sábado, 1 de dezembro de 2012

SOBRE DIFERENTES NÍVEIS DE TRABALHO E DE ENTENDIMENTO


Em todas as fraternidades de iniciação verdadeiras existem três níveis de trabalho, um nível de ‘perda e ganho’, como já foi explicado, onde se adquirem conhecimentos e habilidades e se perde o grosso da “sujeira”. É a peneira, o nível mundano do trabalho. O próximo nível é o do abandono como explicado, desenvolvimento e esforço supra humanos, começa-se a se transformar num deva, um deus, um anjo, um “super-homem”, o além-humano, é o caminho supra mundano. O último é o nível da aceitação, já se procura agir como se iluminado fora (caso ainda não seja), até a iluminação: transforma-se a si e ao mundo, se está decidido a atingir a libertação.
Aceitação significa aceitar tudo incondicionalmente, aceita ao mundo, ao universo, às pessoas, às leis e a si mesmo, enfim, a tudo tal qual é ou aparenta ser; e transforma essa visão que temos de tudo, que é uma visão impura, em visão de pureza, transformado tudo no próprio Nirvana. Note que nessa aceitação, aceita-se também a si meso tal qual é, ou seja, com suas buscas, seus objetivos, suas lutas para mudar a si mesmo e ao mundo, seu trabalho, a grande obra, as verdades. Esse é o nível hermético (da transformação prescrita por Hermes) estado “pré-búdico” ou búdico (iluminação, estado de buda).
A essa altura já se deve conhecer a sua vontade e aceitá-la, bem como a sua imposição de cumpri-la. Esse nível é o da realização da mandala: transformar tudo o que é impuro em mandala, em ensinamento; transformar tudo o que é impuro em puro: ver o real poder, a real força (distorcida apenas em nossa visão) que está em todo e qualquer fenômeno. Ver o puro no impuro. Este é o mais difícil, até de explicar. Isto é muito difícil, pois é preciso ver realmente e o processo para isso pode ser muito complexo e exige muito estudo experiência e vontade, porém pode ser fácil de realizar para o praticante habilidoso e bem preparado nesse estágio.


ACEITAÇAUM parte1

Aceito o que vier
Mas aceito completamente
Aceito a chuva repentina
Aceito o bem que me fazem
E o bem que me querem fazer

Aceito o crime
Mas também aceito a minha própria indignação diante dele
E aceito o nosso esforço de melhorar a situação:
Aceito o assaltante que assassina alguém
Mesmo que seja apenas porque ele não levava dinheiro nesse dia
Mas também aceito a vontade de justiça e de mudar as coisas
Mas também aceito quando quero que ele morra ou apodreça na prisão

Mas também esqueço essas coisas
Pois não há motivo pra perder o controle
Aceito o mal que me fazem
E sinto-me grato por alguém livrar-me de algum karma negativo
Não que deva aceitar calado ou que não faça nada a respeito

Mas aceito esquecendo que existe culpado
Perdôo mas perdôo esquecendo
Se você não consegue esquecer é melhor ficar longe
Pois também não irá perdoar

Aceito a natureza humana
Não porque ela é “minha natureza”
Mas por que ela é meu karma
E de todos os humanos ao meu redor
Antes e depois de mim
(É o melhor que conseguimos)
E aceito o meu desejo de transcendê-la
E a frustração por muitas vezes não conseguir
Mas aceito a minha persistência de viver tentando e tentando...

Antonio Gonzaga em LIVRO 2 - REFLEXOS(ÕES) NUM ESPELHO AINDA ONDULADO (2007-2008)


UM FIM NIETZSCHIANO

Eu estou consciente agora
Mas eu vou acabar
Mas todos vão acabar
Mas tudo vai acabar
O universo vai acabar
Mas o universo vai reiniciar
Então eu estará um dia aqui de novo
Pensando sozinho e consciente
Tudo retornará de novo
Todos e eu
Eu não lembrarei disso
Eu estarei pensando isso
Como se fosse a primeira vez
Chorando...
Só resta uma solução
Eu aceito a humanidade
Eu aceito o mundo
Exatamente como eles são
Eu amo a humanidade e o mundo
Exatamente como eles são
E não apenas aceito e amo: eu quero
Eu quero assim...
[Eu aceito a mim mesmo
Exatamente como eu sou
Inclusive o meu desejo de mudar
Mudar a mim mesmo
Mudar o mundo
Eu aceito a minha natureza
Incluindo o fato de ir contra
O que ela não aceita
E de buscar poder mudar
E de aceitar o que encontrar
Eu aceito a natureza humana
E o meu ímpeto de transcendê-la
E a frustração quando não consigo
E a persistência de continuar tentando
Os espíritos fracos buscam apenas o que é prazeroso
Ou mesmo a dor
Ou apenas o que é útil
Ou só o descanso
Ou “a felicidade”
Sonham egoisticamente com o conforto
E a segurança que acham que não tem
E para terem objetos que acham que precisam
Para sempre se sentirem bem
Eu não busco mais a felicidade
Mas apenas minha obra
Tudo retornará de novo
E eu estarei aqui
Pensando isso como se fosse a primeira vez
Mas sabendo... Chorando...
De alegria

Antonio Gonzaga em LIVRO 2 - REFLEXOS(ÕES) NUM ESPELHO AINDA ONDULADO (2007-2008)

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