ordem maior.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ALQUIMIA

Quando alguns buscadores foram para o oriente e voltaram criando escolas iniciáticas, alguns trataram da arte da alquimia. Haviam distintas alquimias, de acordo com o que eles encontraram lá. E dessas ainda surgiram muitas derivações no ocidente. Com o passar do tempo surgiram dois tipos radicais de interpretação dos segredos alquímicos, um tipo materialista ou fisiologista que fala de transformações físicas, energias, construção de corpos, etc.; outra que fala de transformações psicológicas, realizações metais, imateriais. Há um meio termo... O sincero buscador que não se contentar com o ouvir dizer e buscar as fontes originais estará mais próximo de uma interpretação real do que os novos praticantes das derivações atuais. Aqui apresentamos a nossa vertente principal, no texto original, como está no cânone pali registrado como os discursos do Buda, o que chamamos de alquimia espiritual e seus resultados.

A ALQUIMIA DE BUDA


      Anguttara Nikkaya III.100
Parisudhovaka Sutta
Purificação
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“Bhikkhus, misturado com as pepitas de ouro há impurezas grosseiras tais como a terra e a areia, cascalho e brita. Então, o ourives ou o seu aprendiz primeiro coloca o ouro numa peneira e o lava, enxagua e limpa completamente. Tendo feito isso ainda permanecem misturadas com o ouro impurezas médias tais como brita fina e areia grossa. Então, o ourives ou o seu aprendiz novamente lava e enxagua o ouro. Tendo feito isso ainda permanecem misturadas com o ouro impurezas minúsculas, tais como areia fina e pó negro. Então, o ourives ou seu aprendiz repete a lavagem e depois apenas restam as pepitas de ouro.
“Ele então coloca o ouro num cadinho, derrete e funde o ouro. Mas ele ainda não derrama o cadinho pois as escórias ainda não foram completamente removidas e devido a isso o ouro nem é maleável, nem manuseável e tampouco luminoso, mas quebradiço e sem as condições apropriadas para ser trabalhado. Mas haverá um momento no qual o ourives ou o seu aprendiz repetindo o derretimento e fundição do ouro remove completamente as escórias. O ouro agora estará maleável, manuseável e luminoso, e com as condições apropriadas para ser trabalhado. Qualquer ornamento que o ourives queira fazer, quer seja uma diadema, brincos, um colar ou uma corrente, o ouro poderá agora ser usado para esse fim.
“De modo semelhante, bhikkhus, ocorre com um bhikkhu dedicado ao treinamento da mente superior: há nele impurezas grosseiras, isto é, conduta imprópria com o corpo, conduta imprópria com a linguagem e conduta imprópria com a mente. Essa conduta é abandonada, dissipada, eliminada e abolida por um bhikkhu que é ardente e capaz.
“Tendo abandonado isso, ainda há impurezas médias apegadas a ele, isto é, pensamentos de sensualidade, pensamentos de má vontade, pensamentos de crueldade. Esses pensamentos são abandonados, dissipados, eliminados e abolidos por um bhikkhu que é ardente e capaz. [1]
“Tendo abandonado isso, ainda há impurezas minúsculas apegadas a ele, isto é, pensamentos sobre a sua família e parentes, a sua terra natal e a sua reputação. Esses pensamentos são abandonados, dissipados, eliminados e abolidos por um bhikkhu que é ardente e capaz.
“Tendo abandonado isso, permanecem os pensamentos sobre o dhamma. [2] A concentração não é ainda pacífica e sublime, a completa tranqüilidade não foi alcançada, nem a completa unificação da mente foi alcançada; a concentração é mantida através da supressão laboriosa das contaminações.
“Mas haverá um momento no qual a mente dele se firma no interior, se estabiliza e se torna concentrada e unificada. Essa concentração é calma e refinada, alcançando a completa tranqüilidade e realizando a unificação mental; essa concentração não é mantida através da supressão laboriosa das contaminações.
Então, ele dirige a sua mente para qualquer estado que possa ser compreendido através do conhecimento direto, ele obtém a capacidade de compreender esse estado através do conhecimento direto, sempre que as condições necessárias estiverem presentes.[ 3]
