sábado, 14 de dezembro de 2019

O Grau Rosacruz - parte 3

Uma maneira de descrever os sete graus dessa via é pelo que a pessoa deve predominantemente aprender em cada  um deles. É uma sequência de aprendizados que devem ser praticados em toda sua capacidade e possibilidade, cumulativamente, por cada grau:

1. Esclarecimento
O estudo intelectual, tudo que precisa ser estudado, analisado, lido, relido, anotado, ouvido, assistido, etc.. Iluminação também significa esclarecimento, a para informação não é iluminação, ela precisa ser processada: relacionada a outros conhecimentos, analisada, racionada, meditada, ponderada, entendida, compreendida, possuída. Mas é preciso aprender a aprender, aprender a estudar, desenvolver a atenção voluntária a concentração consciente, despertar capacidades atrofiados e adormecidas da mente e da consciência; nossa mente tem capacidades cognitivas que muitos sequer imaginam, e nossa consciência é infinita. Este tipo de estudo é típico de todas as vias da ordem.

2. Purificação
Eliminação de todos obstáculos à visão da realidade, à visão espiritual e a visão das demais dimensões da existência. Falando assim parece uma aprendizagem egocêntrica visto que o objetivo é pessoal e o benefício também parece pessoal, mas quando olhamos o que são esses obstáculos entendemos que são algo que nos torna inimigos uns dos outros, inimigos de nosso próprio espírito e inimigos de Deus. Estes obstáculos são pecados, erros, iniquidades, egoísmos, medos infundados, enfim, tudo que envenena nossa mente e obstruída nossa consciência nos fere, fere a outros e não agrada ao Onisciente, nos afasta dele, nos separa de nossa consciência. Consciência gera poder. O ditado "Deus não dá asas a cobras" é muito certo nesse ponto. Purificação é deixarmos de ser as cobras que aprendemos a ser, abandonar a natureza de serpente pela qual substituímos nossa natureza original; significa justamente a cura, o reestabelecimento da mente ao seu estado normal, sem essas influências que não vêm da natureza original, que não vem de Deus. Há um modo de isto se realizar aqui, muito diferente dos esforços de outros caminhos, pois a purificação de fato e definitiva não pode ser feita por nós, nós não temos esse poder, ela é feita na medida em que reconhecemos essa natureza estranha em nós e entregamos ao médico, o cirurgião que sabe como tratar, remediar e finalmente extrair completamente o tumor, a doença, o parasita, uma a uma, e de fato nos libertar do desvio ao qual estávamos submetidos. É um trabalho em parceria,  ou seja, ele não invalida os meios psicológicos dos quais dispomos na ciência, nem os meios empíricos que dispomos, mas os corrige e otimiza. Temos algo a fazer aqui, é por isso que é um aprendizado, é isso que estudamos e ensinamos aqui. Só que precisamos entender que todo esse "trabalho" que fazemos é falho e reversível, na verade sintomático, só o trabalho cirúrgico do especialista é que pode de fato nos curar. Você, não sendo médico, teria a arrogância de negar o trabalho do cirurgião e se atreveria a fazer você mesmo uma  cirurgia, em você mesmo? Então esta é a grande diferença entre esse e os outros caminhos, esta e outras vias: nós temos um cirurgião, um médico, um especialista,  que tem essa habilidade, está sabedoria, este poder. Este cirurgião é Cristo em nós... Cristo não é apenas o único especialista em salvar o espírito, ele é também o único cirurgião que pode curar e salvar a sua alma corrompida. Por isso damos muita importância a esse aprendizado.

