sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Thelema como verdade significa que ela é consciente

Thelema no sentido de verdade significa que ela é consciente. Ex.: o real está em tudo e é tudo, mas nós temos apenas a aparência. A verdade está em nós e nós a vivenciamos instante a instante, entretanto sem estar consciente disso, mas inconscientemente.

Thelema é o avivamento da verdade. Ex.: no nível comum dizemos estar conscientes, mas o nível dessa consciência varia muito e mesmo no nível mais lúcido normal esta consciência não está consciente da consciência. É preciso vontade para permanecer nessa vontade (intensionalidade, vontade de estar constantemente consciente da consciência). Parece um paradóxo falar de consciencia inconsciente, mas é um fato comprovado de que todo fenômeno circundante mesmo se não conscientizado está gravado no inconsciente, o que apenas reforça a tese de que não há fenômeno fora da consciência. É preciso vontade para vivenciar conscientemente a verdade. Não existe vivenciar a verdade de forma mecânica, ou só porque isso acontece o pronto. É preciso vontade para estar na verdade, mesmo no nível mais básico. Assim consciência da consciência e vontade são indissociáveis. Por isso a palavra consciência é insuficiente, pois é preciso estar consciente da consciência voluntariamente. Ou seja, por livre vontade, mesmo quando estamos supostamente conscientes da consciência, mas sem vontade, sem voluntariamente estarmos, podemos não notar, então ocorre no nível inconsciente.



O humano é o que é sua vontade



É preciso verdade no sentido de sinceridade também, consigo mesmo quanto ao fato de estar consciente ou não, assim sempre verificando de forma questionadora “estou realmente consciente da consciência ou não, agora?” Assim é preciso também recordação e observação. Uma vigilância acurada, sem julgamentos, sempre autoverificante.

Também é preciso estar obviamente presente em si mesmo aqui agora testemunhando todo fenômeno circundante como presente em sua consciência e partindo ou sendo influenciado pela vontade, ou seja, pela intencionalidade da consciência. Esta intencionalidade precede inclusive a própria consciência da fenomenalidade, a consciência dos fenômenos.

Dessa forma o indivíduo percebe que não há separação entre eu e o mundo ou entre eu e os fenômenos, mas que, pelo contrário, há uma unicidade entre a consciência, testemunha, e os fenômenos, testemunhados. Não há eu algum nem mundo algum separado em lugar nenhum senão fenômenos que podem ser ou não conscientemente observados. Assim é preciso uma mudança na intencionalidade da consciência que está condicionada muito ligada aos fenômenos em agarrá-los, retê-los ou afastá-los, como reais, existentes e exteriores, para uma consciência que “antecipa” a própria intencionalidade, sem julgamentos, interpretações, e principalmente sem identificação com os fenômenos, mas “neutra”, testemunha observadora de que há aquele fenômeno inominado simplesmente.

Sendo que a verdade precisa da atenção e a atenção é sempre dirigida, a vontade vem em primeiro lugar enquanto que a consciência é uma consequência da vontade dirigindo a atenção. Quando houver o insight de que a intencionalidade (vontade) e a consciência (testemunha) são apenas aspectos de uma mesma fenomenalidade (verdade, real...) se está a um passo de Nibbana que é alcançado com o desapego, o abandono das contaminações, que poluem a visão do real.

O humano é o que é sua vontade, esteja ela conscientemente dirigida ou não. A materialização do pensamento ocorre no nível inconsciente quando simplesmente se reage aos acontecimentos como se eles fossem reais e inalteráveis por si mesmos. Quando se toma consciência que todos os fenômenos são observados na consciência e nunca fora delas o indivíduo começa a perceber como a consciência altera e influencia os fenômenos. O humano é o que é sua vontade e tudo é a mesma coisa.

Precisamos compreender pela própria vivência, pela experiência e testemunho como thelema no sentido de verdade significa que ela é consciente, vontade consciente, pois é a consciência que surge em simultaneidade com a intencionalidade não simplesmente o resultado dela...



 

 

 

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