Se ele desejar: “Que eu exerça os vários tipos de poderes supra-humanos: tendo sido um, me torne vários; tendo sido vários, me torne um; apareça e desapareça; cruze sem nenhum problema uma parede, um cercado, uma montanha ou através do espaço; mergulhe e saia da terra como se fosse água; caminhe sobre a água sem afundar como se fosse terra; sentado de pernas cruzadas cruze o espaço como se fosse um pássaro; com a minha mão toque e acaricie a lua e o sol tão forte e poderoso; exerça poderes corporais até mesmo nos distantes mundos de Brahma,” ele obtém a capacidade de compreender esse estado através do conhecimento direto, sempre que as condições necessárias estiverem presentes.
Se ele desejar: “Com o elemento do ouvido divino, que é purificado e ultrapassa o humano, que eu ouça ambos tipos de sons, os divinos e os humanos, aqueles distantes bem como os próximos,” ele obtém a capacidade de compreender esse estado através do conhecimento direto, sempre que as condições necessárias estiverem presentes.
Se ele desejar: “Que eu compreenda as mentes de outros seres, de outras pessoas, abarcando-as com a minha própria mente. Ele compreende uma mente afetada pelo desejo como afetada pelo desejo e uma mente não afetada pelo desejo como não afetada pelo desejo; Ele compreende uma mente afetada pela raiva como afetada pela raiva e uma mente não afetada pela raiva como não afetada pela raiva; Ele compreende uma mente afetada pela delusão como afetada pela delusão e uma mente não afetada pela delusão como não afetada pela delusão; Ele compreende uma mente contraída como contraída e uma mente distraída como distraída; Ele compreende uma mente transcendente como transcendente e uma mente não transcendente como não transcendente; Ele compreende uma mente superável como superável e uma mente não superável como não superável; Ele compreende uma mente concentrada como concentrada e uma mente não concentrada como não concentrada; Ele compreende uma mente libertada como libertada e uma mente não libertada como não libertada,” ele obtém a capacidade de compreender esse estado através do conhecimento direto, sempre que as condições necessárias estiverem presentes.
Se ele desejar: “Que eu me recorde das suas muitas vidas passadas, isto é, um nascimento, dois nascimentos, três nascimentos, quatro, cinco, dez, vinte, trinta, quarenta, cinqüenta, cem, mil, cem mil, muitos ciclos cósmicos de contração, muitos ciclos cósmicos de expansão, muitos ciclos cósmicos de contração e expansão, ‘Lá eu tinha tal nome, pertencia a tal clã, tinha tal aparência. Assim era o meu alimento, assim era a minha experiência de prazer e dor, assim foi o fim da minha vida. Falecendo daquele estado, eu ressurgi ali. Ali eu também tinha tal nome, pertencia a tal clã, tinha tal aparência. Assim era o meu alimento, assim era a minha experiência de prazer e dor, assim foi o fim da minha vida. Falecendo daquele estado, eu ressurgi aqui.’ Assim ele se recorda das suas muitas vidas passadas nos seus modos e detalhes,” ele obtém a capacidade de compreender esse estado através do conhecimento direto, sempre que as condições necessárias estiverem presentes.
Se ele desejar: “Que eu, por meio do olho divino, que é purificado e ultrapassa o humano, veja seres falecendo e renascendo, inferiores e superiores, bonitos e feios, afortunados e desafortunados. Ele compreende como os seres prosseguem de acordo com as suas ações desta forma: ‘Esses seres – dotados de má conduta com o corpo, linguagem e mente, que insultam os nobres, com o entendimento incorreto e realizando ações sob a influência do entendimento incorreto – com a dissolução do corpo, após a morte, renasceram no plano de privação, um destino ruim, os planos inferiores, no inferno. Porém estes seres - dotados de boa conduta com o corpo, linguagem e mente, que não insultam os nobres, com o entendimento correto e realizando ações sob a influência do entendimento correto – com a dissolução do corpo, após a morte, renasceram num destino feliz, no paraíso.’ Dessa forma - por meio do olho divino, que é purificado e ultrapassa o humano, ele vê seres falecendo e renascendo, inferiores e superiores, bonitos e feios, afortunados e desafortunados, e ele compreende como os seres prosseguem de acordo com as suas ações,” ele obtém a capacidade de compreender esse estado através do conhecimento direto, sempre que as condições necessárias estiverem presentes.
Se ele desejar: “Que eu, realizando por mim mesmo através do conhecimento direto aqui e agora, entre e permaneça na libertação da mente e libertação através da sabedoria que são imaculadas com a destruição de todas as impurezas,” ele obtém a capacidade de compreender esse estado através do conhecimento direto, sempre que as condições necessárias estiverem presentes.