3. Meditação
Saber meditar e saber o que é meditar é muito mais difícil hoje, quando isto se tornou popular, do que antes quando a maioria nem sabia direito o que é meditação, nem que existem maneiras diferentes de meditar.  Porque meditar é fácil e muitos já o fazem sem sequer saber. Tanto na definição chamada ocidental da palavra quanto na definição oriental. De maneira sucinta meditar é refletir, por a atenção concentrada em algo e com esforço refelexionar, raciocinar, fazer relações, processar dados sobre este algo. No oriente sucintamente falando também, ao contrário do que se pensa, meditar não é muito diferente disso, a palavra que eles usam, mal traduzida como meditação para nós, é concentração em sua tradução correta (e sobre determinado objeto único,  como respiração ou mandala é apenas um treinamento para isso, um exercício); a única diferença marcante é que esta atenção concentrada em algo é geralmente, por técnica, feita relaxadamente,  isto é sem tensão, é enfatizado o não-esforço ou o chamado esforço correto, uma medida correta. De fato as definições todas que são dadas hoje, esse mundo de informação (e engano e charlatanismo incluso) só dificultam, não apenas entender o que é, mas também conseguir meditar. E sem meditar é impossível estudar de fato, porque sem ela, é possível até fazer observações, ler e decorar textos e até certo entendimento, mas e impossível ter compreensão e apropriação do conheciemnto sem meditação. Como é  possível apreender algo sem concentração, sem atenção, sem vigilância? Meditar é, em uma palavra, vigiar. A meditação correta engloba as duas definições acima, é isto que precisamos aprender, porque nossa atenção e concentração com esforço tem limite de tempo e alcance, precisamos ampliar muito esse alcance, tanto em capacidade, quanto em duração quanto em profundidade, ou seja, detalhamento. Já pensou, por exemplo, ler, escrever ou estudar prazeirozamente por doze horas seguidas sem cansar? Já pensou observar um fenômeno de seu interesse e perceber todos os detalhes, causas, condições e consequências? Já pensou compreender o significado de palavras ou fenômenos ou equações aparentemente sem sentido e sem relação? Tudo isso, não só é possível, como deveria ser o normal, pois são capacidades normais da mente. É como desenvolver e aguçar essas capacidades que aprendemos e treinamos nessa fase. A meditação cristã porém ainda vai muito mais além, uma das coisas é a satisfação na lei, na palavra, no conhecimento e na revelação de Deus. É quando esta reflexão, esta concentração, esse procedimento cujos detalhes são aprendidos nessa jornada permitem que estes significados brotem e se ramifiquem, e a pessoa veja claramente ao ponto de sentir uma alegria libertadora, ao ponto de ver revelar-se o que antes parecia oculto e aquela falta é preenchida, aquela necessidade, antes até oculta, agora é exposta e satisfeita, aquela sede é constantemente saciada. A meditação enquanto resultado é o vai desde a compreensão intelectual até a intimidade com o Senhor, a unidade com ele.

4. Oração/Devoção/Rendição
Essa etapa é crucial. Como dizem uns, passamos do natural para o sobrenatural, isto é, para o que está além dessa natureza e até além da natureza original, para o contrato com o criador da natureza, o Onisciente. Trata de como termos uma relacão pessoal e direta com Deus. Não que antes alguma pessoa que ora não tenha, mas que agora deve aprender profundamente e de todas as maneiras como se comunicar com Deus. Orar é conversar com Deus, é se relacionar com Deus e existe uma forma correta, a forma como Deus gosta que nos comuniquemos. A comunicação não pode ser unilateral, não somos apenas nós que falamos com Deus, ele também fala conosco, ele quer falar conosco, temos que aprender a ouvir, escutar, entender Deus. Se amamos a Deus queremos agradá-lo, não vamos nos comunicar de qualquer jeito, sem cuidado ou levianamente, etc.. Quando amamos alguém procuramos agradar, por que com Deus seria diferente? Também vamos aprender como cultuar a Deus corretamente de forma que o agrade (ao contrário do que muitos pensam, Deus não se agrada com qualquer coisa, ele pode tolerar e perdoar e até atender, mas não significa que a forma de devoção esteja de seu agrado), é preciso conhecer a Deus e saber como ele aceita ser cultuado, como é o culto racional do qual Deus se alegra. E é preciso saber como se entregar a Deus, como é esse sacrifício vivo e agradável a Deus que é a auto-realização total a vida de Cristo em nós, a vida no Espírito, o andar na presença de Deus. Aqui vai entender o que é entregar-se a Cristo e porque deve ser uma entrega completa, vai saber o porquê da entrega, como ela é para nosso benefício, não um favor para Deus, ele não precisa disso, mas é para nossa salvação e restauração, para nossa libertação, pois éramos escravos (da matéria, do pecado, da carnalidade, da morte, dos vícios,  das necessidades, das limitações humanas, da vontade do inimigo, etc.). Vai entender o que opera em nós nessa rendição. Aqui vai compreender e levar a cabo o que é negar-se a si mesmo, tomar a cruz e seguir a Jesus (vai entender como esses três são sinônimos didáticos e como proceder em atitudes, fala, mente, ações, enfim, na prática).

