F.I.T.O.
significa Fraternidade Iluminística dos
Templários do Oriente.
Internamente
ela pode ter ainda dois outros significados. Deles podemos dizer que fito
significa alvo, desígnio, finalidade, intenção. Aqui também é, mas é mais que
isso; é a flecha, o atirador e o próprio alvo no mesmo momento, é ainda o
espaço cruzado pela flecha que une a todos, que está em todos; é o raio
composto de três fases que se eleva da terra até as nuvens, com tal força e
destino certo que é impossível que não atinja o alvo (isto é um “mistério”
muito importante da nossa ordem, que será explicado ao que estiver preparado
para essa graduação).
Fraternidade significa o que já foi explicado anteriormente mais esta nova
compreensão. Através dessa segunda acepção de fraternidade,
como um todo e que engloba também o que está aparentemente fora e distante
(como a flecha, o ar e o alvo aparentemente estão fora do arqueiro, e, o alvo, a
iluminação, que embora presente, é visto como distante) o
trabalho ganha uma força muito grande a partir do momento que é compreendida e
que se trabalha conforme essa nova compreensão. É uma fraternidade como já foi
explicado, mas aqui já de amigos companheiros de caminho (não necessariamente
somente os da ordem) que podem também trabalhar juntos e dividir tarefas. Agora
começa o momento de não mais trabalhar sozinho nem apenas para si, mas para
cumprir o seu papel no grande Obra, o desígnio de sua existência, que resulta
em um bem para todos, que equilibra a equação de todo universo. Ser fraterno
envolve dois sentidos de amor: philus e Ágape.
É iluminística nos
mesmos sentidos que já foram explicados no caso da O.I.T.O.. Mas aqui vamos
enfatizar que a luz também é “dirigida para fora”, ou melhor, ela procura
abranger o todo e atingir todos os seres. A palavra “iluminística” pode causar
algumas confusões, de acordo com o modo como alguns a entendem, mas ela
desperta menos confusão do que a palavra adequada aqui que seria “dos
iluminados” (ou como se dizia antigamente illuminati) ou ainda pior, se fosse
chamada “luciférica” (que emite luz), que causa confusão com o nome Lúcifer
(nome que significa o mesmo, ou seja, portador da luz ou aquele que trás ou
emite a luz, pois agora como portadores de alguma luz vamos trazer a luz às
trevas, ou seja, como no mito de prometeu traremos o fogo, a “chama sagrada”, a
luz ao mundo). No entanto, aqui a palavra “iluminados” se referiria ainda de
forma indireta, àqueles que foram esclarecidos dos mistérios fundamentais, não
ainda como na O.I.T.O., se referindo à ordem interna que posssui verdadeiros
iluminados. Não usamos esses outros nomes também porque esses dois mitos
(lúcifer e prometeu) estão demais encobertos pelas superstições judaico-cristãs.
No caso do ocidente cristão, por exemplo, que encobre até o seu princípio
básico, o chrestus ou cristo, a verdade sobre nosso “cristo interno”. Se os
cristãos ocidentais distorcem o sentido da palavra que dá nome a religião,
imagine o que podem fazer com nossas palavras, ainda mais se forem próximas a
algum termo que consideram pejorativo. Assim precisamos deixar claro o sentido
da palavra “iluminística”, ela tem três sentidos: (1) que é uma fraternidade
que tem como meta última a iluminação, o despertar, a libertação, a
hiperconsciência, o Nirvana, e seus membros se ajudam mutuamente neste sentido;
(2) os membros da fraternidade se preparam para serem luzeiros no meio da
multidão às escuras, serem transmissores do ensinamento, da medicina, da
sabedoria e da profunda paz que vem como resultados da prática e do estudo
desses ensinamentos; e (3) assim como uma só chama pode acender milhares de
velas e até queimar o mundo, assim como uma simples chama põe fim a trevas
milenares por mais escuras que sejam, pequenas fagulhas de luz aqui e ali podem
resgatar da escuridão seres que vagam em busca da luz por vidas e vidas, bem
assim é nosso dever estar atentos e usar nossa ciência para o bem de todos os
seres, tanto no sentido prático como no sentido de esclarecimento público, na
divulgação de nossa ciência, de nossos princípios, de nossa metodologia. Ser
iluminado no sentido maior é ser desperto e num sentido menor é ser esclarecido
pela ciência do que está oculto, pela ciência dos ministérios dos universos e
dos seres. Iluminístico envolve a busca e a realização de duas espécies de
conhecimento: a gnosis (a iluminação, o despertar, o conhecimento direto de
Nous) e esclarecimento (o saber intelectual e a sabedoria, que envolve a
experiência e a maturidade).
