Por Fra. I. L.
I. V.
Essa
possibilidade acontece por na grande ordem das hierarquias do conhecimento
iniciático representar o grau exotérico, ou seja, aberto, público, aquele
conhecimento que não representa perigo, nem dano, quando divulgado a qualquer
pessoa. Além do que o chamado esotérico é totalmente velado ao não iniciado,
devido ao grande e difícil simbolismo dos textos aos quais um iniciante não
está capacitado a entender na realidade, nem preparado física, psíquica e
moralmente para praticar e obter os resultados esperados. Mesmo assim existem
aqueles que já estudam ou admiram e veneram tais textos e às vezes sentem-se
até praticantes. Nem por isso estes ou quaisquer outros deixam de ser também
bem vindos à nossa confraria de caráter religioso, afinal estamos aqui para
orientar e esclarecer, não para confundir, e para revelar, não para esconder,
afinal o segredo é, por natureza, inimigo da verdade.
A
confraria é formada por pessoas representantes de várias religiões, filosofias,
escolas ou qualquer linha de ideias. E também por aqueles não ligados a nenhuma
dessas coisas. E também aqueles que tomem essa fraternidade como sua única
religião. E ainda podem surgir outros casos, não importa; o que interessa é o
respeito mútuo e o conhecimento proporcionado por essa confraria. Qualquer um é
livre para seguir suas próprias ideias, ter sua própria religião ou aderir a
uma ou às várias das existentes ao mesmo tempo, ou a nenhuma delas ou ser
cético ou ateísta. Importa mais não ser sectário do que indicar qualquer
caminho como sendo superior a outro ou mais universal que outro. Mas que no
encontro das múltiplas formas de conhecimento, de procedimentos e seus
resultados todos nós de alguma forma nos transformamos. Nisso consiste a forma
mais elevada da ciência alquímica.
O caráter dessa religião é gnóstico, uma
Confraria Gnóstica Rosacruciana, chamemos CGRC provisoriamente. Pois uma coisa
é a ordem, onde há, como o nome já diz, uma ordenação, uma hierarquia de graus
e de conhecimentos chamados vulgarmente de ocultos ou esotéricos ou de ciências
ocultas; outra coisa é a confraria que é aberta a qualquer pessoa com ou sem
conhecimentos prévios, estudo ou graus iniciáticos de qualquer ordem, que
constitui, como foi dito, o ambiente
exotérico, ou seja externo. O que entendemos por ser gnóstico já foi
divulgado em outro artigo anterior. O que é Rosacruz é um tema a ser falado em
próximos artigos, mas que exige mais um contato direto para um esclarecimento
mais pessoal; grande parte desses conhecimentos no caso prático da religião, ou
mesmo da ordem, são de transmissão oral, pois precisam ser transmitidos dessa
forma. Outros são de origem ‘energética’ ou vibracional e precisam ser
transmitidos presencialmente.
Dessa
confraria participam ordenados, a partir do grau de monge ou cavaleiro de nossa
ordem, e qualquer pessoa interessada em participar, estudar, curiosos,
buscadores, pesquisadores, etc. o papel do ordenado é orientar, transmitir,
facilitar, etc. Por isso mesmo devem ser pessoas bem informadas, que estudem
com profundidade, mas não só isso, e sim que falem com conhecimento de causa,
daquilo que conhecem da própria experiência, não por ter ouvido dizer ou por fé
ou crença ou dogma ou axioma. Precisamente nisso reside uma das grandes
diferenças entres as religiões gnósticas e as outras.
Os não
ordenados, por outro lado, têm a liberdade de praticarem ou não o que quiserem,
de acreditarem ou não no que quiserem de aceitarem ou não o que quiserem. Suas
obrigações, entretanto, são a conduta ética; o asseio e higiene corporal,
ambiental e mental; o respeito múltiplo a liberdade de cada um e a sua própria
órbita. Pois se os planetas invadissem as órbitas uns dos outros isso não só
interferiria na liberdade dos outros, geraria também desarmonia em todo o
sistema (veja o mundo que vivemos), então reina o caos até que a destruição
atinja tudo o que foi contaminado e o contaminador e a natureza volte a
corrigir a harmonia sem existência dessas partes. Disso um bom entendedor já
sabe o que foi descrito. É preciso esclarecer se alguém não entender: isso é
uma lei natural, inevitável, não é necessário que ninguém nem nenhum ser
superior julgue ou aplique qualquer pena. Em suma, não existe liberdade sem
esses limites, não por uma moral religiosa, mas porque é natural, o estorvo, o
incomodo, o empecilho, por natureza não é bem vindo em nenhum ambiente e se
exclui por si mesmo.
O
benefício dessa associação é compartilhar da nossa fraternidade; do fluxo da
corrente dos iluminados de todos os tempos, da energia dessa corrente; dos
estudos e de práticas que elevam, enobrecem, fortalecem, limpam, curam,
purificam, esclarecem, iluminam e do convívio com uma forma de ver e de viver,
e com pessoas que compartilham disso, que nos aproxima da divindade, do supremo
e dos reais valores incontestáveis da vida, da vontade, da consciência e do
amor supremo.
Religião
verdadeira é uma forma de reler o universo do qual somos parte, uma forma de
unir-se à verdade. O verdadeiro templo é o corpo, o verdadeiro templo é a
mente, o verdadeiro templo é o coração. A verdadeira igreja são os seres
irmanados na mesma vontade, numa mesma caminhada, a fraternidade das pessoas,
dos iluminados e da própria Luz... O verdadeiro rito é o Amor Supremo.
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