quinta-feira, 8 de outubro de 2015

F.I.T.O. (Manifesto Parte 2)


F.I.T.O. significa Fraternidade Iluminística dos Templários do Oriente.
Internamente ela pode ter ainda dois outros significados. Deles podemos dizer que fito significa alvo, desígnio, finalidade, intenção. Aqui também é, mas é mais que isso; é a flecha, o atirador e o próprio alvo no mesmo momento, é ainda o espaço cruzado pela flecha que une a todos, que está em todos; é o raio composto de três fases que se eleva da terra até as nuvens, com tal força e destino certo que é impossível que não atinja o alvo (isto é um “mistério” muito importante da nossa ordem, que será explicado ao que estiver preparado para essa graduação).
Fraternidade significa o que já foi explicado anteriormente mais esta nova compreensão. Através dessa segunda acepção de fraternidade, como um todo e que engloba também o que está aparentemente fora e distante (como a flecha, o ar e o alvo aparentemente estão fora do arqueiro, e, o alvo, a iluminação, que embora presente, é visto como distante) o trabalho ganha uma força muito grande a partir do momento que é compreendida e que se trabalha conforme essa nova compreensão. É uma fraternidade como já foi explicado, mas aqui já de amigos companheiros de caminho (não necessariamente somente os da ordem) que podem também trabalhar juntos e dividir tarefas. Agora começa o momento de não mais trabalhar sozinho nem apenas para si, mas para cumprir o seu papel no grande Obra, o desígnio de sua existência, que resulta em um bem para todos, que equilibra a equação de todo universo. Ser fraterno envolve dois sentidos de amor: philus e Ágape.
É iluminística nos mesmos sentidos que já foram explicados no caso da O.I.T.O.. Mas aqui vamos enfatizar que a luz também é “dirigida para fora”, ou melhor, ela procura abranger o todo e atingir todos os seres. A palavra “iluminística” pode causar algumas confusões, de acordo com o modo como alguns a entendem, mas ela desperta menos confusão do que a palavra adequada aqui que seria “dos iluminados” (ou como se dizia antigamente illuminati) ou ainda pior, se fosse chamada “luciférica” (que emite luz), que causa confusão com o nome Lúcifer (nome que significa o mesmo, ou seja, portador da luz ou aquele que trás ou emite a luz, pois agora como portadores de alguma luz vamos trazer a luz às trevas, ou seja, como no mito de prometeu traremos o fogo, a “chama sagrada”, a luz ao mundo). No entanto, aqui a palavra “iluminados” se referiria ainda de forma indireta, àqueles que foram esclarecidos dos mistérios fundamentais, não ainda como na O.I.T.O., se referindo à ordem interna que posssui verdadeiros iluminados. Não usamos esses outros nomes também porque esses dois mitos (lúcifer e prometeu) estão demais encobertos pelas superstições judaico-cristãs. No caso do ocidente cristão, por exemplo, que encobre até o seu princípio básico, o chrestus ou cristo, a verdade sobre nosso “cristo interno”. Se os cristãos ocidentais distorcem o sentido da palavra que dá nome a religião, imagine o que podem fazer com nossas palavras, ainda mais se forem próximas a algum termo que consideram pejorativo. Assim precisamos deixar claro o sentido da palavra “iluminística”, ela tem três sentidos: (1) que é uma fraternidade que tem como meta última a iluminação, o despertar, a libertação, a hiperconsciência, o Nirvana, e seus membros se ajudam mutuamente neste sentido; (2) os membros da fraternidade se preparam para serem luzeiros no meio da multidão às escuras, serem transmissores do ensinamento, da medicina, da sabedoria e da profunda paz que vem como resultados da prática e do estudo desses ensinamentos; e (3) assim como uma só chama pode acender milhares de velas e até queimar o mundo, assim como uma simples chama põe fim a trevas milenares por mais escuras que sejam, pequenas fagulhas de luz aqui e ali podem resgatar da escuridão seres que vagam em busca da luz por vidas e vidas, bem assim é nosso dever estar atentos e usar nossa ciência para o bem de todos os seres, tanto no sentido prático como no sentido de esclarecimento público, na divulgação de nossa ciência, de nossos princípios, de nossa metodologia. Ser iluminado no sentido maior é ser desperto e num sentido menor é ser esclarecido pela ciência do que está oculto, pela ciência dos ministérios dos universos e dos seres. Iluminístico envolve a busca e a realização de duas espécies de conhecimento: a gnosis (a iluminação, o despertar, o conhecimento direto de Nous) e esclarecimento (o saber intelectual e a sabedoria, que envolve a experiência e a maturidade).