Notas:
[1] Kamavitakka, byapadavitakka, vihimsavitakka. Os três tipos de pensamento prejudicial que podem ser superados através dos dois elementos do nobre caminho óctuplo: pensamento correto e esforço correto. [Retorna]
[2] Dhammavitakka De acordo com AA isto se refere às dez corrupções do insight descritas no Vsm XX, 105-28. É possível no entanto entender dhammavitakka simplesmente como a investigação dos fenômenos. [Retorna]
[3] Ajaan Brahmavamso no seu livro Mindfulness, Bliss, and Beyond diz o seguinte: O estado que imediatamente antecede o primeiro jhana é chamado de concentração de acesso, upacara samadhi. Esse estado é experimentado como a habilidade para permanecer sem esforço durante muito tempo com o belo e tranqüilo sinal da meditação, (nimitta). Nessa situação os cinco obstáculos foram suprimidos. No entanto, o upacara samadhi que antecede os jhanas é notoriamente mais instável do que aquele que ocorre depois da experiência dos jhanas. É uma situação na qual os obstáculos podem com facilidade voltar à tona, porque eles foram suprimidos apenas recentemente e ligeiramente. Se o meditador tentar contemplar o Dhamma nesse momento, o upacara samadhi será perdido e os obstáculos irão retornar. Por isso que o Buda disse neste sutta que contemplar o Dhamma nesse momento é um obstáculo e isso não deve ser feito. A contemplação do Dhamma deve ocorrer após emergir dos jhanas quando upacara samadhi é mais estável e duradouro. Veja também o MN 68. As “condições necessárias” mencionadas no sutta se referem à maestria do quarto jhana. [Retorna]
Veja também o AN III.101.

http://www.acessoaoinsight.net/sutta/ANIII.100.php

sábado, 3 de novembro de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

A eficácia de nossas iniciações


Nossas iniciações não dependem de cerimônias, ritos e rituais, nem sequer precisam ser presenciais, podem ser obtidas até por alguma forma de correspondência. Embora possamos realizar tais cerimoniais não é devido a eficácia de rituais que uma iniciação efetiva se dá. Nem nessa nem em nenhuma outra ordem ou escola. Fazer ritos é apenas disfarçar entre múltiplos elementos aquele que é efetivo, ou aqueles, para manter em segredo. Podem ser exercícios, ou um tipo de concentração, ou uma droga ou um truque fisiológico ou psicológico, o que é mais comum, para impressionar, principalmente através do emocional. Por isso são completamente ineficazes para alguns tipos de pessoas ou podem ter más consequências em outras. Enfim é um disfarce ou mesmo uma espécie de engodo. Por esses motivos entre outros não agimos assim. Nossa escola e completamente diferente e original.
Aqui o método iniciático é cientifico: é ensinada a chave, treina-se um pouco e, o mais importante, não se descreve o resultado, mas o professor ou fráter superior ouve o neófito contar sua experiência ou lê o que anotou em seu diário mágico. Ali ele verifica, através de claros e inequívocos sinais, se o neófito já alcançou ou não o resultado adequado, mas ainda sem revelar para este qual daqueles elementos indicou a efetivação do resultado. Então ensina o próximo passo para a próxima experiência ou algo superior, a não ser que ele não descreva o esperado. Nesse caso não se diz que ele “reprovou”, mas que continue, se diagnostica o que pode ter causado o insucesso  corrigindo-o e dizendo o que deve abandonar e o que deve fazer. Isso até que ele mostre ser digno de confiança estando num grau mais avançado onde já possa ensinar (geralmente depois do terceiro, no mínimo, pois alguns ficam empolgados com a experiência e/ou tem já o impulso natural de ensinar).