5. Testemunho e Ensino
Agora há bastante experiência e estudo, entendimento e compreensão. A luz não pode ficar escondida, isto seria um crime, é preciso levar a luz ao mundo. Essa é a grande missão. Todo cristão é feito não apenas filho e herdeiro de Deus. É também recebida responsabilidade, dons, talentos e encargos. Todo cristão, é feito também testemunho, voz, embaixador e sacerdote de Deus. Seu maior ensino é o testemunho verdadeiro de sua vida e de suas palavras. Mas também há grande parte do ensino que é  a sua própria narração de seus testemunhos, de sua própria experiência.  E grande porte do ensino depende da experiência e do estudo, da pesquisa aprofundada, com informações que no geral as pessoas que não estudam não têm. Mas ainda não só isso basta, precisa aprender a ensinar, a ouvir, a ter uma organização na transmissão das idéias,  uma didática, e métodos de transmissão eficazes na aprendizagem. Essa é a parte do ensino que cabe a nós. Não estamos diante dos tribunais para que Deus coloque as palavras em nossas bocas, embora ele possa colocar, mas segundo a vontade do Senhor,  não a nossa, não substituindo a nossa parte, devemos nos preparar, essa é  nossa parte, não podemos fugir disso preguiçosamente dizendo que o Espírito fará tudo. Ele certamente fará, mas não fazer nossa parte é negligencar as formas de nos ensinar que Deus nos deu facilmente, como estudar a Bíblia, por exemplo. O povo de Deus erra por quê? Por falta e conheciemnto, está escrito. O ensino envolve por sua vez tem que envolver estudo teórico, prática e realização. É preciso reconhecer a realização e para isto é preciso ser experiente também nisto. O esino intelectual, envolve aprender gradualmente o ler, o estudar e o meditar; o ouvir, o escutar, o entender, o compreender, o apropriar-se; a prática,

6. Fazer o Bem.
Muitos de nós se acham capazes de fazer o bem e até de sempre fazer o bem. Ao que estamos nos referindo quando dizemos que fazemos o bem? Nem sabemos que bem devemos fazer, nem ao todo, nem em parte. Pensamos que somos bons? Já outros querem relativizar o que é o bem,  chegando até extremos de fazer isso não apenas em termos de ações, morais, mas também éticos e de saúde. A situação é tão absurda que a noção de bem e mal, uma vez posta em questão, gera dúvidas até sobre a possibilidade ou não de suas existências. O embaraço chega a tanto que pode ser comparado a tolice de alguém que por saber que os números são abstração, dizer que eles não existem e que a matemática por isso não pode ser uma ciência exata. É exatamente esse tipo de raciocínio infantil que sustentam os considerados maiores filósofos e críticos da moral a partir da época moderna, e ainfantil admirados e idolatrados por isso. Definitivamente isto não é um pequeno problema. Não saber o que é exatamente bem e mal, não perceber com exatidão isso, e até perder a noção ética e moral disso na pós-modernidade é um dos grandes problemas da humanidade, é uma grande ignorância, e porque não dizer uma grave deficiência mental. Pouco há a ser dito desse estágio, porque a maioria está muito envolvida com uma ilusão de ser bom ou pior, de ter uma natureza boa ou da não existência de bem e mal. Aqui se aprende o que é bem e mal com exatidão matemática, o que é relativo, e seu limite, e o que não é relativo; o que é bem independente de qualquer coisa. Nesse estágio temos que passar por dois choques de realidade, (1) ver nossa natureza humana e o que nem sabíamos que somos e então (2) aprender a fazer o bem que acreditávamos já saber fazer. É preciso conhecer a natureza original, para nos libertarmos da natureza corrompida e consequentemente do seu vício de entendimento e de sua percepção incorreta de que as coisas e o universo são amorais, e perceber até sua arrogância em crer que moral é uma coisa da mente humana. Aprende a ver por si mesmo que tudo é moral (e tudo tem propósito e significado justamente porque vem de um significador moral e não o contrário). E aprende a atitude correta. De amor. E esse amor é agape, é incondicional, é sem julgamento, é o amor que ajunta, que é a forca de coesão em tudo, que reconhece o barco em que todos estamos e se doa sem distinção, incondicionalmente. Esse amor é chocante e incompreensível para quem não conhece Deus e que não se entregou completamente a Deus ainda. Este amor gera um serviço, ele é ligado a seu fruto, não siplesmente causa, ele é ação, uma vontade irresistível que invariavelmente se tranforma em ação e mais ação. Esse amor quando mira o alvo se define: é querer com todas as forças a felicidade, a salvação e a libertação do outro. É uma vontade irresistível de que o outro também acorde. E isso é impossível se a pessoa não acordou, pelo menos um pouco, do sono da ilusão do mundo, da ilusão deste mundo. O bem aqui é em sentido completo. É dar de tudo e qualquer que seja o necessário para o bem. Então é preciso conhecer o que é o bem. E isto é muito difícil para o gênero humano entender, é isso que vamos aprender aqui, o que é e como fazer. O bem se dá, não julga. "Daí a todo que te pedir", é consciência plena disso, é doação total, em estar pronto para doar sempre e querer estar doando, é saber como, o que, quando, quanto doar, saber o que é realmente o bem e fazê-lo.

