segunda-feira, 19 de abril de 2021

A Chave em João - segunda parte

 

Os Seguidores do apóstolo


Para perceber a chave inicíatica no evangelho de João vamos primeiramente entender a tradição chamada gnóstica e suas ramificações, que a princípio não tinham esse nome, mas eram simplesmente vias interpretativas cristãs, especialmente derivadas da teologia de Paulo e da mística de João, por parte de discípulos desses apóstolos. Estas podem até ter sido enfatizadas por discípulos subseqüentes, mas não continham heresias nem ainda divisões como se diz normalmente. 


As seitas e heresias chamadas só posteriormente de gnósticas eram bem diferentes dessas outras correntes que apareceram depois, embora tivessem em comum certas idéias e padrões. Já as que aparecem logo no início, além de não serem chamadas de gnósticas, com outras características bem diferente, geralmente, ou melhor, quase todas, provêm de outras linhagens doutrinárias, pois vêm de outras origens. Outras, como só aparecem bem depois, embora realmente derivadas do ensino  cristão, eram mais como continuações ou variantes sincréticas que misturavam muitas idéias de outras doutrinas, inclusive muitas inconciliáveis. Portanto não podemos anacronicamente chamar todas da maneira e classificá-las como gnósticas como se faz descuidadamente desde o século IV pelo menos.


Haviam, ao contrário disso, muitas doutrinas que se entendiam como cristãs ou originadas no Cristo, e algumas divergiam mais e outras menos. Mas também haviam outras, hoje chamadas gnósticas, que nem se originaram a partir de discípulos dos apóstolos. Por exemplo: os gnósticos joanitas (não confunda com joanistas) que acreditavam que o Messias era João Batista e não Jesus; gnósticos setianos, que se acreditavam descendentes de uma linhagem de sabedoria que vinha desde Seth, terceiro filho Adão; gnósticos ofitas que veneravam a serpente que falou com Eva no Eden; cainitas, os que veneravam Caim e diziam que o caminho para a salvação era o pecado, pois o corpo era mau e tinha que ser depreciado; os maniqueus, eram os seguidores de Mani, extremamente dualistas, acreditavam em dois deuses eternos, um mau e outro bom; etc.. Mas será que podemos realmente chamar tais seitas desse tipo e de gnósticas? Haviam também seitas chamadas de gnósticas que tinham seus nomes derivados da região de origem, por exemplo o gnosticismo persa, o egípcio e o sírio.


E assim da mesma forma que estes foram chamados alguns dos discípulos de João. As distâncias e o tempo de separação fizeram alguns grupos estranharem o ensino e livros de outro grupo, mesmo quando igualmente autenticos, isto me parece claro. O Apocalipse de João foi um dos livros mais controversos do início do cristianismo e um dos últimos a ser aceito como canônico. Assim também a sua segunda e terceira carta (alguns estudiosos até hoje insistem que não seriam do mesmo autor). Assim também alguns discípulos do apostolo João também foram chamados de joanistas e até classificados como gnósticos (sabemos que os escritos de João são os mais profundo, místicos e simbólicos, imagine para outros irmãos que não estavam acostumeados a esse estilo).


Continua...

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