Nesse método de avaliação não resta dúvida em nenhuma das partes pois se reforça logo em seguida os resultados esperados e suas causas sem que o candidato precise saber os sinais e se perca pela vaidade ou pela variedade de experiências que se pode ter, ou por ficar sabendo por outro candidato mais avançado qual o resultado esperado (cola). Além disso, as práticas têm nuances especiais  para cada aluno, por isso o dialogo sincero com o instrutor é muito importante. Cada aluno se possível não conhece outro aluno, só o professor e a ordem, detalhes do método e do resultado podem mudar constantemente, nossa escola está sempre em movimento, como em outras ciências.
As instruções e entrevistas podem ser passadas por qualquer meio seguro de comunicação e o diário também. e existem outras formas do orientador descobrir se o candidato atingiu ou não o esperado. Geralmente os sinais são ricos ou há vários. Quando depois isso é revelado, o neófito fica tremendamente emocionado e agradecido por dessa forma ter-se livrado dos obstáculos aos quais de outra forma teria sucumbido.
Um exemplo desse sucumbir pode ser testemunhado na vivência da maioria dos ocultista que se impressionam com as visões e viagens quando começam a meditar acreditando ser isso o resultado esperado da meditação e que estão tendo visões, revelações da “realidade”. Ou seja, justamente o efeito colateral que contém a ilusão, a distração, e que pode levar ao desvio da verdadeira meta, é tomado como algo superior. Então ele se acha um mestre, ou que descobrira algo novo que ninguém havia falado, e que seus orientadores não atingiram algo “tão elevado”, ou no mínimo ele acha que está indo muito bem quando na verdade são vítimas da “criatividade” dos sonhos que ego cria para manter o controle da personalidade.
As armadilhas a que as pessoas estão sujeitas pelos métodos antigos e pelas metodologias ocidentais do velho aeon são inúmeras e tão perigosas que é preciso muito esforço as vezes para esconder ou apagar de sua história os casos de loucura e esquizofrenia. Mas isso ainda não é o pior. O pior é progredir em graus sem uma verdadeira evolução espiritual e de conhecimento, algo muito comum hoje no ocidente. O pior é estarem muitas vezes fazendo o caminho oposto, o caminho mundano, de desenvolvimento do ego, da prisão, enfim sofisticando a cadeia das ilusões que aprisionam a vontade e obstruem o verdadeiro despertar, a consciência.
Há muitas experiências boas e úteis no caminho iniciático, mas também muitos obstáculos, e experiências que são erros que precisam ser corrigidos: é mais normal errar do que acertar de primeira, como em tudo na vida. Nossos ritos e cerimônias de passagem serão o que sempre são, comemorações, avaliações, experiências mágicas, enfim, ritos e cerimônias. Não existem rituais mágicos que façam tudo acontecer divinamente bem, na verdade, não existem rituais mágicos que façam coisa alguma, nós é que fazemos. Sim, existem muitas experiências possíveis mas entre elas só algumas nos levarão ao topo da escalada. No subir da montanha há muitas experiências boas, mas também muito trabalho e esforço. No meio da bela paisagem, as fontes de água limpa, o ar puro e tudo mais que vamos desfrutar nessa subida não pode nos desviar por outros caminhos ou esquecer-se de caminhar para cima, do esforço de subir. Assim são, entre as muitas experiências, boas ou ruins, que nos levarão a conhecer mais e mais, que existem aquelas específicas e características que nos levarão a progredir espiritualmente.
O sabor dos passos para cima é muito característico para quem está subindo uma montanha. Mas o mesmo não ocorre com a montanha da iluminação, às vezes pensa-se que está subindo e está descendo ou vice-versa, por isso é importante ter a ajuda de um guia confiável, alguém mais experiente que já subiu pelo menos até alguns pontos mais elevados da montanha e que pode ver com clareza o caminho.

