quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

A existência é, e existe para, e existe na consciência, portanto há uma objetividade suprema

(Trabalho apresentado por Antonio F. Gonzaga como critério parcial de doutoramento)

A consequência das formulações e da nova visão apresentada é o principal diferencial na minha tese. Mas antes de entrar nesse ponto um pequeno diferencial mais fundamental, da visão em si,  precisa ser explicitado. Os filósofos, especialmente os existencialistas, apresentam como resultado ou chegaram a tirar uma conclusão contrária à que apresento, a partir das mesmas observações, o que eu poderia grosseiramente reunir numa só sentença (o pensamento de todos eles quase), "a existência não faz sentido em si, portanto, eis a liberdade", no caso, para colorir e dar o sentido que acharmos melhor. Esta conclusão precisa ser questionada primeiro em seu fundamento, não em si mesma como o faz a maioria dos seus críticos demonstrando apenas as limitações de tal suposta liberdade. O fundamento está errado, pois a existência não apenas faz sentido em si mesma, ela tem sentido e ela é o sentido dela própria. Isto não precisa de nenhuma justificativa (a não ser para as mentes desses filósofos), pois a existência é, temos que redundantemente dizer que a existência existe para que essas pessoas entendam, e que isso é fato irrefutável queiram interpretá-la de um modo ou de outro ou até mesmo como um sonho, ou ilusão, o fato é que continua existindo. Temos levantado a questão desde o princípio e demonstrado que a existência é, a existência existe, ela é a única opção, não existe outra coisa, pois a não existência não existe, o nada não existe, não é possível de forma alguma a inexistência, nem mesmo antes da existência nem depois, tudo não pode vir do nada, nem se transformar em nada depois de ter vindo à existência. Se algum teimoso ainda insistir lance-o o desafio de demonstrar algo inexistente, pois por mais longe que vá sua criatividade em ludibriar, qualquer coisa que imagine passará a existir em sua mente como alguma representação desde o momento que ele afirme que ela inexista. O fundamento portanto está errado. Não passa de um subjetivismo relativista frágil até diante de sua própria proposta de relativização e de subjetividade, quanto mais da evidência.

O fundamento da existência na consciência não leva a qualquer subjetivismo, pelo contrário, ao afirmar que o cosmo depende da consciência estou declarando ainda uma maior objetividade do que se tem adotado até hoje, uma objetividade suprema; então ao contrário de afirmar que tudo depende da visão subjetiva de cada um estou afirmando que nossa visão é muito parcial e diminuta em relação à consciência do todo, podendo influir muito pouco em relação a este; estou afirmando, não que as leis naturais são leis de nossa consciência e que podemos vencê-las (ou "produzir" um sobrenatural) com uma nova visão, como dizem certos filósofos, ou exercícios com dizem os ocultistas, ou com crenças como dizem alguns religiosos, mas estou afirmando que existem mais leis, e leis muito mais inflexíveis na consciência, que são em sua maior parte desconhecidas pela ciência, do que as leis naturais que já conhecemos e temos julgado irreflexivamente que se tratam de "leis da matéria", ou "leis da física". Não pessoa, não se trata de leis da fisis, se trata de leis às quais a fisis obedece. A essas leis, incluindo as conhecidas como naturais e muito mais leis ainda por se descobrir, está submetida não só a matéria, mas também a mente tem sua própria porção de leis que a regem, e a consciência chamada de individual também tem sua própria porção de leis às quais obedece e às quais está limitada. Veja por favor que estou falando de coisas óbvias, facilmente verificáveis e já vivenciadas por qualquer que seja a pessoa, não se trata de qualquer elaboração esotérica ou interpretação filosófica, isto é irrefutável, a existência de leis que regem nossa mente, nossa consciência, e portanto, regem nossa capacidade de sensação, de cognição e de percepção. 
Existem padrões, leis, limitações, lógica, algorítimos (conhecidos e desconhecidos)... A consciência e tudo que há nela, mente, mundo e leis naturais, é regida por leis, muitas das quais infelizmente desconhecidas (em parte por tratar a ciência como subjetivo às únicas coisas realmente objetivas às quais temos acesso, consciência e seu conteúdo, mente e seu conteúdo). Esse é mais que um grito de alerta para que parem com essa infantilidade sem fundamento e saiam da adolescência da ciência (que em parte ainda está fascinada com a descoberta  recente, ou com o sonho ou com a ideia, de como a consciência do observador influi no experimento) e entre em sua maturidade admitindo que a verdadeira objetividade (consciência e seu conteúdo, mente e seu conteúdo) precisa ser tratada como tal e investigada como tal. E ainda: tais leis são regidas por princípios lógicos e matemáticos, e lógica e matemática e qualquer abstração que seja só pode existir em uma consciência, portanto consciência precede tudo que conhemos, universo, leis, e todo um universo muito maior desconhecido para nós, logo, há a consciência suprema.

