terça-feira, 15 de agosto de 2017

Dois Caminhos ou Um so Caminho? (Atualizado)

OS DOIS CAMINHOS

Existem duas tendência gerais dos seres humanos que aqui agora chamaremos de dois caminhos para a libertação. Um caminho é o da mente e outro do coração, alguns dizem. No ocidente há essa separação teórica, mas no oriente se fala de mente-coração. Mente e coração na verdade como uma mesma coisa, que se situa entre a alma (psique) e o espírito (pneuma, onde está o nous, a consciência). O correto não é dizer que existem dois caminhos, o do intelecto e o da emoção. Isto significaria no máximo corretamente dizer um mais intelectual e um mais emocional. Alguns dirão emocional superior e intelectual superior, mas o fato é que este “superior” é algo distante de nossa capacidade comum, portanto temos que nos esforçar muito ou ter meios hábeis de atingi-los, se diz. Porém não vem ao caso dividir agora didaticamente em inferior ou superior, mas somente a questão do atingir algo bem superior, além da aparência, da copia inferior.
Para atingir este estado superior a emoção ou o intelecto devem ser usados. No passado houve uma rigidez no sentido de ter que escolher um ou outro para se dedicar inteiramente. Pois antes se raciocinava que o ser humano só pode ser uma coisa ou outra, não se exergava a multiplicidade humana nem suas mútiplas capacidades inatas que só estão carentes do estímulo correto para aparecer ou se desenvolver, não consideravam que o ser humano é paradoxal, não sabiam que a realidade mesma é paradoxal (coisa que só nós até agora decidimos assumir e explicar em detalhe).
Isto gerou "caminhos" aparentemente inconciliáveis e as dicotomias a que ainda estamos acostumados como “fé e razão”, “religião e ciência”, “exoterismo e esoterismo”, etc.. Todas essas ideias só dividem o ser humano dentro de si e na sua relação com os outros, esquecem que cada um é uma unidade, e que o ser humano é uma unidade de multiplicidades, que contém tudo isso. Desconhecem que não necessitamos de uma suposta coerência entre nossos diferentes papeis e sistemas de idéias e de crenças, assim como não precisamos reforçar uma capacidade e a bandonar outra. Não vem ao caso se estender também sobre toda essa bobagem já superada para os bem esclarecidos, mas deve-se avisar que para a grande maioria das pessoas isto continua sendo algo inconciliável, seja por desconhecer a ciência antiga e sua evolução, seja por falta de experiência. Entretanto hoje podemos perguntar: e por que não usar os dois caminhos?
Hoje temos mais tempo para nós mesmos, embora se pense o contrário. Se formos inteligentes ou organizados podemos obter bem mais benefícios trilhando os dois caminhos, ou melhor, utilizando as duas cacidades e conciliando as duas habilidades.
Agora sim, vamos abordá-los didaticamente em separado após esses avisos. No caminho do intelecto estão as ciências, a filosofia, o ocultismo, o esoterismo, o hermetismo, a matemática, etc.. Portanto é o caminho da razão, da análise, da intelecção, da meditação, do controle mental. No caminho da emoção estão a religião, as artes, o misticismo, o exoterismo, o “acaso” (a probabilidade), a fé, etc.. Portanto é o caminho do irracional, do emotivo, da emotividade,  da oração, da devoção. Por que não unir os dois? Este sim é o caminho do coração. O caminho do silêncio interior, onde estão as respostas.
Devemos ser como serpentes e pombas ao mesmo tempo se almejamos eficácia, a superação, a liberdade; unir sabiamente as duas práticas, os dois caminhos, os meios de vida e de atingimento. Aprender a meditar desde já e se já suspeitamos sobre a existência de uma superioridade bem acima de nós como não poderíamos almejá-la? Como não poderíamos nos enamorar por ela? Como poderíamos não amá-la? O amante se apaixona pelas formas perfeitas de sua amada sem conhecê-la em sua personalidade completa, sem ver suas imperfeições; a amante venera a personalidade do amado como se o conhecesse, vê em seus gestos e gentilezas os sinais da perfeição que apenas imagina. Como não nos enamorarmos da perfeição do que é muito superior a nós mesmos em razão, beleza, pureza e amor? Isso mesmo quando apenas temos uma idéia inicial dela.
Meditar é conhecer a consciência pura, perfeita, é unir-se à verdade, ao conhecimento. E como não querer e amar a verdade? Ora, estando submerso na ilusão e na mentira! Venerar o que é superior, ter o verdadeiro sentimento de devoção a quem e ao que merece ser adorado é do mesmo modo veículo de união. Àquilo que você ama você quer estar unido, e você não quer se unir ao que não ama. Mas como amar aquilo que não conhece? É preciso conhecer, é preciso investigar o divino, para conhecê-lo. E Deus quer ser conhecido! 
Como usar os dois modos e como uni-los em um só coração? É o que queremos fazer, é o que estamos tratando agora. Religião significa reunião, significa religar. Ciência significa saber, ter ciência, estar ciente, consciente. Todas essas ideias juntas remetem à ideia de unidade, de despertar, estar ciente do todo que é. Não isolado no nó, não limitado à uma trama, mas livre, significa: na rede toda... É isso que estamos fazendo. E o modo de fazer isso é uma das coisas que estudamos, praticamos e ensinamos.
Ao vê-las funcionando, estas supostas polaridades contrárias no coração, em todas as suas partes temos uma síntese sendo construída em nós, uma união de alma e espírito, uma construção de uma ponte consciente, uma consciência sendo tomada, despertada, unindo mente e consciência. Só quando as vivenciamos isto é que percebemos se tratar de coisas similares ou complementares ou iguais; quando não vivenciamos fazemos uma análise superficial e nos perdemos nas aparências, nas opiniões e nas especulações seja da mente, seja dos sentimentos, seja de ambos. Mas que ironia: para vivenciarmos é preciso nos envolver...

PRÁTICA
Ao sentar, deitar, andar, etc. em meditação esteja "enamorado" pelo seu objetivo, pelo objeto do conhecimento. Sentar com reverência, declamar com reverência, orar com amor; como a amante quer se unir ao amado e ser um com ele, ser um todo com ele, entregar-se a ele, num êxtase divino. Adorar o divino, infinito, o Eterno, o Onisciente, a verdadeira realidade, que nos vivifica, que vê através de nossos olhos e de nossa mente-coração, aquele que é... Que sonda os corações, que está consciente de nossas consciências...
Permaneça aí, ficar assim, contemplando a consciência disso. Quando já esriver consciente da presença de Deus. Mas se não consegue sentir isso, ter consciência disso, ou só apenas saber por ouvir ou ler ou ser convencido, começe declarando essas características (vida, Luz, consciência, infinito, Criador, Eternos, Onisciente, Onipresente, Onipotente...), pedindo e declarando esse amor, sensação e certeza, a presença, vivificando, vendo através de seus olhos. E esta presença por si só se demonstrará, pois Deus é onipresente.

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