terça-feira, 7 de julho de 2020

A Ordem -parte 5

[D] A Ordem enquanto Supremo Ser precisa ser entendida pela lógica imbatível para que um membro seja introduzido na ordem e sintonizado à Ordem.

A palavra sintonia significa literalmente no grego estirar juntos (syn: junto e teínein: estirar alongar), mas pense isso em relação à música. Estirar pode muito bem se referir às cordas de um instrumento, afiná-las estirando; tom, ainda se refere a som, nota. Explicando melhor seria afinar na mesma nota, isto fisicamente é vibrar igual, vibrar juntos na mesma nota. Este último significado é praticamente idêntico ao que as ciências usam hoje. Estar em sintonia é estar no mesmo nível, no mesmo padrão vibratório, é vibrar juntos na mesma frequência. Assim como duas cordas diferentes ou mesmo instrumentos diferentes podem emitir a mesma nota, nós, apesar de estarmos em diferentes corpos ou substâncias, podemos entrar em sintonia com regiões mais elevadas e celestiais, isto é, da ordem, entrando no mesmo padrão de vibração. O que nos leva a este padrão, que nos sintoniza com aquele, é exatamente o padrão do amor incondicional, ágape em grego.

Trataremos da questão do existir em uma próxima exposição, mas além do existir há o ser (isto é explicado nesta outra exposição referida). Se há ser, ser algo, ser alguém, precisamos admitir que existem níveis diferentes de ser. Assim como existe diferença entre um ser vivo e um ser não vivo, nos diferentes planos também tem que haver diferentes níveis de ser.

O que é melhor, ser um ser não vivo ou um ser vivo? O que é superior, ser um verme ou ser um humano? Uma pedra ou uma criança? Essas são diferenças óbvias. Como há diferentes níveis de ser, devem haver gradações que vão até o máximo nível de ser e o mínimo de ser possível, que já beira o não ser. Por isso afirmamos com tanta certeza anteriormente a existência do Supremo Ser na região superior da esfera da Ordem (porem não apenas por isso, mas por muitas outras razões). Não que haja uma restrição a uma região, mas que em nosso gráfico, no nosso modelo representativo constituído de duas esferas, há níveis, assim o nível mais superior é obviamente representado em cima (existem autores que representam no centro também, em modelo semelhante). Então existem níveis de ser do mais superior ao mais inferior.

O que é superior, mais supremo, ser consciente ou ser inconsciente? Logicamente que é ser consciente. Só que ser supremamente consciente vai até bem mais além disso, é ser onisciente. É Luz viva. Se lhe perguntassem se você queria ter uma consciência mais elevada e até bem acima da humana ou a mesma consciência que uma pedra, qual você escolheria? (Se escolheria ser como uma pedra nem deveria estar lendo isso,
aliás, não é bem vindo em nossa ordem como membro, ela não lhe serve). Ser inconsciente ou quase inconsciente não pode ser superior a ser consciente, não é questão de opinião ou de gosto, é questão de experiência e de lógica.

O que é superior, supremo, é ser ou não ser? Se há seres e diferentes níveis de ser, existem níveis que são inferiores e níveis superiores e exite o máximo de superior, o máximo em matéria de ser, o supremo ser, e existe também o minimo do ser, o mais perto do nao ser.

E o que é superior, supremo, ser pessoal ou ser impessoal, ter características superiores ou não ter nenhuma característica, ter vontade própria ou ser um autômato, mecânico? Obviamente, ser pessoal, ter boas e belas características, ter vontade própria e livre é superior a não ter nada disso.

E o Supremo Ser ainda vai além disso, por sua natureza emana toda vontade e por sua vontade define o que é característico, então além de pessoal é supra pessoal, pois define a suprema pessoalidade e assim abarca toda pessoalidade suprema e ainda a transcende, mas permanecendo sempre em suas próprias características.

Como poderia um ser que é supremo, ser mecânico, involuntário, condicionado, impessoal, sem características? O que há de superior nisso?

O que é superior, mais supremo, é reger tudo segundo leis de ferro, que embora justas, que atuem sempre mecânica e automaticamente, perfeitas e invioláveis ou é reger tudo dentro de leis justas, mas ter afeição, escolha, juízo, compaixão, misericórdia, amorosidade e amar? Obviamente que as segundas características são superiores às primeiras.

E o Supremo Ser ainda vai além disso, pois ele é o próprio amor, é amor vivo. Amor é sua essência, é o que o define enquanto caráter supremo.

