terça-feira, 16 de junho de 2020

As cinco vias eficazes 6 - Via Logikae

3. Via Logikae

Outra é a via da razão, chamada via filosófica ou da lógica por outros, ou lógico-matemática. Esta via busca alcançar a verdade através de reflexões racionais, lógicas, embasada nos dados colhidos na experiência, no que é recebido através dos sentidos, mas não sendo isto o determinante e sim as conclusões a que se chega através de análises, relações, comparações, processamentos lógico-racionais. Mas também é predominantemente a via da abstração, por isso não apenas parte de dados colhidos, mas muitas vezes parte já de abstrações, assim também o faz de forma matemática, partindo de números, teoremas, funções, figuras geométricas, equações, cálculos, etc..

Nós chamamos essa via de racional ou lógica, mas tradicionalmente ela é chamada filosófica, pois não se retringe à lógica, à razão, ou à matemática, ou simplesmente às relações das mesmas, ela engloba todo tipo de coleta de informação, incluindo a empírica, a abstrata, a científica, a religiosa, a epistemológica, etc.. E elaborando seu edifício através do pensamento, sobre essa base racional, cria aquela  sabedoria que podemos chamar de sistemática ou sistematizada, que define, examina e reexamina os conceitos, que definiu inclusive o que é ciência. Por esse mesmo lado podemos ainda falar que é uma disciplina espiritual visto que o intelecto é a ferramenta e o que é transformado, o receptáculo de toda a transformação e o depósito da sabedoria, e o intelecto é eminentemente espiritual, consciencial.

Quando estamos falando de espiritualidade, estamos, acima de tudo, nos referindo à consciência e nesta ao intelecto; pois não se trata do "coração" humano que é traicoeiro e sugeito aos gostos e desgostos, sugestinamentos, condicionamentos, desgostos e paixões, nem da alma (psique) que é a mente, os fenômenos, conteúdos, e funções mentais, mas sim daquele que é neutro (imparcial à opinião, gosto, cultura, etc.) em relação ao real: nele uma informação só pode estar presente ou não estar presente, se presente, ser aceita ou não aceita (posta em dúvida) por questão lógica, ser compreendida ou não, ser tida como comprovada ou refutada, ser duvidosa, ser tida como verdadeira ou falsa, após rigoroso e metódico exame. É o campo da análise. A intuição aqui só encontra duas opções, ou sim ou não, presença pu ausência, verdade ou falsidade, porque é único campo da consciência humana onde algo se pode provar completa e imediatamente, o intelecto, e invariavelmente através da lógica ou da matemática.

Quando falamos de expandir consciência de que estamos falando, senão de algo espiritual? E expansão de consciência é e passa fundamentalmente por expansão intelectual. A aquisição de compreensão lógica, linguística, e a percepção de relações e significados é trabalho do intelecto, é tomar consciência, e isto é também expansão de consciência. Não existe evolução da consciência, ela não pode evoluir, ela é o que é, como um espelho não evoluir por passarem mais imagens ou conhecimentos diante dele. Quando se fala de despertar, de expansão da consciência se está falando de lucidez e atenção e de trazer à consciência aquilo que está no inconsciente e aquilo que a consciência ainda não alcançou. É isso que temos que ter em mente.

E muitos desses conscientizados a serem adquiridos dependem ou só podem ser alcançados pelo intelecto e pela operação da lógica e da razão. Assim como se aprende matemática e se treina o raciocínio e a habilidade através de vários exercícios e respeondendo problemas, todas as demais habilidades do intelecto podem ser treinadas e expandidas. Essa é a real expansão da consciência. E por essa expansão novas capacidades podem ser descobertas, aprendidas e adiquiridas. O quanto menos formos místicos ou míticos nesse aspecto, menos tempo perderemos, mais realistas e próximos desse desenvolvimento estaremos (diferente dos que falam de magia, mediunidade, ocultismo, etc., coisas que só atrasam o desenvolvimento e a humanidade e levam à maiores ilusoes ao contrario de despertar).

