quinta-feira, 26 de abril de 2018

Esclarecendo os Níveis e Graus da Ordem - parte 1

Esclarecendo exatamente o que são os graus, o que não é segredo, pois cada um deve saber o que está fazendo e para onde está indo, assim também o propósito de cada passo. Em progressão de ensino são os graus de estudo, estes são de conhecimentos e práticas. Nesses ocorrem os graus de consecução, que são graus de realização e experiência. Os primeiros ocorrem em sequência, os segundos não necessariamente.

Por que agora falaremos os graus? Por que eles estariam em segredo? Nunca estiveram, o que fica restrito ao particular são alguns objetivos, procedimentos e conhecimentos porque existem muitas instituições trabalhando com força em sentido contrário e em concorrência direta, e pessoas que não exitariam em nos destruir, como já fizeram várias vezes na história, ao saberem quem somos nós e o que fazemos por inteiro. Isto atrapalharia nosso trabalho, nosso objetivo não é o enfrentamento, mas uma vitória silenciosa. O que continua secreto é o procedimento pelo perigo de cair em mãos ambiciosas e pela perseguição.

Esta é a apresentação sucinta dos graus de nossa ordem em sua ordem numérica. Não necessariamente a ordem recebida pela pessoa. Algumas pessoas podem estar aptas mais para dois graus acima do seu do que para o próximo subsequente, por exemplo. Outra coisa que pode acontecer é que a pessoa esteja pronta para galgar dois ou mais graus de um mesmo nível simultaneamente. O que já dificilmente poderia ocorrer entre os níveis, visto que são platôs de realização.

Exitem três níveis ou platôs a serem atingidos. Estes podem ser subdivididos em graus. Este é o esqueleto básico obrigatório para todos de nossa ordem  independente da via escolhida e das práticas pessoais adicionais que podem ser muitas.

O conteúdo de cada grau está sempre classificado em três aspectos: (1) conhecimento intelectual, estudo livresco; (2) prática, conhecimento e experiência prática e (3) realização, experiência e consecução pessoal específica de cada grau. 

Trata-se de uma graduação e habilitação específica, com todas as exigências de uma universidade, isto é, que o estudante adquira conhecimentos e realize práticas que o capacitarão e lhe proporcionarão conhecimentos específicos e habilidades treinadas, onde o primeiro platô equivale a uma graduação, o segundo a uma pós-graduação e o terceiro a um doutorado.
Toda escola ordem ou religião que almeja o conhecimento supremo, comprovado pessoalmente por cada membro, possui esses três platôs de realização (aqui representados como as peças no jogo de xadrez) que podemos descrever no geral:

1. Um nível de conhecimento e reconhecimento - Torre de Vigilância.
Primeiro ele reconhece a realidade decaída em que se encontra, esse mundo decadente, de degeneração, sofrimento e morte, de uma natureza e seres hostis em constante conflito, um corpo sujeito doenças, mutações, uma mente inconstante cheia de emoções e desejos conflitantes, ignorante de sua origem, seu objetivo e seu destino. Ao mesmo tempo reconhece algo superior e perfeito e uma origem divina e prefeita, da qual se encontra agora alienado, afastado. Percebe que não pode confiar nessa natureza nem em seus elementos para solução desse problema fundamental e que só pode confiar em uma natureza que transcenda esta, que seja perfeita e imutável. A pessoa percebe que há o caos, mas que existe uma ordem. Os graus, entre seus aprendizados e experiências, garantem a observação e a comprovação desse estado de coisas e fenômenos. Mas para muitos é difícil perceber essa realidade antes de chegar na escola, e, para aqueles na escola, também pode ser difícil para alguns chegar a esse conhecimento, que não pode ser apenas um entendimento intelectual, mas uma observação cuidadosa, uma evidência pessoal, e uma comprovação que não deixa dúvidas. Existem duas naturezas a serem observadas e uma escolha a ser feita, porque existem elementos que colaboram com uma natureza e elementos que colaboram com outra, e seres inconsciente ou conscientemente trabalhando para desenvolver uma ou outra, para instalar cada vez mais o caos ou a ordem.

Por isso os primeiro graus da ordem são preparatórios, eles contém não apenas uma série de conhecimentos que o estudante não sabe ou a princípio, que não entendia corretamente, mas também instruções práticas adequadas a desobstaculizar sua visão do real e para aguçá-la e treiná-la, para mudar o foco de sua atenção das distrações para suas causas; das aparências para as essências, para os significados; dos fenômenos, fatos e objetos para as leis. O ápice disso geralmente é realizado a tempo na consecução do terceiro grau de nossa ordem.