Dos Templários se refere ao que foi anteriormente explicado adicionando aqui o que é próprio dessa etapa que é a preparação do templo físico e mental. É certo que antes já estávamos fazendo isso, mas agora de modo muito mais aplicado, consciente e metódico. É como uma construção em que na primeira etapa estamos estudando os projetos e desenhando as plantas, então escolhemos a arquitetura de acordo com nossos objetivos, aptidões e necessidades, compramos os materiais e fazemos o alicerce; em seguida vem esta etapa em que realmente começamos a edificação propriamente dita, a casa, o templo, que receberá o sagrado. Estaremos de fato recebendo mais claramente o que é divinal, executando a verdadeira vontade e em comunicação com a fraternidade da Luz. Devemos preparar nosso corpo e nossa mente a essa comunicação, e começar a ouvir a verdadeira voz de nosso interior que em sua linguagem silenciosa nos conduzirá a desvendar os mistérios e nos levará por caminhos justos que são adequados a nós. Para isso precisamos desenvolver a capacidade de também silenciarmos para entrarmos em sintonia com essa vibração superior, como um rádio, que sintoniza em cada canal ondas de comprimento diferentes, e transformando as ondas de rádio em ondas sonoras podemos compreender o que está no ar naquela estação. Devemos purificar nossa mente, só assim os produtores de ruído, do barulho interior desaparecerão e ou obedecerão nossa vontade quando quisermos silenciar, só assim os obstáculos que nos fazem delirar, sofrer e cometer erros deixarão espaço para alguma paz e quietude interior, ações consequentes e adequadas, e a percepção das verdades profundas que não estão escondidas, mas que esses obstáculos interiores ocultam de nós. Estes e outros desenvolvimentos de habilidades mentais são requeridos.
Devemos desenvolver o corpo; ter saúde (que não significa simplesmente ausência de doença nem por outro lado imunidade completa a qualquer doença), vencer a decrepitude que inicia seu processo silencioso depois dos 30 anos de idade, ou antes; ter energia suficiente e de forma equilibrada; vencer não só a doença, mas também o cansaço, a preguiça, o torpor, a indisposição, a falta de vontade física, a falta de concentração devido a desequilíbrios físicos e tensões desnecessárias, entre outras tantas limitações que constituam obstáculo à prática, e também à vida em geral. Devemos desenvolver e aguçar os sentidos também em seu aspecto físico e também através do aprendizado, assim como um músico bastante experiente consegue ouvir todos os naipes de uma orquestra enquanto o ouvinte não educado musicalmente apenas pensa que consegue; saber distinguir as notas e os acordes e até reproduzir cada uma das melodias separadamente. Do mesmo modo devemos distinguir os “sons” da linguagem da natureza, do universo e do que é puro, divinal; e quando tais vozes no caso da natureza, dizem verdades ou enganam os sentidos; “ouvir” as partes da sinfonia do universo que ecoa em cada instante toda sua história e através das mesmas leis repete cada vez em menor escala o que já realizou em escala maior; devemos aprender a ver suas sucessivas divisões e reproduções assim como ouvir aquela sabedoria que só se manifesta no absoluto silencio; descobrir aquele prazer, indescritivelmente maior e mais sublime, que nasce da renúncia e o amor que só se manifesta na solidão. Assim um corpo sem determinadas habilidades e sem aprender e desenvolver