Dos Templários se refere ao que foi anteriormente explicado adicionando aqui o
que é próprio dessa etapa que é a preparação do templo físico e mental. É certo
que antes já estávamos fazendo isso, mas agora de modo muito mais aplicado,
consciente e metódico. É como uma construção em que na primeira etapa estamos
estudando os projetos e desenhando as plantas, então escolhemos a arquitetura
de acordo com nossos objetivos, aptidões e necessidades, compramos os materiais
e fazemos o alicerce; em seguida vem esta etapa em que realmente começamos a
edificação propriamente dita, a casa, o templo, que receberá o sagrado.
Estaremos de fato recebendo mais claramente o que é divinal, executando a
verdadeira vontade e em comunicação com a fraternidade da Luz. Devemos preparar
nosso corpo e nossa mente a essa comunicação, e começar a ouvir a verdadeira
voz de nosso interior que em sua linguagem silenciosa nos conduzirá a desvendar
os mistérios e nos levará por caminhos justos que são adequados a nós. Para
isso precisamos desenvolver a capacidade de também silenciarmos para entrarmos
em sintonia com essa vibração superior, como um rádio, que sintoniza em cada
canal ondas de comprimento diferentes, e transformando as ondas de rádio em
ondas sonoras podemos compreender o que está no ar naquela estação. Devemos
purificar nossa mente, só assim os produtores de ruído, do barulho interior
desaparecerão e ou obedecerão nossa vontade quando quisermos silenciar, só
assim os obstáculos que nos fazem delirar, sofrer e cometer erros deixarão
espaço para alguma paz e quietude interior, ações consequentes e adequadas, e a
percepção das verdades profundas que não estão escondidas, mas que esses
obstáculos interiores ocultam de nós. Estes e outros desenvolvimentos de
habilidades mentais são requeridos.
Devemos
desenvolver o corpo; ter saúde (que não significa simplesmente ausência de
doença nem por outro lado imunidade completa a qualquer doença), vencer a
decrepitude que inicia seu processo silencioso depois dos 30 anos de idade, ou
antes; ter energia suficiente e de forma equilibrada; vencer não só a doença, mas
também o cansaço, a preguiça, o torpor, a indisposição, a falta de vontade
física, a falta de concentração devido a desequilíbrios físicos e tensões
desnecessárias, entre outras tantas limitações que constituam obstáculo à
prática, e também à vida em geral. Devemos desenvolver e aguçar os sentidos
também em seu aspecto físico e também através do aprendizado, assim como um
músico bastante experiente consegue ouvir todos os naipes de uma orquestra
enquanto o ouvinte não educado musicalmente apenas pensa que consegue; saber
distinguir as notas e os acordes e até reproduzir cada uma das melodias
separadamente. Do mesmo modo devemos distinguir os “sons” da linguagem da
natureza, do universo e do que é puro, divinal; e quando tais vozes no caso da
natureza, dizem verdades ou enganam os sentidos; “ouvir” as partes da sinfonia
do universo que ecoa em cada instante toda sua história e através das mesmas
leis repete cada vez em menor escala o que já realizou em escala maior; devemos
aprender a ver suas sucessivas divisões e reproduções assim como ouvir aquela
sabedoria que só se manifesta no absoluto silencio; descobrir aquele prazer,
indescritivelmente maior e mais sublime, que nasce da renúncia e o amor que só
se manifesta na solidão. Assim um corpo sem determinadas habilidades e sem
aprender e desenvolver certas capacidades não pode receber o sagrado. Pior
ainda um corpo que é veículo de fala e ações vergonhosas, violentas ou
criminosas ou mesmo ações que não nos envergonha (até por nossa falta de
critério e discernimento correto), mas que envergonhariam os sábios é um corpo
menos apto a captar as vibrações que provém do que é superior no universo e das
inteligências mais elevadas que as nossas. Nós só ouvimos e vemos o que
queremos e ao que nos abrimos e tentamos captar (fora isso resta apenas algo
instintivo da atenção, um estado de alerta apenas na medida para evitar grandes
perigos ou agressões). Essa capacidade seletiva quase nunca é consciente e
voluntária, por isso precisamos aprender a controlá-la também de modo a ver
mais, ouvir mais, entendem mais aquilo realmente precisamos ver, ouvir, saber. E
assim começarmos a nos tornar realmente mais compreensivos e mais inteligentes.