Então ao fim de todo aprendizado e processo, ao fim de toda mudança e purificação inicial ela vê o que não via antes, mas de forma tão clara que se assustará em como podia não perceber isto ante antes. e o que ela perceberá? Além do já mencionado ela perceberá uma "centelha" divina original em seu interior. O sopro do Eterno, a rosa do coração, a estrela da manhã, o lótus em meio ao lodaçal, o raio de sol que dissipa a escuridão, a luz no fim do túnel. Ela descobre a origem divinal e se enamora por ela, ela descobre uma reminiscência da consciência original, e até lembranças estranhas, mas muito mais familiares e sadias do que as suas próprias habituais, de uma outra realidade. Essa lembrança pode se dar em sensações e sentimentos, em imagens, sons, aromas e até vividamente em tudo isso e ou em conhecimentos puros, mais além da percepção e da não percepção, compreensões súbitas. É o início da gnoses que é a união direta da consciência  com o conhecimento ou o reconhecimento a princípio de que são um só. Todas essas gradações de experiências podem vir gradualmente, ou progredir gradualmente nos próximos, e ou pode se dar toda de uma só vez, simultânea e instantaneamente. Varia de pessoa para pessoa. Então deve ser iniciado o segundo processo, de reconhecimento disso, do que é isso e do que fazer a partir disso. Não é alguém dizer tudo isso, mas a própria pessoa ver, encontrar.

2. Um nível de vontade, ação e transformação - Bispo ou Cavaleiro.
Isto é uma iniciação real, científica, uma marca, se está em uma outra visão, outro platô de percepção, então surge uma nova atitude de vida, como um centro objetivo, ou como ideal perfeito, livre, cheio de conhecimento; surge não só o amor ao conhecimento, mas a este tipo de conhecimento e a vontade voluntária de buscá-lo. Deve notar que não busca mais para si, não é para a satisfação, é como uma sede, se busca a água para saciá-la, não porque se deseje ou goste ou queira para si a posse da água, mas por caus da sede, porque a água é uma necessidade vital. Assim torna-se esse conhecimento, uma necessidade vital, um prazer é água para o sedento, um prazer é esse conhecimento ao seu buscador. Mas ele não busca para si nem por uma razão ou propósito objetivo, ele busca como um sedento busca água, a água sacia a sede do corpo, esse conhecimento a sede da mente. 

Esse conhecimento é como água pura, para alguém que só tomou durante a vida água suja e misturada, água amarga, ele é como água mineral para a pessoa acostumada a essas águas impuras. Águas impuras que estás sempre consumindo e nunca soubeste o sabor da água pura , não é verdade? É verdade, a água que bebeste até hoje nunca saciou bem a sede, sempre foi mais ou menos um sacrifício encontrá-la e bebê-la. E esse encontro com tal fonte, com tal alguma, gera uma nova atitude de vida em que não mais se cultua o ego, a personalidade, não mais se busca conhecimento para o satisfazer o ego nem para a cultura da personalidade, pelo contrário, se descobre que essa personalidade é algo consumidor, trabalhoso, cansativo, tão cansativo como esse mundo inteiro que carregaste até então nas costas. Se descobre a falsidade dessa infinidade de objetivos, trabalhos, tarefas, como desvios do real. Se descobre que esse ego é falso, que não existe, é uma imagem sugadora a qual alimentaste a custa de esforço e sofrimento e tudo isso para nada, apenas para auto afirmar-se, sentir uma falsa segurança, uma pseudo sobrevivência e conforto, e para apresentar uma imagem aceitável ao que chamaste de sociedade. Então aos poucos se deixa, abandona, tal personalidade e seus elementos e se livra de tal ilusão de um ego pessoal ou natural ou permanente, etc. isto é a morte alquímica isto da início ao segundo processo, de transformação. Mas como e devido a que esse processo se realiza é que é o segredo...

Só que ao lado disso, uma das diferenças de nossas ordem é que desde o início a pessoa é orientada a descobrir por si mesma o propósito de sua vida, a sua verdadeira vontade, a fonte de sua vida, de sua individualidade, que lava à sua verdadeira satisfação, sua realização e sua felicidade. Na culminação desse processo ou em meio a ele essa descoberta pode correr, mas é rara ou então incompleta quando assim acontece, o que é mais comum, e vai se ampliando e clareando à medida que avança para o próximo nível. 