certas capacidades não pode receber o sagrado. Pior ainda um corpo que é veículo de fala e ações vergonhosas, violentas ou criminosas ou mesmo ações que não nos envergonha (até por nossa falta de critério e discernimento correto), mas que envergonhariam os sábios é um corpo menos apto a captar as vibrações que provém do que é superior no universo e das inteligências mais elevadas que as nossas. Nós só ouvimos e vemos o que queremos e ao que nos abrimos e tentamos captar (fora isso resta apenas algo instintivo da atenção, um estado de alerta apenas na medida para evitar grandes perigos ou agressões). Essa capacidade seletiva quase nunca é consciente e voluntária, por isso precisamos aprender a controlá-la também de modo a ver mais, ouvir mais, entendem mais aquilo realmente precisamos ver, ouvir, saber. E assim começarmos a nos tornar realmente mais compreensivos e mais inteligentes. Outras maneiras através de palestras, sermões, penitências, submissão, sacrifícios, pagamentos, tratamentos, etc., como fazem as igrejas de fanáticos e os comerciantes de “saberes científicos e psicológicos”, são pura balela, comércio; são os “que matam a alma” e levam-na ao inferno aqui agora ainda sentindo um gostinho de certa superioridade ou de ter se tornado uma pessoa melhor. Tais empreendimentos só têm ainda algum valor em nosso mundo por sua grande função social de tirar das vias do crime e das más ações muitos néscio, os psicopatas, criminosos, gananciosos, assassinos, estupradores, viciados, etc.. Nosso cérebro deve se desenvolver de tal forma que possa processar certos tipos de informações que pareceriam cálculos insolúveis para a inteligência normal. Exatamente para isso usamos um procedimento alquímico poderoso e misterioso que alterará não apenas nossas sinapses neuronais, aumentando-as, mas também potencializará geometricamente a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais despertando percepções e aptidões excepcionais e inimagináveis.
O “T” significa também Thelêmica como já foi explicado anteriormente, mas aqui há mais: quando o alvo e a metodologia são a liberdade não pode haver um só caminho para todos, mas em última análise um caminho para cada um e cada um deve descobrir ou criar, abrir seu próprio caminho. Aqui o professor se torna um facilitador, um guia que já sabe abrir ou indicar caminhos. Nessa acepção também surge o símbolo do “mestre” (significado real: instrutor-educador-pai), pois, como nas artes marciais, o professor deve ser um exemplo presente do caminho e procurar simbolizar no mundo aquele mestre que o iniciado descobrirá “dentro de si”. Uma vez descoberta a vontade é preciso colocá-la em ação. Um estudioso thelêmico deve cumprir o que determina a sua vontade, ou seja, depois de descobrir com plena certeza sua real vontade, a razão pelo qual ele veio à existência, ele deve cumpri-la, realizá-la, colocar tudo em sua vida no caminho dessa realização, em direção a ela, de modo a colaborar com ela. Ou seja, outro caráter estudante thelêmico é descoberto, a descoberta da liberdade possível, e por outro lado de que cumprir o seu dever, ou seja, sua vontade, é sua maior liberdade aqui agora, é a tomada da responsabilidade e do caminho por parte do iniciado. Ele descobrirá o tal imenso prazer e senso de liberdade quando está agindo no cumprimento dessa obrigação, desse dever, o de realizar seu fito, o proposito de sua existência, sua verdade, sua vontade.