Essas são as características que por muitas vezes vem sendo ignoradas, omitidas ou negadas ao Ser Supremo em nome de uma ciência falsamente neutra e imparcial. Mas como vemos, sem lógica. Embora outras características são admitidas, como onipresença, onipotência, eternidade,
imanência e transcendência, a ciência comum, quando admite ter sido derrotada pelas evidência da existência de um Ser Supremo, ainda costuma negar essas três, principais (algumas vezes admitindo a primeira, onisciência, mas por uma minoria de pesquisadores ainda). Mas nós as destacamos, não por serem consideradas aqui e ali as principais (geralmente apontam-se outras), mas por serem as primordiais, as essenciais, a triunidade básica da unidade primordial é Consciência, Vontade e afeto, ou melhor, Amor. As três forças primordiais, a neutra, a de expansão e a de atração; consciente voluntária e amoroso; Onisciente, Onipotemte e Onipresente. São forças pessoais, pertencem a caracteres pessoais, seus possuidores. A mesma coisa, dita de várias formas enfatizando uma ou outra faceta de cada face. De qualquer maneira nenhuma delas pode ser impessoal, pois possui características também da outra, comuns, as mesmas consciência, vontade e amor.

E isto se repete em tudo, não há nada tão evidente na ciência quanto as forças primordiais em que se baseia toda física. E como vimos essas forças supremas (divididas pela fisica em quatro, que para nós sao três, pois uma delas os fisicos consideram duas, e nós considerados aspectos extremos ou opostos de uma mesma) tem que ter um causador, um possuidor e esse possuidor só pode pessoal (pois ele tem pelo menos três características que nós podemos evidenciar que são pessoais, consciência, amor, vontade; porque ele é e como sendo um ser a causa suprema é o supremo ser, e se é supremo ser só pode ser pessoal). Pois uma vontade involuntária não existe, é uma contradição e é preciso uma vontade para por em movimento o que não podia mover-se por si só. E ainda, coisa alguma, nada, algo não pode ser a causa de si mesmo, isso seria uma contradição; o universo, a matéria, a energia, as forças primordiais, etc., não podem ter sido as causas de suas próprias existências, isso seria absurdo e é indiscutivel. Mas é preciso que eu diga aqui, pois os cientistas materialistas fazem questão de omitir, esconder e não ver essa lacuna em seus argumentos, apesar de admitir que há um início.

E embora pareça uma palavra inadequada (porque tem sido usada também para se referir a seres menores e ou criados, deuses no plural) o Supremo Ser, em oposição ao completo não ser, tem sido chamado de Deus. Essa palavra vem das tradições que têm seus escritos em grego. E apesar de ter alguns significados diferentes conforme a tradição, estes são bem semelhantes e têm relações históricas entre si. Enquanto que o siginficado moderno e mais ainda o coloquial inclui elementos estranhos ao conceito original, principalmente através da contaminação de concepções panteístas, deístas e politeístas.

Deus é definido como princípio original, princípio absoluto, Ser primordial. É toda e única Ordem existente em todas as dimensões. Na filosofia além, dessa definição é conceituado como realidade transcendental responsável pela origem das leis que regem o universo e pelo universo mesmo com todos os seres. Também é dito fonte de todo bem, beleza e toda excelência moral que existe, regente eterno. Uns também usam o termo ente eterno, mas a depender do sentido não é uma palavra adequada.

Em teologia Deus é o Ser Eterno, trancendente e imanente, transcendendo mesmo até a existência com as características já citadas acima e mais algumas outras (há o ditado em teologia "Deus não existe, Deus é", pois tudo que existe só existe após ele e por meio dele...); o Supremo Ser é também subtendido e evidente através da criação e das leis naturais, entendido por uns como o imanifesto que é evidente através que é manifesto; é evidente pela ordem da natureza apesar da matéria (que por si mesma tende ao caos e caminha para ele); é a causa necessária; eterno, infinito, necessário, sobrenatural (além e fora dessa natureza), único de sua qualidade, ser real em si e por si mesmo, atemporal, onipotente, onisciente, onipresente, completamente bom e completamente justo... E para alguns, inclusive para nós é evidente também através da experiência, vivência, do conhecimento profundo, do conhecimento direto e por revelação própria. Seus atributos podem ser entendidos em duas categorias, os incomunicáveis, ou seja, aqueles que não compartilha com nenhum ser, como onisciência, onipresença, onipotência, eternidade, asseidade, imutabilidade e unidade; e os comunicáveis, que são compartilhados, como liberdade, beleza, vontade própria, amor, perfeição, glória, bondade, conhecimento, paz, santidade, sabedoria, misericórdia, retidão, espiritualidade, etc..

