quarta-feira, 14 de março de 2018

A ORDEM NO MUNDO


A ordem se manifesta ao longo da história de várias maneiras, essas maneiras podem variar de uma época para outra ou lugar ou podem variar em um mesmo lugar e época se manifestando de formas diferentes de acordo com a necessidade e capacidade do ser humano. Ordem é uma lei invariável, mas ajustável como uma função matemática. Se houvesse uma rigidez de padrões ela não poderia penetrar no caos (pelas próprias naturezas muito diferentes das duas partes), mas há variáveis possíveis na função, e  existem valores fixos invariáveis. Estes últimos terão que compor um todo em algum momento na equação para que o resultado requerido seja alcançado, são como os números na equação, ou seja, que são todos os valores fixos, têm que estar presentes, como em uma equação matemática, para realizar toda a operação necessária.
Então existem três esferas de realidade nesse trabalho, uma constante, que contempla os valores invariáveis; uma relativa composta de várias variáveis possíveis, mas não infinitas obviamente; e um limite, que caracteriza a função, ele é uma relação fora do campo de influência variável, este é composto de variáveis possíveis, mas neutras, sem efeito, pois as variáveis relativas têm efeito apenas dentro de certos limites e operações, se elas por um lado tendem à máxima efetividade, por outro tendem à nulidade, quando uma variável atinge essa nulidade ela é neutra.
Para entender isso menos abstratamente temos: uma (1) realidade relativa; uma (2) realidade que não é relativa, sendo seus valores fixos e invariáveis; e um conjunto de (3) realidades que não influenciam, como variáveis neutras sempre (porém algumas outras a depender da relação, neste caso, se ela tem influência, então é ou se torna uma realidade do segundo tipo, relativa). O mesmo vale para valores culturais, morais, éticos, emocionais, etc., existem entre eles valores: (1) fixos e invioláveis, certos e errados, corretos, benéficos ou maléficos sempre e invariavelmente, independente de qualquer situação; (2) relativos, que dependem da situação, da causa, da motivação, das consequências, podendo ser certo ou errado, benéfico ou maléfico a depender da situação, enfim, das relações; e (3) neutros, que não têm influência nas consequências (morais, legais, factuais, histórica, éticas, emocionais, etc.), nem nas situações, nem nas relações, não constituem valores em si, nem em relação.
Isto aparentemente complexifica-se mais ainda quando tratamos de liberdade e consequências, sabemos que vivemos dentro de vários limites, mas também que temos muitas escolhas. Este modelo de universo que temos, por outro lado, é uma elaborada representação detalhada disso. Se tudo fosse relativo, não existiria de fato, não teríamos qualquer parâmetro sobre nada, nem direito a qualquer noção sobre coisa alguma, qualquer coisa poderia ser relativizado, inclusive esta noção. Mas dentro desse modelo de universo rapidamente podemos notar limites fixos, padrões, enfim, leis e constantes gerais e invariáveis, parâmetros sobre os quais podemos erguer definições, descobrir medidas, realidades e inclusive as próprias leis e prever certos resultados. E assim o que parece ao primeiro momento um conhecimento e aceitação de mais limites fixos revela mais liberdade, possibilidade, potenciais (que comumente são mal utilizados ou ainda nunca utilizados por nós).
Devido a isso não existem margens implacavelmente delimitadas, mas regiões fronteiriças onde uma natureza pode se comunicar com outra. Acontece porém, que essas margens estão muito distantes em relação a como somos, como vivemos, o que procuramos, o que queremos, como percebemos, como vemos, enfim, de como usamos nossas mentes. Nossas mentes, por serem dessa natureza, possuem duas características, uma que funciona bem e invariavelmente ordenada, e outra que que é totalmente desordenada, imprecisa, em confusão, em ignorância, não percepção. Esta é uma natureza caótica (que vem da palavra grega que significa confusão, desarmonia), sem acesso à natureza ordenada a não ser por dois expedientes, um temporário e outro definitivo, a saber, neutralizar a natureza desordenada da mente por tempo suficiente para a natureza ordenada tomar todos os processos (sensoriais, intelectivos, perceptivos, cognitivos, etc.) e ou purificar a mente de todos os processos corrompidos pela natureza caótica (isto também pode ser conseguido temporariamente, embora seja mais difícil) restabelecendo definitiva completamente a natureza original. Este segundo processo só acontece de forma gradual, o primeiro pode ser tanto gradual quanto instantâneo, mas seu resultado é bem mais limitado e passível de erro, enganos, interpretações erradas, etc.
