quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

As cinco vias eficazes 4 - Via Ethikae


As cinco vias efetivas

1. Via Ethikae

Uma via é a mais rudimentar, mas básica, a que parte dessa natureza ou do corpo, é chamada a via do esforço,  uns dizem "do mérito" ou "da força" ou "da vontade". Nós dizemos "do esforço" porque é a característica comum e predominante em todas as manifestações dessa via, seja isolada ou no meio de outras; seja expressa por pessoa ou grupos.

Mas ela também pode ser vista como a via da ética e nós assim também a denominamos, pois este esforço no final tem como justificativa uma (supostamente natural) justiça implícita, na qual se espera uma "natural retribuição" ou recompensa ou resultado bom, por atos considerados bons, e ou por atos considerados justos. Por isso esta também é a chamada via moral, apesar de estar, no mínimo, implícita em todas as outras vias, ela tem sido tomada ao longo da história, por alguns, como caminho por si mesma ou pessoal.

Apesar de partir do corpo, seja como atitudes, comportamentos, ou exercícios, e até formas simbólicas, disciplinas, ritualísticas em algumas ocorrências, etc., o objeto e o objetivo final é sempre moral. Espera-se que a tomada destes comportamentos, atitudes, práticas, traga certos benefícios para a pessoa, para os que convivem com ela, para o povo, e enfim, para toda humanidade ou seres em geral. Como a humanidade vive em corpos humanos e possui mente esta via deve estar pelo menos na base de todas as outras, pois é o corpo que se comporta em relação ao mundo, assim também a mente e todo comportamento é mental, mesmo os que são corporais partem da mente (e essa é apenas uma das razões porque também é chamada via do intelecto). E todas as outras vias possuem alguma disciplina, ainda que mínima, neste sentido.

Na visão filosófica a ética trás os benefícios de uma vida pacífica quando amplamente praticada e de civilizações justas. A nível transcendental e ou individual se prevê as vantagens da ética, que vão desde as mais próximas e óbvias, em suas relações interpessoais, até trancendentalmente, segundo as crenças de recompensa de leis naturais de retribuição, de seres espirituais bons ou de uma vida futura (após a morte) bem-aventurada. Seguramente temos num nível mais trancendente o resultado da desobstacularização das potências pessoais, do alcance da visão espiritual, do entendimento e da compreensão, que normalmente se encontram atrofiados ou impedidos por baixos sentimentos e paixões, pelos desejos, projetos e afazeres mundanos, etc., que consomem todo o tempo, energia e atenção da pessoa no mundo.

É nesta via que se encontram tanto os princípios morais, como toda disciplina, comportamento e psicologia. E é claro que todas as outras são vias contém alguma utilização desta via, quando não toda por completo. Por esta razão é dito que esta via é a que dá proeminência à disciplina e à vontade. Nesta via predomina thelema, vontade superior, intenção, decisão, mas também nela se encontram o intelecto também reforçado,  submetido a disciplina e treinamentos visando um objetivo. Thelema também é bem entendido como vontade de Deus, quando o indivíduo sede a serviço da vontade superior, por vontade própria, e realiza o propósito divino.

Os que seguiram esta via sempre esperaram redenção e ganhos através de seus próprios méritos e esforços e nisto consiste a maior precariedade dessa via. Esta é justamente sua limitação, pois se reduz ao máximo das capacidades humanas se bem treinadas (também ao máximo do treinamento). Pois por mais que nos esforçássemos, tanto nossos esforços têm limite, quanto tem limite o que pode ser obtido através de nossos esforços, quanto tem limite o tempo que podemos dedicar a cada um dos esforços necessários. Então os que propõem essa via como única cometem o erro de sempre projetarem suas esperanças muito além do que seria uma expectativa realista, prometendo benefícios distantes, que por mais longos que sejam nossos esforços, práticas e méritos, não poderiam nos levar lá.

Se bem usada e com equilíbrio esta via conduzirá em seu ápice a uma verdadeira transformação moral e geração de méritos, embora não suficientes para superar o condicionamento da mente a esta dimensão de realidade, mas podendo desenvolver capacidades mentais e alcance consciencial muito mais elevado que o normal. Isto ocorre primordialmente por eliminar vários dos obstáculos não só morais, mas principalmente que impediam a visão, o entendimento, a compreensão, a relação e o processamento das experiências comuns e de novas experiências que surgem a partir dessa expansão gradativa do campo de visão e dos concientizados da consciência. Em seu máximo ela apontará para a necessidade de se tomar o caminho central visto que mostrará claramente em alguma momento os três pontos acima citados, especialmente o terceiro, da necessidade e dependência de uma força e consciência superiores para levar a cabo todo o processo.

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