A via filosófica analisa e trabalha todas as informações, as relaciona e pode gerar ou criar novas descorbertas nessa relação e análise, ela também examina as conclusões das outras vias através de seus métodos (assim como a ciência também o faz através de seus métodos). Não que as outras vias não façam também isso, mas que nesta via esse exame é o mais predominate, pois ela coleta questões e também gera questões sobres todos os conheciementos. Aqui predomina o elemento nous, além de ser o receptor das descobertas, epistemologicamente a consciência é a ferramenta e é ela que possui as leis e propriedades da lógica e da matemática em si mesma. A razão e o universo não as criam nem determinam, pelo contrário, a razão as descobre e o universo as obedece.

A razão existe devido a lógica (e não o contrário como entendem certos discípulos de alguns filósofos) e não existem duas lógicas, só uma. A razão raciocina, reconhece, descobre a lógica. E a lógica existe devido à matemática, aliás, o inverso também é verdadeiro. E estes são os dois primeiros retroalimentadores primários (e não mente e matéria como afirma outro, nem consciência e sensações e assim por diante (como eu mesmo defendi erroneamente em trabalhos anteriores na graduação)). Sim, as primeiras molas são abstratas, e tem que ser assim, porque são eternas, independentes, incondicionadas e imutáveis.

Mas podemos agora aqui, num texto que não tem esse objetivo, avançar mais um pouco, deixando aqui protegido, porém claro para os atenciosos e estudiosos, um princípio geral que também usamos para comprovar nossas conclusões, teses e teorias. A razão existe devido à logico-matemática, e esta existe devido a que? Ora, à consciência. É o que demonstram nossos experimentos, teses, cálculos, etc.. E eu pergunto apenas para efeito de exercício de raciocínio que pode ser feito pelo leitor: se não houver consciência onde pode existir lógica, matemática e qualquer outra abstração, seja ela exata como os números e a matemática ou seja ela "subjetiva" como significados, objetos, formas, cores, etc.? Pode existir lógica sem consciência? Como poderiam existir sem consciência? E como o universo segue uma precisão lógica? Ou seria porque há uma consciência que precede e suporta a existência do universo? Pense nisso.

Mas também existe a limitação da senda, mesmo que não pudessemos errar em nossos raciocínios, descobririamos tudo? E mesmo que descobrissemos tudo como é de fato, isto nos libertaria? Que relação há entre conhecer todas as verdades dentro da lógica e nos libertarmos desse estado presente de vida na matéria perecível? Nenhuma! É uma fantasia neo-gnóstica. Se colocassemos aqui em pé de igualdade grandes propositores dessa via como, eminentementes filósofos, Pitágoras, Parmenedis, Heráclito, Platão e Aristóteles (mesmo sendo às vezes Aristóteles mais justamente relacionado a empiria e à ciência e Pitágoras à matemática) podemos pergunatá-los sobre provas ou o tipo de garantia que oferecem sobre o conhecimento pleno da verdade, a salvação e transformação profunda que seus métodos poderiam gerar em cada pessoa e não encontraríamos uma resposta satisfatória a questão da salvação da morte, da existência limitada na matéria. Porque talvez, ou quase com toda certeza, estes não eram seus objetivos. Usar a filosofia, ou a especulação lógica pura ou matemática pura seria como usar uma ferramenta que foi elabaroda para uma função em outra função que não pode efetuar completamente, senão atuar como auxiliar.

Assim apesar de, como via de conhecimento e maneira de conhecer, ser uma via completa e bastante válida, para levar ao pleno conhecimento da verdade, à libertação dessa condição humana terrena, ou seja, à salvação, e à transfiguração humana, ou seja, à purificação, à transformação ou a volta a natureza original, ela é insuficiente.

Precisariamos conhecer uma verdade certa que nos levaria a libertação e como esta não é apontada pela simples lógica, muito pelo contrário, aparentemente ela é paradoxal, chegamos novamente num beco sem saida. Mas novamente no ápice do desenvolvimento e completude da lógica, depois de ter colhido todas as informações necessárias (empíricas, científicas, etc.) ela apontará para a via central como último e único recurso (nem que seja, para o menos preparado, por anulação das alternativas erradas).


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