domingo, 7 de outubro de 2012

COMO TUDO É "MENTE":

“Todo fenômeno é precedido pela mente, conduzido pela mente, feito pela mente. Àquele que fala ou age com uma mente impura, o sofrimento acompanha como a roda do carro segue a pegada do boi que o puxa.
“Todo fenômeno é precedido pela mente, conduzido pela mente, feito pela mente. Àquele que fala ou age com uma mente pura, a felicidade segue como a sua sombra, inseparável.” – Dhammapada – tradução livre

sábado, 29 de setembro de 2012

A C.G.R.C.


Na FGTO teremos agora, para aqueles que assim tendenciam ou queiram, a possibilidade de ingressar e representar o braço religioso da ordem. Essa é mais uma possibilidade que a ordem maior nos possibilitou visto que a humanidade é representada por dois tipos de seres humanos quanto à busca da verdade, os religiosos e os esotéricos, e que é uma grande carência no nosso país onde existem muito poucas tentativas autênticas e abundam os farsantes e os enganados.
Isto acontece porque na grande ordem isso é visto apenas no grau esotérico devido ao grande e difícil simbolismo dos textos aos quais um iniciante não está capacitado a entender na realidade, porém o estudo dos textos não é totalmente velado e ainda há aqueles que já estudam e sentem-se até praticantes. Todos esses também são bem vindos à nossa confraria de caráter religioso gnóstico, a Confraria Gnóstica Rosacruciana, CGRC.
Em breve será divulgado um programa de estudos razacruzes com obras e textos. O primeiro estudo nesse caso são os achados mais recentes dos evangelhos gnósticos e herméticos, as obras filosóficas antigas e os escritos rosacruzes.
É preciso esclarecer que a rosacruz original é uma união, de polaridades antes opostas, religião também significa união. Na história oculta foi também a união entre o oriente e o ocidente devido a experiência de um homem ocidental (ou seis ou doze, não se tem plena certeza) em sua vivência iniciática durante sete anos no oriente, na tentativa de reencontrar os ensinamentos preservados mais próximos de sua origem. E embora isso tenha acontecido a pouco mais que seiscentos anos, essa união já vem sendo realizada há mais de dois mil e seiscentos anos, tendo dois grandes momentos antes desse: (1) o surgimento e efervescência de uma sabedoria (budismo, taoísmo, jainismo, confucionismo, upanishadianos, filosofia grega e persa, etc.) e busca de conhecimento supramundano, da gnosis, em vários pontos distintos do mundo e (2) o que ficou conhecido na história como helenismo, uma união de arte, conhecimentos e de culturas tipicamente orientais e tipicamente ocidentais.
Provavelmente o homem de quem deriva o mito Jesus foi um desses viajantes ao oriente, por longos anos, tendo desaparecido cedo e retornando apenas aos trinta anos, tenta levar ao seu povo o que aprendeu lá numa forma de revelador do que chamou boa notícia ou boa nova, adaptando isso à mentalidade desse povo, seus mitos, costumes e profecias e por isso mesmo é tomado como farsante, subversor da religião e condenado à morte.
Dele e de seu pequeno grupo derivou o maior movimento gnóstico da história, o chamado gnosticismo cristão: Roma quase inteira se torna “cristã” e 70% dos cristãos são gnósticos até o grande extermínio determinado pelo império romano e judeu. O cristianismo teve grandes e terríveis inimigos entre esses dois grupos. Um exemplo do primeiro o próprio Constantino que institucionalizou o “cristianismo” posteriormente, depois de ter exterminado cerca de 75% dos cristãos (“coincidentemente” todos os gnóstico praticamente) e do segundo o Rei Herodes (judeu) e seus subservientes e sucessores.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Consciência-atenção (atualizado) - no processo do despertar

...continuando a postagem anterior:

Consciência-atenção  

Podemos atentar nossa consciência agora mesmo para um ponto e tentar sustentá-la por um tempo, digamos dez minutos. Verificaremos que ela vai para muitos lugares, nossa atenção não obedece, ela permanecerá mais tempo em outras coisas do que na coisa que decidimos concentrar a atenção. Então não temos razão para pensar que possuímos “nossa” mente, ou consciência ou atenção já que não podemos nem sequer controlá-la completamente e ela age sozinha como bem lhe aprouverem seus condicionamentos. Muitos exemplos podem ser dados (por ex.: tente não pensar por cinco minutos e verá que os pensamentos não são seus, você tem apenas um controle parcial, limitado, não consegue sequer parar de pensar).
Agora, o tipo de consciência que está ao nosso alcance despertar a qualquer momento é a consciência do presente, do que nossa mente está registrando aqui e agora, consciente de nossa consciência. Será difícil mantê-la, mas é pelo fato (que você poderá verificar) de ela não ser um objeto, uma coisa, ou uma entidade, ela é um processo, que precisa ser aceso, realizado a cada instante, até que invertamos o condicionamento de buscarmos distrações para o de buscarmos estar atentos. Para isso temos que a cada instante do processo voltar a si mesmo, voltar à consciência, ao aqui agora, recorda-se da atenção constante, momento a momento. Podemos treinar a concentração e fortalecer nosso poder de atenção; podemos treinar nossa atenção e aumentar sua duração e poder de investigação. Meu convite é o de vir aprender e conversar a respeito de vários métodos de despertar, de clarificação da consciência.
Uma mudança no modo de perceber a realidade é fundamental para que esse processo se consolide, ter consciência,  não mais de objetos, de seres, de fenômenos,  mas de que toda experiência ocorre na consciência, todos essses objetos, seres, fenômenos , etc., são percepções na consciência, percepções que foram construídas, aprendidas, interpretadas, etc.. É estar consciente da consciência, consciência da consciência,  oi seja, consciente de que toda experiência, todo o observado, todo o percebido é experiementado, observado e percebido pela e na consciência. Consciente de tudo que é conscientizado é conscientizado pela consciência, na consciência e para a consciência...