Existem algumas maneiras de realizar o exposto acima. Ordem é a natureza original e todos os processos que à ordem aqui realiza são meios de estabelecer uma comunicação com a Ordem e de restabelecer a natureza original perdida e esquecida em todos que habitam qualquer nível dessa natureza caótica. Portanto, qualquer "comunicação" fora dos semelhantes processos ditos acima (com seres superiores, espíritos, mestres, extra-terrestres hiper desenvolvidos, anjos, etc.) está cientificamente fora de cogitação (se tratando quase que invariavelmente farsa ou engano), principalmente no cotidiano comum de nossas vidas . Se houver, se é que existe, alguma comunicação com seres de "outras dimensões", seriam seres de mesmo nível de natureza que a nossa. Tais "dimensões" não se tocam, e a natureza ordenada só se comunica com o ordenado, a natureza pura, original. O objetivo não é comunicação com "seres de outras dimensões" ou de outra natureza, mas precisamente de nossa natureza original. Nossa natureza original comunicar com a própria natureza de origem, restabelecer seu estado original e então sua habitação original, este é o fito. Para haver ou restabelecer certa comunicação ainda que num nível primário existem poucos meios, que são o que a ordem ensina, e é sempre preciso transformação pessoal, purificação (a não ser num primeiro momento por certo meio).
Em suas manifestações atuais nesse mundo a ordem propicia uma preparação para todo aquele que dela se aproximar com a intenção de ver de fato e ou a intensão do conhecimento da Verdade. Este é um desenvolvimento objetivo que envolve estudos, práticas e comportamentos, tanto num receituário geral, como num particular de acordo com a necessidade de cada estudante; tanto interna como externamente, principalmente uma educação na maneira de ver, de perceber e critérios de observação.
Particularmente em nossa atuação denominada F.I.T.O. o método hermético tradicional de transmissão é mantido: a transmissão é de professor a estudante, direta e particular. Durante essa transmissão a mente do estudante recebe a influência das informações do professor em seu intelecto, como em qualquer curso normal, e as influências da ordem no processo do entendimento e visão correta, daí a importância do contanto direto, das correspondências e das leituras, durante os quais a mente em sua forma desorganizada de pensar e de sintonizar níveis de entendimento é levada a sintonizar de forma cada vez mais harmônica e corretamente em níveis organizados e diferentes platôs de entendimento e de significação, tanto das informações quando da visão das realidades. 
Desde aí então alguns poderão querer conhecer a Verdade completamente, alguns descobrirão que foram destinados a esse fito, todos estes verão que é assim também para que possam ensinar e libertar outros, especialmente àqueles de difícil acesso, então o modo de ensinar não é sempre o melhor, mas aquele que seja necessário para alcançar a essência de cada um que esteja fora do alcance e conduzi-lo até a porta.
Então por que hermético? Porque é para quem precisa que seja assim. Existem outras manifestações que não são, em cujo progresso se dá de outra forma, depende da necessidade das pessoas. E existiram algumas muito esotéricas, esotérico só significa hermético, secreto, particular: que há um círculo interno ao qual só têm acesso os graduados do círculo mais exterior. Não há qualquer coisa de misterioso nisso, é o comum, ou alguém pode fazer doutorado em engenharia sem nunca ter estudado engenharia? Obviamente que não, não está preparado, não conseguiria tratar nem dos cálculos mais básicos e se alguma pessoa despreparada conseguisse um diploma de doutorado dessa forma seria um perigo para quem vai construir alguma coisa projetada por essa pessoa. 
Quando se lida com perigos aumentam as responsabilidades, "com poderes vêm responsabilidades", quando se trata de algo muito difícil de se mostrar, que só se mostra individual e particularmente, qualquer forma de demonstrar a outro certamente não passa de truque, enganação, hipnose, fraude, etc.. Então para que falar o que não pode ser demonstrado, que só pode ser individualmente vivenciado? Falar, como e o que, vai interferir nos resultados, ou induzindo a crê-lo ou a descrê-los, ou a interpretações erradas de experiências. Ordem é discreta, se ela se mostrasse e todos tivessem acesso, muitos se conformariam em ter acesso a duas naturezas e continuariam cultivando a natureza corrompida se perdendo completamente afinal. Tudo que a ordem mostra aqui é no máximo uma harmonia temporária, tudo aqui é temporário. Nós também podemos criar momentos mentais assim, mas sempre fugazes. Pensando desse modo podemos todos refletir na nossa finitude atual e buscar a realidade verdadeira e infinita da nossa consciência original.

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