Outras maneiras através de palestras, sermões, penitências, submissão, sacrifícios,
pagamentos, tratamentos, etc., como fazem as igrejas de fanáticos e os
comerciantes de “saberes científicos e psicológicos”, são pura balela,
comércio; são os “que matam a alma” e levam-na ao inferno aqui agora ainda
sentindo um gostinho de certa superioridade ou de ter se tornado uma pessoa
melhor. Tais empreendimentos só têm ainda algum valor em nosso mundo por sua
grande função social de tirar das vias do crime e das más ações muitos néscio,
os psicopatas, criminosos, gananciosos, assassinos, estupradores, viciados,
etc.. Nosso cérebro deve se desenvolver de tal forma que possa processar certos
tipos de informações que pareceriam cálculos insolúveis para a inteligência
normal. Exatamente para isso usamos um procedimento alquímico poderoso e
misterioso que alterará não apenas nossas sinapses neuronais, aumentando-as,
mas também potencializará geometricamente a comunicação entre os dois
hemisférios cerebrais despertando percepções e aptidões excepcionais e inimagináveis.
O “T”
significa também Thelêmica como
já foi explicado anteriormente, mas aqui há mais: quando o alvo e a metodologia
são a liberdade não pode haver um só caminho para todos, mas em última análise
um caminho para cada um e cada um deve descobrir ou criar, abrir seu próprio
caminho. Aqui o professor se torna um facilitador, um guia que já sabe abrir ou
indicar caminhos. Nessa acepção também surge o símbolo do “mestre” (significado
real: instrutor-educador-pai), pois, como nas artes marciais, o professor deve
ser um exemplo presente do caminho e procurar simbolizar no mundo aquele mestre
que o iniciado descobrirá “dentro de si”. Uma vez descoberta a vontade é
preciso colocá-la em ação. Um estudioso thelêmico deve cumprir o que determina
a sua vontade, ou seja, depois de descobrir com plena certeza sua real vontade,
a razão pelo qual ele veio à existência, ele deve cumpri-la, realizá-la,
colocar tudo em sua vida no caminho dessa realização, em direção a ela, de modo
a colaborar com ela. Ou seja, outro caráter estudante thelêmico é descoberto, a
descoberta da liberdade possível, e por outro lado de que cumprir o seu dever,
ou seja, sua vontade, é sua maior liberdade aqui agora, é a tomada da
responsabilidade e do caminho por parte do iniciado. Ele descobrirá o tal
imenso prazer e senso de liberdade quando está agindo no cumprimento dessa
obrigação, desse dever, o de realizar seu fito, o proposito de sua existência,
sua verdade, sua vontade.