Na religião, especialmente na hermética e na cristã, temos as mesmas características e definições acima, tanto gerais, como filosóficas e teológicas (a tradição hermética se refere a si mesma como a prisca theologia, a que inaugura a ciência teológica, mais ou menos entre a época de Enoque e de Akenaton; a tradição cristã possui a teologia mais estudada, que tem mais variantes e que mais se aprofunada, desde Paulo, até a atualidade). Mas embora estejam entrelaçadas, uma coisa é a ciência teológica e outra coisa é a religião. Em religião temos essa definição teológica, mas quem define primeiro teologia historicamente é a religião, porém nela as definições podem não ser tão claras ou explícitas como no estudo teológico mesmo. Por isso há quem inclua todas as teogonias existentes como sendo assunto de teologia. Nessa visão as "religiões primitivas" são consideradas (como se o fato de haver um deus ou supostos deuses implicasse em uma logia, um estudo, uma ciência, ainda que rudimentar, o que não podemos observar na prática, mas vamos considerar essa visão por um momento para entendimento do conceito). Então nesta visão há tipos diferentes de teologia ou uma suposta evolução dela. Isto resulta no contrário ao que argumentam: quer considerar visões que não são teológicas como sendo, para incluir o animismo, o monismo, o panteísmo, o politeísmo, e outras variantes, até mesmo o ateísmo, mas seus autores e defensores terminam falando que houve uma "evolução do pensamento" de um mais simples e primitivo para um mais complexo e avançado (apesar de muitas vezes a história mostrar o contrário). O que implicaria uma ciência que evoluiu até chegar nas únicas teologias existentes de fato na atualidade que já trataram de todos esses assuntos ao longo da história antes e descartaram as visões ilógicas, pois desconsideram completamente a possibilidade de uma multiplicidade de deuses, ou qualquer panteísmo ou ateísmo (baseados nas evidências e evidentes características citadas). E com razão se descarta, na definição de Deus não cabem essas possibilidades, pois deixaria imediatamente de estar se tratando de Deus (Teos), se estaria tratando de outra coisa, mitologia, teogonia, osmogonia, etc., menos teologia. 

Assim resta dentro da teologia a única alternativa possível, o estudo a respeito de um Teos como definido por essa ciência, ou seja, supremo, primordial, eterno, portanto do uno, único do gênero, e, dizem uns, absoluto, ou, como dizem outros causa das causas, Senhor dos senhores e obviamente também de si mesmo e da criação, trancendente e imanente. Quando se fala em deuses no plural ou deus (com minúscula) sempre há que se entender que se trata de uma concessão conceitual, pois só podem ser algo menor e mais limitado do que Deus, já que haveriam outros como eles, isto é evidente, lógico e irrefutável, não há o que dicutir contra o conceito teológico.  

E em nossa ordem o Ser Supremo se faz objeto principal de investigação, pois é sua vontade, que esteja em nossa consciências, em outras palavras, quer ser conhecido. Dada a natureza de Deus a forma de investigar dessa ciência tem quer ser diferente ou mais avançada que a da investigação da matéria e sua natureza. O que é de natureza espiritual, portanto consciencial não precisa do intermédio dos sentidos para ter acesso à consciência, pode fazê-lo diretamente. O problema aqui está no invertigador, condicionado, pois utilizamos a mente como receptor e esta se liga muito mais aos sentidos e à materia do que ao intelecto e à consciência ou espírito, de modo que uma manobra intelectual precisa ser efetuada quando fazemos tal investigação, que é voltar a consciência sobre si mesma através de uma mente treinada e obediente à nossa vontade, que dirige a atenção, consequentemente a consciência à própria consciência e ao que ocorre nela. É outra visão de mundo, outra perspectiva, é outra forma de ver e de viver onde a matéria-energia deixa de ser o centro de nossas atenções e o que é de natureza espiritual em nós, como a consciência, seus fenômenos e capacidades passam a ser o centro. Mas não é só isto. Deus se revela a quem quer se revelar e pelos meios que permite ser conhecido. É preciso conhecer a fundo esses meios, levá-los a cabo, treiná-los, exercê-los...

Portanto sim, temos um aspecto filosófico, mas isto é apenas o começo, pois temos também um aspecto teológico, bem como o científico e empírico que por consequência descamba no religioso (por isso uns nos acusam de sermos uma religião, embora nem sejamos um religião nem uma ciência da religião, mas sim uma ciência, na ampla acepção da palavra, do transcendente, do Eterno, do Supremo, do  Onisciente).

