terça-feira, 15 de agosto de 2017

Religião e Morte (parte 1)

Religião no sentido de religação também é um jeito de lidar com a morte. A morte é como ser desligado (desligado em vários sentidos e de várias coisas). A religião é uma busca de alguma forma de religar. Religar a consciência individual a algum objeto ou alguns ou a todos os objetos de consciência. As religiões primitivamente surgiram em torno dessa necessidade humana, de saber lidar com a morte dos outros e com a morte própria.
As religiões ditas mais avançadas, ou, melhor dizendo, as mais complexas e as mais elaboradas também têm essa ocupação. Em todas as religiões questões como propósito da vida e sua continuidade são encontradas com mais ou menos ênfase.
A morte e o morrer pode ser apontado tanto como nascedouro, quanto como fim ou propósito da investigação e elaboração religiosa, isto sem qualquer excessão apesar das diferentes acepções e concepções do que seja o estado pré vida e pós morte e dos seus propósitos e resutados.
Esta questão é o centro de todas as religiões embora se apresente de forma diversa. Podemos generalizar ainda mais esta busca fundamental demarcando-a ou dividindo-a, de forma didática e compreensível à mentalidade atual, em três questões fundamentais: (1) a questão da origem da experiencia; (2) a questão da vida e do modo do viver para um momento seguinte, nesta ou em outra vida, em que se colhe um resultado e (3) a questão do fim e do propósito tanto individual quanto universal.
A questão da origem diz sobre desde a origem da consciencia individual somente, em algumas doutrinas, até na origem de tudo ou mesmo da própria origem no caso de outras. São relativamente poucas as religiões que valorizam a questão da origem da experiência acima das outras duas questões. A questão da vida e do viver e o centro de quase toodas as religiões apesar que sempre visando um fim ou resultado e um modo de vida coerente com esse. São muitas as religiões e sub divisões de algumas religiões que colocam acima de tudo o modo de vida. A questão do fim, resultado e propósito é, sem sombra de dúvida, a questão colocada mais enfaticamente pela grande maioria das religiões como primordial. Ela trata do que ocorre como resultado da vida religiosa nesta e em outra ou outras vidas. Dela depende a resposta do "para onde iremos?". Portanto, e isso podemos observar claramente, a questão do que ocorre após a morte é, velada ou expicitamente, a questão que fundamenta e justifica todas as religiões.
Uma religião ideal talvez devesse manter um sadio equilíbrio entre as três questões, mas a transitoriedade da vida sempre esbarrara nem que seja num último momento na questão da morte. Portanto a morte é uma questão que vale a pena nossos esforços científicos e investigativos na arte de elaborar nossa própria religião dentro de nossa cosciência (seja uma religião pessoal ou alguma ou algumas que seguimos). Qualquer atividade na vida sucita a questão do propósito e seria difícil justificarmos algum tipo de atitude ou doutrina sem nenhum propósito. Portanto a questão do propósito (individual, da vida, do universo, existência, de Deus, etc.) é a primícia de nosso esforço, é o alicerce sobre o qual se pode erguer a construção religiosa.

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