Contatos e mais informações:
frateriliv@gmail.com



terça-feira, 28 de agosto de 2012

TRÊS PILARES A SEREM CONSTRUÍDOS (atualizado)


A  fraternidade trata da doença humana. A pior de todas as doenças humanas é a cegueira. Essa doença é provocada pela ignorância, pela ilusão, delusão, alucinação. Não é simplesmente a ausência de algo, de informação, de conhecimento, de saber; é a fraqueza das faculdades e a presença de obstáculos que como nevoas turvam e distorcem a visão, não permitindo ver as coisas como realmente são, e fazendo ver coisas que na realidade não são. É preciso observar imparcialmente por muito tempo para diagnosticar em si mesmo e por si mesmo essa doença, mãe de todo as outras, pai de todas as limitações: cegueira, névoa, torpor das faculdades, visão limitada. 
Um principal objetivo do nosso estudo é o despertar. O ser humano acredita piamente possuir três capacidades que realmente não possui, e mesmo que tenha um pouco delas em alguns momentos, sua duração e intensidade não são suficientes para produzir o seu fruto e a liberdade decorrente de possuí-las. Essas coisas principais são: (1) consciência (nous, conscienciousness awareness, mindfulness, atenção plena, consciência contínua; estar desperto, lúcido, acordado); vontade (thelema, will, vontade própria, livre arbítrio, liberdade da vontade, intenção livre) e amor (agape, amor universal, amor verdadeiro, amor incondicional, caridade). Essas são colunas nas quais podemos construir, poderíamos, se as possuíssemos realmente, mas não temos tais, o que temos é uma imitação, um desenho, um esbouço, de pouca quantidade, pouca duração, uma pequena base, um resquício. Temos apenas seu menor componente, quase que apenas emocional, não estas mesmas em si. Temos algo por um momento evanescente e logo nada, às vezes nada disso, nem isso,.. Reconhecer isto pode ser difícil para alguns, ou podem outros continuar teimando que já possuem consciência, vontade e amor verdadeiros, suficientes e até eternos. E o que é isto senão prova de cegueira? Mas ter os três de forma constante e suficiente é o fundamento  do conhecimento seguro e da ação correta (ética, moral e em conformidade com objetivos conscientes, eficiente). 
Apesar de parecer algo difícil para o que começa a observar, perceber e praticar, ou parecer algo distante, isto está claramente ao nosso alcance, aqui agora. Estes três não são emoções, sentimentos, nem abstrações, não são subjetividades indefinidas, são atitudes que devem ser executadas, mantidas constantemente, buscadas, vistas, descobertas, estimuladas, cultivadas, construídas... Como fazemos isso de forma eficiente para atingir os objetivos é algo a ser estudado, praticado e construído.

Contato e mais informações:

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

AVISO

        Houveram consideráveis mudanças a cerca da organização aqui referida e com relação a muitos pontos nas postagens anteriores. Assim, todas as possíveis atividades estão temporariamente suspensas exceto as comunicações. Sinceras desculpas.

Se você quiser estar em contato ou fazer perguntas, reclamações ou dar sugestões, envie um mail para frateriliv@gmail.com.  

terça-feira, 1 de maio de 2012

Os “segredos” do grau 0 (atualizado)

Os grau 0 






O primeiro grau é o 0. Não quer dizer que se é nada, apesar de que, para a maioria, deve significar que antes se vivia para nada. Significa na verdade aprendiz e a atitude de receptividade, de mente aberta, de vigilância e atenção plena que o aprendiz deve ter, humildade, reconhecimento do que não conhece realmente, de fato, não sabe: não testemunhou o que lhe é ensinado.

“Segredo”, aqui entre aspas, foi escrito porque não há segredo, o segredo não é segredo, é segredo é que não há segredo; o segredo é que a palavra segredo significa método, sem o qual, aquele que não sabe, não aplica e, portanto, não atinge o que deve ser atingido. O segredo desse grau é estudo, assiduidade, orientação, treinamento, nada de oculto, nada misterioso. O que será exposto nesse tópico é apenas uma breve apresentação que ajuda a compreender. A explicação detalhada está disponível apenas nos livros da ordem, pois ela deve ser acompanhada de orientação para a vivência necessária para o real entendimento. O entendimento intelectual é fundamental, mas não basta. Desse ângulo o segredo é uma conjunção de fatores que tende a uma experiência e a uma compressão, que leva a testemunhar os fatos estudados, à verdade.

Um livro bem explicado ou um livro todo velado são ambos perigosos pelos frutos, como vimos ao longo da história. Mas o velado, o simbólico, é sempre bem mais perigoso. Alguém pode levar um livro a extremos interpretativos, transformá-lo em fonte de religiões, regras, filosofias ou ser pensado ao ponto de se transformar em disciplina acadêmica, e que em uma ou outra dessas interpretações, estando erradas, levar a extremismos e erros, contrários aos propósitos originais, ações prejudiciais, violentas, até tudo em contrario daquilo que se queria transmitir. Há maus livros sendo interpretados como boas mensagens e bons livros interpretados para o mal; quanto mais sua linguagem for cifrada, oculta, misteriosa, mais provável se torna que esses erros ocorram. Por isso existem tantas escolas de cegos guiando cegos, uns fingindo ver algo que os outros não vêem e outros se deixando guiar por essa luz falsa, por isso evitam a clareza e fazem as coisas ocultamente e em ambientes controlados, por isso são ocultistas. Estes meios estragam o ensinamento no que mais importa, seu fruto. Assim se torna apenas informativo, estético ou no máximo moral, longe do objetivo. Alguns textos e ditos mestres são mesmo irresponsáveis ou maléficos, incitam até o ser humano ao ódio, mas a grande maioria teatraliza uma mansidão que não existe e fala de amor e do bem para com a humanidade. 