O “Thelêmica” agora se entrelaça com o “dos Templários”, pois o corpo-mente se torna o “Templo do Senhor”, ou seja, o veículo a serviço do Senhor, do verdadeiro ser que lançou sua consciência neste animal no mundo, emprestou sua consciência a ele (o animal é o nosso corpo-mente mortal e a nossa consciência a dele), é quando purificamos nossa mente ao ponto de ouvir sua voz e fazer sua vontade, não mais seguir os impulsos animais, mas os do Senhor do Templo, da chispa divina que habita em nós e que é toda nossa realidade verdadeira, tudo que de fato realmente nós somos. Assim o corpo se tornou “a casa de Deus”, e não mais somos “filhos do diabo”, mas do “nosso Pai que está nos céus” ou falando de modo mais claro, quando o Buddha-dhatu, a natureza de buda, potencial em nós, foi despertada, quando seguimos não mais a “natureza corrompida”, mas a nossa verdadeira natureza, a natureza de buda. Que grande prazer há então em fazer a nossa vontade! Isto é um processo que incia com a purificação e os primeiros lampejos do despertar, durante a meditação, e que culmina em um despertar completo, a iluminação, o “eu e o Pai somos um”, a nossa consciência após ter-se descoberto como a consciência única, Adi-Buddha, une-se a ela: o Buddha-dhatu e o Adi-Buddha se descobrem com sendo um e o mesmo. Explicando ainda mais sucinta e claramente: a consciência individual participa da consciência absoluta, total, de forma consciente. Isto é a iluminação, isto é o despertar real.
Esta liberdade descoberta no início do processo não pode ser uma desculpa para licenciosidade (nem confundida com), mas é justamente o oposto disso, essa liberdade consiste em cumprir o dever, que é descoberto como um novo, maior e melhor prazer, mais sublime e universal. Ele se descobre uma estrela, mas num céu aparentemente infinito cheio de estrelas. Primeiro vem a compreensão disso com o ver no outro a plena possibilidade de se tornar um iluminado nessa ou noutra vida, depois vem a visão clara de que o outro já é uma estrela, apenas pode não ter descoberto, pois todos têm sua própria vontade e limitações kármicas, assim também têm suas próprias necessidades que nem sempre nos parecerão coerentes, mas devem ser respeitadas desde que não nos prejudiquem ou a outros. Quem entende a lei da vontade entende perfeitamente que sua liberdade não deve interferir contra a de outros. Isto é um assunto delicado e difícil de ser compreendido sem a devida experiência. Todavia podemos entender por thelema inicialmente como sendo o chamado para que o ser humano assuma a plena responsabilidade por sua vida, por suas decisões e também pelas consequências delas. É também e acima de tudo a responsabilidade por seu próprio desenvolvimento, autoconhecimento e libertação; é a tomada de direção rumo à descoberta do objetivo central de sua existência, o verdadeiro significado de liberdade. Significa assim um poder, uma decisão e uma força.

E aqui mais uma vez como em qualquer ordem thelêmica (antiga, medieval ou nova; falsa ou verdadeira; oriental ou ocidental; rosacruz, gnóstica, tântrica ou yogi) a descoberta da vontade passa por métodos orientais principalmente. Por isso mais uma vez o “O” comtempla todos os significados delineados anteriormente e enfatiza aqui mais uma vez o significado de “Orientalistas” ou “Orientais”. Em nossa ordem a verdadeira vontade é descoberta exclusivamente através de métodos orientais como a meditação, exercícios e ritos específicos, visualizações e outros tantos mais. Embora possamos até utilizar algumas vezes métodos e ritos ocidentais (somos livres para isso), mas não os utilizamos para descobrir a vontade ou a iluminação ou o caminho para elas (também se deve ressaltar que o candidato pode descobrir sua vontade a qualquer instante, inclusive durante práticas ocidentais, não que necessariamente a prática o tenha levado a isso; também muitas vezes a pessoa apenas acha que descobriu sua verdadeira vontade, por isso uma experiente e madura orientação é requerida sempre). Isto quer dizer que não descobrimos a vontade por modos indiretos, não é por intervenção de seres outros ou por ouvir suas palavras ou inspirações, nem pelos processos ocidentais tais como cabala, tarô, runas, numerologia, astrologia ou qualquer artifício ou oráculo, diferente do conhecimento direto, pessoal, restrito ao indivíduo em seu autodescobrimento e autoconhecimento. Nós ensinamos a candidata descobrir, não descobrimos por ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário