quinta-feira, 24 de novembro de 2016

DOIS CAMINHOS?

Existem duas tendência gerais dos seres humanos que aqui agora chamaremos de dois caminhos para a libertação. Um caminho é o da mente, outro do coração, alguns dizem. No ocidente há essa separação teórica, mas no oriente se fala de mente-coração. Mente e coração na verdade são a mesma coisa. O correto não é dizer que existem dois caminhos, o do intelecto e o da emoção. Isto significaria no máximo dizer um mais intelectual e um mais emocional. Alguns dirão emocional superior e intelectual superior, mas o fato é que este “superior” é algo bem distante de nossa capacidade normal, portanto temos que nos esforçar muito ou ter veículos ou meios hábeis de atingi-los. Porém não vem ao caso dividir agora didaticamente em inferior ou superior, somente a questão do atingir algo bem superior.
Para atingir este estado superior a emoção ou o intelecto devem ser usados. No passado houve uma rigidez no sentido de ter que escolher um ou outro para se dedicar inteiramente. Pois antes se raciocinava que o ser humano só pode ser uma coisa ou outra, não consideravam que o ser humano é paradoxal, não sabiam que a realidade mesma é paradoxal (coisa que só nós até agora decidimos assumir e explicar em detalhe). Isto gerou caminhos aparentemente inconciliáveis e as dicotomias a que ainda estamos acostumados como “fé e razão”, “religião e ciência”, “exoterismo e esoterismo”, etc.. Não vem ao caso se estender também sobre toda essa bobagem superada para os bem esclarecidos, mas deve-se avisar que para a grande maioria das pessoas isto continua sendo algo inconciliável, seja por desconhecer a ciência hermética e sua evolução, seja por falta de experiência. Entretanto hoje podemos perguntar: e por que não usar os dois caminhos?
Hoje temos mais tempo para nós mesmos, embora se pense o contrário. Se formos inteligentes ou organizados podemos obter bem mais benefícios trilhando os dois caminhos.
Agora sim, vamos abordá-los didaticamente em separado após esses avisos. No caminho do intelecto estão as ciências, a filosofia, o ocultismo, o esoterismo, o hermetismo, a matemática, etc.. Portanto é o caminho da razão, da análise, da intelecção, da meditação, do controle mental. No caminho da emoção estão a religião, as artes, o misticismo, o exoterismo, a magia comum, o “acaso” (a probabilidade), etc.. Portanto é o caminho do irracional ou passional, do instinto, do emotivo, da emotividade,  da oração, da devoção. Por que não unir os dois?
Devemos ser serpentes e pombas ao mesmo tempo se almejamos eficácia, a superação, a liberdade; unir sabiamente as duas práticas, os dois caminhos, os meios de vida e de atingimento. Aprender a meditar desde já e se já suspeitamos sobre a superioridade bem acima de nós como não poderíamos almejá-la? Como não poderíamos nos enamorar por ela? Como poderíamos não amá-la? O amante se apaixona pelas formas perfeitas de sua amada sem conhecê-la, sem ver suas imperfeições, a amante venera a personalidade do amado como se o conhecesse, vê em seus gestos e gentilezas os sinais da perfeição que apenas imagina. Como não nos enamorarmos da perfeição do que é muito superior a nós mesmos em razão, beleza, pureza e amor?
Meditar é conhecer a mente pura, perfeita, é unir-se à verdade, ao conhecimento. E como não querer e amar a verdade? Ora, estando submerso na ilusão e na mentira! Venerar o que é superior, ter o verdadeiro sentimento de devoção a quem e ao que merece ser adorado é do mesmo modo veículo de união. Como usar os dois e como uni-los, é o que queremos fazer, é o que estamos tratando agora. Também por isso é que usamos expressões como “tempo novo”. Yoga significa união, religião significa reunião, tantra significa tear, religar a rede, ciência significa saber, ter ciência, estar ciente, consciente. Todas essas ideias juntas remetem à ideia de unidade, de despertar, estar ciente do todo que é. Não isolado no nó, não limitado à uma trama, mas livre, significa: na rede toda... É isso que estamos fazendo. Síntese significa teses juntas, sincretismo, teses afins e complementares. Ao vê-las funcionando temos uma síntese sendo construída em nós. Só quando as vivenciamos é que percebemos se tratar de coisas similares ou iguais, quando não vivenciamos fazemos uma análise superficial e nos perdemos nas aparências. Mas que ironia: para vivenciarmos é preciso nos envolver...
PRÁTICA
Ao sentar, deitar, andar, etc. em meditação estar "apaixonado" (in love with - em amor com). Sentar com reverência, declamar com reverência, orar com amor; como a amante quer se unir ao amado e ser um com ele, ser um todo com ele, entregar-se a ele, dissolver-se nele, até desaparecer, num êxtase divino. Adorar o divino, absoluto, a verdadeira realidade em nós, que nos vivifica, que vê através de nossos olhos e de nosso mente-coração, aquele que é...
Permanecer aí, ficar assim, contemplando a consciência disso. Se não consegue sentir isso começar declarando, pedindo e declarando esse amor, sensação e certeza, a presença, vivificado, vendo através de seus olhos. Esta presença por si só se demonstra.

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