7. Ensinar a fazer o Bem
Note que aqui foram listadas algumas coisas que as pessoas costumam pensar que já sabem, que já fazem, mas que realmente não sabem completamente e nem sabem como fazer isso com excelência e se fazem é apenas por alguns instantes de sua vida. Fazem infelizmente bastante para se sentirem bem, bons, nobres; para aumentar a auto-estima ou a falsa percepção de si próprios. Muitos pensam que atingirão a iluminação, a "evolução", ou a salvação por fazer "o bem", ou pior, obras de caridade. A maioria no mundo pensa que alcançará a salvação pelas boas obras. Interessante. Que relação tem uma coisa com a outra? Nenhuma, não tem lógica alguma isso, mas a lavagem cerebral que aqueles que crêem nisso exerce sobre a sociedade é tremenda, e eficiente. Aposto que você já pensou assim algum tempo. Eu já pensei. Só que temos que encarar os fatos, boas obras não salvam, nem iluminam, e evolução sequer existe, não passa de invenção. Quanto antes se abandonar essa falsa lógica da troca melhor. O outro fato é que o ser humano só tem uma pequena noção de bem, muito pequena mesmo e apenas imediata. É como um jogador iniciante de xadrez, o experiente calcula muitas possibilidades e até de muitas jogadas à frente, o iniciante mal calcula a consequência imediata de sua jogada. Melhor diríamos se falassemos que o ser humano não consegue fazer o bem. Mas que tal se aprendêssemos a viver para o bem, para fazer o bem e ensinar a fazer o bem? E se tudo na nossa vida fosse voltado a essss momentos? E se vivêssemos para apresentar a salvação, a libertação e a regeneração aos seres? E se fizessemos isso usando justamente o que mais temos prazer em fazer, usando nossos dons e talentos? É isto que vamos vivenciar nessa fase. Acontece que já recebemos essa missão, que já recebemos dons e talentos, que já fomos capacitados para isso. Coube a etapas anteriores descobrir tudo isso, Coube a etapa logo anterior a esta aprender como, aprender a aplicar, aprender como se usa quais sejam os dons e talentose, na sua verdadeira missão, no seu propósito de vida. Cabe-nos agora, que aprendemos e que somos experientes, ensinar outros a atingirem o mesmo, com excelência. Na verdade na maioria dos aprendizados das fases anteriores as pessoas apenas pensam que sabem ou seguem conceitos errôneos de amor, bem, iluminação, etc.. Esclarecimento, purificação e meditação são exemplos claros disso, todos acreditam que sabem o que é, mas geralmente não sabem ou seguem visões erradas do que acreditam ser e de como se realiza isto. Nesta etapa todas as confusões, dúvidas e relativismos foram deixados para trás. A comparação aqui é como uma flecha já em direção certeira ao alvo sem nenhum obstáculos que a possam impedir. O caminho é certeiro, o alvo é certo, e o atirador é perfeito. Então a flecha simplesmente vai, a cada instante sua alegria nessa jornada e sua certeza da trajetória, do alvo e do ponto onde atingirá, apenas aumentam. A pessoa vive em função desse amor que vivencia em completa entrega realizando sua própria vontade mais profunda em plena compreensão e satisfação. O ensino aqui pode ser de várias maneiras, mas invariavelmente sua vida é toda ensinamento... Sem vivenciar a fase anterior é muito difícil compreender ou imaginar essa fase. Mais difícil ainda é entender como é que quando abriu mão e sua vida, de sua felicidade de seus objetivos e passou a viver para o outro, justamente agora encontrou sua verdadeira vida,  felicidade, objetivo. Mas mais uma vez é preciso encarar os fatos, a realidade é que assim acontece. Não vive mais para si, vive para Cristo, em Cristo e por Cristo. Então encontrou sua verdadeira vida, este é um fato, esta é a realidade. Até que Cristo se tornou tudo neste e vive então para que Cristo se torne tudo em todos e passará a eternidade conhecendo este infinito...


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