Nós investigamos a fundo não apenas ao ponto de comprovação, definição e caracterização, mas também aspectos, linguagem, apresentação, e sua criação, leis, nomes, sua matemática, geometria, epistemologia, ontologia, cosmologia e psicologia. De tal forma que tudo que será entregue ao estudante é irrefutável, tanto por sua razão lógica, quanto depois por sua experiência, intuição, consciência... E os meios de atingir por si mesmo as mesmas conclusões que nós (antes que as demos), são infalíveis se a pessoa seguir as instruções com sinceridade. 

Isto é Ordem enquanto Ser Supremo: é a própria manifestação deste tanto na natureza original quanto na natureza caída e decadente. Se não houvesse essa manifestação seria impossível haver vida, luz, consciência, amor, bondade, moralidade, liberdade, ordem. E seria impossível haver saída, escape, para o que aqui nasceu. Essas coisas vem apenas de Deus, não vêm originalmente de nós. Pois dessa natureza não pode surgir nada disso, menos ainda subsistir, todas essas coisas são sustentadas pela natureza original graças à concessão do Supremo. Nós não temos poder de mudar de natureza (todas as visitas a mundos que outros fazem em outras ordens que não as que estão em dependência e relação direta com o Supremo são ainda dentro dessa natureza, em outros planos, mas não nos planos espirituais, não na natureza original). E por fim, é ele mesmo e os seres não caídos, seus servos e mensageiros, que organizam as ordens, religiões, escolas, e os diferentes meios de nosso retorno à Ordem original e de restauração da ordem em meio a tantos caminhos e organizações humanas que não levam a lugar algum quanto aos nossos verdadeiros objetivos eternos.

Portanto está fora de cogitação toda doutrina ateísta, humanista, materialista, mecanicista, deístas ou que fale num Deus impessoal, ou força impessoal, de energia ou de apenas justiça sem misericórdia e juízo, etc.. 

Os atributos da triunidade suprema muitas vezes tem sido confundindos ou mesmo perdidos aos longo de algumas décadas nos últimos anos em muitas tradições. O que aqui recuperamos, resgatamos, como consciência, vontade e afeição ou amor, já foram conhecidos como luz, vida e amor e isto não é erro, é correto, é tradicional, está escrito e registrado, mas a incompreensão disto, e a negligência, levaram à incompreensão do que é perfeitamente compreensível, disso que
antes foi conhecido como revelação e depois  incopreendida, atualmente por outros vidto como mistério. Como se um triângulo só pudesse ser entendido como três retas e não ao mesmo tempo como uma única figura, uma única unidade! Isto é absurdo: não compreender intelectualmente algo tão simples. É a prova do afastamento da realidade, da verdade, é estar se afogando na própria desgraça. Como não ver isso? Como não entender algo tão simples quanto a unidade de um triângulo? Realmente a verdade foi concedida aos simples e aos sábios em seu próprio conceito restou a cegueira e o “mistério”.

Isto se repete em tudo, mas especialmente em nós que somos, como o Supremo, consciência, mente e corpo, o tradicionalmente conhecido como espírito, alma e corpo. Espírito é igualmente uma triunidade de consciência, intuição e
comunhão, e os outros dois também são triunos. Em nós isto é o espírito, essa triunidade está em nosso espírito. A psique é conhecida como alma, possui os sentimentos, sensações e percepções. E a vontade
equivale ao corpo, possui os sentidos, o instintos e as pulsões. Mas a vontade pura é a intensionalidade que gera mainfestação em intenção, pensamento e ação e ou forma, ou seja, intenção que tem sua consecução emmfenomenos. Essa trunidade de cada parte ainda pode ser descrito de outras formas mais ou menos exatas que esta. O corpo nada mais é que a corporificação da representação da alma, a vontade são
todos os corpos, a vontade não pode não se realizar como algo e em nós ela é o corpo e tudo que é depositado nele, tudo que pertence a corporeidade é vontade. Nos mundos a
vontade é a forma, no nosso mundo a vontade é a forma material, no mundo da Ordem é a palavra, o verbo, a vibração, a pessoa, a razão e o corpo do Supremo Ser.

Por tudo até aqui mostrado perceba que não há espaço para uma interpretação panteísta. O Supremo ser é separado do não ser supremo, do inferior, e é separado do quase não ser, e é separado do não ser. Ele trancende tanto o criado, quanto o gerado, quanto o derivado. Embora seja imanente, onipresente e onisciente de todo e cada mínimo detalhe de todo fenômeno e esteja presente em tudo e em todos, mas inacessível a esse tudo e a quase todos. A ordem enquanto Supremo Ser é o restabelecimento progressivo da e a comunicação, a reunião e finalmente a reintegração à unidade entre o ser separado ao Supremo Ser e à natureza original.

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