sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A RELIGIÃO DO PRESENTE


Por Fra. I. L. I. V.

 Na FGTO existe a possibilidade de termos, para aqueles que assim tendem ou queiram, a formação do braço religioso da ordem. Essa é mais uma possibilidade que a ordem maior nos possibilita sempre visto que a humanidade é representada por dois tipos de seres humanos quanto à busca da verdade: os ‘religiosos’ e os ‘esotéricos’, e que é uma grande carência no nosso país onde existem muito poucas tentativas autênticas e abundam os farsantes, os sectários, os fanáticos e os enganados.

Essa possibilidade acontece por na grande ordem das hierarquias do conhecimento iniciático representar o grau exotérico, ou seja, aberto, público, aquele conhecimento que não representa perigo, nem dano, quando divulgado a qualquer pessoa. Além do que o chamado esotérico é totalmente velado ao não iniciado, devido ao grande e difícil simbolismo dos textos aos quais um iniciante não está capacitado a entender na realidade, nem preparado física, psíquica e moralmente para praticar e obter os resultados esperados. Mesmo assim existem aqueles que já estudam ou admiram e veneram tais textos e às vezes sentem-se até praticantes. Nem por isso estes ou quaisquer outros deixam de ser também bem vindos à nossa confraria de caráter religioso, afinal estamos aqui para orientar e esclarecer, não para confundir, e para revelar, não para esconder, afinal o segredo é, por natureza, inimigo da verdade.

A confraria é formada por pessoas representantes de várias religiões, filosofias, escolas ou qualquer linha de ideias. E também por aqueles não ligados a nenhuma dessas coisas. E também aqueles que tomem essa fraternidade como sua única religião. E ainda podem surgir outros casos, não importa; o que interessa é o respeito mútuo e o conhecimento proporcionado por essa confraria. Qualquer um é livre para seguir suas próprias ideias, ter sua própria religião ou aderir a uma ou às várias das existentes ao mesmo tempo, ou a nenhuma delas ou ser cético ou ateísta. Importa mais não ser sectário do que indicar qualquer caminho como sendo superior a outro ou mais universal que outro. Mas que no encontro das múltiplas formas de conhecimento, de procedimentos e seus resultados todos nós de alguma forma nos transformamos. Nisso consiste a forma mais elevada da ciência alquímica.

 O caráter dessa religião é gnóstico, uma Confraria Gnóstica Rosacruciana, chamemos CGRC provisoriamente. Pois uma coisa é a ordem, onde há, como o nome já diz, uma ordenação, uma hierarquia de graus e de conhecimentos chamados vulgarmente de ocultos ou esotéricos ou de ciências ocultas; outra coisa é a confraria que é aberta a qualquer pessoa com ou sem conhecimentos prévios, estudo ou graus iniciáticos de qualquer ordem, que constitui, como foi dito, o ambiente  exotérico, ou seja externo. O que entendemos por ser gnóstico já foi divulgado em outro artigo anterior. O que é Rosacruz é um tema a ser falado em próximos artigos, mas que exige mais um contato direto para um esclarecimento mais pessoal; grande parte desses conhecimentos no caso prático da religião, ou mesmo da ordem, são de transmissão oral, pois precisam ser transmitidos dessa forma. Outros são de origem ‘energética’ ou vibracional e precisam ser transmitidos presencialmente.

Dessa confraria participam ordenados, a partir do grau de monge ou cavaleiro de nossa ordem, e qualquer pessoa interessada em participar, estudar, curiosos, buscadores, pesquisadores, etc. o papel do ordenado é orientar, transmitir, facilitar, etc. Por isso mesmo devem ser pessoas bem informadas, que estudem com profundidade, mas não só isso, e sim que falem com conhecimento de causa, daquilo que conhecem da própria experiência, não por ter ouvido dizer ou por fé ou crença ou dogma ou axioma. Precisamente nisso reside uma das grandes diferenças entres as religiões gnósticas e as outras.

Os não ordenados, por outro lado, têm a liberdade de praticarem ou não o que quiserem, de acreditarem ou não no que quiserem de aceitarem ou não o que quiserem. Suas obrigações, entretanto, são a conduta ética; o asseio e higiene corporal, ambiental e mental; o respeito múltiplo a liberdade de cada um e a sua própria órbita. Pois se os planetas invadissem as órbitas uns dos outros isso não só interferiria na liberdade dos outros, geraria também desarmonia em todo o sistema (veja o mundo que vivemos), então reina o caos até que a destruição atinja tudo o que foi contaminado e o contaminador e a natureza volte a corrigir a harmonia sem existência dessas partes. Disso um bom entendedor já sabe o que foi descrito. É preciso esclarecer se alguém não entender: isso é uma lei natural, inevitável, não é necessário que ninguém nem nenhum ser superior julgue ou aplique qualquer pena. Em suma, não existe liberdade sem esses limites, não por uma moral religiosa, mas porque é natural, o estorvo, o incomodo, o empecilho, por natureza não é bem vindo em nenhum ambiente e se exclui por si mesmo.

O benefício dessa associação é compartilhar da nossa fraternidade; do fluxo da corrente dos iluminados de todos os tempos, da energia dessa corrente; dos estudos e de práticas que elevam, enobrecem, fortalecem, limpam, curam, purificam, esclarecem, iluminam e do convívio com uma forma de ver e de viver, e com pessoas que compartilham disso, que nos aproxima da divindade, do supremo e dos reais valores incontestáveis da vida, da vontade, da consciência e do amor supremo.

Religião verdadeira é uma forma de reler o universo do qual somos parte, uma forma de unir-se à verdade. O verdadeiro templo é o corpo, o verdadeiro templo é a mente, o verdadeiro templo é o coração. A verdadeira igreja são os seres irmanados na mesma vontade, numa mesma caminhada, a fraternidade das pessoas, dos iluminados e da própria Luz... O verdadeiro rito é o Amor Supremo.

 

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