quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Existem Provas e Testes na Ordem?

A ordem não testa as pessoas, o ordem não precisa testar as pessoas. A ordem prova as pessoas, é diferente. Provar é mostrar a própria pessoa quem ela é e faz isto diante de situações, pensamentos, etc.. A prova é uma situação, dialogo, ou qualquer evento ou fenômeno em que o estudante se depara com sua verdadeira face, através dela e de sua reação psicológica, moral, emocional, fala e ações diante dela. O objetivo de uma prova é diferente de um teste; o teste é para que passe e a prova, no geral, para que se reprove, pois reprovando saberá o que precisa mudar em si mesmo. Não é sem dor nem temor que dou esta notícia, mas ninguém é provado além de sua capacidade, nem lhe é dado uma prova para que sofra (embora o sofrimento possa acontecer), e sim para que desperte, que veja a si, como está. Em muitas situações a pessoa se livra de provas quando já conhece e confessa suas incapacidades, ou seja, quando humildemente reconhece suas falhas ou capacidade de falhar.

Já a fraternidade testa sim, às pessoas. Por que faz isso? Por ser composta de seres falhos em suas capacidades. Todos os seres em um corpo carnal são falhos exceto aquele que veio do alto. Não existe um buda, um mestre, um guru, um avatar, um venerável, um rabi, enfim, não existe qualquer pessoa que não seja falha; esses títulos, esses nomes, esses adjetivos, tudo isso são mentiras do orgulho, da prepotência, do auto-engano, da falta de humildade. Isso quando não é falsidade mesmo. Todos falham em suas atitudes mentais, na fala e nas ações. Quem segue "mestre" é porque nunca os observou na realidade para enxergar suas inúmeras falhas nesses três campos. Então todo adepto precisa passar por testes e precisa testar seus estudantes. Isto é chamado avaliação.

A todo momento no mundo e nas relações estamos sendo avaliados, assim também é na relação professor aluno, não é preciso que haja uma prova escrita. Nas conversas, nas entrevistas, em toda relação o estudante é avaliado. Um resumo, uma concepção que se peça é uma mera formalidade ou apenas meio de mostrar ao estudante o que lhe falta. Se não mostra compreensão é claro que não a possui, é inevitável na relação que o aluno não demonstre sua compreensão (ou incompreensão), porque o professor passou por isso foi ensinado a fazer com que o estudante demonstre sua compreensão, qualquer professor da fraternidade saberá fazer isso sem pestanejar e não dirá quando fará, quando fez, nem quando está fazendo, é claro. E isto é muito fácil de se fazer. Por outro lado pessoa que vem demonstrando incompreensão seguidamente deve receber informação sobre aquilo que não compreende, e isto geralmente a aborrece. Ou ela pensa que já compreende ou recusa ler e ouvir sobre aquilo. Isto a leva primeiro a estagnar em círculos e depois cair, pois não se fica parado na escalada de uma montanha, ou sobe ou desce, pois lhe faltará mais cedo ou mais tarde o alimento...

Mas existem também as avaliações específicas, sim, quando acontece o chamado teste. No geral, o primeiro teste é o interesse, se a pessoa investe ou não tempo nisso, se a pessoa tem interesse real ou é apenas algo momentâneo, etc.. Depois, quando se é convidado, o teste é o segredo, se o estudante vai guardar ou vazar um segredo dado. O interesse é avaliado todo o tempo, pois se lhe dará matéria de estudo, práticas, etc., sempre ao longo de todo o programa e facilmente se pode saber da dedicação do estudante.

O interesse também é testado em quantidade de investimento, o investimento deve ser no  campo (a) do estudo e no campo (b) da prática e a quantidade de investimento é avaliada em quanto de porcentagem (1) do seu tempo, (2) do seu esforço e serviço em prol do (2.1) próprio desenvolvimento e (2.2) em prol dos outros e quanto em porcentagem (3) de seu dinheiro investe em livros, equipamentos e artigos (3.1) para seu estudo e (3.2) para dar a outros e (3.3) para dar à fraternidade para que disponha de materiais necessários; e finalmente  o interesse é avaliado no campo de realização, pois para que haja realização todos esses campos são necessários e indispensáveis constituindo o tripé de nossa escola, estudo, prática e realização e a motivação, se ela é egoísta, só para realização pessoal, quão pouco vale! Ou se tudo isso é belo bem de todos os seres conscientes, pois sem esta motivação altruísta a escalada é muito lenta, difícil e inadequada.

O segredo, a fidelidade em guardar um segredo, é testado mais esporadicamente e também a cada passo ou grau, pois a pessoa vai mudando ao longo da jornada.

A compreensão, enfim, também é testada, pois deve clarear em vários níveis diferentes de compreensão, assim nos diálogos a amplitude, o alcance e os níveis da compreensão do estudante se demonstram em suas palavras, atitudes, opiniões, associações, escolhas, etc.. A pessoa que fica no nível das relações normais e coloquiais, as convencionais da vida, prova que nada entendeu ainda do sentido das coisas e dos fenômenos, e a ela sempre é dado mais material necessário de estudos base e práticas mais simples. Por outro lado quanto mais longe vá a pessoa na cadeia dos significados e quanto mais abrangentemente e distante forem suas cadeias de relações entre as compreensões, mais ela se prova apta a avançar, e a ela são corrigidos os erros, pois a possibilidade deles aumenta, e são entregues estudos mais avançados além dos estudos base e as práticas necessárias a serem experimentadas na consciência.

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