Nesse nível há uma parte toda dedicada a isso do início ao fim dele e sem essa descoberta ele não chega ao fim do segundo nível. Ela pode pode marcar o fim do segundo nível quando é completa. Mas também na passagem de um platô para outro naturalmente a experiência pode ser de tal força ou despertar que a pessoa descobre isso, e às vezes até sua fonte. isto é o que dá sentido à sua vida e a todo o seu trabalho espiritual daqui em diante. Se não acontecer essa descoberta no início do segundo nível ela com certeza surgirá em seu tempo no caminhar dos graus deste e se clarificará até o fim do segundo nível, quando surge uma intenção pura e um amor puro, uma compreensão e compaixão profundas da situação dos seres e de nosso aprisionamento e talvez também, para alguns, um vislumbre da saída dessa dessa limitação e como ensiná-la a outros.

Isto e as consecuções do segundo nível (não abordados completamente aqui porque são muitos aspectos) levarão seguramente ao terceiro nível, um nível onde a realização dessa vontade é levada a cabo em completa integração ao propósito supremo, a razão de sua existência, sua "missão" aqui agora, e um amor e compreensão dos seres e suas necessidades reais, numa sabedoria progressiva de como ajudar a si mesmo e aos seres.

3. Um nível de amorosa realização - Rei ou Rainha.
Pouco se fala do nível terceiro porque neste a pessoa faz seu próprio caminho, já sabe para onde vai e o que precisa fazer, neste podem continuar os estudos, mas é um nível de realização predominantemente. Aqui novamente a pessoa sabe que não trabalha para si, mas agora entende que está inserido numa ordem bem maior do que pensava, uma ordenação universal que vem desde o princípio e onde cada ser tem um papel a cumprir na eternidade em amor e liberdade. 

Se os outros níveis enfatizaram mais os aspectos da consciência e da vontade, não faltando porém o aspecto afetivo, neste nível, esse aspecto é mais enfatizado. O aspecto emocional, afetivo, amoroso, mas não é um aspecto de sentimento apenas como se pensa, e sim muito mais um aspecto de compreensão e aprendizado, amor, compaixão e suas ações efetivas. As pessoas pensam que amor é sempre um sentimento (ou até mesmo algo instintivo que não pode ser aprendido, ou, por outro extremo, algo maravilhoso e tão subjetivo que não pode ser definido), isto só prova a soberania da linguagem na nossa compreensão e na nossa vida, se conhecêssemos as formas de amor como em outras línguas teríamos concepções diferentes. Interessa-nos as definições gregas antigas das três palavras que se referem a amor, exatamente três tipos de amor: (1) filos, amizade sincera, simpatia amorosa, alegria simpatética...; (2) eros, atração sexual, amor sexual, paixão sexual, enamoramento...; e (3) ágape, amor incondicional, amor-bondade, amorosidade universal, compreensão simpatética (os três tipos só podem ser sentidos ao mesmo tempo e pela mesma pessoa numa relação de casal, essa também é uma das razões porque o simbolismo alquímico do casamento é tão importante). Este terceiro tipo precisamente precisa ser desenvolvido, aprendido e elevado aos níveis necessários, direcionados aos alvos corretos, portanto é algo que depende muito mais da atitude e da ação, e até mesmo da decisão para tal crescimento. 

Por esse aspecto ser enfatizado nesse nível podemos dizer que aqui a obra (e a ordem) é predominantemente filantrópica. E a maior caridade, o maior presente que se pode dar a outro é o caminho que liberta, que cura da cegueira e faz ver o caminho, a direção e o alvo, mas não esquecendo de ajudar em outros aspectos da vida também. Não quer dizer que nos outros dois níveis não haja essa filantropia, há, só que não é enfatizada dessa maneira nem tão utilizada no sentido de um desenvolvimento pessoal para uma comunhão universal verdadeira e muito maior do que se pensa nas religiões e filosofias, simplesmente porque a pessoa não está pronta, não compreende o que é necessário para isso, então veja que para que esta atitude se desenvolva é necessário um certo conhecimento específico. Assim o necessário para esse crescimento também precisa ser conhecido e praticado para que tal realização possa acontecer, e qualquer pessoa que não realizou esse caminho está bem longe de saber o que é isso de fato, e de realizar tal forma de amor. Lembre-se sempre da definição amor incondicional, isso significa, não importa o que seja, quem seja a pessoa, o que ela faça, o que ela lhe faça, que você a ama como se fosse sua mãe, filho ou cônjuge. Você acha que está pelo menos perto de ter em si esse amor? Se a resposta for sim, você está muito enganado, porque esse amor também trás não só uma profunda compreensão e compaixão, mas principalmente uma profunda humildade (e com isso o reconhecimento de que estamos longe). Então uma das características desse nível, além da completa realização dos desenvolvimentos e descobrimentos dos níveis anteriores é também um grau filantrópico e amoroso.

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