O “Thelêmica”
agora se entrelaça com o “dos Templários”, pois o corpo-mente se torna o
“Templo do Senhor”, ou seja, o veículo a serviço do Senhor, do verdadeiro ser
que lançou sua consciência neste animal no mundo, emprestou sua consciência a
ele (o animal é o nosso corpo-mente mortal e a nossa consciência a dele), é quando
purificamos nossa mente ao ponto de ouvir sua voz e fazer sua vontade, não mais
seguir os impulsos animais, mas os do Senhor do Templo, da chispa divina que
habita em nós e que é toda nossa realidade verdadeira, tudo que de fato
realmente nós somos. Assim o corpo se tornou “a casa de Deus”, e não mais somos
“filhos do diabo”, mas do “nosso Pai que está nos céus” ou falando de modo mais
claro, quando o Buddha-dhatu, a natureza de buda, potencial em nós, foi
despertada, quando seguimos não mais a “natureza corrompida”, mas a nossa
verdadeira natureza, a natureza de buda. Que grande prazer há então em fazer a
nossa vontade! Isto é um processo que incia com a purificação e os primeiros
lampejos do despertar, durante a meditação, e que culmina em um despertar
completo, a iluminação, o “eu e o Pai somos um”, a nossa consciência após
ter-se descoberto como a consciência única, Adi-Buddha, une-se a ela: o
Buddha-dhatu e o Adi-Buddha se descobrem com sendo um e o mesmo. Explicando
ainda mais sucinta e claramente: a consciência individual participa da
consciência absoluta, total, de forma consciente. Isto é a iluminação, isto é o
despertar real.
Esta
liberdade descoberta no início do processo não pode ser uma desculpa para
licenciosidade (nem confundida com), mas é justamente o oposto disso, essa
liberdade consiste em cumprir o dever, que é descoberto como um novo, maior e
melhor prazer, mais sublime e universal. Ele se descobre uma estrela, mas num
céu aparentemente infinito cheio de estrelas. Primeiro vem a compreensão disso
com o ver no outro a plena possibilidade de se tornar um iluminado nessa ou
noutra vida, depois vem a visão clara de que o outro já é uma estrela, apenas
pode não ter descoberto, pois todos têm sua própria vontade e limitações kármicas,
assim também têm suas próprias necessidades que nem sempre nos parecerão
coerentes, mas devem ser respeitadas desde que não nos prejudiquem ou a outros.
Quem entende a lei da vontade entende perfeitamente que sua liberdade não deve
interferir contra a de outros. Isto é um assunto delicado e difícil de ser
compreendido sem a devida experiência. Todavia podemos entender por thelema
inicialmente como sendo o chamado para que o ser humano assuma a plena
responsabilidade por sua vida, por suas decisões e também pelas consequências
delas. É também e acima de tudo a responsabilidade por seu próprio
desenvolvimento, autoconhecimento e libertação; é a tomada de direção rumo à
descoberta do objetivo central de sua existência, o verdadeiro significado de
liberdade. Significa assim um poder, uma decisão e uma força.
E
aqui mais uma vez como em qualquer ordem thelêmica (antiga, medieval ou nova;
falsa ou verdadeira; oriental ou ocidental; rosacruz, gnóstica, tântrica ou
yogi) a descoberta da vontade passa por métodos orientais principalmente. Por
isso mais uma vez o “O” comtempla todos os significados delineados
anteriormente e enfatiza aqui mais uma vez o significado de “Orientalistas” ou “Orientais”. Em nossa ordem a verdadeira vontade é descoberta exclusivamente
através de métodos orientais como
a meditação, exercícios e ritos específicos, visualizações e outros tantos
mais. Embora possamos até utilizar algumas vezes métodos e ritos ocidentais
(somos livres para isso), mas não os utilizamos para descobrir a vontade ou a
iluminação ou o caminho para elas (também se deve ressaltar que o candidato
pode descobrir sua vontade a qualquer instante, inclusive durante práticas
ocidentais, não que necessariamente a prática o tenha levado a isso; também
muitas vezes a pessoa apenas acha que descobriu sua verdadeira vontade, por
isso uma experiente e madura orientação é requerida sempre). Isto quer dizer
que não descobrimos a vontade por modos indiretos, não é por intervenção de
seres outros ou por ouvir suas palavras ou inspirações, nem pelos processos
ocidentais tais como cabala, tarô, runas, numerologia, astrologia ou qualquer
artifício ou oráculo, diferente do conhecimento direto, pessoal, restrito ao
indivíduo em seu autodescobrimento e autoconhecimento. Nós ensinamos a
candidata descobrir, não descobrimos por ela.
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