quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

As cinco vias efetivas - parte 2


Quais são as verdadeiras vias?

Só chamamamos de vias as ascendendentes, só podemos chamar de via as que levem, mais cedo ou mais tarde, à libertação e ao conhecimento da verdade.  Rotas descendentes e circulares são perda, derrota, perdição.

Existem apenas cinco vias efetivas. Já vimos porque não são sete e aqui veremos agora porque são cinco e não três, nem duas ou uma.

As quatro vias são hoje percursos para a central hoje, não vias independentes ou desconexas como a maioria pensa. As vias, em sua mais elevada, mais elaborada, mais profunda, mais complexa e completa etapa, todas convergem à via central. Todas elas apontam ao seu fim para (1) a existência do ser supremo, Onisciente, onipresente, eterno, que não apenas planejou como um inteligente designer, mas também fez e dirige a sua criação; (2) para a sobrevivência de uma essência eterna dos seres; e (3)  para a impossibilidade humana, por natureza, de penetrar naquela natureza eterna original sem a intervenção do ser supremo onipotente. Pronto, isto é ponto definido, concluído pelas partes mais superiores, profundas, elaboradas, complexas e completas da ciência, da filosofia, da empiria, da religião e da ética.

As outras (dualista, animista, descendente e circular) incluem todos os erros, fracassos, perversões, movimento circular, etc.. Ou seja, o que hoje é obsoleto não pode mais ser chamado via. Nem o que é obseleto como caminho hoje pode ser mais considerado caminho. Este pode no máximo ser chamado via, se é que leva ao caminho. Mas ainda, o que nunca foi caminho, nem via, e continua não sendo, não pode ser agora considerado caminho, nem sequer via, claro. Não tem como, não há razão para isso, não tem lógica, tampouco por capricho, não pode. Não se pode dizer que leva à verdade o que de fato não leva só para agradar a maioria ou para não ferir o brio de uma minoria, seria mentir.

Há ainda uma quarta conclusão a qual todos os caminhos levarão. Esta quarta é também universal e de máxima importância no caminho da libertação da consciência condicionada. Pois assim como (1) há uma consciência onisciente fonte e criadora de tudo; (2) há outra dimensão de existência da consciência mesmo após a morte do corpo; mas (3) é impossível controlar em nós a ação dessas duas naturezas de modo a libertar-se a si mesmo da natureza e mentalidade limitante, fluida e em processo de degradação e esquecimento; e (4) há uma esperança real, uma saída desse tipo de realidade, para uma realidade plena e eterna, existe um meio, pois existe uma ordem que permanece e permeia toda essa outra natureza, existem padrões, leis, desígnios, propósitos nessa existência, e há uma forma certa de conhecê-los e atingi-los. Por isso está aqui em destaque.

Portanto, o quarto em síntese é: existe uma ordem. Se não houvesse essa ordem original que se sobrepõe a tudo não haveria qualquer esperança para aqueles que estão mergulhados na matéria corrompida, degradável e que termina por degradar-se até a dissolução total. Mas a quarta conclusão a que todas as vias chegarão é que há ordem, existem padrões, existem leis, razão, lógica, matemática... Que independem completamente da existência fenomênica e objetiva. Por esse meio todas as vias também concluirão que existem meios seguros de conhecimento (tanto físicos quanto, mais ainda, metafísicos) e portanto existem conhecimentos seguros. O conhecimento dessas leis eternas imutáveis é o conhecimento mais seguro de todos. A existência inexorável de tais padrões garante esse conhecimento. Portanto conhecer essas leis e padrões é o conhecimento mais importante que se pode ter, e deve-se usar todos os meios lícitos disponíveis de obtê-lo, ainda mais quando sabemos que conheceremos também a liberdade, e não apenas de conhecer, mas também de viver a realidade eterna.

Perceba que a matéria em si e tudo que existe é indestrutível, é eterno, mas essa dimensão, caída da ordem original, "arranjou" um meio de finitude e morte, de destruição total: pela transformação degradante, pela dissolução, degradação, dissociação, separação de tudo que existe. Assim tudo chega ao fim em todos os níveis. A matéria se dissolve nos elementos que a compõem e um dia cessará pela dissolução das próprias partículas subatômicas que a compõe; a mente se dissolve pelo esquecimento da experiência e isolamento total de suas partes (sem meios de relação, se tornando restos psicofísicos separados e sem consciência), e a centelha de espírito, "dentro" de cada ser, por separação desses elementos retorna à sua própria natureza sem ser contaminda por sua corrupção e sem qualquer resquício do que seja o que chamamos nós mesmos, ou, do eu.

Mas a realidade da matéria mesma (e energia e forcas consequentemente) é ser eterna, e sua existência é garantida por leis eternas que não dependem da matéria (leis, relações lógicas e numéricas, etc.). A natureza real é eternidade, o real não é algo temporário, fluxo, esqecível, é eterno, sabemos que o que foi não pode deixar de ter sido em momento algum. Os arrajos (como as relações entre partículas, forças e leis, etc.) são temporários, mas tudo que os rege é eterno, além do tempo, das formas, das multiplas manifestações. Então o que deveríamos estranhar é que as coisas parecam desaparecer e serem esquecidas, isso é que deveria ser ilógico para nós, pois de fato não tem lógica. Só que nossa mente também foi condicionada por nossa experiência e está como que atada a esta forma transitória de realidade, ela tambem aqui é parte dessa existência condicionada, funciona pelas mesmas normas.

Quão terrível então seria chegar a essas constatações se a nossa realidade (mental e espiritual, ou consciencial) fosse só isso, restrita ao quadro do que observamos e com as mesmas características, ou seja, pertencente plena e substancialmente a essa natureza! Mas o que a união das cinco vias como meio de investigação nos mostra é justamente que existe em tudo algo eterno, e além disso sentido e propósito. E nós temos que ligar nossa mente, não no mutável e transitório, mas na realidade eterna, para que ela seja restaurada a sua pureza e potência original, em sua completude eterna, não fuxa e temporária. O uso efetivo das cinco vias é justamente o meio mais completo para tomar consciência disso, conhecer e vivenciar a realidade eterna e tomar consciência de nossa verdadeira realidade, até o dia que estivermos prontos para partir definitivamente para habitarmos nela. E existe um caminho central, uma via que nos garante alcançar essa plenitude...

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