Agora podemos, tão sucinta, direta e francamente demonstrar que a consequência apontada pelos existencialistas (os que atribuem como resultado a liberdade) é totalmente contrária à verdade. Da existência de tais leis que regem a consciência resulta que descobrimos na verdade tanto menos liberdade quanto mais desconhecemos a totalidade dessas leis (e pior ainda quando as negamos visto que estão presentes, que seria mentira ou beira a loucura). Nada mais óbvio. Mas é claro que esses existencialistas se sentem como se houvessem descoberto algo a mais, e talvez até tais leis, e sentem que estão num grau superior não só intelectualmente quanto também de liberdade em relação ao resto da humanidade. Nada mais enganoso. Como se vê construíram seu próprio cárcere com grades quase intransponíveis, já que, além dos limites naturais da consciência individual que eles de forma alguma transpassaram, se impuseram mais um pesado fardo, sua interpretação falsa das impressões, que não permite enxergar a óbvia verdade acima demonstrada (que esse capítulo possa ser-lhes como uma chave para seu cárcere). Como realmente a consciência é regida por leis não temos tanta liberdade quanto pensamos. É claro que nosso conhecimento é limitado. Posso exemplificar algumas leis que regem nossa consciência para fazer apenas imaginar a consciência do todo, sendo isso um exemplo muito limitado, já que essa consciência do todo sim, é possuidora das leis, e ela mesma é parecida ou idêntica (do nosso ponto de vista) ao conjunto de leis que regem tudo, mas sendo consciente disso. Por exemplo, agora enquanto escrevo não posso estar consciente do que se passa na sala atrás de mim. Uma parede e até meu corpo e meu olhar limitam minha consciência, ou seja, objetos de minha consciência estão limitando o alcance dela! Veja que fragilidade tão contrária à ideia existencialista de liberdade. Eu não tenho consciência de quem é você e do que está pensando agora, aliás nenhuma consciência individual tem acesso a outra, nem de nenhum futuro, nem sequer de meu próprio futuro; eu não posso ver pelos seus olhos, minha consciência não pode ter consciência dos registros de sua mente; e nem o conhecimento  da totalidade dos registros de minha própria mente! Que liberdade é essa? Não vou nem prolongar em discutir também a ideia absurda de que tudo está no inconsciente, pois se isso fosse verdade eu teria acesso à sua consciência ou pelo menos ao registro de sua mente (e até ao de todas as mentes) através de hipnose e não apenas ao que está registrado na minha (a capacidade da mente novamente encontra limites). Não estou dizendo que não existe possibilidade de transcendente para o tipo de consciência que se vê como individual e humana nem que um horizonte transcendental não seja possível, admito essa possibilidade, embora não haja comprovação de um método para isso nem do que é dito pelos que dizem ter atingido tal transcendência, mas estou novamente falando do óbvio, irrefutável, acessível a qualquer pessoa, podendo verificar isso, no momento que ler sobre isso inclusive. Portanto temos como resultado (a) não uma relatividade absoluta (que é logicamente impossível mesmo que apenas a partir do ponto que ela mesma possa ser relativizada, os que não entenderam a lei da relatividade geral para o tempo e espaço é que extrapolaram a sua aplicabilidade a tudo que encontram pela frente incluindo todas as definições e evidências), (b) não uma subjetividade específica nem transcendente (mesmo que isso fosse questionável somente a partir do ponto que possa ser subjetivizada ou mesmo colocada como reflexo subjetivo, pois o que impediria de dizer que é reflexo do reflexo do reflexo e ad infinitum? Nada nos adianta, nada nos responde uma tal ideia), e (c) nem uma liberdade de significação da realidade, mas o contrário.Temos demonstrado como é presunçosa a pretensão de qualquer sistema (pois que por definição seria completo). Temos demonstrado (1) as limitações de nossa capacidade de significação, (2) nossa alta capacidade de erro e (3) nossa incompletude em relação a qualquer que seja a ideia ou significação que damos à existência, diante da completude da existência como um todo na necessária consciência de tudo. E disso também resulta que para a consciência que possui a existência deve haver uma completude e unicidade e toda coisa enquanto multiplicidade está em relação, não sendo significado como pode ser por nós, mas tendo um significado específico, certo. É isso que vamos investigar. (O resultado da comprovação disso seria que a liberdade (que é uma significação) de significar não é liberdade de significar, mas apenas de errar o significado (e portanto o objetivo) o que seguindo a mesma lógica existencialista (ou aplicando a crítica que fazem às outras filosofias a eles mesmos) levaria a uma terrível prisão de enganos já que as possibilidade de errar são exponencialmente maiores do que as de acertar, e não liberdade; esta existiria se soubessemos as leis para alcancar o que queremos, não em desconhecer ou negar as leis que regem a consciência). 

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