Nossa mente é muito mais rápida do que pensamos que ela seja, quando pensamos uma frase as palavras são sobrepostas não sequenciadas no tempo, como quando falamos, por isso a mente é muito mais rápida que a fala. Podemos usar essa capacidade a nosso favor em vez de raciocinarmos em termos de linguagem discursiva que é a máxima limitação do processo lógico, e para além ou abaixo disso já está a não-lógica, já é o desleixo, a distração. Assim, outra coisa que o 0 simboliza é o todo abrangente receptivo. Treinar nossa mente em ser focada e também para ser abrangente, também isso aprenderemos, não que faça dos objetivos desenvolvermos nossa mente, mas por uma necessidade de utilizá-la corretamente, como instrumento para o conhecimento e ações necessárias. Como ela se encontra no momento que o estudante chega à escola, deixada por anos aos condicionamentos aleatórios da vida, sua capacidade de percepção e conhecimento direto é muitíssimo baixa, e ela ainda é inconscientemente seletiva, de acordo com tais conhecimentos, e muitas vezes bloqueios mentais, tudo isso que impede que veja e compreenda com clareza. 

Assim o 0 simboliza um estado de iniciante, interessado, começando; espaço para o aprender, simboliza o espaço mental receptivo, limpo, a mente aberta como um espelho que reflete perfeitamente  a imagem recebida, a mente que apreende com perfeição. Ela tem capacidade para isso. Ela pode até ser oniabrangente quando desperta. Porém esta não é uma capacidade sua, é a consciência que desperta. Só a consciência pode de fato conhecer, só a consciência pode ter ciência, só a consciência pode ter consciência. A consciência não é uma parte da mente como se pensa, muito menos uma capacidade sua, ela é a testemunha de tudo, é a única coisa que legitimamente pode dizer "eu sou" em nós. E a única que poderia dizer com razão "eu sei", "eu conheço". A consciência é o conhecedor em nós. A mente é apenas um instrumento, um sentido, assim como o olho é o instrumento de captação de imagens para a mente, a mente é o instrumento de captação das impressões e conscientizados para a consciência.

Ela pode conter até conter o todo presente, e quando está nesse estado podemos dirigir nossa atenção para algum ponto desse todo, àquilo que precisamos saber, que precisamos ver. Como alguém que entra numa sala e vê vários conhecidos, tem consciência que está ali Fulano e Beltrano, e ali Sicrano, embora não tenha consciência de todos os detalhes de seus corpos ainda e de suas vestimentas e acessórios, ele pode dirigir sua atenção assim “eu preciso saber o que Fulano está trazendo e como está usando”, então ele dirige sua atenção a Fulano e o vê usando um relógio e um tablet e acessando o blog, e como faz isso escrevendo o endereço na caixa de diálogo, então ele vê que Fulano apertar o enter e assim por diante. A atenção é a ferramenta que usamos para dirigir a consciência ao que queremos e ou precisamos conhecer, ver, presenciar, experienciar, etc..


sábado, 28 de abril de 2012

F. I.T. O. e O.I.T.O. e atualizações (atualizado e resumido) - parte 1 - Introdução

O.I.T.O.






Introdução

No dia 3 de abril de 2012 assumi o papel de coordenador da F.I.T.O. - Fraternidade Iluminativa do Templo do Onisciente, advinda da, e ligada à, O.I.T.O. - Ordem Iluminativa do Templo do Onisciente (a que se refere cada um desses termos é o que será aqui explicado). Isto aconteceu pela missão de elaborar os círculos mais externos da ordem, que servem de preparação para os mais internos.

