quarta-feira, 28 de outubro de 2020

A Chave da Alquimia Espiritual - parte 2

 Entender é diferente de compreender, saber é diferente sabedoria, opinião é diferente de filosofia... enfim, existem muitas diferenças, tão claras como essas ou bem mais sutis. Ler não é simplesmente decodificar a soma e o som de letras. Ler nunca foi isso! Ler é perceber os significados das sentenças e suas relações, o encadeamento de idéia de uma frase, um texto, um livro... Assim também, ler o Librum Naturae não é apenas decodificar fatos isolados, é saber o significado dos mesmos e suas relações, o encadeamento dos significados de um fato e de outros relacionados e de todos os fatos passados e presentes e das possibilidades futuras que se fecham de instante a instante. 

Isto pode parecer uma espécie de paranoia ou loucura para o que está de fora, ou para quem não faz a mínima idéia do que estou falando. Então veja novamente e agora na prática um exemplo do que pode ser ler e de quantos níveis de compreensão você pode alcançar na leitura do parágrafo anterior. Será que estás realmente lendo as frases? Será que realmente estás lendo o que estou a escrever? Assim também é com os fenômenos...

À soma de todos os fenômenos uns chamam mundo, outros, universo, outros, fatos, ou acontecimentos... Por melhor que sejam estas palavras para descrever, são ainda definições limitantes e limitadas. A soma de todos os fenômenos passados, presentes, futuros e eternos podemos estender ao dizer que também fazem parte do Librum Naturae (quando falamos de todas as naturezas também, pois não há só uma).

Ler é a primeira coisa que o alquimista faz, mas uma das últimas coisas que vai aprender. Medite sobre esse aparente paradoxo bem compreensível. E poderemos avancar para um segundo ponto sobre as teorias.

Em outra publicação já tratei da questão do significado do lema Ex Deo Nascimur, In Christo Morimur, Per Spiritum Sanctum Reviviscimus. Mas Ora et Labora também tem a ver com o aspecto da teoria e dos métodos (gnósticos, cristãos, herméticos, alquimícos, filosóficos...). 

Primeiro que o conhecimento dos sentidos e da mente pode ser enganoso, além de sempre incompletos, não que isso seja bom ou ruim nem um obstáculo ao conhecimento verdadeiro (a não ser para quem os toma como concretos e completos), são, quanto mais se avança para o interior e subjetivo, mais sujeito a equívocos, delirios, alucinações, projeções, fantasias, etc., que podem, e geralmente acontece a muitos, em algum momento serem tomados pelo investigador como realidades e até de carater superior ao que pode ser compartilhado. Isso não é nada incomum.

Um conhecimento seguro, como o matemático e o geométrico, por exemplo, só pode ser alcançado ou no nível abstrato, ou no nível simbólico. E, dizem os alquimistas, ou no nível espiritual. O nível da certeza só pode ser de fato o que exclui toda a dúvida. Assim como ninguém em sã consciência fala de um triângulo de quatro lados nem da bola quadrada de Kico atribuindo algum nível de certeza, nem de realidade e nem ao menos de possibilidade, não podemos também falar que pelos sentidos e pela mente podemos atingir experiencias as completudes de um fenômeno ou objeto visto que sempre vemos apenas em parte, sob perspetiva, limitado ao tempo, tamanho, relações, etc.. Mas fomos desde ceiancas condicionados por nossa linguagem a falar como se pudessemos fazer isso. As limitações da nossa linguagem terminam não só impossibilitanto certas descrições, mas também por vezes influênciando nossas percepções que já seriam seletivaa mesmo se ela não estivesse atuando de alguma forma. A sofisticação da linguagem que por um lado nos levou onde nenhum outro ser biológico poderia ter chegado sem isso, por outro lado nos conduziu aos seus próprios limites. Mas nem isso também novamente pode ser ruim, nem obstáculo (a não ser para aqueles que tomam a linguagem como soberana ditadora da realidade humana). Pois é ainda devido ao uso da linguagem que teremos acesso a visões e compreensões mesmo além dos sentidos e da experiência. Quando atinge esse limite o alquimista, assim como o gnóstico, o cristão, o hermético tem que recorrer a   analogias, símiles, símbolos, parábolas, metáforas, se tornam a única maneira lógica e razoável de exprimir as realidades abstratas que estão fora de toda dúvida em um plano de conhecimento seguro, eterno e imutável. 

Ler é perceber algo além dos simples fatos, fenômenos, coisas. Mas existem vários níveis de leitura, pois existem vários níveis de significados como foi falado antes. E esta percepção pode as vezes ser tão tremenda, tão além do normalmente percebido, que revela toda uma teia tecida desde tempos imemoriais, que o leitor pensava antes jamais poder saber, ver e nem ao menos tentar investigar! Assim como alguém que pelas evidências apresentadas já conseguiu saber quem será o criminoso antes de terminar o romance policial, o verdadeiro alquimista, pela cadeia de "reações químicas" conhecidas pode conhecer os fatos tanto do passado quanto do futuro, e comprrender a razão das coisa, dos fenômenos, a origem e o princípio de tudo, bem como seu fim e finalidade, e talvez como é para alguns mais importante, compreender todo o processo "quimico" da cadeia das "reações" do existir, do todo e das partes.

Mas tudo isso é um trabalho do alquimista, que ele só consegue realizar se orar, mas se orar e não trabalhar, como alguns religiosos de nsso tempo, não conseguirá. E pior ainda se apenas trabalhar e não orar, como uns que se dizem alquimistas, herméticos, gnósticos, cristãos, de hoje, de jeito nenhum conseguirá, seu trabalho só trará a pirita, o ouro de tolo, que não compensa os gastos, prejuízo.

Na próxima parte veremos porque...


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