Toda ordem seja ela militar, religiosa ou de profissionais, terapêutica ou esotérica, ou de cavalaria, possui um círculo mais interno, de conhecimento mais  profundo, mais elevado, mais completo, este é composto pelas pessoas que já adquiram este conhecimento de modo mais completo ou estão mais perto dos objetivos mais elevados; as que já adquiram os conhecimentos e pré-requisitos que antecedem a este, que já atingiram certas realizações e experiências, que já passaram pelas etapas necessárias para atingir determinados objetivos. Assim se costumava chamar, antes da completa degeneração do significado da palavra, ou classificar como mais hermético ou esotérico  (e no verdadeiro sentido dessa palavra, não no popular) toda sociedade, religião, escola, universidade, academia, ordem, tradição, filosofia, que é composta basicamente de dois círculos de conhecimento ou de processos iniciáticos: o exotérico, ou seja, o círculo mais externo, aberto a aprendizes, interessados, estudantes e frequentadores, passando por um círculo composto de aprendizes com real interesse em dar continuidade e aprofundamento aos conhecimentos e treinamentos; e o esotérico, o círculo dos já conhecedores ou verdadeiramente iniciados (que cumpriram as etapas e pré-requisitos iniciais, ou seja, os já habilitados), para dar continuidade a seu estudo e sua obra até o fim ou pelo menos até sua meta estipulada, experiências ou conhecimentos objetivados. É assim em qualquer curso ou universidade onde se passa pela graduação, pós-graduação, doutorado, pós-doutorado, não se entra num círculo sem se aprender os pré-requisitos, sem se passar pelos anteriores. Não há nada de misterioso, oculto ou mágico nisso. É uma escola, um modo de obter conhecimento e sabedoria, ainda que práticos e de natureza profunda.

Em nossa ordem tais círculos correspondem aos três níveis  (subdivididos ainda em graus) de (a) estudo, (b) prática e (c) realização distribuídos em cada um deles:

(1) Aprendiz ou neófito (literalmente nova planta): é aquele que recebeu a semente do conhecimento no grau mais inicial, e esta semente brotou,  então a pessoa entra num estágio de tomar consciência de certas realidades,  esse é o nível de conhecimento eminentemente científico, é o estágio de conhecimento, equivalente a uma graduação científica , enfatiza a consciência, o despertar, onde e recebe mais informações novas e se passa por práticas de vida, de observação, de comportamentos, de maneiras de observar, de ver e compreender diferentes, que expandem sua visão, consciência e experiência, por isso chamado científico. 

(2) Companheiro ou frater (fraterno, irmanado): é  o nível de crescimento, de tomada de decisões, de aprendizagem do uso das suas habilidades e das faculdades psíquicas para um verdadeiro conhecimento e compreensão, para penetração em realidades mais profundas, em dimensões e camadas superiores de realidade, é também um nível de descoberta de si mesmo, de sua verdadeira vocação, verdadeiro propósito, verdadeira vontade, e a vontade é sua característica predominante; equivale a uma pós-graduação em filosofia, é um nível filosófico, onde se analisa e interpreta profundamente o significado das descobertas e se aplica na vida com objetividade, enfatiza a vontade, a realização, os resultados e a sua interpretação correta, por isso chamado filosófico.

(3) Adepto ou terapeutis (terapeuta ou clínico): é o nível de realização plena, de onde flui tudo em seu nível mais elevado, é o nível do amadurecimento, a execução plena de seus dons, capacidades, suas faculdades e habilidades, e principalmente de sua vocação e propósito; predominantemente é uma etapa amorosa, dominada pelo amor incondicional, pela doação de si mesmo pelo bem dos seres, e equivale a um doutorado em terapêutica profunda, ou a chamada alquimia espiritual ou em teologia no sentido prático (de theosis, deificação, reintegração a Deus e sua Vontade e realidades espirituais), formando um verdadeiro terapeuta (servo de Deus), um médico do corpo, da alma e do espírito, e nesse nível se conhece de fato o sentido da vida, e particularmente a realização do sentido de sua vida; e o sentido da palavra religião, a verdadeira religião no sentido da palavra, se estuda a verdade da religião, retorno a Deus, ao estado e natureza original; o iniciado se capacita para e enfatiza um ensino movido pelo amor incondicional, por isso é chamado um sacerdócio ou nível religioso ou doutoramento.

Nesse sentido se realiza o objetivo de nossa fraternidade, a formação de verdadeiros terapeutas no sentido da palavra e das das ciências antigas e tradicionais: um médico completo, do corpo, da mente e da consciência; um médico de si mesmo e das pessoas individualmente; um médico da humanidade e de todos os seres; um servo de Deus.

Obs.: a partir do dia 21 de dezembro de 2021 a F.I.T.O. foi dissolvida, atualizada e substituída pela escola mais aberta E.T.C.A. (Escola Terapêutica da Ciências Antigas), trabalhando muito mais objetivamente e servindo de escola de acesso à ordem intermediária, Ordem dos Terapeutas da Ciências Antigas que leva à própria O.I.T.O. afinal).